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Insuficientemente livre? Uma análise do debate entre Richard Stallman e Theo de Raadt

O LWN publicou um longo e interessante artigo analisando o recente debate entre Richard Stallman e Theo de Raadt (respectivamente o fundador do projeto GNU e o líder do OpenBSD) na lista de desenvolvedores do OpenBSD, já mencionada anteriormente por aqui no artigo "Stallman associa OpenBSD e softwares não-livres. DeRaadt sobre Stallman: "mentiroso hipócrita"".

A thread da discussão é garimpada em busca de detalhes interessantes (como o fato de Richard Stallman não usar navegador web), mas o foco é a discussão em si, que chega a ser comparada a uma briga no parquinho de uma escola elementar.



Theo de Raadt é criticado pelas expressões desrespeitosas e ataques ad hominem, e os posicionamentos de Stallman são avaliados de uma forma ampla, comparando com o posicionamento da comunidade de software livre em geral (que em sua maioria absoluta usa sistemas operacionais que Richard Stallman não recomenda - e esta ausência de recomendação esteve na semente da discussão).

O artigo fala ainda sobre a ativa busca da liberdade de software praticada por projetos como o Debian e o Fedora, que não são recomendados por Richard Stallman, e sobre o caso do OpenBSD em si, que freqüentemente se envolve em debates e disputas justamente por ser intransigente quanto à liberdade de todos os softwares que distribui, incluindo até mesmo a atenção aos binários de firmwares.



Outro aspecto abordado pelo artigo é a pergunta que os desenvolvedores do OpenBSD fizeram: por que então o GNU ativamente disponibiliza seus pacotes para usuários de sistemas operacionais não-livres? Stallman responde, explicando por que acha que o potencial de dano gerado pela disponibilização de aplicativos livres em sistemas proprietários é menor que o dos aplicativos proprietários nos sistemas livres.

O LWN apresenta uma análise bastante direta sobre este posicionamento de Stallman especificamente, que chama de uma visão condescendente dos usuários de computadores, que precisariam ser conduzidos a instalar o software correto; uma visão que impede seus proponentes de recomendar os sistemas operacionais livres que muitos de nós usamos. Coloca em discussão ainda o valor relativo da pureza ideológica e da valorização do esforço dos desenvolvedores e distribuidores de software livre, e a razoabilidade de um posicionamento que não é seguido pela absoluta maioria das pessoas que se entendem como parte da comunidade de software livre.

O artigo trata ainda da importância histórica de Richard Stallman e do projeto GNU para a realidade que temos hoje, e elogia a forma como ele manteve a calma e o respeito mesmo quando exposto a ataques pessoais e flames contínuos.

Os comentários dos leitores, incluindo nomes conhecidos, como Bruce Perens, complementam e expandem a análise, de forma bastante interessante. Se você não é membro do LWN, o artigo estará disponível livremente para todos os interessados a partir do dia 3 de janeiro.

Saiba mais (lwn.net).

Comentários dos leitores

Os comentários abaixo são responsabilidade de seus autores e não são revisados ou aprovados pelo BR-Linux. Consulte os Termos de uso para informações adicionais. Esta notícia foi arquivada, não será possível incluir novos comentários.
Comentário de tenchi
De 1º de Abril: HAUAHUA... Não usa Navegador Web? HAUAH. HTML é fechado? XML é fechado? PHP é fechado? Não existem navegadores GPL? Konqueror, Links?
Acho que o que o RMS quer mesmo é que todo mundo use o Emacs. Lá ele deve ter colocado um micro-navegador também. Pq só assim mesmo para ele manter o próprio site. Ele não acessa os sites da fundação que ele criou?
Tive a impressão de ter visto o GNOME no Notebook dele. Não vi nenhuma "tela-preta" neste computador.

Já sei. Ele é agora quer ser o Chuck Norris. Baixa o código html da página com o wget e renderiza na própria mente! Só pode ser! hauahau

Eu respeito muito o cara, pelo seu trabalho e tal. Mas às vezes tenho q concordar que ele fala mer* às vezes.

Obs: mesmo com o tom trollístico do meu comentário, não foi essa a minha intenção. Mas que é engraçado é...

"Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria." - Legião Urbana
Comentário de brain
Clicar no link: Clicando no link você pode ver a explicação de como ele consulta a web, e a afirmação de que é por razões pessoais. Se fosse por questões de liberdade dos protocolos ou linguagens, creio que ele não deixaria de dizer.
Comentário de Ricardo Carvalho
O artigo é bom, serve pra: O artigo é bom, serve pra elucidar a questão, o fato é que o ports do OpenBSD dá opção pra se baixar software não-livre (tipo a versão linux do Opera), mas eu acho que uma coisa bem diferente é você dar a opção ao usuário de instalar o software em questão e a outra bem diferente é você incluir o software no seu sistema por padrão, a maioria dos sistemas livres mais populares tentam na medida do possível não incluir softwares proprietários na instalação padrão. Nisso é que Stallman patina, talvez por não ser um mantenedor de sistema ele pense que ignorar a usabilidade e toda sua base de usuários seja viável a um projeto de grande porte.
Comentário de timm
E ainda me jogam pedras: E ainda me jogam pedras quando eu digo que esse cara é retardado...

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Linux User #405251
http://timmerman.wordpress.com
Comentário de george kihoma
como usar a web sem browser: Que parte do comentário abaixo vc não entendeu?
"For personal reasons, I do not browse the web from my computer. (I
also have not net connection much of the time.) To look at page I
send mail to a demon which runs wget and mails the page back to me.
It is very efficient use of my time, but it is slow in real time."
O cara baixa a página em outra máquina e repassa o arquivo por e-mail para ele mesmo. Considerando que como ele memso disse, "I
also have not net connection much of the time." faz todo o sentido. Essa é a forma mais original que já ouvi falar de "navegação web". Sò alguém como o Stallman poderia bolar uma forma de ver conteúdo web assim. Eu queria ser tão retardado como ele.

Comentário de tenchi
Quem mafagafar os mafagafinhos, bom amafagafigador será: Sim, mas isso é o mesmo que acabar com a pobreza da sua cidade mandando todos os mendigos para a cidade vizinha. Em algum momento o código de uma página Web deve ser renderizado, mesmo para ser enviado via e-mail, como ele disse. E quem faz isso certamente é um navegador. Seja na máquina dele ou não. Ou vai ver ele extraia o conteúdo da página por meio de expressões regulares, dentro do próprio emacs...

Isso fugiu sim do assunto principal da notícia - e evocou a placa de aviso que há no meio dela - mas o Richard Stallman tem uns comportamentos que fogem ao senso comum, e que, acredito eu, seja de conhecimento do mesmo. Assim, talvez ele só esteja fazendo o que toda criança "birrenta" faz quando começam a não mais prestar atenção nela: chamar a atenção.

Tanto que consegue, e nós - ao menos eu - estamos aqui discutindo uma opinião pessoal. Mas uma opinião pessoal que tem muita influência em algo que ele ajudou a criar. Sei que ele não recomendou às pessoas a não utilizarem um navegador, mas este comportamento dele já dá margem à reflexões do tipo: "Será que estamos recebendo influências do cara certo?"

Sei que você não pode fazer um comentário "maldoso", por ter uma reputação à zelar, e seus comentários terem uma influência muito maior do que qualquer outro neste site, mas ficou evidente que você também não tem uma opinião muito à favor de tal comportamento do RMS, tanto que a citação sobre o que gerou este meu enfadonho comentário provavelmente tinha exatamente esta intenção: gerar comentários enfadonhos como este, mas que gerassem uma certa discussão, que seria saudável para ambas as partes e ao leitor do site. Ou não? ;-)

"Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria." - Legião Urbana
Comentário de brain
Não.: Não. E posso fazer os comentários que eu desejar. Acho pitoresco e inusitado ele não usar navegador para visitar sites web, e curioso que ele tenha revelado isso justamente na thread em questão. Em 1995 este tipo de serviço (relay não-interativo de outros protocolos via web, ou via gopher) ainda era relativamente comum, e era também uma necessidade comum.

Além disso, pelo que ele disse, ele não usa navegador mesmo.
Comentário de tenchi
Sobre formatos e codecs e usuários idiotas: Ou então não só sugerir, mas numa atualização de rotina instalar um software proprietário sem o consentimento do usuário - que muitas vezes não lê o que exatamente será instalado.

Mas o que o Stallman muitas vezes também critica é o uso de ferramentas que remetem ao software proprietário, como por exemplos codecs para executar formatos proprietários de mídia, como MP3. Há vários players que tocam MP3 sem usar software proprietário. Há conversores para MP3 que são livres, como o lame, mencoder, ou ffmpeg. A idéia dele é usar somente softwares e formatos livres, a fim de acabar com a dependência dos formatos proprietários.

Sou totalmente à favor do uso de formatos livres, tanto que procuro os utilizar, usando Ogg na minha coleção de músicas - isso não retira o fato de serem ilegais ;-) - justamente por este formato ser mais compacto e funcionar em qualquer tocador de música livre; mas não quero ter a limitação de não conseguir tocar uma música em MP3. Acredito que acia da liberdade de software há a liberdade de o usuário escolher o que é melhor para ele.

O Slackware - distro que uso, e que certamente não seria "aprovada" pelo RMS - também tem este pensamento. Traz uma ampla coleção softwares, dentre eles alguns proprietários - até agora, acho que só o xv -, além de players que são capazes de tocar vários formatos - antes o xmms, agora o audacious, xine, etc -, mas oferece ao usuário a opção de instalá-los ou não. O sistema dele ser focado no usuário, mas não tratá-lo como um idiota.

"Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria." - Legião Urbana
Comentário de Pablo Lorenzzoni
Toh ficando velho...: Olah,

Eu fazia isso nos bons anos de 93, 94 e 95, quando a internet engatinhava no Brasil. Os usuarios de minha BBS (a finada Spectra's BBS) tambem faziam isso. Era um verdadeiro peh-no-saco: vc tinha de esperar dois dias para o UUCP levar tua requisicao e retornar no proximo batch. Funcionava, mas era um saco.

Na real, tudo era UUCP. O email tambem era UUCP e mensagens para redes fido demoravam 24h (o tempo do proximo batch) e para a internet demoravam 48h (renpac era caro, soh fazia batch a cada dois dias)... Por isso as BBSs eram taum interessantes: a comunidade que se formava em torno delas trocavam mensagens instantaneas (bem... taum instantaneas quanto o numero de linhas telefonicas que o SysOp tivesse)... qualquer mensagem naum-local dependia dos batchs programados de UUCP.

Bons tempos aqueles das redes fido-like e do renpac. Como isso faz o cara se sentir velho...

O RMS usa email para tudo, o Sistema Operacional dele eh o Emacs... naum sei por que essas afirmacoes dele causam tanta surpresa.

--
Pablo Lorenzzoni (spectra)
Comentário de Paulo Pontes
xiitas e sunitas: Este tipo de postura xiita (ou seria sunita?) do RMS é o que dá munição para os defensores do software proprietario usarem contra o software livre. O cara não sabe ou não dá importância às coisas que o mercado quer, como usabilidade e suporte aos padrões do mercado.
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