A semana no BR-Linux: Microsoft, formatos de pacotes, Creative Commons e... Chapeuzinho Vermelho
Depois de fechar a semana anterior esperando que o grande assunto da primeira semana de novembro seria a repercussão do movimento da Oracle em direção ao mercado da Red Hat, fui surpreendido (junto com quase todo o mundo da tecnologia) pelo anúncio da parceria entre Novell e Microsoft para promover o Linux e a interoperabilidade aberta. Quem imaginaria ver isso tão cedo?
Mas o timing do anúncio foi perfeito: negou à Oracle boa parte do espaço de imprensa que ela receberia por seu movimento anterior, e veio em um final de semana (no Brasil, começo de feriadão para muitos) para dar tempo de a notícia chegar já digerida e analisada para o "grande público" na segunda-feira.
Claro que essa não foi a única notícia interessante da semana, mas ela certamente dominou boa parte do espaço disponível, como você pode ver abaixo, no resumo da semana no BR-Linux.
Algo em comum: Mark Shuttleworth, fundador do Ubuntu, defendeu que haja maior esforço na busca da padronização dos formatos de empacotamento de softwares livres - para benefício dos desenvolvedores, distribuidores e usuários. Maurício Teixeira, integrante do grupo que mantém o gerenciador de pacotes Smart, comenta.
A revolução não será televisionada: Entrevista em vídeo esclarece as opiniões de Richard Stallman sobre diversos assuntos, desde licenciamento de software até o papagaio Funny. A entrevista foi publicada no Youtube, apesar do pedido do entrevistado para que isto não fosse feito, já que o YouTube não utiliza softwares livres.
Liberdade de pegar carona: A Free Software Foundation anunciou o gNewSense - mais uma distribuição derivada do Ubuntu, iniciada por 2 irlandeses e com a proposta de ser "verdadeiramente livre". Eles estão até mesmo recrutando fiscais da liberdade, para ajudar a garantir que os pacotes da distribuição sejam todos FSF-compliant.
Dica! Dica! O Linux.com publicou um guia para construir e liderar comunidades de código aberto e software livre. Você acha que ele inclui a sugestão de criar forks de projetos populares e bem-sucedidos?
Dinheiro em caixa: O Google anunciou doações para o projeto Samba e a Creative Commons.
Janela entreaberta: A Microsoft anunciou que a nova versão do Windows CE oferecerá acesso - não-livre - ao código-fonte do seu kernel. Ela também fechou uma parceria com a Zend para melhor suportar PHP no Windows. Lembra da história da Chapeuzinho Vermelho? "Pra que essa boca tão grande, vovó?" "É pra te suportar melhor, chapeuzinho".
Feliz aniversário: A edição brasileira da Linux Magazine fez 2 anos, e o VivaOLinux fez 4 anos. Parabéns!
Carnaval da Microsoft: A Microsoft anunciou que irá promover o Linux em conjunto com a Novell, se comprometeu a não processar desenvolvedores, e mais. As primeiras análises perguntavam: Armadilha ou reconhecimento? A Novell respondeu perguntas sobre o seu acordo com a Microsoft, mas os comentários mais interessantes foram os da Red Hat, que vê oportunidades no recente anúncio da aliança Novell+Microsoft.
Favoritos 2006: Saiu mais uma não-parcial da votação dos Favoritos 2006 ;-) - será que os resultados vão bater com os do Editors' Choice do LinuxJournal? A promoção da comunidade brasileira ganhou notícia n'O Globo, e o BR-Linux agradece a todos que apóiam a promoção.
Direto da fonte O Novo feed RSS do BR-Linux traz os comentários selecionados pelos leitores, para quem quer acompanhar os melhores comentários dos leitores do site sem ter que ler o conjunto completo ;-)
Recursividade: Veja também A semana anterior no BR-Linux: a distribuição da Oracle, Ubuntu novo, Firefox novo, GPL nova e... promessa velha da Sun
Mas o timing do anúncio foi perfeito: negou à Oracle boa parte do espaço de imprensa que ela receberia por seu movimento anterior, e veio em um final de semana (no Brasil, começo de feriadão para muitos) para dar tempo de a notícia chegar já digerida e analisada para o "grande público" na segunda-feira.
Claro que essa não foi a única notícia interessante da semana, mas ela certamente dominou boa parte do espaço disponível, como você pode ver abaixo, no resumo da semana no BR-Linux.
Algo em comum: Mark Shuttleworth, fundador do Ubuntu, defendeu que haja maior esforço na busca da padronização dos formatos de empacotamento de softwares livres - para benefício dos desenvolvedores, distribuidores e usuários. Maurício Teixeira, integrante do grupo que mantém o gerenciador de pacotes Smart, comenta.
A revolução não será televisionada: Entrevista em vídeo esclarece as opiniões de Richard Stallman sobre diversos assuntos, desde licenciamento de software até o papagaio Funny. A entrevista foi publicada no Youtube, apesar do pedido do entrevistado para que isto não fosse feito, já que o YouTube não utiliza softwares livres.
Liberdade de pegar carona: A Free Software Foundation anunciou o gNewSense - mais uma distribuição derivada do Ubuntu, iniciada por 2 irlandeses e com a proposta de ser "verdadeiramente livre". Eles estão até mesmo recrutando fiscais da liberdade, para ajudar a garantir que os pacotes da distribuição sejam todos FSF-compliant.
Dica! Dica! O Linux.com publicou um guia para construir e liderar comunidades de código aberto e software livre. Você acha que ele inclui a sugestão de criar forks de projetos populares e bem-sucedidos?
Dinheiro em caixa: O Google anunciou doações para o projeto Samba e a Creative Commons.
Janela entreaberta: A Microsoft anunciou que a nova versão do Windows CE oferecerá acesso - não-livre - ao código-fonte do seu kernel. Ela também fechou uma parceria com a Zend para melhor suportar PHP no Windows. Lembra da história da Chapeuzinho Vermelho? "Pra que essa boca tão grande, vovó?" "É pra te suportar melhor, chapeuzinho".
Feliz aniversário: A edição brasileira da Linux Magazine fez 2 anos, e o VivaOLinux fez 4 anos. Parabéns!
Carnaval da Microsoft: A Microsoft anunciou que irá promover o Linux em conjunto com a Novell, se comprometeu a não processar desenvolvedores, e mais. As primeiras análises perguntavam: Armadilha ou reconhecimento? A Novell respondeu perguntas sobre o seu acordo com a Microsoft, mas os comentários mais interessantes foram os da Red Hat, que vê oportunidades no recente anúncio da aliança Novell+Microsoft.
Favoritos 2006: Saiu mais uma não-parcial da votação dos Favoritos 2006 ;-) - será que os resultados vão bater com os do Editors' Choice do LinuxJournal? A promoção da comunidade brasileira ganhou notícia n'O Globo, e o BR-Linux agradece a todos que apóiam a promoção.
Direto da fonte O Novo feed RSS do BR-Linux traz os comentários selecionados pelos leitores, para quem quer acompanhar os melhores comentários dos leitores do site sem ter que ler o conjunto completo ;-)
Recursividade: Veja também A semana anterior no BR-Linux: a distribuição da Oracle, Ubuntu novo, Firefox novo, GPL nova e... promessa velha da Sun
(postado por Augusto Campos)
Comentários dos leitores
Comentário de luizmineo
05/11/06 21:30 - usuário registrado #1055
Boa!: Eu não conhecia essa "versão" da Chapeuzinho... Tá de tirar o chapéu =]
Comentário de thebluesgnr
05/11/06 21:49 - usuário registrado #4201
Re: Dica! Dica!: Você acha que ele inclui a sugestão de criar forks de projetos populares e bem-sucedidos?
Acho que não, porque acredito que o artigo pressupõe a criação de comunidades a partir de um código novo.
Mas poderia incluir, e há vários exemplos: o CentOS é um "fork" do RHEL, o Ubuntu é um fork do Debian, o Firefox é um fork do Mozilla, e por aí vai.
Acho que não, porque acredito que o artigo pressupõe a criação de comunidades a partir de um código novo.
Mas poderia incluir, e há vários exemplos: o CentOS é um "fork" do RHEL, o Ubuntu é um fork do Debian, o Firefox é um fork do Mozilla, e por aí vai.
Comentário de nosfera
06/11/06 2:19
Stallman: Esse Stallman e muito radical, nao usar uma coisa so porque nao utiliza software livre e meio sem noção, se for seguir esse raciocinio vamos parar de usar a internet, porque ela e quase toda roteada por roteadores que tem sistema operacional nao livre da cisco
bleh!
bleh!
Comentário de Lobo Mau
06/11/06 11:22
Se eu pego essa Chapeuzinho: Se eu pego essa Chapeuzinho aí não deixo nem os ossos. Que delícia!
Comentário de thebluesgnr
06/11/06 13:08 - usuário registrado #4201
Não é bem o que a notícia: Não é bem o que a notícia escreveu. O Stallman não se preocupa se o Youtube usa software livre para hospedar seus arquivos ou outras coisas.
O Stallman não quer sua entrevista no Youtube porque isto exigiria que os usuários utilizassem software proprietário para assistí-la. Ou seja, ao dar a entrevista ele estaria encorajando as pessoas a utilizar software proprietário, o que obviamente o criador da FSF não quer fazer.
O Stallman não quer sua entrevista no Youtube porque isto exigiria que os usuários utilizassem software proprietário para assistí-la. Ou seja, ao dar a entrevista ele estaria encorajando as pessoas a utilizar software proprietário, o que obviamente o criador da FSF não quer fazer.
Comentário de brain
06/11/06 14:28 - usuário registrado #1
Sim, é: A frase dele para o entrevistador foi: "...and do not post it to YouTube, as it doesn't use free software!"
Ademais, me parece que os padrões utilizados pelo YouTube para a transmissão dos vídeos são aprovados pela FSF, já que ela mesma está implementando eles no Gnash. Acho que só não dá pra assistir os vídeos do YouTube usando software livre *hoje* porque o Gnash ainda não está 100% pronto, mas nesse caso é só aguardar, e certamente não é motivo pra boicotar o site dos caras.
Ademais, me parece que os padrões utilizados pelo YouTube para a transmissão dos vídeos são aprovados pela FSF, já que ela mesma está implementando eles no Gnash. Acho que só não dá pra assistir os vídeos do YouTube usando software livre *hoje* porque o Gnash ainda não está 100% pronto, mas nesse caso é só aguardar, e certamente não é motivo pra boicotar o site dos caras.
Comentário de thebluesgnr
06/11/06 23:22 - usuário registrado #4201
A frase publicada não: A frase publicada não explica com detalhes o ponto de vista do Stallman, o que pode levar a outras interpretações. A minha interpretação foi formada a partir de um contexto maior que o única parágrafo mencionado; o RMS que nunca recusou a dar entrevista a sites que usam software não livre (como o IIS para hospedar as páginas), mas ele sempre recusou a colaborar em artigos que requerem software proprietário para serem visualizados. Inclusive a biografia não oficial só contou com participação do Stallman após o autor garantir que o livro não exigiria a tecnologia DRM para ser visualizado.
Você apenas confirma esta interpretação ao mencionar o Gnash. A partir do momento em que o Gnash for capaz de visualizar o youtube.com, o RMS vai deixar de ver problema em ter suas entrevistas postadas lá. Enquanto for necessário utilizar software proprietário para visualizar o youtube.com, ele vai ser contra qualquer atitude que leve as pessoas a utilizarem o youtube.
Se você acha que minha interpretação do pedido do Stallman está errada, podemos entrar em contato no rms gnu.org para esclarecimentos.
Você apenas confirma esta interpretação ao mencionar o Gnash. A partir do momento em que o Gnash for capaz de visualizar o youtube.com, o RMS vai deixar de ver problema em ter suas entrevistas postadas lá. Enquanto for necessário utilizar software proprietário para visualizar o youtube.com, ele vai ser contra qualquer atitude que leve as pessoas a utilizarem o youtube.
Se você acha que minha interpretação do pedido do Stallman está errada, podemos entrar em contato no rms gnu.org para esclarecimentos.
Comentário de brain
06/11/06 23:42 - usuário registrado #1
RMS sabe se expressar e não precisa de intérprete: Eu perguntei ao Stallman este ano e ele me confirmou, por isso sei que ele faz questão de ser traduzido apenas literalmente. A frase dele para mim está bem clara, diz respeito ao não uso de software livre por parte do Youtube, e não há nenhuma informação contextual a mais que permita partir para uma interpretação mais ampla como a tua de forma tão exacerbada a ponto de corrigir os outros dizendo que a interpretação literal, direta, completa e linear está incorreta.
Não vejo nenhum problema em você entrar em contato com o Stallman se quiser perguntar a ele se ele acha que se expressou errado, ou sugerir a ele que torça o discurso pra adaptar a alguma ideologia, ou mesmo que se desdiga. Mas ao mesmo tempo não acho certo você vir aqui querer corrigir o relato de algo que ele disse, e está registrado, como se ele não tivesse dito, ou como se ao afirmar de forma clara e objetiva uma coisa, ele quisesse dizer outra completamente diferente, principalmente considerando o apreço que ele tem por chamar as coisas sempre da forma que ele considera corretas, e até pelas exigências que ele mesmo costuma fazer quanto
Não vejo nenhum problema em você entrar em contato com o Stallman se quiser perguntar a ele se ele acha que se expressou errado, ou sugerir a ele que torça o discurso pra adaptar a alguma ideologia, ou mesmo que se desdiga. Mas ao mesmo tempo não acho certo você vir aqui querer corrigir o relato de algo que ele disse, e está registrado, como se ele não tivesse dito, ou como se ao afirmar de forma clara e objetiva uma coisa, ele quisesse dizer outra completamente diferente, principalmente considerando o apreço que ele tem por chamar as coisas sempre da forma que ele considera corretas, e até pelas exigências que ele mesmo costuma fazer quanto
Comentário de thebluesgnr
07/11/06 3:12 - usuário registrado #4201
Acho que não estamos nos: Acho que não estamos nos entendendo bem, então vou tentar colocar os pontos de forma mais clara:
1) O Youtube usa software proprietário? Sim. É por isso que o RMS não quer seu vídeo lá? Sim.
2) Isso significa que o Stallman não quer seus vídeos em qualquer servidor na internet que use software proprietário? Não.
A afirmação do RMS no artigo é o (ponto 1) e só isso, mas eu não concordo com a interpretação que o nosfera fez dela, que o levou ao (ponto 2). Para explicar o meu ponto de vista, ou seja, que a minha interpretação é mais próxima do que o Stallman pensa, é preciso analisar outras ações dele, colocar a frase do artigo num contexto maior. Se não quer fazer isso, ótimo, mas atenha-se ao ponto 1 acima sem tirar outras conclusões. Caso contrário: qual o motivo dele ser contra o uso do youtube?
É o seguinte: o Youtube exige que as pessoas usem software proprietário para acessá-lo. Por outro lado, um servidor rodando Windows 2003 com IIS hospedando alguns vídeos do Stallman em formato Ogg Theora não exige que as pessoas usem software proprietário para assití-los.
"A interpretação literal, direta, completa e linear está incorreta" porque ela não é isso. A única coisa que se pode concluir da afirmação é que ele é contra o uso do youtube porque o youtube usa software proprietário. Se você quiser tirar conclusões extras a respeito disso, você precisará explicá-las melhor, e o RMS não estará se "desdizendo" ao responder que sua interpretação é incorreta.
Agora, sobre a existência do Gnash. O Gnash não altera em nada o cenário acima, ou seja, as pessoas continuam sendo obrigadas a usar software proprietário para assistir os vídeos no youtube. Não é porque o Gnash está sendo desenvolvido que o RMS vai deixar de ver problema em usar o Flash da Adobe.
1) O Youtube usa software proprietário? Sim. É por isso que o RMS não quer seu vídeo lá? Sim.
2) Isso significa que o Stallman não quer seus vídeos em qualquer servidor na internet que use software proprietário? Não.
A afirmação do RMS no artigo é o (ponto 1) e só isso, mas eu não concordo com a interpretação que o nosfera fez dela, que o levou ao (ponto 2). Para explicar o meu ponto de vista, ou seja, que a minha interpretação é mais próxima do que o Stallman pensa, é preciso analisar outras ações dele, colocar a frase do artigo num contexto maior. Se não quer fazer isso, ótimo, mas atenha-se ao ponto 1 acima sem tirar outras conclusões. Caso contrário: qual o motivo dele ser contra o uso do youtube?
É o seguinte: o Youtube exige que as pessoas usem software proprietário para acessá-lo. Por outro lado, um servidor rodando Windows 2003 com IIS hospedando alguns vídeos do Stallman em formato Ogg Theora não exige que as pessoas usem software proprietário para assití-los.
"A interpretação literal, direta, completa e linear está incorreta" porque ela não é isso. A única coisa que se pode concluir da afirmação é que ele é contra o uso do youtube porque o youtube usa software proprietário. Se você quiser tirar conclusões extras a respeito disso, você precisará explicá-las melhor, e o RMS não estará se "desdizendo" ao responder que sua interpretação é incorreta.
Agora, sobre a existência do Gnash. O Gnash não altera em nada o cenário acima, ou seja, as pessoas continuam sendo obrigadas a usar software proprietário para assistir os vídeos no youtube. Não é porque o Gnash está sendo desenvolvido que o RMS vai deixar de ver problema em usar o Flash da Adobe.
Comentário de brain
07/11/06 7:07 - usuário registrado #1
sim: Sim, esta sua nova interpretação é bem mais palatável. Mas você há de convir que ela é bem diferente da sua afirmação inicial, dizendo que "Não é bem o que a notícia escreveu. O Stallman não se preocupa se o Youtube usa software livre para hospedar seus arquivos ou outras coisas." - porque, como visto, o Stallman se preocupa com isso sim, e é isso que a notícia escreveu ;-)
Comentário de thebluesgnr
07/11/06 16:01 - usuário registrado #4201
Minha resposta inicial: Minha resposta inicial realmente não foi muito clara - que bom que pudemos esclarecer o assunto. :)
Comentário de thebluesgnr
08/11/06 3:13 - usuário registrado #4201
Falando nisso, segue um: Falando nisso, segue um comentário do RMS sobre a entrevista:
"...and do not post it to YouTube, as it doesn't use free software!"
That's not what I said. The problem is that you can't access YouTube
with free software.
I will look at that interview and see what is needed to clear it up.
Comentário de brain
08/11/06 7:02 - usuário registrado #1
Revisionismo histórico: Veja só a que ponto chegamos, não podemos mais confiar nem mesmo em reproduções literais publicadas pelo cidadão que hospedou o Grande Líder em sua visita a Roma...