Software livre na administração pública
“Pequeno artigo sobre adoção de software livre na administração pública. Já passou da hora de o Brasil implementar políticas mais amplas nessa área.
” ‘Cada software proprietário na administração pública é um cavalo de Tróia’. A frase foi dita pelo presidente do Centro Nacional de Tecnologias de Informação da Venezuela, Carlos Figueira. Para ele, o software livre é ‘uma necessidade para alcançar soberania e independência tecnológica’ — desafio constante para a Venezuela, dada a sua posição em relação aos EUA.
Coisa da esquerda bolivariana? Sim, mas não só. Corre na internet o rumor de que Barack Obama, candidato democrata à presidência dos EUA, adotaria o OpenOffice (conjunto de aplicativos livres para escritório) na administração federal, caso eleito.””
Enviado por Mariana Almeida (almeida·marisΘgmail·com) – referência (outrapolitica.wordpress.com).
O que? Então o Obama também é comunista?
Software livre no serviço público é uma coisa complicada, pois:
1 – Não é uma coisa de Estado (o Brasil apóia o SL), mas uma coisa de Governo o (governo do partido tal apóia o SL). Tiveram ótimos projetos com SL que, na transição de um governo para outro, deixaram de existir.
2 – Somos ótimos usuários, mas não somos bons contrbuidores na comunidade mundial de SL. Não só na Administração Pública, mas na iniciativa privada, ouve-se falar em muitos casos de sucesso com SL de telefonia, terminais leves, autenticação de usuários, etc. Entretanto, são raros os casos em que uma empresa faz um SL ou ajuda num.
No Governo, a ação predominante é criar novos SL, mantendo com fortes garras o controle deles. Não vejo muitas ações do tipo: “o órgão público X aperfeiçoou um módulo do KDE” ou “a empresa pública Y, que trabalha com cluster Linux, adicionou novas funções no Open Mosix”. Quando você cria um software livre, recebe uma carga de atenção maior do que ajudando o software de outra pessoa ou empresa, e a tendência aqui é receber, e não dar ajuda a SL.
O princípio básico do SL não é a economia em licenças, e sim a cooperação entre seus usuários, para que o software evolua com a ajuda de todos que o usam. E mal há ações no serviço público para somar forças neste movimento. Quando um usuário não contribui com o software livre que usa, o mesmo fica como se fosse proprietário: se ocorre algum problema, paga-se a alguém para resolver, e não se interessa em evitar que outros usuários tenham este problema. A comunidade, neste caso, só passa a existir quando é interessante mencioná-la para alguém.
Enquanto o Governo ser um usuário, e não um colaborador, o software livre continuará sendo uma perfumaria, algo que só serve para falar nas rodas de bate-papo.
Obs.: o Banco do Brasil ajudou em vários projetos, como o GTK+ e o MySQL, e tem planos de ajudar no OpenSuse, que será o novo sistema dos terminais de auto-atendimento. Oxalá se os outros órgãos públicos abrissem os olhos também!
“Somos ótimos usuários, mas não somos bons contrbuidores na comunidade mundial de SL”
Discordo: acredito que só no fato de usar um Software Livre, estaremos dando uma grande contribuição para o seu desenvolvimento, já que isto atrairá a atenção de um modo geral. O que seria do Linux se pelo menos fosse “usado” por apenas 20% dos usuários domésticos? &;-D
E usuário contribui com mais o quê além de “atrair a atenção”?
Aliás, se usuário fosse algo bom, traficantes de drogas não os teriam como clientes…
Revoltado, tbm acho que usuário, mas usuários mesmo ajuda sim, até mesmo com quando pergunta coisas que achamos triviais e estamos de saco cheio de responder.
Quando ele se repete muito mostra que aquele ponto em especial tem algo a ser enfrentado. Outro dia um colega aqui da cidade queria começar uma guerrinha de distro X vs Y, quebrei a conversa perguntando (já sabia de antemão) como ele tinha feito para configurar a rede. Ele teve de usar o terminal, não teve outra forma, a ferramenta da distro dele (que me recuso a falar para não começar mais outro flame) não deu conta, a da minha foi de primeira, inclusive resolvi um problema que tive numa instalação anterior (pior que resolvi usando uma das formas que já havia tentado, me levou a crer que algo foi instalado incorretamente, mídia com algum problema na certa), então, resumindo, muitos usuários reclamando de uma mesma coisa, mesmo que não ajude nem reportando no bug tracker (será que ele faz ideia do que é isso?) acaba ajudando da mesma forma, pois de tanto reclamarem uma hora isso acaba chegando em alguem que vai repassar para os Devs, isso se não chegar diretamente a eles.
Isso é um exemplo, mas daria para dizer outros, como marketing boca a boca e tudo mais.
Que ranço… usuários contribuem, no mínimo, com testes do software nas mais variadas circunstâncias. E se um percentual pequeno deles contribuir com identificação de bugs (ou passar adiante as insatisfações, como disse o MaxRaven), já é uma bela ajuda.
Além disso, tem o “efeito de rede”. Quanto mais gente usa software livre, mais torna-se vantajoso migrar para software livre (pois você terá mais “colegas” para trocar dicas, dúvidas, compartilhar arquivos em formatos abertos etc.). Algo similar a quando surgiu o fax. Quando quase ninguém tinha fax, não fazia muito sentido ter um, o custo do aparelho não compensava o benefício. Agora, quando toda loja/empresa tinha um, tornou-se quase indispensável ter um, e o benefício de se comunicar com todo mundo que tinha um fax ultrapassava o preço do aparelho. (Esse raciocínio está num livro do Steven Weber.)
Mas concordo com o princípio embasando o que o Oi disse: o governo tem que passar a ser “contribuidor” também — eu entendo que é dever do Estado fomentar processos como esses.
Miguel, acho que você não entendeu minha colocação acima, e foi justamente o motivo de ter feito essa pergunta: E usuário contribui com mais o quê além de “atrair a atenção”?
E a reposta é exatamente: NADA.
Eles poderiam ao menos contribuir reportando eventuais problemas no bug tracker como o MaxRaven e você disseram mas nem disso eles são capazes. Uma outra maneira seria fazer uma doação para algum projeto que eles utilizam, mas isso seria pedir demais, eles preferem voltar para o Windows a meter a mão no bolso e doar alguns trocados ;-)
Como dizia um amigo meu que entendia muito bem do assunto: “Todos os profissionais das outras áreas têm clientes, menos os médicos que têm pacientes. Só analistas de suporte e traficantes têm usuários”.
“E a reposta é exatamente: NADA”
Olha só, também concordo que o retorno é pouco, poderiam contribuir mais, mas existem outras questões, por exemplo, problemas com o domínio de outros idiomas (tem sistemas de report de bugs que não aceitam em outros idiomas além do inglês, até pq, se for reportado em outro o Dev não vai saber do que se trata), as pessoas estão sendo levadas a achar que produtos de informática são apenas mais um eletrodoméstico e mais uma serie de fatores, então, quem vai contribuir mesmo é quem gosta, inclusive, se cobrar muito periga espantar alguns usuários.
Eu mesmo, como usuário, contribuo menos do que poderia, nem sempre é por minha vontade (problemas no dia a dia), mas acho que poderia contribuir mais e até entendo o lado do usuário nesse sentido, muitas vezes precisamos que tudo esteja funcionando e apenas isso, pois não teríamos tempo para mais nada.
Mas falando realmente do assunto da postagem, 99% das declarações politicas sobre SL são apenas isso, politica. O que tem de gente usando esse discurso para ficar bem na fita, seja para “peitar” as grandes corporações (e depois conseguir polpudas colaborações para a campanha eleitoral), seja para arrebanhar um bando de jovens nerds para suas fileiras e aumentar seus contingentes. Políticos só visam uma coisa, manter-se no poder (ou, em paralelo, retirar quem está atualmente no poder, para poder entrar no lugar), seja aqui ou nos EUA.
SL = Comunismo = revolução Bolivariana? Bobagem, só grupos querendo se usar mutuamente. O mesmo se aplica ao capitalismo, neoliberalismo, etc, etc…
Usuário usa. Não é requisito o usuário contribuir, colaborar, etc. Um percentual deles contribui, e isso é ótimo, mas aparentemente quanto mais o volume total cresce, menor fica este percentual. No que me diz respeito, os usuários de software livre são bem-vindos, e não espero deles nada além do que a licença do material que recebem exigir.
Mas convenhamos Augusto, no licenciamento não há exigência alguma, mas sempre se pede “por fora” um certo grau de envolvimento, isso em praticamente todos os projetos. Agora, se o usuário atentou para isso ou se quer realmente se envolver é outra discussão.
@Revoltado – Tem outras atividades/entidades que tbm tem usuários, que me vem a cabeça agora são o SUS, que encaminha os usuários ao médicos (e ai eles viram pacientes), aos laboratórios e tudo mais, os bancos tbm tem usuários, afinal eles não atendem apenas aos clientes (verdade que hoje em dia eles evitam ao máximo atender quem não é cliente) e vários orgãos públicos, no que trabalho não temos clientes, só usuários mesmos, desde advogados até traficantes (hahaha, olha o traficante sendo usuário), passando por ai a pessoa comum, que quer apenas uma certidão negativa. Inclusive os cartazes com instruções afixadas nos corredores começam quase todos com “Senhor Usuário ….”
MaxRaven, se os desenvolvedores ou distribuidores pedem, isso é outra história. É freqüente convidarem e até abrirem espaço, mas acho que é raro exigirem, a ponto de dar base para que isso seja cobrado por terceiros.
Eu estou com o Augusto Campos. Quanto mais usuários, menor é a contribuição individual. Eu pessoalmente gostaria mais que os usuários conhecessem o ponto de vista político do software livre, muito mais do que o ponto de vista técnico. Eu gostaria que a maioria acreditasse que o sistema de direitos autorais é opressor. Gostaria que as pessoas valorizassem a construção do conhecimento livre e a contribuição social associada.
Voltando ao grau de contribuição de cada usuário para os projetos de software livre… eu sempre me lembro de uma palestra que assisti no FISL 9.0, onde Rishab Aiyer Ghosh fala sobre seu modelo econômico Cooking Pot Markets (slides). Uma de suas conclusões, é que nesse modelo, o indivíduo tem em geral a impressão de que usufrui muito mais do que contribui. Ou seja, a maioria dos indivíduos se considera egoísta, mas considera que os outros são altruístas. Eu vejo isso como uma coisa muito boa, desde que os tais usuários não sejam alienados políticos que não entendem a importância do conhecimento livre e da contribuição social.
Hoje, eu tenho a impressão que a maior parte dos usuários que se dizem powerusers não acreditam realmente no software livre. Espero que isso mude em breve.
André Caldas.
@MaxRaven: pra falar a verdade, não vejo assim taaanta gente fazendo o discurso a favor do software livre. Em São Paulo, p.ex., o Kassab queria pôr Vista nos telecentros (tem comentário seu nesse post, hehehe).
Que SL != comunismo ou revolução bolivariana, estou de acordo (e isso também está no artigo deste post). Agora, discordo que a relação entre a política e o SL seja só de ‘grupos se usando mutuamente’, aí eu discordo.
O Stallman (e a FSF) não faz política? As declarações dele não são políticas? O Sérgio Amadeu não foi fazer política no ITI? Se não fosse alguém como ele, fazendo política, teríamos avançado ainda menos em relação ao SL no Estado brasileiro.
É óbvio que esse avanço também só ocorreu porque a comunidade de usuários ou desenvolvedores no Brasil é significativa. Mas já pensou se virasse política pública investir em desenvolvimento de SL, como é a idéia daquele projeto de lei mencionado no post? Eu acho que ajudaria muito. E isso só rola se agirmos politicamente também, e se apoiarmos quem faz essa ação política.
Miguel, tem sim, mas são sempre os mesmos ou se restringem a eventos sobre SL, pode ver. Do Kassab não espero nada além disso mesmo, mas não só dele, muita gente só usa SL no discurso ou então para posar de bom moço nas imagens para campanha eleitoral, na hora da “vamos ver” sai correndo para a barra da saia da MS, até mesmo para conseguir “um apoio” na campanha. (MS nesse caso nem precisa ser a empresa propriamente, pode ser algum parceiro/revendedor, até pq, geralmente é este o caso)
Agora, o “se usando mutuamente” é politica, não disse que isso é ruim, mas veja, é como falei, muita gente diz que SL = comunismo, errado, pois poderia ser tbm, em outro local SL = neoliberalismo, tudo dependeria dos agentes envolvidos diretamente, por isso disse que é bobagem, são apenas grupos se usando mutuamente mesmo. E sim, isso é politica, pode não ser politica-partidária, mas é politica.
Stallmam faz politica, Amadeu faz politica, EU faço politica pró-SL no orgão que trabalho a anos, mas temos de diferenciar isso da politica partidária e eleitoreira, pois de discursos estou cheio, vi vários, acho que nem 1% do que foi ditos neles foi cumprindo/implantado até hoje.
E quando falei sobre o post citei essa parte:
“Coisa da esquerda bolivariana? Sim, mas não só.”
Por mim pegava esse povo da “Revolução Bolivariana” e mandava com uma passagem só de ida para o vulcão em erupção mais próximo, não sei o que eles tem haver com SL além dos próprios discursos anti-isso ou anti-aquilo.
Eu queria que esse pessoal entendesse que esse discurso de esquerda que se infiltrou no software livre é só uma tática que esse pessoal usa para propagar sus ideologias e que eles tão nem aí com o SL.
O mesmo eles fazem com movimentos ambientalistas, de mulheres, negros, etc, qualquer movimento que possa ser filial socialisat.
Sério, é difícil apresentar o SL para alguém e ter que mostrar esse discurso.
@edempoa,
Não sei se fui mal entendido… o que eu quis dizer é que o sistema de direitos autorais como é hoje é opressor. Não acredito que o conceito seja necessariamente ruim.
Agora, se você não acredita que o sistema de diretos autorais de hoje seja opressor, então sim, temos uma divergência de opiniões.
Como eu já disse, não tenho interesse nenhum que pessoas que não acreditam nos valores que defendo quando falo do software livre passem a ser usuários. Que fiquem com o lixo proprietário deles. Se o cara não quer saber do discurso, que se dane…
André Caldas.
O BR-Linux apóia e defende a inclusão de novos usuários de código aberto, independente do matiz ideológico destes usuários. Novos usuários de softwares livres são bem-vindos aqui, independente de eles abraçarem ou não alguma causa específica relacionada à ideologia ao redor do software livre.
@Augusto Campos,
Ou seja, que se danem…
André Caldas.
@MaxRaven: Você tem algum exemplo? Não é que eu duvide que isso ocorra — é que não vejo assim tanto político defendendo SL. Aliás, quem dera se tivesse mais político defendendo SL… Se fossem que nem os usuários (que de cada dez, um posta bugs), eu já tava feliz! Hahaha…
@MaxRaven: pois veja, eu acho que eles têm muito a ver. O que eles passaram durante o lock-out das petroleiras (quando sabotaram as refinarias, os engenheiros das multinacionais se mandaram, e quem ficou teve que descobrir como fazer tudo funcionar) pra mim tem muito a ver com o que podemos passar com software proprietário — quando dependemos de suporte para um produto fechado, p.ex.
E acho que o texto citado no artigo é justamente uma amostra de que eles estão interessados no SL pelo potencial de autonomia e independência que ele oferece, e não pra “ficar bem na fita”, como você criticou na postura dos políticos em geral. Ou você acha que tem político no governo da Venezuela esperando dinheiro da MS?
@edempoa: Como assim, “esse discurso que se infiltrou”? Acho que você quer dizer “esse discurso que fundou o SL”, como o discurso do Stallman — pai da GPL, lembra? Você pode até não concordar com ele, mas não pode negar fatos históricos.
Não entendi o “que se danem”, nem a relação disso com a declaração de ausência de moderação prévia dos comentários dos leitores.
@Augusto,
Bom, tem que explicar, então…
Primeiro… “que se danem” eram os usuários que não tem interesse político. Como já disseram, o pior analfabeto é o analfabeto político.
Quando eu coloquei essa minha opinião, você veio com:
Se você quer dizer o que o BR-Linux pensa, problema seu… fique à vontade, a casa literalmente é sua. Mas não venha sugerindo que eu esteja de alguma maneira errado por não concordar com o ponto-de-vista sensato e em-cima-do-muro do dono da casa. Esse seu tom de querer corrigir os outros com o seu bom-senso e esse quadradinho amarelo parecendo uma intervenção divina é um bocado chato. Primeiro porque você blatantemente subestima seus leitores.
No comentário anterior, estava apenas tentando dizer que minha opinião não é a do br-linux, e que você concorda com isso…
André Caldas.
PS: mais alguém não tinha entendido isso?
Longe de mim sugerir que você está errado quanto a adotar uma visão pessoal restritiva sobre o apoio a outros usuários de software livre que não rezem pela sua cartilha. Você expôs a sua opinião, e eu registrei a minha, que é a do site na qual a sua opinião foi expressa. Em outro aspecto, acredito que você está errado se estiver mesmo generalizando que quem não comunga especificamente dos seus ideais não tem interesse político ou é analfabeto político, mas me parece que esta questão é secundária.
Claro que eu concordo que você tenha sua opinião dissonante da minha, mas não vejo nenhum problema em eu também expor a minha opinião aqui no meu site, usando a cor que eu escolhi. Você é bem-vindo se quiser continuar usando os recursos do BR-Linux, mas é natural que o meu site seja organizado de acordo com minhas próprias preferências. Caso você prefira criar seu próprio site, fique à vontade para enviar o link para inclusão no diretório de sites da comunidade.
Neste caso específico, achei que valia a pena esclarecer a quem venha ler estes comentários que a opinião do BR-Linux não é a mesma que você expressou sobre seu posicionamento pessoal, de um interesse restrito de se esforçar pela disseminação do software livre apenas a quem comungue dos mesmos ideais, que você aparentemente classifica como políticos.
A proposta do BR-Linux é ampla, inclusiva e busca ser menos discriminatória nestes termos, e não vejo nada de “em cima do muro” em agir assim. Pelo contrário, o posicionamento é claro: O BR-Linux apóia e defende a inclusão de novos usuários de código aberto, independente do matiz ideológico destes usuários. Em especial, o BR-Linux não deseja que os usuários de software livre que não desejam ouvir o teu discurso se danem.
Miguel Said Vieira;
Não, realmente não tenho conhecimento (enfim, não estou assumindo que não exista) no discurso do Stallman sobre a questão da opressão. A argumentação de Stallman conta o uso de software proprietário se funda em um questão de princípios éticos. Ao menosé isso que li na GNU, mas faz tempo.
André Caldas;
Se você acha o sistema de direitos autorais opressor, tudo bem, é um direito seu. Pessoalmente não quero entrar no mérito de discutir o quanto opressor ele é ou deixa de ser.
O que eu quero que fique claro é que opressão não é conceito fundado por Stallman ou qualquer pessoa ligada o SL. Isso faz parte da filosofia proposta por Marx e tem ligações íntimas com a leitura do sistema capitalista feita por ele e pelos demais socialistas/marxistas que vieram após.
Não estou dizendo isso para que seja condenado, estou dizendo isso para que seja dito, para que as pessoas saibam disso,e tirem as conclusões que desejarem. Mas é importante que saibam disso.
E o que eu estou dizendo é que esse pessoal usa de uma tática canalha de infiltrarem-se em movimentos diversos e tentar de alguma forma fundir as ideologias deles com a dos outros de forma que chega em um ponto em que você nem sabe mais onde termina uma coisa e começa a outra. E você reproduz isso quando assume que uma pessoa que não concorda com a sua filosofia que fique com o seu lixo proprietário.
@edempoa,
Gostei muito da sua resposta. Assim fica mais fácil discutir. :-)
Não, opressão não é conceito fundado por Stallman. Opressão é de certa forma o conceito que o levou a criar o movimento do software livre. O objetivo era a liberdade, e a opressão é simplesmente uma ferramente de tolher a liberdade. Vá para a página de filosofia do projeto GNU e procure por “copyright”.
Um exemplo de opressão que a FSF luta contra, é o chamado DMCA. Claro que isso não é no Brasil, mas ainda assim é um bom exemplo. Um exemplo concreto é o caso do PhD russo. O pesquisador passou quase um mês na cadeia e ficou proibido de retornar ao seu país por uns quatro meses mesmo depois de solto. Isso é opressão. E é contra isso que luta a FSF.
O mesmo acontece com a criptografia CSS dos DVDs.
Uma leitura que eu sempre recomendo é: o direito de ler. Tenho certeza que depois desse artigo, você vai entender que a preocupação com o Stallman no que se refere à opressão e direitos autorais é muito grande. O texto é de 1997 e não poderia ser mais atual!
O objetivo não é, e nunca foi trazer mas usuários para o open-source. O termo open-source, de acordo com Bruce Perens, em uma entrevista que não consegui achar, foi criado apenas para facilitar a marquetagem do software livre. Por marquetagem, eu, pessoalmente, e o br-linux não tem nada o que ver com isso, entendo que o objetivo era separar os ideais do produto final… Dê uma olhada em “Fear of Freedom” deste artigo.
Eu até concordo que é melhor um usuário de open-source a um de software não-livre. (me parece que open-source pode ser não livre… mas acho que deu pra entender).
Que saibam que o Stallman não inventou o conceito de opressão? Tudo bem. Não acho que seja relevante, mas tudo bem.
O que importa é que o discurso do Stallman tem tudo a ver com essa luta contra a opressão.
Estou tentado a dizer que isso é teoria da conspiração.
De qualquer modo… esses canalhas que se identificaram com os ideais do movimento não são capazes de separar seus ideais de suas práticas. Esses caras não conseguem ser usuários de “open-source”. Eu acho que essa tática canalha é o que lhes torna politizados no contexto do software livre.
Se daqui a vinte anos, a M$ for à falência e o Bill Gates se enforcar (não significa que o br-linux deseja a morte de Bill Gates), mas ainda assim, a sociedade não tiver mudado… então pra mim não foi uma vitória. Se o sistema que você chama de Linux passar a ter 100% de aceitação, mas ainda assim, a sociedade não tiver mudado…
Você quer que eu fique tentando salvar quem não quer ser salvo? Como no “conto da caverna”? Se o cara não faz questão, eu vou tentar trazê-lo para o “open-source” apenas por uma questão numérica? Não acredito que ele mesmo ache que o que usa é “lixo proprietário”.
Claro que não é ruim ter mais usuários. Mas se você me pedir pra abandonar meus ideais simplesmente para não espantar essa base de usuários… aí não vai rolar. Pode pregar o “open-source” à vontade… mas eu não vou fazê-lo.
André Caldas.
Eu não quero que você tente salvar ninguém, nem que abandone ideal nenhum, seus ideais são escolha sua, soberana.
Mas acho que o passo adicional que você deu, de desejar que as pessoas que querem usar software livre mas não estão interessadas em ouvir discurso se danem, diferencia você bastante.
Mas de forma alguma estou convidando você a adotar uma postura menos discriminatória ou mais inclusiva. Pelo contrário, acredito que você deve mesmo continuar com a postura que tem.
@Augusto,
É acho que não foi muito educado da minha parte. Desculpe.
Gostaria que você notasse que não estava me referindo diretamente a nenhum usuário. Estava me referindo à sugestão do colega “edempoa” de que eu deveria parar com esse discurso comunista (canalha) porque isso dificulta a adoção do “open-source”. (eu sei que essas não foram as palavras dele… essa é a minha interpretação)
Vou então retificar o que disse:
- Não tenho interesse em aumentar a base de usuários de software livre se para isso eu tiver que pregar software livre sem falar em liberdade/opressão.
- Aqueles que acham um saco ter que ouvir sobre liberdade e optarem por software proprietário… que fiquem com suas próprias escolhas. Não vou adular ninguém para mudar de software só pra aumentar o número de usuários. (concordo que “que fiquem com…” ficou melhor do que “que se danem”)
Agora, mudando de assunto… você está de parabéns pelo site e pela transparência. Outro provavelmente já teria me “bloqueado” desde uns meses atrás! ;-)
André Caldas.
André, assim fica melhor!
Eu mantenho as áreas de comentários justamente para que as opiniões possam ser expostas. Se eu quisesse que só as minhas opiniões fossem mencionadas, fecharia os comentários ;-)
Na verdade, eu falei um monte de mentiras acima… isso porque tenho me esforçado para fazer pessoas e instituições migrarem, mesmo sem acreditarem na opressão, etc. É uma faca de dois gumes! Veja que coisa horrível: M$ e open-source.
André Caldas.