Google encontrou a solução para a fragmentação do Android: uma camada obrigatória de código fechado
O que um gigante da Internet faz quando seu plano de abrir o código de uma plataforma para deixar os fabricantes alterarem o sistema como quiserem leva a fragmentação e a pouco estímulo para os fabricantes enviarem atualizações aos usuários?
O Google parece ter encontrado sua resposta: colocar um novo componente intermediário, de código fechado e auto-atualizável sem intervenção do fabricante (nem do usuário...), entre os apps e o sistema operacional, e fazer com que o acesso à maioria dos serviços do sistema operacional dependa dele. Ele se apresenta como um app, mas tem praticamente todas as permissões. E se ele precisar de mais permissões, ele mesmo pode se auto-conceder.
Este longo e técnico artigo do ars technica explica o que é o Google Play Services e como ele interfere na arquitetura do Android, a ponto de estar sendo chamado de "a nova plataforma do Google", como se o sistema operacional abaixo dele agora tivesse um papel mais similar ao do Gonk, distribuição Linux por baixo do Firefox OS, por exemplo, que só está lá para carregar o piano do runtime Gecko que fica entre ela e todos os apps.
Isso explica, entre outras coisas, por que as atualizações de versões recentes, como o Android 4.3 (o artigo é da véspera do anúncio do Android KitKat) são muito mais relacionadas a serviços de baixo nível como o Bluetooth, o OpenGL e a API da câmera: muitos recursos mais diretamente percebidos pelo usuário, que antes eram apresentados e distribuídos como parte do sistema operacional, vêm migrando para as camadas superiores, fora das garras modificadoras dos fabricantes e distribuidores.
Recomendo a leitura completa, mas aqui está um trechinho: "A estratégia do Google é clara. O Play Services tem poderes no nível de sistema, mas é atualizável. Ele é parte do pacote de apps do Google, então não é open source. Os OEMs não podem modificá-lo, o que o deixa inteiramente sob controle do Google."
"O Play Services basicamente atua como um intermediário entre os apps normais e o sistema operacional instalado. No momento ele gerencia a API do Google Maps, a sincronização, o remote wipe, as mensagens push, os bastidores do Play Games e muitas outras tarefas." (via lwn.net - “Google is defragging Android (ars technica) [LWN.net]”)
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