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Editorial - DRM: o gigante é masoquista mas sente o golpe

Entenda como fazer sua parte contra os problemas intencionais causados por DRM.

A Info reproduziu um longo artigo da Exame sobre a situação em que o mercado fonográfico se encontra, com vendas em declínio e cada vez mais medidas restritivas, ao mesmo tempo em que os seus clientes se afastam em direção a obtenção não licenciada, mesmo sob o risco de ser processados pelas próprias empresas que não conseguem lhe oferecer o mesmo produto em um formato que ele queira comprar.



Uma peça-chave desta equação é a questão DRM, o conjunto de métodos que tenta restringir o uso que os clientes podem fazer dos produtos e serviços digitais que adquirem - impedindo que as músicas compradas em um CD possam ser transferidas para o computador ou para um player digital, por exemplo. Como se não bastasse as restrições intencionais, há ainda as colaterais, que impedem ouvir alguns CDs com DRM em determinados players em PCs ou automotivos, ou o infame rootkit da Sony.

Há algumas semanas Steve Jobs conclamou as gravadoras a abandonar o DRM. O DRM, afirmou Jobs, nunca vai vencer a pirataria. Entre outras razões, argumentou, por se basear em segredos que podem ser descobertos. E por esta razão, ele pede que as 4 maiores gravadoras abandonem a idéia de DRM, e permitam que distribuidores on-line disponibilizem os arquivos sem restrições contra seus clientes.

Mas as gravadoras não querem debater o assunto

E é aí que entra uma parte interessante do artigo da Exame: a reação das gravadoras. Cito: "As gravadoras não gostaram da idéia, é claro. O executivo-chefe da Warner Music, Edgar Bronfman Jr., disse que a proposta é "completamente sem lógica ou mérito". Mas um dos argumentos de Jobs é irrefutável. O DRM é um complicador que ainda afasta muita gente da experiência de abandonar os CDs. Além disso, menos de 3% de todas as faixas armazenadas num iPod são adquiridas no iTunes, em média. Os 97% restantes foram copiados de CDs ou adquiridos ilegalmente na internet. Ou seja: se o DRM não evita a pirataria, ele passa a ser somente um elemento a mais na frustração com a tecnologia. Quem olha para a comodidade e a conveniência da música digital sem dúvida enxerga um mundo mais promissor para os músicos e para os amantes da música. Menos, é claro, para os executivos do setor. Eles ainda têm de fazer a conta fechar. Senão, como cantaria certo ministro da Cultura, aquele abraço."

Outro aspecto interessante do texto mostra como as gravadoras perdem o jogo contra os mecanismos não licenciados de distribuição antes mesmo de entrar em campo, pelos obstáculos impostos a quem tenta distribuir estas músicas legalmente (ainda que com DRM, como elas exigem, e como os clientes bem-informados, que compram produtos on-line, não preferem). Veja a descrição, e note a participação da DRM neste jogo de retranca que não pode fazer gol:


"Vender legalmente música digital por download no Brasil é um drama digno de uma ópera. Confira todos os passos necessários

  • As lojas virtuais precisam investir em sistema de armazenamento de dados e banda de transmissão para enviar os arquivos de música
  • Os sites têm de fechar contratos com a gravadora, dona da música a ser vendida, e as editoras, que guardam os direitos dos compositores
  • Uma única faixa pode exigir diversos acordos separados caso a composição seja assinada por autores representados por editoras diferentes
  • Muitas vezes, a loja virtual tem de descobrir os detentores dos direitos autorais, faixa por faixa, pois a informação não é passada pela gravadora
  • Fechado o acordo, muitas vezes as lojas virtuais são obrigadas a transformar as músicas em arquivos digitais, pois gravadoras menores costumam enviá-las em CDs
  • As lojas virtuais são obrigadas a aplicar um sistema de segurança [=DRM] em cada arquivo para garantir que a música não seja copiada indiscriminadamente
  • As lojas virtuais pagam PIS, Cofins e ISS.A soma dos impostos que incidem sobre a venda de músicas é a mesma dos CDS e representa 14,25% de tributação sobre o preço bruto de venda
  • Sobre o valor líquido que sobra são repassadas as participações de gravadoras e editoras.As lojas virtuais ficam com a menor fatia do bolo."



Parece claro que a posição das gravadoras não é racional nem sustentável, e se enfraquece a cada dia conforme mais pessoas deixam de comprar CDs ou arquivos musicais on-line intencionalmente defeituosos, como diz a FSF.


As companhias de bondes também tentaram resistir ao automóvel


O mercado de trens e bondes também tentou resistir de todas as formas possíveis (incluindo o uso de sua influência sobre os legisladores e reguladores) contra os automóveis, e as companhias de navegação a vela se debateram quanto puderam contra os navios motorizados, que nas décadas de 1940 e 50 não puderam resistir aos aviões.

Como você pode agir

Mas, após uma resistência a mudanças inicial, o mercado tende a ir na direção de quem tem o melhor produto, e esta é uma tendência que todos nós podemos ajudar a acelerar, apoiando iniciativas em prol de formatos abertos e deixando de comprar produtos intencionalmente defeituosos. É um gigante que machuca a si mesmo, mas se não usarmos nossas carteiras para atacá-lo onde mais dói, ele vai demorar a cair.

Saiba mais (info.abril.com.br).

Comentários dos leitores

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Comentário de ceti
Efeitos colaterais: Esses efeitos colaterais são verdadeiros: os dois últimos discos do Bruce Springsteen (Devils & Dust e We Shall Overcome: The Seeger Sessions) não tocaram nem em meu CD player nem no som de meu carro.

A única maneira de ouvi-los foi ripá-los com o GNormalize. Só de curiosidade, tentei o mesmo no Windows, com o CDEx: não rolou :).

long live rock!
Comentário de Mitchel
Quem olha para a comodidade: Quem olha para a comodidade e a conveniência da música digital sem dúvida enxerga um mundo mais promissor para os músicos e para os amantes da música. Menos, é claro, para os executivos do setor. Eles ainda têm de fazer a conta fechar. Senão, como cantaria certo ministro da Cultura, aquele abraço.

pois é, e tudo fica mais fácil quando você não precisa de intermediários ;)
Comentário de semente
Ótimo editorial!!: Ótimo editorial!! Gostei!
--
# aptitude install anarchism
Comentário de Mitchel
PS: o primeiro parágrafo é: PS: o primeiro parágrafo é um quote do post e *era* pra sair em itálico :P
Comentário de ano@nimo.com
Alem do que DRM's nao: Alem do que DRM's nao funcionam!

Nem que seja colocando um microfone na frente das caixas de som, o cara grava a musica!

Eh claro e obvio que a venda eletronica de musicas eh o futuro. O que os caras nas gravadoras nao conseguem (ou nao querem) ver eh uma maneira de fazer isto e ganhar rios de grana.

Eh uma opiniao pessoal, eu acho que vender por um preço baixo eh o caminho. R$ 1,99 a musica 4,99 o cd todo baixado pelo proprio comprador da net. R$ 0,99 a musica sortida e do acervo (musica antiga).

Cobrando U$ 2.99 por musica do acervo (algumas delas bem antigas e restritas) eh um convite a copia.

Comentário de Mitchel
Não precisa nem colocar o: Não precisa nem colocar o microfone na frente da caixa de som, basta usar o audacity e captar o som interno do pc enquanto a música toca. ;)
Comentário de Davide Faria
Controle de tendecias: O grande ponto, em minha opnião, é que a indústria da música define o que é e o que não é sucesso. Com isso eles criam fenõmenos a todo instante e racham de ganhar dinheiro. Só que apartir do momento que o público passa a escolher livremente o que e onde ouvir eles perdem esse poder e a fortuna. O grande problema para eles não é vender música digital de maneira fácil e ágil, isso é baba atualmente. Mas não sabem como controlar o que o consumidor vai comprar. Não vão mais poder vender um disco cheio de lixos em que existe apenas uma música que as rádios bombaram até virar mania. Agora o cliente vai e compra só essa música, o resto que se lixe. Por isso estão tentando impedir a liberdade, para restringir a liberdade de pensamento e de tendências, não a posse da música.
Concluindo, música nunca foi o negócio, mas as tendências, ou melhor, os modismo. Isso que rende.

P.S.: o exemplo dos bondes foi infeliz. Pois eles não resistiram ao automóvel, mas foram comprados pelas empresas automobilisticas e depois desativados por estas para dar espaço ao novo xodó da humanidade e render fortunas incalculáveis para toda a máfia que existe em torno desse mercado.
Comentário de brain
Bondes e automóveis: Oi Davide. A compra e desmantelamento da indústria de bondes foi só depois do declínio dela, depois da segunda guerra mundial, e nos EUA. Os grandes responsáveis foram General Motors, Firestone, Standard Oil e Phillips Petroleum.

Mas aí já era mesmo tarde demais para esta indústria dos veículos urbanos. Argumento semelhante você poderia usar para negar o meu exemplo dos belos e velozes navios a vela, afirmando que depois do seu declínio eles foram contratados pelas próprias empresas de navios a motor para transportar carvão para elas, como de fato foram.

Mas talvez esse ponto questionado torne o exemplo melhor ainda, caso fique claro no futuro que os empreendedores dos novos métodos de venda de música on-line acabem adquirindo os antigos distribuidores (e não as gravadoras, bem entendido) a preço de banana após o seu declínio.

A época em que a indústria dos veículos urbanos baseados em trilhos pôde exercer, e de fato exerceu, o seu poder de pressão para dificultar a gênese do automóvel foi o período bem antes de sua popularização, ainda no século XIX, e especialmente na Europa.
Comentário de lucmult
Onde sair a gente copia! ;): É simples, o som tem que sair em algum lugar seja com ou sem DRM.

E onde ele sair a gente grava, pode ser com microfone, com um cabo, com um software.

--
Luciano Pacheco
http://lucmult.wordpress.com

Comentário de popolony2k
Pra vc ver como esse pessoal .....: ....que incentiva a DRM (aka Gravadoras e Estúdios de Cinema) é imbecil e acha que seus usuários, após décadas de consumo de dos mesmos produtos, vai se submeter a mais um ciclo imposto por essa indústria.


--
Popolon Y2k
PlanetaMessenger.org
FreeBSD/OpenBSD/Linux - My dream team

Comentário de Knux
O negócio é que ninguém: O negócio é que ninguém precisa de gravadora quando se pode distribuir on-line!

Minha opinião é que já demorou para surgir uma distribuidora independente, onde o cara upa lá no site a musica dele (gravada em casa ou em estudio alugado) e todo mundo ouve uma parte e decide se quer comprar.

Agora uma pergunta: o UOL Megastore não está vendendo MP3 sem restrições??

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"Remember there is a big difference between kneeling down and bending over"
Comentário de marcelovborro
O problema é que só toca: O problema é que só toca no rádio o que as gravadoras pagam para ser tocado. Ou você acha que alguém em sã consciência coloca o que se toca nas rádios em 95% do tempo?

E já existem centenas de bandas que disponibilizam suas obras na Internet. Bandas de muito talento e com ótimo material. Você apenas não conhece porque não são bandas contratadas das grandes gravadoras e portanto não tocam nas rádios, novelas e outras mídias "populares".

Bandas conseguem sua subsistência com shows. Discos servem apenas para popularizar as bandas através das gravadoras.
Mas não se consegue fazer tantos shows quando não se é conhecido ;-)

Você pode baixar centenas de músicas legalmente de bandas geniais. Mas não espere conhecer estas bandas escutando a Jovem Pan ou assistindo malhação :-)

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Marcelo Vivan Borro
Comentário de Superanônimo
A comparação com trens...: ...é ridícula. Os trens podem parecer gigantes e inflexíveis para quem se interessa em levar os filhos de uma cidade a outra, mas são muitíssimo mais eficientes pra levar cargas e grandes quantidades de pessoas, tanto em rapidez quanto em custo. A Europa e Estados Unidos têm uma rede ferroviária gigantesca que faz com que o transporte de bens (e de pessoas, no caso da Europa) seja muito mais barato que no Brasil.

Idiotas somos nós que adotamos caminhões. Lentos, ineficientes, caríssimos (e ainda estragam as estradas) e são os maiores causadores de acidentes. Tem que ser muito cego pra acreditar nessa lenda da "Indústria Automobilística".
Comentário de jpetrucci
Exato: Mas tem casos que podem ser citados de artistas que, desconhecidos do público em geral por não terem CD's lançados por gravadoras e com suas músicas tocando em novelas, têm uma agenda de shows enorme. Vide BNegão.

O cara resolveu lançar as músicas do CD na internet. Todas, sem restrição, no formato MP3 (um outro que eu achei tinha elas em OGG). E ele está fazendo muito sucesso na Europa. Aqui no Brasil, não conheço quase ninguém que saiba quem ele é.


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