“Lembra da repercussão da entrevista do Jô Soares com Sergio Amadeu e Julio Neves há alguns meses? Pois eu recebi hoje por e-mail os links para 2 vídeos em que o diretor de uma empresa mineira que presta serviços baseados em software livre aproveitou a presença dos 2 no CONISLI para entrevistá-los e contar a sua análise sobre o que aconteceu naquele dia.
O que mais me chamou a atenção foi o clima de que houve uma conspiração contra o software livre, ou a favor do software proprietário (Amadeu: "A estratégia dele era do FUD mesmo"; Neves: "Quando se falava alguma coisa que não era muito boa pro software proprietário, o negócio era editado"). Mas logo no dia seguinte ao programa ir ao ar, o mesmo Júlio Neves tranquilizou a todos nós informando que "houve um único corte na edição, para remover uma frase que havia ficado pela metade", o que acaba complicando a minha análise pessoal da situação.
Os links pros 2 vídeos estão abaixo, juntamente com uma transcrição integral das 2 entrevistas, para aqueles que preferirem seguir a admoestação de Richard Stallman para não usar o YouTube. Mas não é meu caso.”
Sérgio, você conseguiu explicar pro Jô Soares o que é software livre? (abre largo sorriso para a câmera)
Não, não consegui. Porque... ele não queria que houvesse explicação, na verdade.
É, a gente notou isso. Isso... Isso foi público.
Eu só aceitei ir lá com o Júlio - o Júlio [Neves] que arrumou, me convidou - se eu pudesse usar o meu computador. E durante a tarde nós mostramos um videozinho que a gente fez com o Blender, o BrOffice, os editores... Estava tudo acertado, e nem 10 minutos antes de entrar, a produção disse: vocês não vão usar o computador. Aí eu disse: bom, isso aqui é o... vai ser um confronto. E eu achei que seria muito deselegante tentar bater contra as coisas que ele queria na verdade impor uma suspeita, uma dúvida. A estratégia dele era do FUD mesmo, de colocar a seguinte questão: vem cá, é de graça, tem alguém ganhando? Aí quando a gente falava que não necessariamente é de graça, ele falava: mas então, não é de graça, mas o que que é o software livre? Aí você explicava e ele falava: Mas o Linux não é de graça. Ou seja: ele fez uma confusão, que um leigo, sinceramente... não deu para entender nada. (corta)
Ao lado de um sujeito de chapéu de vaqueiro, o entrevistador se aproxima de Júlio Neves:
Rapidamente nós estamos aqui... Tá todo mundo curioso, prá saber comé que foi. Você teve no programa do Jô, discutindo software livre, e a pergunta que ficou no ar, né, será que o Jô entendeu o que que é software livre?
Bem, antes de mais nada eu queria dizer, só queria voltar ao que o Salomão estava dizendo, que na ótica dele, o nosso Office Automation, nossa suíte de automação de escritório, é superior às outras. Na minha ótica também, eu também acho bastante superior, inclusive. Bom, quanto ao Jô, eu acho que ele não entendeu porque ele não quer entender. Ele... a nossa entrevista foi solicitada por cima, pela direção da Globo, e ele não tinha vontade de fazer essa entrevista. Nós nos bastidores fomos tensionados, bastante tensionados, criaram um clima não muito legal nos bastidores. O Jô por sua vez não deixou o Sérgio falar, e as poucas aparições que eu tive, as poucas coisas que eu falei, muitas delas foram cortadas e editadas. Quando se falava alguma coisa que não era muito boa pro software proprietário, o negócio era editado. Mas tudo bem, depois eu tive um programa ao vivo na TV Futura, o Sérgio também teve, ele gravou e eu fui ao vivo. E foi ao ar com cerca de 15 minutos, e esse foi muito bom. Eu pretendo, assim que receber o CD, eu pedi um CD, (corta)
Mas não... incapaz de assumir sua parcela de culpa (diria porção principal), o dito cujo apela para a velha lenga-lenga do discurso conspiratório, do grande capital, disso e daquilo... Nada mais natural vindo de um trotskista atrasado, incapaz de se modificar com o tempo. Que lástima Sérgio.