Dr. Stallman responde: O Android é mesmo software livre?
O sistema do Google “é frequentemente descrito como aberto ou livre, mas quando examinado pela Free Software Foundation, começa a parecer algo diferente”, diz o subtítulo dado pelo Guardian ao texto assinado pelo bom doutor.
O artigo é longo e trata de diversos temas correlatos, mas destaco minha tradução de um parágrafo em que a pergunta do título é respondida de forma um pouco mais direta, especialmente sobre o Android 3.x (aquele que o Google em maio confirmou que não irá disponibilizar os fontes:
O Google cumpriu os requisitos da GNU GPL para o Linux, mas a licença Apache do restante do Android não requer disponibilização dos fontes. O Google declarou que jamais vai publicar o código-fonte do Android 3.0 (exceto quanto ao Linux), embora executáveis tenham sido distribuídos ao público. O código-fonte do Android 3.1 também está sendo guardado. Assim, o Android 3, exceto quanto ao Linux, é software não-livre, puro e simples.
Entre os componentes do Android que não fazem parte do kernel, encontramos itens como as bibliotecas do sistema, a máquina virtual Dalvik, o gerenciador de pacotes, o gerenciador de notificações, o gerenciador de janelas, e aplicativos como Contatos, navegador web, o gerenciador do ambiente Home e mais.
O artigo também menciona, e depois diz esperar não ser o caso, a possibilidade de a disponibilização do código-fonte de algumas versões do Android ter sido uma isca para angariar apoio a um produto destinado a ser proprietário.
O bom Dr. Richard Stallman, fundador do projeto GNU e autor da obra de ficção científica The Right to Read, entre outras realizações, é uma fonte comumente referenciada quando se trata de analisar se determinado software está ou não de acordo com o conceito de software livre conforme definido pela Free Software Foundation.
Neste artigo, de interesse do público que dá atenção a suas declarações, ele toca em diversos outros temas potencialmente interessantes no que tange ao licenciamento do Android, como:
- a questão dos firmwares não-livres (e uma situação em que ele os considera aceitáveis),
- a possibilidade prática de um clone livre do Android,
- uma breve comparação com sistemas concorrentes,
- A presença comum de bibliotecas e aplicativos sem código-fonte disponível incluído nos sistemas entregues aos usuários.
- a questão de que mesmo os componentes cujo código-fonte foi disponibilizado (nas versões do Android em que isto ocorreu) podem estar sendo distribuídas em forma não-livre pelo Google e seus parceiros (com executáveis que não correspondem aos fontes publicados)
- Os bloqueios a alterações no software de determinados aparelhos
O artigo completo do Dr. Stallman, disponível sob uma licença que não permite obras derivadas, pode ser consultado no Guardian.
Não é mais simples acreditar que é só um problema com a qualidade do código do Android 3, feito nas coxas?
A opinião ou o pensamento de Stallman não quer dizer nada pra mim. O cara já fez uma pela contribuição a comunidade mundial de software. Mas podia guardar suas opiniões e assertivas para ele mesmo.
Ele não falou nada de errado. Simplesmente a verdade. Ofendeu-te?
Rodrigo,
Você não é obrigado a ler ou concordar com o que o Stallman diz (ou qualquer outra pessoa).
Mas querer que ele deixe de dizer, já é demais. Assim como, de nada vale eu achar que você deve guardar suas opiniões para você mesmo.
O que ele disse de errado para tanta irritação?
Muita gente fica nesse oba oba pelo Android sem nem ao menos saber o que está envolvido. Engana-se redondamente quem acredita que o Android beneficia a comunidade de software livre, com exeção do kernel…
Resumindo Android não é open source…
Ficou bem claro, o que já não era novidade para quem olha as coisas de um angulo sem paixão. O Android não é open source. E como a comunidade Linux não tem algo que seja relevante no momento presente no mundo mobile. Diante da situação de ficar orfão, adotou um software proprietário, o Android como a sua plataforma de “liberdade”. O que fica claro é uma coisa, sem empresas e dinheiro para financiar é muito complicado se fazer software de qualidade, afinal as pessoas precisam comer.
Então para os defensores do Android, ele não é livre, se isto não for importante, para mim nao é, continuarei usando, assim como uso Windows e outros.
@Erik Ch,
O Stallman não opina sobre “open source”. A única coisa que dá pra concluir é o que foi dito:
- Exceto pelo Linux que tem lá dentro, o Android não é SOFTWARE LIVRE.
Claro, André Caldas, é por isso que o código do Android 3.0 está disponível para download em… OH WAIT!
Ultimamente tenho visto muita gente criticando o Dr. Stallman de forma a fazer com que o que ele diz caia em descrédito ou que não tenha tanta relevância. É fato que muitas vezes ele é demasiado radical e que, por isso, não agrada a muita gente (Linus Torvalds incluído).
Porém, vejo que toda vez que ele fala muita gente logo emite a sua opinião contrária pelo fato puro e simples de ser contra ele, ou seja, parecem não pensar antes no que ele disse para poder fazer as suas críticas. Enfim, o ser humano é assim.
[off-topic]
Augusto, uma sugestão: que tal colocar ao lado dos botões [+] e [-], que ficam logo abaixo de cada comentário, a quantidade de pessoas que clicaram ali? Seria como o “like” do Facebook, só que com um “unlike” também. Acho que ficaria mais transparente para os leitores.
Engraçado. Já vi vários posts neste site afirmando que o Android era Open Source. Nem sempre em tom benevolente, é verdade, mas ainda assim (http://br-linux.org/2011/governanca-android-e-o-projeto-open-source-mais-fechado/). Cheguei a ver até um post de primeiro de abril brincando com o assunto (http://br-linux.org/2011/google-pretende-fechar-codigo-do-android/). Que coisa.
Interessante mesmo como a visão sobre a situação foi se tornando mais clara para mais gente aos poucos, conforme se aprofundavam os exemplos. Mas tenho certeza de que muita gente vai continuar qualificando como “plataforma open source”.
O Android tem que ser pesado como uma ferramenta simplesmente tanto quanto é um iPhone ou uma Windows Phone.
O diferencial para quem gosta de software livre era essa suposta liberdade, ou pelo menos “Open Sourciness”, do sistema. Agora que tudo isso se perdeu, restam os motivos não ideológicos.
Senhores, esse é meu primeiro comentário. Bom dia.
Primeiro foi o Java (cujo código sempre esteve disponível, mas não “aberto”). Os livremaníacos de plantão encheram o saco. Daí veio o projeto Harmony como implementação alternativa, depois OpenJDK e todos finalmente calaram suas bocas.
A história se repete. Quando vier uma impl alternativa e depois a volta da disponibilização do código, silêncio no recinto novamente.
Vale lembrar que a Google não está violando nenhuma de suas licenças, aliás: a licença da Apache permite trabalho derivado não aberto. Aliás, se eu não me engano, o autor pode licenciar sua obra com qualquer licença, desde que não use contribuições em licença previamente adotada. O Android 3.x usa alguma contrib da comunidade? Não.
Finalmente, é divertido ver um artigo com licença fechada reclamando de um soft não aberto.
Augusto, melhor realmente você considerar o Android não aberto e parar de falar dele no seu site de uma vez. Porque essa sua ladainha já tá enchendo a paciência.
Porfirio, o que eu considero ou deixo de considerar talvez seja irrelevante no contexto geral, mas certamente será sempre presença constante no meu blog.
O kernel do Android é o Linux (ou um derivado próximo), o que faz dele uma plataforma naturalmente incluída no tema do meu blog, que você permanece convidado a ler enquanto for do seu interesse.
Não é por não ser livre que não estará presente aqui – pelo contrário, até, a questão da ausência da liberdade e da percepção de liberdade não sustentada pelos fatos tem sido a origem de várias pautas interessantes.
RMS: bla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla blabla bla bla bla
Faz muito tempo que qualquer pensamento dele não faz a minima diferença.
Os fandroids ficaram loucos, olha os comentários! Hahahah
O Android não é Opensource! E ai? Vão chorar?
Um ENORME tapa na cara dos que usavam Android só por este ser Opensource. Agora que a verdade vêm a tona, ficam de mimimi. Bando de hipócritas.
Uma coisa é certa, os que se dizem defensores da liberdade, só olham o mundo ao redor do seu umbigo, e a primeiro ponto de vista alheio, já vem com moderações e tentando calar a voz do outro. E dizem que isto é liberdade!!!
Pois é, quem sabe sendo fechado, o Google não pode esconder com mais eficiência o código do Java embutido no software. :)
Mas uma coisa é certa o Android não é open-source.
@Porfirio Ninguém está dizendo que o Google violou alguma coisa, exceto a Oracle, apenas repetindo o óbvio: O Android não é Software Livre, com a exceção do Kernel.
Vamos nos limitar a discutir o tópico: Você pode afirmar que ele é Software Livre? Então não venha atacar quem está discutindo um assunto simples.
O Android, ou o Google, não deve ser colocado em um pedestal que o isole do bem e do mal. As pessoas que se importam com a liberdade têm o direito de saber se o software que usa é ou não livre.
“Android is a major step towards an ethical, user-controlled, free-software portable phone, but there is a long way to go”
No fim,stallman ainda ve o Android como a plataforma menos pior para ser usada.Que ainda mantem o controle no usuário e não no dono do software.
Citando retalhinhos fora de contexto fica fácil fingir uma conclusão contrária, né?
Mas aqui tem 2 que não contradizem a conclusão:
“The point of free software is that we have control of our computing, and this doesn’t qualify”
“they cannot be said to respect your freedom.”
Nossa, quanto ódio contra o Stallman.
E quantos comentários “comemorando” o fato do Android, mais precisamente a versão 3, não poder ser considerado software livre nem aqui nem na China …
A pergunta é quem ganha com isso?
Outro já falando de forma depreciativa “livremaníacos”.
Nem parece que aqui é um site sobre Linux e com grande destaque para o software livre.
Quem ganha com isso?
Mesmo o texto não é uma crítica ao Android que lhe jogue na lata do lixo. Reconhece que as versões 1 e 2 tem muito código livre e que o Android, eticamente, é menos ruim que os Iphone da vida …
Logicamente, é verdade!
Adoro o Linux em todos os sentidos! Mas verdade seja dita, porque será que o Linux não se expande tão rapidamente e em grande escala? Muito simples! Ele é livre e não é divulgado como um sistema comercial! Quem já viu um comercial de TV, dizendo? Desktop de tal configuração com Linux? Eu nunca vi na minha vida!!! Um comercial de Tv falando que o linux é um bom sistema operacional e nem falando mal tb!
O Android é baseado em Linux? É sim com certeza mas como parte de muitos outros componentes do mesmo não é livre, ou melhor dizendo não fazem parte do Kernel, ele é divulgado e difundido como um sistema de fiz comerciais! Esta é mais que a verdade! Eu já vi vários encartes, Placas, pequenos comerciais em lojas e tudo mais! Difundindo o Android e o melhor as próprias fabricantes de dispositivos moveis, mandam para as lojas os seus standes com a marca e o robô do Android em baixo fazendo graça!
Infelizmente esta mais que claro! O Linux só não é o melhor para muitos por que ele não é um sistema comercial como outros!
O fato de o Linux estar em dispositivos moveis, é uma mera ilusão! Acredito que em um futuro não muito distante o Linux estará em tudo que nós conhecemos! Mas será vendido! Totalmente! Inteiramente!
O Kernel do Linux é Livre mas o que adianta se muita gente! Iclui software proprietários dentro dele e o torna comercial?!
@Porfírio
“Artigo não livre” é d+ hein!
O que o artigo não aceita são obras derivadas, ou seja, ninguém pode editar um trecho do arquivo mudando o sentido e republicar, pois mesmo que a pessoa identifique que é uma alteração vai acabar passando como algo dito pelo “RMS”.
É o mesmo motivo para a GPL não aceitar traduções, ou pelo menos não ter nenhuma oficial. Textos traduzidos podem não ter o mesmo significado do texto original.
A licença não aceita obras derivadas, independente de ser um trecho ou não, de mudar o sentido ou não.
No que depender dela, e está bem claro no texto da licença, nada de versões narradas (audiobook), traduções, remix, adaptações, inserção em audiovisuais, arranjo musical ou outras transformações. A única exceção em termos de derivações é a inclusão em antologias.
Acredito que as declarações do Dr. Stallman falam por si só. E até concordo com a suposição sobre o rótulo “software livre” como forma de angariar recursos. E é a esta questão que quero me ater: toda a discussão é baseada no modelo de “liberdade”. Se esta ideia ou expressão for excluída, tudo se resolve!
Não acho errado o Google restringir seus parceiros, ou buscar um encremento de renda e qualidade com isto(opção dele). Tais ações só não são compatíveis com a liberdade anteriormente anunciada. Tudo me parece “um grande golpe para crescer rápido e fazer frente à Apple”(estaria a Samsung no mesmo caminho? vide: http://br-linux.org/2011/samsung-considerando-abrir-codigo-do-bada-para-ser-menos-dependente-do-android/). E uma grande rasteira nos desenvolvedores.
Agora, após a compra da Motorola Mobile, não me espantaria(olha a profecia!) do Google lançar seus próprios aparelhos, fechar tudo e adotar de vez o modelo Apple.(modelo que a Microsoft também namora. Vide: http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2011/09/19/apps-para-windows-8-so-poderao-ser-obtidos-a-partir-de-loja-oficial/).
@André Luiz, concordo com você. O que impede o Google de fazer isso?
@Zamboni,
Eu citei a questão de alterar o sentido como um exemplo de uma possível justificativa para o artigo não aceitar obras derivadas, pois ao que parece, o @Porfirio não entendeu o que isso significa e chamou o artigo de “fechado”.
O Android não é Opensource.
E digo mais: O Android NÃO É Opensource.
Lol.
Tô me lembrando do InterBase (um SGBD da antiga Borland, atualmente da Embarcadero) que, durante um tempo, tornou-se um software livre e recebeu um bocado de melhorias da comunidade, até o código-fonte ser fechado novamente =(
Mas, do código que foi disponibilizado, surgiu o projeto Firebird, que continuou mantendo o código-fonte da versão que foi liberada, e evoluindo a passos largos.
Ainda tem gente utilizando o Interbase por aí, não minto, mas é muito pouco comparado aos usuários do Firebird.
Escrevi a resposta acima para mostrar que, caso a Google continue nesse esquema-ioiô com os desenvolvedores independentes do Android, pode acabar sendo ofuscada por algum fork mais “aberto” no futuro.
Não sei se a expressão foi usada neste sentido, mas não há dúvida de que, pela definição sobre liberdade de licenças para obras de conteúdo adotada aqui no BR-Linux (que é a do FreedomDefined.org), esta licença CreativeCommons adotada para o artigo mencionado não está incluída entre as livres.
Pessoalmente, entretanto, acho que o bom Doutor já tem idade e histórico suficientes para adotar a licença que bem entender para o que ele escrever, mesmo que não seja livre.
A licença é livre, pois o conteúdo pode ser compartilhado livremente.Mas não entendo porque acham que uma opinião deve permitir alterações quando for reproduzida.
Oras, basta atribuir ao RMS e pode até usar para fins comerciais. Só não pode alterar.
Aqui está a definição de conteúdo livre adotada no BR-Linux: http://freedomdefined.org/Definition
Assim como no caso da definição de software livre adotada por aqui (que é a da FSF), a mera permissão de compartilhamento ou redistribuição não basta para qualificar uma obra como livre nos termos desta definição – entre outros requisitos, é preciso também poder fazer obras derivadas, como traduções, versões em áudio e versões ilustradas, por exemplo.
E eu não acho que uma opinião deve poder ser alterada quando reproduzida, embora alterar a opinião nem sempre aconteça quando se faz uma obra derivada (gravação em áudio, por exemplo, ou uma versão ilustrada, podem perfeitamente ser fiéis à opinião original). Acho até o contrário: como escrevi, acho que o bom Doutor pode escolher a licença com as restrições que desejar, e até já tive oportunidade em mais de uma ocasião de conversar com ele sobre as restrições que ele adota. Claro que ele também poderia optar por uma licença de conteúdo livre, se preferisse.