Reviravolta: segundo a Folha, Lula já decidiu cancelar o pregão do laptop educacional
Da matéria da Folha deste sábado:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu cancelar o pregão para a compra de 150 mil laptops para distribuição em escolas públicas e abrir uma nova concorrência, uma vez que não conseguiu que o menor preço apresentado –US$ 360, pelo grupo Positivo Informática– fosse reduzido (…) Segundo a reportagem, o edital da nova concorrência poderá trazer como alterações a redução no número de máquinas a serem adquiridas, ou diminuição do número de exigências (a garantia de três anos, por exemplo, poderia ser reduzida para dois) ou ainda o aumento na previsão orçamentária do projeto (o montante atual não foi divulgado). No mês passado, a Positivo Informática informou que a fabricação de um computador portátil por US$ 100 “não é realidade”. (…)
A expectativa do governo, pouco antes da abertura do pregão em vias de ser cancelado, era de que as máquinas estivessem “disponíveis para as crianças entre março e abril de 2008″, em 300 escolas. Será que vai ficar só pro ano que vem? Ou existirá uma estratégia para implantá-las no meio do ano letivo?
Recentemente, na notícia “Um mês passou, e nada do laptop educacional que seria adotado no início de 2008“, tive oportunidade de manifestar uma opinião sobre o que poderia acontecer com esta licitação, e reproduzo:
Fazer uma nova licitação para a mesma intenção não é uma solução limpa. A não ser que de fato mudem o objeto profundamente e sem excluir quem pôde concorrer no atual processo (representantes da OLPC, Intel e Encore) – por exemplo, abrindo mão do requisito de 3 anos de garantia, do compromisso de o vencedor entregar os equipamentos diretamente em cada uma das escolas, ou de realizar a instalação e configuração dos servidores. Isto baixaria o custo e de fato seria um novo objeto. Mas se a intenção for fazer isso, a forma ideal também não é se fechando em copas, sem dar notícias a ninguém. Nem aproveitar a oportunidade para marcar cartas que não tenham sido marcadas em uma oportunidade anterior.
A dica sobre a matéria da Folha de hoje foi enviada pelo leitor Renato S. Yamane, cuja manifestação (incluindo sua opinião sobre os laptops educacionais e a forma como estão sendo trazidos ao Brasil) reproduzo abaixo.
Leia também:
- IDGNow: Positivo rebate críticas e prevê laptop educacional a US$ 300
- No Brasil, XO é o laptop de US$ 420
- Positivo/Classmate vencem primeira fase do pregão dos laptops educacionais – OLPC fica em terceiro
- Brasil opta por softwares e padrões livres para seus laptops educacionais
- Ministro diz que uniformes e livros devem vir antes do laptop XO – OLPC critica politicagem
Segue o texto de Renato S. Yamane.
“Eu creio que alguns ainda acreditam em duendes, e talvez por esse motivo, ainda acreditam na possibilidade de existir algum laptop de verdade por US$100 no Brasil.
O presidente da república acabou de cancelar o pregão vencido pela Positivo Informática, que ofereceu o preço mínimo de US$360 (R$435) por cada um dos 150.000 laptops entregues em lotes para cada escola indicada pelo Governo, além de serem configurados no local juntamente com um servidor, 3 anos de garantia e pagamento único somente ao final da entrega/instalação/configuração (que poderá durar 4 meses).
No EUA é possível comprar um LAPTOP DE VERDADE, como por exemplo um Dell Vostro 1000, com processador AMD 3600+, Wireless 802.11g, monitor LCD de 15,4″, 512Mb de RAM, 80Gb de HDD (5400RPM), leitor de DVD com gravador de CD, placa de vídeo ATI xpress 1150, bateria de 4 células e 1 ano de garantia on-site, por US$399… Ou seja, US$39 a mais do que o Classmate. E só pesa 2,5Kg. E detalhe, nesse preço da Dell está incluido uma licença do Windows Vista! Portanto se retirarmos esse sistema operacional, teríamos um preço próximo de US$310. A tela de 7″ do Classmate/OLPC dificulta o seu uso, pois após alguns minutos você já sente um desconforto visual. O teclado de dimensões reduzidas dificulta o seu uso. Não é nada fácil ficar digitando em um teclado que não cabe os seus dedos (e olha que tem muita criança de 12 anos maior que eu!). O tempo de uso utilizando somente a bateria é próximo de 4 horas. Apenas 1 hora a mais do que a maioria dos novos laptops, e em todos os casos essa bateria é insuficiente para um período de aula, que é das 7:30h às 12:30h.
Alguém ainda acha que os professores irão desenvolver materiais didáticos digitias para as aulas? Vamos ser realistas, pois eles não possuem conhecimento para isso. Estão querendo comprar 150.000 laptops sem saber o que fazer com eles após a sua chegada nas escolas! Primeiro temos que investir no básico: As crianças das escolas públicas primeiramente precisam saber LER/ESCREVER e principalmente ENTENDER o que estão lendo e escrevendo. Não adianta absolutamente NADA dar um computador para um analfabeto funcional! Essa é a opinião de quem conhece MUITO BEM uma escola pública e seus alunos!”
Enviado por Renato S. Yamane (renatoyamaneΘgmail·com) – referência (folha.uol.com.br).
Ainda bem que o governo agiu com lucidez e cancelou antes de fechar o negócio. Pelo menos nosso rico dinheirinho foi poupado. Aliás, não havia outra saída mesmo, já que a empresa que ganhou a concorrência não conseguiu baixar o preço. Com novo pregão é muito provável que as exigências sejam mais realistas. Deve ficar pro ano que vem.
Os responsáveis deviam aproveitar essa janela forçada e preparar os professores.
Gostaria que o governo acordasse e investisse este orçamento de uma maneira mais proveitosa para o país. Enquanto acredito que existam escolas que sejam capazes de tirar proveito de um aparelho como o Laptop OLPC, longe do litoral ainda temos escolas públicas em situações vergonhosas. Será que este dinheiro não seria mais bem aplicado no FUNDEB? Será que não é mais importante tentar uniformizar a qualidade da educação pública no Brasil do que investir em um aparelho não essencial? Sei que todo o projeto OLPC é bem intencionado, mas acho que o primeiro mundo não entende que não é isto que precisamos neste momento, temos vários problemas “mais embaixos” que precisam ser resolvidos.
Querem ver como daqui a pouco vai aparecer um lambe-botas da esquerda
dizendo que isso aconteceu “por causa da direita elitista e dos ricos sonegadores que conspiraram nos bastidores para o fim da CPMF, imposto que beneficiava a população mais carente” e portanto não existem mais verbas sufucientes para a aquisição dos portáteis? No governo de mentira e desinformação do Sr. Lulla tudo é possível…
Querem ver também como esse comentário será moderado fora do tema ou negativamente? Ouvir a verdade dói pessoal, mas ela é necessária.
Freedom, na minha opinião seria perfeitamente possível fazer a mesma crítica que você fez, mas sem recorrer a termos ofensivos, como “lambe-botas”.
A moderação existe justamente para esse tipo de situação, e eu não me surpreenderei se o seu comentário for moderado negativamente pelos leitores.
Discutir o assunto é positivo, mas ninguém precisa lançar ofensas e generalizações negativas a quem pensa diferente de si.
Não disse que moderariam negativamente? Ganhei a aposta! :D
Augusto é verdade, eu peguei pesado mesmo com o “lambe-botas”,
mas é que fico indignado com o festival de mentiras, pilantragens, roubos e desinformação pelo qual passa o Brasil.
Se nesse país existissem políticos honestos, comprometidos com
a verdade e o desenvolvimento, e se o povo ignorante quer seja
idiotizado pela mídia ou mesmo por opção própria tratasse
de fazer sua parte, dando um basta nisso com certeza
estaríamos numa situação muito melhor hoje. (e quem me moderou
negativamente não venha dizer que a situação atual é culpa dos EUA
ou do capitalismo).
Temos que tomar uma atitude o mais rápido possível, e se a administração deste país continuar nas mãos da esquerda e baseando-se na atual situação, em breve poderemos dar adeus
ao Brasil como conhecemos. Definitivamente.
Sei que irão moderar negativamente de novo esse comentário mas não me importo, estou expressando minha opinião me utilizando do pouco de liberdade que ainda nos resta. Ainda.
[ ]‘s
Freedom
Acho que a espectativa de todos ficou meio frustrada, pois esperamos o laptop de US$ 100,00, prometido no início.
Freedom, o que você fez está longe de esgotar o “pouco de liberdade que ainda nos resta”. Uma forma parecida, que permite ir bem além, é você divulgar a sua opinião em algum grupo de discussão sobre política, ou mesmo em um site ou blog pessoal seu.
Lá você certamente terá oportunidade de escrever irrestritamente sobre suas opiniões político-partidárias, sociológicas, ou o que for.
Por aqui, embora você tenha a liberdade de enviar seu comentário, a intenção é que os comentários sejam sempre sobre o tema da notícia em si, e de forma direta. Em especial no caso dos comentários político-partidários, o que eu observo é que freqüentemente eles desviam totalmente do ponto da notícia, e viram manifestos de opinião sobre outras coisas, como no seu caso. E, o que é pior, acabam recebendo respostas fora do tema da notícia também, como é o caso deste meu comentário.
Essa idéia isolada de computador educacional é o mesmo que comprar um piano para colocar numa casa cheia de goteiras.
Temos nas escolas públicas crianças desnutridas, com doenças (e não são tratadas); com o tempo, se tornam analfabetos funcionais, não conhecem um mínimo dos clássicos da literatura portuguesa, ficam com o vocabulário entupido de coisas absurdas como “tipo! tipo assim! tá ligado ? Sóóó…!”, não sabem as quatro operações, não sabem interpretar um texto simples, não sabem escrever, etc,etc,etc…
Esse computador só teria sentido junto com um sistema educacional de verdade, e não o casebre de pau-a-pique que é a educação brasileira.
No final, vai ser maciçamente usado para se bater papo via msn e postarem no Yourkute.
É verdade que existem muitas escolas públicas no Brasil em condições precárias. Por outro lado pesquisa recente publicada pela Folha mostrou que, pelo menos do ponto de vista dos salários dos professores, a diferença entre a rede pública e a particular não é tão gritante como se apresentam nas caricaturas. Na verdade, no nível fundamental, ela até favorece a rede pública. No superior também, como bem sabe e usufruem nossas classes média e alta.
Quanto a necessidade da inclusão digital dos alunos da rede pública, assim com da rede particular, no mundo globalizado de hoje não há o que discutir, que me desculpem os neo-ludditas: ela é mandatória. Os governantes brasileiros tiveram anos e anos para cuidar da nutrição e da saúde das crianças mais humildes e não o fizeram por razões nem sempre louváveis. A responsabilidade por esta situação é deles mas não se trata agora de ficar botando culpa e apontando o dedo para ninguém. O que nos resta é tapar as goteiras das escolas, alimentar nossas crianças, curar suas doenças, dando-lhes tratamento médico e odontológico adequado a elas, etc.. Os jesuítas, nas Missões, nos mostraram como fazer isto séculoas atrás. Porém, mais do que eles, teremos também de cuidarmos da inclusão digital da gurizada. Seria muito irresponsável se nossa geração negasse a eles este direito. O futuro do Brasil que está em jogo.
O governo tem todo direito de não levar a licitação em frente. A realização da licitação não gera uma obrigação de compras. Ainda mais se o preço não chegou ao valor esperado. Agora o negócio é reavaliar as expectativas e elaborar outro edital. Pode se adotar outras modalidades de licitação, algo na linha de registro de preços, pois permite ajustar o quantitativo a ser adquirido conforme a disponibilidade orçamentária. Também é possível até mesmo alterar o objeto de modo a optar por outros paradigmas tecnológicos; quem sabe até mesmo evoluindo para algo na linha verde e ecológica do Koolu do Maddog?
@sem@email.org
Só uma curiosidade, de onde tirou os textos citados acima?
Mil descupas. Fui brincar com as tags e baguncei tudo. Cade o botao de previsualizar :)?
Vamos ver se funciona agora.
Ops! Quase funcionou. Preciso de um tutorial :).
Concordo com grande parte dos comentários dos colegas no que diz respeito ao lado “educacional” da matéria, mas acho que a verdade por trás desta notícia é que o governo federal está dando um jeito de arrumar a sua licitação para a tal “empresa nacional” ganhar com o mesmo valor (ou próximo) da atual licitação…
O cancelamento do pregão, me faz lembrar o “causo” de um governador que mandou seu assessor convocar uma reunião do secretariado para 6ª feira. O assessor perguntou: — Excelência, 6ª feira se escreve com a letra “s” ou com a letra “c”? O governador respondeu: humm… marca para 4ª feira.
O devaneio do edital, o conjunto de exigências, muitas das vezes fora da realidade e fora do contexto onde serão aplicados os objetos da licitação, é que provocam estes cancelamentos.
Relançar o edital alterando-se algumas das exigências pode parecer aos olhos dos gestores, ser a solução para se concretizar a compra, e não é muito diferente de marcar a reunião para 4ª feira, assim como sugeriu o governador.
Outro dia, comentei sobre o post aqui publicado, o qual dizia sobre o preço proposto pela empresa vencedor POSITIVO, e comparando-se com processo de compra feito pelo Uruguai. Um leitor questionou dizendo que eu deveria fazer parte da folha de pagamento da empresa POSITIVO. Preferi não responder por acreditar que o leitor não entendeu o conteúdo do assunto colocado em discussão.
Pelo contrário, já me deparei com a POSITIVO em outros processos licitatórios, e posso dizer, trata-se de uma grande empresa.
Mesmo assim, não poderia deixar de registrar minha indignação pelo cancelamento do certame considerando as questões levantadas, o preço final proposto.
Adam Astor
Infelizmente ….
…não tiro a razão desses “subnotebooks” serem super faturados e quem já prestou serviço para o Governo que o diga.
Primeiro é dificil entrar sem algum “esquema”. E se você conseguir entrar sem ter participado de um “esquema”, o “esquema” vai atrás de você, aí se você não for uma pessoa íntegra e honesta, você acaba sucumbindo ao modelo secular do famoso “sou brasileiro e quero levar vantagem em tudo”.
Depois tem o fato de que o Governo acaba liberando o dinheiro do serviço, apenas 6, 7 meses, 1 ano (ou mais), após o término do serviço (um ótimo motivo para o super faturamento, pois U$100 hoje, certamente não é U$100 daqui 1 ou 2 anos).
Existe também o fator “Shit Happens”, ou seja, cancelamento de verbas e outras maracutaias que fazem com que o dinheiro empenhado para a sua obra, seja remanejado para outro lugar e aí vai mais um motivo para demorar 1, 2 anos para liberar o dinheiro para o vencedor do “tiro no pé” que é prestar serviço para o Governo.
É claro….esquemas acontecem……se for um bom “esquema”…porque não esperar ??
Afinal, “Sou brasileiro não desisto nunca….de levar vantagem em tudo ” :.P
Mas isso não é de hoje, isso sempre aconteceu como “nunca na história desse País”……e pelo visto está longe de mudar.
PopolonY2k
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