“Trecho:
Na semana passada fiquei muito contente com uma notícia. A empregada lá de casa adquiriu um computador para seus filhos. É uma evolução, para ela que trabalha em quatro residências diferentes na semana, sai de manhã e volta somente à noite e não tem tempo para acompanhar a vida escolar dos três filhos.
O equipamento foi comprado financiado em várias parcelas pequenas que ela tem condições de honrar. De imediato ela veio me perguntar se era uma boa máquina. Informei a ela que na medida do possível sim, pois é um equipamento de custo baixo que reúne apenas o essencial para o funcionamento de um computador.
Mas o que me deixou mais curioso foi saber que os computadores deste projeto não podem utilizar sistema operacional que não seja software livre, o que ajuda a manter os custos baixos. Então questionei a ela como ela e seus filhos estavam se adaptando ao Linux.
Imediatamente ela me respondeu que sequer utilizou o Linux, porque o achava muito complexo e por ter uma carinha muito feia. Foi então que perguntei como fez para trocar o Linux e qual sistema ela estava utilizando.
Neste momento a minha decepção: ela me disse que gastou R$ 75,00 para um técnico instalar todos os softwares que ela precisava, começando pelo Windows XP, Office 2003, anti-vírus, anti-spyware e firewall pessoal.
Tudo aquilo que ela já tinha na máquina em software livre e legalizado foi transformado por R$ 75,00 em um punhado de softwares piratas. O pior é que o profissional que a atendeu ainda afirmou que ela poderia ficar tranqüila, pois o valor pago eram os custos de licenciamento dos softwares.
Ao ver essa matéria fiquei intrigado e dois pontos me chamaram a atenção (inclusive já foram mencionados por aqui):
1- '(...) Será que a pessoa ou o lobby que estipulou que o Computador Para Todos deveria vir unicamente com software livre pensou que as pessoas que hoje estão adquirindo estes equipamentos têm condições de utilizar um sistema Linux.
Não teríamos outras maneiras mais fáceis de incentivar o software livre no Brasil? Por exemplo: Existem cursos gratuitos de Linux para as pessoas que possuem menor renda? Será que as pessoas que não têm condições de comprar um computador sem o incentivo fiscal do governo terão condições de pagar por um treinamento Linux?(...)'
2 - '(...) O Linux deverá obter seu espaço com melhor desempenho do software, com recursos originais, com sistemas que o usuário se sinta atraído a utilizá-lo e com a compatibilidade com o hardware e outros softwares existentes.'
Como sabemos, o Software Livre nunca dependeu de governo para existir e propagar, mas talvez o programa 'Computador Para Todos' possa passar para os usuários comuns uma imagem errada sobre o Linux. Não será a nossa hora de agir e incentivar o uso de Software Livre?”
Partindo-se do princípio que você tenha uma máquina bem configurada, existe apenas um único pré requisito para o uso bem sucedido do Linux: Documentação para o usuário leigo.
Muitas soluções politicamente acertadas são populistas (são feitas só pra gerar votos). Mas são soluções assim mesmo, e funcionam.
sou usuário do Kurumin desde a versão 4.0
E como criaríamos o desejo em usuários leigos se nem o computador que eles compraram a duras penas viesse com um linux pré-instalado ?
É o tal círculo vicioso difícil de quebrar e que cria resistências contra qualquer tentativa de quebrá-lo.
Como eu já falei, mesmo que ele trocasse por outra distribuição linux ou até um windows pirata, aquela versão que veio no micro seria uma espécie de versão demo.
Pelo menos não pagou uma licença de windows XP Starter Ed. ou um XP home que também certamente seria trocado por um XPirata Professional corporate sem ativação.
O que está errado no programa do governo é não fiscalizar o que estão vendendo para ter um padrão mínimo de qualidade e se todo o hardware está compatível e devidamente configurado para funcionar out-of-box.
Simplesmente não é possível vender computadores a preço popular com os vinte e poucos softwares não sendo livres. O programa está certo na intenção, mesmo que não esteja sendo bem conduzido.
GoblinX, um livecd nacional baseado no Slackware