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“Altamente proprietário”: Google alega que Microsoft expôs indevidamente código-fonte do Android

Para quem fica confuso com a classificação como open source frequentemente atribuída ao Android sem maiores observações adicionais, aqui vai uma informação que pode ajudar a consolidar a situação: na quarta-feira o Google solicitou à ITC (comissão de comércio exterior dos EUA) que não permita o testemunho de um especialista apontado pela Microsoft, porque (segundo o Google) a MS teria mostrado a este especialista, sem permissão, o código-fonte do Android.

Segundo o Google, “o código-fonte confidencial impropriamente entregue ao Dr. Stevenson [o especialista em questão] é código altamente proprietário que o Google não compartilha nem mesmo com seus parceiros, tais como a Motorola”.

A referência à Motorola não é casual: a questão toda está relacionada a um processo que a MS move contra ela, relacionada a patentes em seus smartphones rodando o Android, e no âmbito do qual há um acordo de confidencialidade entre as 3 partes (MS, Motorola e Google).

Mas explicar todos os meandros e detalhes de uma declaração realizada no âmbito judicial não é tarefa simples: para os detalhes e análises, recomendo o artigo de 2 páginas que a ComputerWorld publicou, origem do trecho em inglês reproduzido acima.

Quanto ao status do Android como open source, creio que uma boa definição poderia considerar que a plataforma em si, na maneira como é oferecida aos parceiros do Google que a embarcam em smartphones e tablets, tem situações variadas: código “altamente proprietário”, um pouco de código GPL (o kernel e pouca coisa ao redor dele) e bastante código sob outras licenças também livres, embora – dependendo da versão do Android – esta parte do código regida por uma variedade de outras licenças livres possa não ter, na prática, seus fontes disponibilizados aos usuários mesmo assim. Ou seja: é uma plataforma que inclui vários componentes sob licenças proprietárias e livres, e quanto a estes últimos o código-fonte pode ou não estar disponível.


• Publicado por Augusto Campos em 2011-08-12

Comentários dos leitores

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    Rob (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:04 pm

    Seria interessante se a MS abrisse o código dos produtos dela…aposto q iriam a falencia por infringirem milhoes de patentes…

    Hugo (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:06 pm

    Bom, pensei que fosse claro a todos que o android nao está sob GPL (apenas o kernel e alguns componentes).

    Tem coisa alí realmente proprietária, a começar pelas aplicações google (gmail, maps, talk), que nao parte do SO, mas só pra citar algum exemplo.

    Quem o usa por essa questão de liberdade, era bom ler os termos do Android (que nao é pouca coisa) antes de permanecer com o aparelho

    Cláudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:16 pm

    Interessante… Mas o que eu fiquei confuso com essa notícia bombástica foi com o seguinte:

    Que código proprietário é esse? É responsável pelo quê no sistema? Será que o pessoal que cria as ROMs personalizadas como a Cyanogen precisam incluir nelas alguma espécie de binário fechado da Google?
    :-

    Enquanto esse tipo de detalhe não aparecer, isso tudo é FUD puro e masturbação mental, como diria o Linus.

    E @Hugo, o Ubuntu que eu uso em casa também roda vários apps proprietários e nem por isso eu o considero menos aberto por causa disso…

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:21 pm

    Continuando nesse rumo, talvez mais fácil classificar o Android como Open Core.

    E Open Core é coisa que merece tag bino mesmo.

    henry (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:31 pm

    FUD? Aonde? Quem?

    Quem disse que é altamente proprietário foi o proprio criador do android. Se alguma outra empresa fosse a autora da fala, poderia ser classificada como FUD. Até lá, não é FUD, a google está no direito dela de falar o que quiser sobre o seu proprio produto – no caso, as partes altamente proprietárias e confidenciais.

    Vidoc (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 4:41 pm

    Hum, pelo que eu vi o que a Google na verdade invocou foi a quebra de um acordo de confidencialidade firmado entre a própria Microsoft, a Motorola e a Google relacionado a algum código qualquer. Mas que raio de código seria esse? Isso não ficou claro.

    E que acordo teria sido firmado entre as partes? Relativo ao próprio processo?

    E a Google fez alguma declaração pública a esse respeito ou isso é só informação vazada do processo? E quem teria sido o responsável pela notícia original?

    MS se borrando perante os produtos da Google e Fbook

    A acusação de que o Google está fazendo FUD contra seu próprio sistema é curiosa, mas acho que não procede.

    Já a questão do CyanogenMod é interessante, pois o projeto teve problemas porque até uma determinada versão ele incluía mesmo código proprietário integrante do Android em suas ROMs (não sei se é o mesmo “código altamente proprietário” mencionado pelo Google agora, mas incluía a app de suporte ao Android Market).

    O CyanogenMod parou de inserir este código proprietário integrante do Android após ser notificado (por um nastygram, ou “Cease & Desist letter”) do Google informando que ou eles paravam de fazer isso, ou haveria ação judicial.

    Eles encontraram uma maneira de fazer os recursos em questão funcionarem mesmo sem inclui-los na sua imagem de firmware (preservando o que vem instalado de fábrica em cada celular, se não me engano), mas restaram outros códigos proprietários – incluindo drivers de hardware – proprietários e potencialmente em risco de causar situações semelhantes – mas hoje funcionários do próprio Google dão uma mão aos desenvolvedores para evitar que eles se coloquem em uma posição de infração.

    Frank (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 5:14 pm

    Que Android não é totalmente open source, é sim um misto de licenças livres e proprietárias, eu já sabia. Mas isso me fez pensar.

    Será que é tão inviável assim para essas empresas lançar um sistema operacional móvel totalmente aberto? Digo, pelo menos o sistema operacional, não os aplicativos.

    Será que Symbian e Meego foram deixados de lado justamente porque eram open source? E não estou falando da Nokia e sua parceria com Redmond, mas de outras fabricantes que nem se interessaram em dar continuidade a nenhum deles.

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 5:16 pm

    Bem, @Augusto, essa informação do Cyanogen é interessante mesmo e está me ajudando a entender a questão (será?), acho mesmo que o caminho é por aí.

    Pelo que eu entendi, o sistema Android que conhecemos como aberto convive com aplicações e drivers proprietários (o Google Market é sim, proprietário, nunca ninguém disse nada diferente disso, assim como outras apps da Google, assim como a maioria das apps que se compram no Android market, na Amazon, etc). Duvido que o app de suporte a DRM seja livre, tampouco.

    Só que, no meu entender, o Android “aberto” sempre significou: o kernel Linux (licenciado com GPL) e a Android API (escrita em java, eu acho, e licenciada com a licença Apache).

    Pra mim não é novidade que qualquer outro app ou driver, rodando sobre essa plataforma, possa ser proprietário ou não… Inclusive a própria fabricante pode encher o dispositivo de outras coisas (como a Motorola com o Motoblur, por exemplo) que não faz parte do Android mas acrescenta funcionalidades extras. E esse tipo de coisa pode vir instalado até no firmware.

    Se for isso, se o código ao qual a Google se refere não fizer realmente parte do sistema em si e sim ser relativo a um aplicativo ou driver qualquer usado no Android, então faz sentido…

    Mas nesse caso, não vejo contradição, oras. A plataforma Android ainda é aberta. Os programas e drivers rodando sobre ela é que podem não ser. Se esses apps são opcionais e podem ser substituídos, ou não estarem presentes, não vejo problema.

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 5:20 pm

    Ah, sim… Com FUD eu quis dizer de parte de quem jogou a notícia no ventilador sem maiores explicações, não da Google.

    Claudio, não sei se o caminho é por aí, mas fico feliz de o exemplo mencionado sobre o Cyanogen ter sido bem recebido, e entendi que a sua visão configura o Android como uma plataforma que fica em uma camada intermediária, acima dos drivers proprietários e abaixo dos aplicativos proprietários distribuídos em conjunto a ela pelo fabricante.

    Não sei se esta sua visão é a correta, ou mesmo se é compartilhada por mais pessoas. Meu entendimento é de que na notícia mencionada da ComputerWorld (que me pareceu bem detalhada, até) o representante do Google se refere a algum código integrante da plataforma Android, de interesse simultaneamente da Motorola e do Google, e que é (altamente) confidencial e proprietário.

    E também não vejo qualquer novidade, contradição ou problema nisso. Pelo contrário, cada empresa é livre para licenciar como quiser cada componente dos softwares que ela desenvolver.

    O problema ou contradição pode ocorrer quando alguém, com base na existência de componentes open source, pensa que o conjunto do software da plataforma Android incluído em smartphones populares e em alguns tablets é em si um produto open source. Felizmente isso não atinge a tanta gente assim. Para essas pessoas, a novidade pode ser descobrir que o quadro é mais complexo do que elas imaginavam.

    Quanto às declarações atribuídas ao Google e noticiados pela ComputerWorld (e reproduzidas na Forbes, na CNET, aqui e em outros lugares), certamente publicarei qualquer retificação ou esclarecimento que o Google ou o autor fizerem e chegarem ao meu conhecimento, mas no momento não tenho qualquer razão para duvidar do relato.

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 5:45 pm

    @Augusto, não sou especialista no sistema Android, mas me parece que a situação é bastante semelhante a outros sistemas operacionais abertos (e utilizáveis, na prática) para PC. Até nas distros Linux temos drivers proprietários (placas de vídeo, WiFi, etc) convivendo com o sistema livre e mesmo aplicativos (como o Autocad e similares) que também não são abertos.

    Se minha visão não for compartilhada por mais pessoas e essas pessoas acharem que vivem em um mundo 100% aberto e livre, deveriam dar uma segunda e uma terceira olhada nos sistemas que usam todos os dias e se certificarem realmente disso.

    Em relação ao que o @Frank falou, acho que nenhum sistema em voga hoje, no conjunto da obra, é inteiramente livre de soft proprietário.

    Só não concordamos quando vc disse que a notícia da ComputerWorld foi até bem completa e detalhada. Ela informa muito pouco. Ao contrário, ela só serviu pra aumentar a minha confusão! Vc. mesmo me deu informação mais esclarecedora do que eles.

    Ah, um colega aqui do trabalho disse que tem mais alguma coisa no Android que é aberta, a máquina virtual em si.

    Aos poucos, a verdade sobre o Android vai aparecendo. O que já sabíamos há tempos, que o Android é um sistema livre e aberto só até certo ponto, fica cada vez mais difícil de ser negado pelos droid boys.
    E aquela gente toda que vive pregando o abandono de sistemas realmente livres e/ou abertos em favor de um monopólio do Android, como fica agora?

    Claudio, honestamente não acho que caberia à ComputerWorld lançar mão do exemplo do CyanogenMod para informar alguma coisa sobre os termos da moção apresentada, que é o objeto do que ela noticiou.

    Tenho a impressão de que você esperaria que ela estivesse tratando de algum aspecto mais amplo sobre o tema (sua pergunta envolvia até mesmo saber qual código proprietário é este, né?), mas… ela fala é sobre uma moção em um processo na ITC, que tem Motorola e MS como partes, e no qual o Google também se envolve (inclusive formalmente). E na qual os aspectos que nos interessariam (por exemplo: que código é este) são confidenciais, como a própria notícia informa.

    Assim, portanto, ficaria difícil ela ter respondido o que você queria saber!

    Quanto à comparação com outros sistemas, há mesmo aspectos em comum até mesmo com várias distribuições Linux, mas não sei se encontraria exemplos de alguém dizendo que os eventuais aplicativos e firmwares proprietários embarcados por elas não são parte delas.

    Finalmente, quanto às pessoas que acreditam viver em um mundo 100% aberto e livre (caso existam), eu também imagino que elas estão enganadas. O mundo está repleto de softwares e conteúdos proprietários, ainda que elas optem por evitar consumi-los. Mas acredito que há pessoas que têm um bom entendimento sobre a definição do que é código aberto e software livre, e que se esforçam para só operar softwares livres, mas creio que estas pessoas, de modo geral, não se equivocam sobre a natureza do Android.

    Mario (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 5:56 pm

    imaginem onde está o ego do cara que programou esse codigo ai… heheh

    Concordo em boa parte, boi. Acho o Android um excelente sistema para smartphones e, assim como ocorre com o IOS, entendo que a presença de bom número de componentes open source na sua arquitetura é um forte ponto a seu favor.

    Ao mesmo tempo, não acho que seja benéfico a ninguém tratar algum dos 2 como se fosse integralmente open source, e me espanto quando vejo alguém defender o oposto. Cada um deles tem seus aspectos menos abertos, ou mesmo completamente fechados, e isso é natural, não há porque esconder (e o iOS certamente tem bem mais pontos fechados).

    Como o kernel do Android é baseado no Linux, naturalmente ele continua recebendo cobertura por aqui, mas já faz algum tempo que eu não mais evito tocar no tema dos pontos bem menos abertos da sua arquitetura, tal como implementada nos aparelhos com Android mais bem-sucedidos – como os do exemplo mencionado neste caso, em que há código confidencial ao qual nem mesmo a empresa que embarca o Android no celular teria acesso.

    Não que haja algo errado nisso – afinal, desenvolvedor, distribuidor e usuário concordam. Mas aquele argumento “ah, mas pelo menos o Android é aberto” que surge como resposta para nem chegar a discutir determinadas críticas às vezes parece surgir de pessoas que não conhecem a situação como um todo (e às vezes se referem a aspectos não-livres da plataforma!).

    Não acho que essas pessoas devam mudar de opinião – cada um tem a sua. Mas disponibilizo informação e compartilho minha opinião com elas mesmo assim, e sempre estou à disposição para dar espaço para elas exporem também os seus pontos de vista ;-)

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 6:26 pm

    @boi, sou contra esse tipo de radicalismo. Para ter um sistema de conteúdo 100% livre hoje em dia, teríamos que botar uma arma na cabeça de todo mundo e mandá-los parar de gerar e consumir conteúdo DRM, usar formatos proprietários de áudio, vídeo e algoritmos criptográficos e forçar todas as fabricantes de hardware a abrir seus drivers (e, como entendi a algum tempo, não basta abrir o driver: tem que documentar o hardware publicamente).

    E isso é com qualquer sistema. Se vc. faz um sistema para celular livre até a raiz do cabelo, que só roda apps livres, e o fabricante inclui um fragmento de código no firmware do seu celular, babou o seu sistema puramente livre.

    Eu imaginaria hoje um SO pra celular 100% GPL assim: não toca todas as músicas nem todos os vídeos, não dá pra comprar eles em todas as lojas online, suporta apenas poucos aparelhos, usa poucos recursos de última geração. Em suma: não iam vender. Até os sistemas baseados em linux que a Nokia já fez não eram puramente livres, não no sentido que está sendo usado aqui.

    @Augusto, pelo tom da notícia da ComputerWorld eu esperava ao menos uma informação mais concreta. Isso de falar que tem um código ou patente tal que tem problema, mas não diz qual é… É comportamento típico da Microsoft, por exemplo, e não me diz nada. É o mesmo que o mecânico do meu carro dizendo que tem um problema hã… Na repimboca… E esperar que eu aceite o orçamento do conserto.

    Se o repórter não possui a informação confidencial que esclareceria de vez o problema, diga isso logo no início, baixa a bola e seja cauteloso ao explodir a bomba. Pra mim a notícia deles é (ainda, pelo menos, quem sabe se isso não se esclarece melhor depois) só ruído, não dá pra tirar nenhuma conclusão no momento nem me faz pensar que ter um celular com WP7 seria melhor pra minha liberdade.

    Quanto ao que vc. falou sobre usuários aceitando que as partes proprietárias do sistema sejam parte delas, isso não acontece até onde eu sei. Aqui na empresa usamos Ubuntu nas estações, várias máquinas usam drivers WiFi proprietários, mas ninguém aqui acha que esses drivers são parte do Ubuntu em si.

    Claudio, o comportamento de falar do código mas não dizer qual é também me parece típico, mas quem o cometeu foi o Google (e com razão, afinal a notícia é justamente sobre ele estar buscando defender a confidencialidade desta sua propriedade).

    O jornalista em questão não deu a entender que sabia qual código era este, apenas narrou o que houve com este código confidencial. O fato de ele ser confidencial, inclusive, é central ao tema, né? Não vejo justificativa para eu esperar que ele só pudesse fazer a cobertura se soubesse qual é a natureza do código em questão.

    Quanto aos drivers Wi-Fi proprietários que o Ubuntu oferece para download ao final da sua instalação, eu também não os vejo como parte do sistema (acho que há quem veja). Mas essa situação não tem muita relação com a que eu mencionei…

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 6:46 pm

    @Augusto, o jornalista em questão anunciou que o Android não era aberto dando notícia do acontecido e mostrando a existência do código “altamente proprietário” como parte do sistema. Se ele não sabe que código é esse, não tem como afirmar isso.

    Por exemplo, se o código “altamente proprietário” for o do app Android Market, então os celulares android da operadora Claro são mais abertos, pq não incluem esse app (pois sim… Vamos descontar os outros apps pré-instalados…)!

    Quanto aos drivers, acho q tem relação sim. Eu lembro das versões anteriores do Ubuntu por aqui, no quesito vídeo. O gnome vinha só com o Totem. Vc. colocava um DVD no drive e nada feito… WMV? Nem pensar. Atribuo hoje a excelente qualidade da nova versão (reconhece todos os hardwares que eu testei redondinho, reproduz qualquer formato, etc) ao fato de que a Canonical aprendeu a lidar com o mundo proprietário, que ela não controla.

    Claudio, quanto aos drivers, eu quis dizer que não há relação entre estes drivers Wi-Fi instalados por download que você mencionou e os firmwares proprietários que já vem embarcados em distribuições, que eu havia mencionado. Quanto aos que são recebidos por download, que você mencionou, acho que é comum (embora não seja absoluto) o entendimento de que não fazem parte da distribuição. Mas eu estava me referindo aos que já vem com as distribuições, e acho difícil alguém imaginar que eles não façam parte delas.

    Quanto à matéria da ComputerWorld, não me parece que o jornalista tenha anunciado que o Android não era aberto: ele reproduziu uma declaração do Google a respeito da existência de código confidencial que foi exibido por um dos litigantes, sem permissão, a um especialista. Acredito que seja natural assumir que os representantes designados pelo Google – mais do que você, eu ou o jornalista – estão bem aparelhados para fazer afirmações sobre a confidencialidade do código da empresa que representam, ou sobre o fato de ele não ser compartilhado nem mesmo com os distribuidores parceiros dela.

    Em suma, se o representante do Google fez referência a este código confidencial, e esta referência provoca tanto interesse (inclusive o seu), considero que o jornalista em questão fez um bom trabalho ao trazê-la ao nosso conhecimento para que pudéssemos debatê-la, especialmente porque ele não fez a afirmação que você diz que ele não poderia fazer.

    Ou seja: a referência em si é o cerne desta notícia divulgada, e será muito bom se surgirem mais detalhes adicionais em outras notícias posteriores, mas isso não é algo que o jormalista da notícia original esteja nos devendo – ele já nos trouxe bastante informação que previamente não era do nosso conhecimento.

    Claudio (usuário não registrado) em 12/08/2011 às 7:39 pm

    @Augusto, quanto aos drivers não há muita diferença para mim (ou eu estou falhando em ver a diferença) seja em firmware ou não, fazendo parte do CD de instalação ou não (fui eu quem instalou o sistema na minha máquina e não baixei nem a instalação baixou nada pro meu Ubuntu ficar redondo, tudo veio da distro como ela é), o fato de que há softs proprietários disponíveis misturados aos livres em qualquer sistema que se preze. Para mim, a situação continua perfeitamente comparável.

    Em relação à matéria, ahhh… ok então. Foi um mal entendido. Eu vi a sua chamada, com o Batman & Robin e tudo, vi a matéria da ComputerWorld e os comentários do pessoal lá… E tive a nítida impressão que o objetivo era chamar a atenção para a ideia de que o Android não era realmente aberto como se diz e que a Google havia mentido a respeito disso por todo esse tempo…

    Se a intenção lá foi apenas cobrir o ocorrido e nada mais, apresentando-o para quem tiver interesse, sem fazer a afirmativa que ele não tinha como fazer, então a falha de interpretação foi toda minha. É que eu não teria achado muito justo se fosse esse o caso.

    Bom, aprendi bastante hoje. Rumo agora ao chopp nosso de toda sexta-feira…

    Claudio, sem problemas, e concordo que as situações são comparáveis, assim como se pode comparar qualquer outro conjunto de situações.

    Esclareço que o Batman e Robin (daquele seriado em que havia o bordão “é uma cilada, Bino”) estiveram presentes em várias outras notícias sobre essas ações relacionadas a patentes, e acho que hoje eles estão especialmente apropriados, porque dá a impressão de que há múltiplos mistérios a serem resolvidos – não só sobre as patentes em questão e se elas são ou não violadas no Android distribuído pela Samsung, mas também sobre a natureza deste código confidencial que o autor do Android não disponibiliza nem mesmo a seus distribuidores, como você bem notou, e que para mim merece o destaque que recebeu na cobertura (embora eu não ache que o Google tenha mentido a respeito em algum momento, no máximo fez algumas generalizações imprecisas).

    A afirmação que eu mesmo procurei fazer, indo além do que a notícia trouxe, consta, em termos bem diretos (na minha opinião), no parágrafo final da notícia, que trata sobre a natureza do licenciamento da plataforma Android conforme embarcada em boa parte dos seus aparelhos de maior sucesso. Se houver alguma incorreção nela, na sua opinião, por favor me informe – analisarei e, se concordar, procurarei corrigir!

    Bom chopp e bom final de semana!

    Saulo (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 12:23 am

    Me parece que o Android é tão livre quanto o IOS. Kernel Linux / Kernel Darwin

    Claudio, mas quem é que está contra a possibilidade do sistema incluir codecs ou drivers proprietários? Não é disso que estamos falando.
    O problema com o Android, e com praticamente qualquer sistema de celular atual, é que são sistemas totalmente controlados pelos fabricantes.
    Não é como num PC. No seu PC você usa o sistema, mesmo se for fechado, mesmo se for o Windows, como quiser. Instala os programas que quiser. Atualiza ou muda de versão, ou mesmo de sistema, quando quiser. O controle é seu.
    Já nos sistemas de celular e de tablets, quem manda é sempre o fabricante. Eles controlam até o que você pode e não pode instalar. Eles decidem se você pode ou não atualizar o sistema. Fica fácil até para eles programarem a obsolescência do produto. É só não lançar mais atualizações que o produto se torna obsoleto rapidamente, mesmo que conte com um bom hardware, obrigando o consumidor a comprar um modelo mais novo.
    Com o Android muita gente imaginou que esse controle não existisse. Afinal era ou sistema “livre”, “aberto”, e baseado no kernel Linux, como as distros GNU/Linux. Mas hoje sabemos que não é verdade. O Google e os fabricantes de celulares têm tanto controle sobre o Android quanto a Apple tem sobre o iOS, por exemplo. E esse controle é possível porque partes do sistema são proprietárias. Isso faz com que na prática não haja grande diferença entre o iOS, fechado, e o Android, aberto, mas apenas parcialmente. Vimos em notícias recentes que o Google tem o poder de barrar as apps que ele quiser, e que andou barrando apps de serviços concorrentes. Então, na prática, não é o mesmo que a Apple faz no iOS? Qual a vantagem do Android ser “livre a aberto”, se esse “livre e aberto”, só vai até certo ponto?

    lapis (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 10:48 am

    boi

    Ainda sim existe diferenças significativas.No iphone,a Apple controla TUDO o que você faz.Todos os arquivos e programas.é 100% DRM.
    O android é possivel instalar mods e instalar vários programas fora da loja de aplicativos e sem DRM.

    Claudio (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 11:19 am

    Pessoal, bom dia.

    @Augusto, vc. editou sua última resposta? Tô com impressão de que ela estava menor ontem…

    @Boi, como vc. parece saber sobre isso mais do que eu, tive que colher algumas informações com o pessoal aqui pra te responder melhor. Não entendi direito isso de não poder instalar o sistema que vc. quiser num celular.

    Se fosse assim, vc. não poderia instalar a ROM Android que vc. quisesse (e isso não parece coisa só do Android: ouvi um papo de um cara que instalou uma ROM Android num iPhone!). A coisa é só mais complicada e varia um pouco de fabricante para outro (que eu saiba nenhum fabricante gosta que o cliente mexa nisso, mas isso é problema causado por quem faz o hardware, não os sistemas).

    Sobre usar ou não partes proprietárias, o pessoal que faz as ROMs personalizadas parece ter a opção de não usá-las (claro que, se não usar, não ganha a funcionalidade pela qual o código personalizado é responsável, mas é uma opção).

    Eu confio que, se alguém tiver todas as especificações de hardware de um dispositivo, portar um bocado de código nativo da comunidade e usar o que é aberto no Android, consegue fazer um Android Device inteiramente aberto, livre da Google e usando seu próprio sistema de market. Basta querer, não vejo dificuldade, mas acho que até agora ninguém quis. A comunidade parece confortável com o controle da Google sobre o Android, até mesmo o pessoal das ROMs.

    Que eu saiba não há nenhum impedimento de usar as partes liberadas do Android. Alguém podia até fazer um fork delas, sei lá. Com um Market alternativo e serviços alternativos. Mas não aconteceu. Reclamam que a Google controla, mas esse controle me parece opcional.

    Sobre a questão de barrar as apps, lembro de ter lido um artigo que esclarece que a Google só consegue barrar os aplicativos dela, ou os que você baixa a partir do Market dela. Isso não afeta os outros apps baixados em outros mercados, nem aqueles que vc. põe no celular via cabo.

    Vc. comparou a diferença entre celular e PC. Isso não é culpa do sistema, é do fabricante e do usuário. A cultura do celular é “compre e use” (lembra que o PC um dia já foi assim?): o usuário não quer alterar nada e o fabricante não quer que ele altere.

    Aqui na empresa a gente tem o costume de trocar soluções proprietárias por livres. Mas isso nunca vem sem trabalho (e riscos). A nossa ideia aqui é: quer ser livre? Mexa-se.

    Ainda considero o sistema Android mais livre do que os outros. Ainda que eu tenha optado até agora (por falta de tempo e vergonha na cara… hehe) por deixar a Google controlar algumas coisas no meu aparelho. Mas a opção de diminuir esse controle, se eu quiser e trabalhar pra isso, é benvinda.

    Não olhava para esta thread desde o expediente de ontem, que encerrei pelas 20h, Claudio. Espero que o chopp tenha sido bom. Permaneço à disposição para analisar caso você acredite que haja alguma incorreção no meu texto que você deseje apontar.

    José carlos (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 11:42 am

    Bem, parece que os Celulares/Tablets estão nos anos 70/80 dos PCs…

    Guilherm_ (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 12:30 pm

    Em outras palavras o android é como o mac os x, tem o kernel opensource, porem não a liderança não é amigavel a patch externos, mas tem o kernel e outros softwares base em codigo aberto. Porem assim como o mac, tem muita coisa proprietaria parar ser o mais amigavel e abrir o menor espaço possivel para ser copiado por alguem, e aperfeiçoado por esse alguem, ganhando do original. Em outras palavras tudo que o fandroids mais criticam no sistema desktop da maça tem em seu sistema movel tambem (ou quase tudo, não vamos radicalizar). Então em efeitos praticos, poderiamos dizer que a unica diferença nessa analogia é quanto a UI do android que é flexivel sem prejudicar o usuario, ao contrario do mac.

    e não me odeiem :)

    Claudio (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 1:10 pm

    Ih, esse tópico tá mais legal do q eu pensava que ia ficar…

    Meus dois centavos:

    @José, isso eu também acho. Não entendo muito isso de “pós-PC”, mas a coisa parece muito com como foi a era PC antigamente, sim.

    @Guilherm_, vc. acha isso mesmo? Porque pra mim parece que o Android tem muito mais do que apenas o kernel proprietário, assim como as distros Linux tem mais código livre que o Mac.

    Pra mim o Android convive com aplicativos e serviços proprietários, que são distribuídos junto com ele nos dispositivos que compramos (e alguns desses apps e serviços proprietários são da própria Google), mas isso é diferente de dizer que ele é feito deles.

    Em relação a cópia e aperfeiçoamento, eu tenho a impressão que no caso do Android isso é encorajado, enquanto no caso do Mac e do Windows, não.

    Tive essa impressão quando o Augusto citou lá em cima a colaboração que a Google fez com o pessoal do Cyanogen. Embora tivessem agido para proteger a propriedade intelectual que não queriam ver aberta, ajudam a manter a ROM alternativa fora de problemas legais.

    Se fosse outra empresa (Sony, Apple, Microsoft) processava os autores, riscava o projeto do mapa e acabou-se. E, se não conseguisse fazer isso, citava “patentes” (isso já aconteceu várias vezes).

    Eu acho bacana isso… Uma empresa que, mesmo não estando exatamente do lado de outras empresas interessadas em acabar com o negócio dela, está do lado dos usuários e desenvolvedores independentes.

    @Augusto, sim nossa chopada geek de sexta é divertida! Valeu por perguntar. Ainda estou formando opinião assim como vocês, dependendo da conclusão a que chegar eu comparo com o set texto ou não. Abs.

    Claudio (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 1:12 pm

    Ops, errei!

    Onde se lê: “Porque pra mim parece que o Android tem muito mais do que apenas o kernel proprietário, assim como as distros Linux tem mais código livre que o Mac.”

    Na verdade é: “Porque pra mim parece que o Android tem muito mais do que apenas o kernel aberto, assim como as distros Linux tem mais código livre que o Mac.

    Marcio Feitosa (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 1:59 pm

    Eu não entendo como ainda persiste pra algumas pessoas que conhecem os fatos a ideia de que o Android é um conjunto todo open source, pra mim isso já devia ter sido superado em 2010, ou na época do anúncio de que o fonte do Honeycomb jamais seria disponibilizado.

    Claro q ele tem fases e (grandes) trechos abertos, dependendo do momento, da versão, do trecho de código e do interesse do Google naquele momento. A definição deles de open source também é flexível: basta ver o mesmo caso do Android 3.0, que é descrito como open source mas oficialmente sem fontes disponíveis (exceto nas partes GPL, porque aí não tem jeito de não disponibilizar).

    Uma definição feita por alguém que tem autoridade pra falar sobre o produto é “aberto na superfície”:

    “Android and Chrome OS are examples of permeable interfaces between Google and the outside community, and would be defined as open on the surface. However, both projects periodically ‘go dark’ on the community to surprise the market. In a sense, they are both open and closed depending on business needs at any given time.” (Alberto Savoia e Patrick Copeland, diretores de engenharia do Google, dirigindo-se ao IEEE em 2011)

    Isso é bom pro Google, é direito do Google, etc. Talvez seja bom pro Android como produto também, e parece ser bom pros usuários que gostam do produto. E é, em partes, às vezes e dependendo da versão, open source. Ou fechado, em outras partes, momentos e versões, tanto em licença como nos efeitos.

    Cotti (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 2:16 pm

    Só ajudando com uma dúvida que faz muitas pessoas errarem:

    “Google” como sistema de busca/outros serviços: O Google

    “Google” como empresa: A Google.

    No artigo, temos O Google – “o empresa”. wtf?!

    Cláudio J. Fermino PP5CF (usuário não registrado) em 13/08/2011 às 3:13 pm

    Obrigado pela intenção de ajudar, Cotti. Mas a questão do gênero implícito dos nomes de empresas é mais complexa do que isso, e nem sempre deriva do gênero da palavra “empresa”, mesmo quando se refere às empresas por trás de produtos.

    É o caso das referências às empresas que são holdings de bancos, por exemplo: é comum serem chamadas no masculino, assim como o banco que tem o mesmo nome – o uso mais frequente predomina e tem seu gênero herdado nos demais usos.

    Em http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/substflexgen.htm tem uma explicação mais detalhada e mais exemplos, tratando bem da questão do gênero do nome de empresas.

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