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“Vale a pena virar PJ em TI?”

Apresentar-se ao mercado como pessoa jurídica, abrindo mão de uma série de dispositivos da CLT, é uma providência ao alcance de muitos profissionais de tecnologia, e desejada (ou mesmo exigida) por muitos contratantes. Para mim não é uma opção, mas há quem goste e prefira, pelas mais variadas razões.

A pergunta do título vem da Info, que responde em um longo artigo de 4 páginas, cuja introdução (e link para a versão integral) reproduzo abaixo:

O PJ ganha mais, paga menos imposto, mas não recebe os benefícios de quem trabalha como CLT, tais como: FGTS, férias, 13º, entre outros.

Mesmo assim, muita gente topa o desafio. Tudo em nome da liberdade de poder fazer o seu horário e sair da rotina de funcionário com carteira assinada. Em regra, a maioria muda para PJ por se cansar da vida de empregado CLT.

Mas, afinal, será que os profissionais estão preparados para essa mudança? (via info.abril.com.br)


• Publicado por Augusto Campos em 2010-06-29

Comentários dos leitores

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    uai, li a matéria e estou meio perdido : meu sentimento é que o mercado está em um movimento de abraçar a CLT e evitar PJ, pela questão de vínculos trabalhistas, aberturda de ações na bolsa, etc. Discordo da questão do inglês, penso que é imprescindível, para material de estudo e consulta, os títulos em inglês são os melhores.

    J (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 3:27 pm

    A realidade desse artigo é absurda: A maioria vira pj obrigado pelas consultorias, e não por opção. Os analistas continuam a ter horário, trabalhando em uma empresa só, mas sem benefício algum.

    Rafael (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 3:35 pm

    Concordo Plenamente com o J!

    Guto (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 3:36 pm

    Apenas uma forma de burlar a legislação por conta dos impostos absurdos mas que no final das contas quem paga o pato é o trabalhador. Agora que o Ministério do Trabalho está pegando mais firme na fiscalização estão inventando o CLT Flex uhahua .. apenas mais do mesmo.

    Eu da Silva (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 3:45 pm

    Mesmo assim, muita gente topa o desafio. Tudo em nome da liberdade de poder fazer o seu horário e sair da rotina de funcionário com carteira assinada. Em regra, a maioria muda para PJ por se cansar da vida de empregado CLT,

    Aham. Os caras empurram a modalidade de PJ sem camisinha nem vaselina no trabalhador e é pela liberdade de horário. O “J” falou tudo acima.

    Pro empregador é ótimo, já que não tem aquela carga tributária absurda, mas pro trabalhador é muito pior. Todo mês tire os impostos devidos, uma parte para poder tirar férias, o plano de saúde (que todo mudo sabe que custa umas 3x mais quando é pago por fora da empresa)… voilà, sobra um salário semelhante ao que se ganha em CLT, sem ter nenhum benefício extra. Grande!

    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 4:01 pm

    Semelhante não, inferior ao de um trabalhador sob a SLT. Ainda mais que a maioria das empresas que contratam por PJ pagam a mesma coisa que pagariam para alguém contratado pela CLT.

    Eu (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 4:22 pm

    A Info falando abobrinha denovo, pra variar!

    Narcélio Filho (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 4:23 pm

    Sim.

    danilo (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 4:33 pm

    E desde quando a Info fala alguma coisa que preste?

    Ricardo (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 4:33 pm

    A Info, como de costume, alienando.

    Conheço empresas cuja de TI maior especialidade é RH.

    Felipe (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 6:15 pm

    Pois é, grande novidade.
    A classe empresarial já estava querendo flexibilizar (retirar) direitos da CLT a uns anos … mas isso pelo que sei perdeu força.
    Agora, eles empurram esse PJ ao invés de CLT para eliminar os direitos dos trabalhadores, para transformar-nos em trabalhadores precarizados.
    A Info defende a visão patronal, é claro … (afinal de contas quem decide a linha editorial tem que estar afinado com os interesses da burguesia que comanda a Info …)
    E esse negócio de que eles são vítimas de impostos absurdos … afff cria um Bolsa Burgues pra eles não passarem fome!
    O país não é pobre … mas tem umas das dez piores distribuições de renda do mundo (e entre os pobres não estão exatamente esses empresários …) fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2005/09/050907_idhrw.shtml

    Alexandre R. Vianna (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 6:44 pm

    Sei que o pessoal daqui do Br Linux é contra a partidarização dos temas, mas a gente pode – no máximo – fingir que ignora a questão, presente em qualquer discurso, explícito ou implícito.

    Os comentaristas parecem unânimes: a Info defende a visão patronal, contrária à dos trabalhadores – revista do Grupo Abril, que apoia…

    E aí não tem jeito. Ou você acredita que o Estado deve limitar o avanço da parte mais forte na relação trabalhista ou você deixa rolar até o limite da exploração – no caso, o céu é o limite! Ou seria o inferno?

    Quem não lembra de como era a questão do estagiário, antes da lei específica? Depois dela, os patrões começaram a pensar um pouquinho que, talvez, explorar mão-de-obra barata poderia sair mais caro…

    Quanto à CLT, a questão é quase a mesma. Se você tem “carteira assinada”, tende a não exceder as 44 horas de jornada. Tomemos o caso de um cabra que ganha 3 pilas / mês. Se estiver “fichado”, ganhará mais o décimo terceiro, um mês de férias, o empregador terá de depositar um salário por ano, a título de FGTS, custear a condução, caso exceda 6% do salário, etc. Ou seja, desembolsará, no mínimo 6 pilas / mês ou mais de 70 por ano.

    Com os contratinhos, é claro, a intenção é desembolsar, talvez 50, e fazer o cidadão acreditar que tá ganhando mais…

    Percebam que estou limitando a análise ao universo da peaozada, da qual faço parte, e tendo também em vista que, no Brasil, 95% da força de trabalho ativa receba até R$1000,00 por mês. Talvez, na área de TI, de gente qualificada, estes números sejam diferentes…
    Sobre a remuneração dos executivos, gente que ganha bonificação nada sei – não é meu meio…

    Outra grave problema da não sujeição à CLT é a questão da PREVIDÊNCIA e ASSISTÊNCIA SOCIAL. Claro que podemos defender que toda a grana seja entregue a cada cidadão, para que cada um decida a melhor maneira de aplicar…

    No entanto, se assim for, será que o povão fará a devida aplicação, de um terço do que ganha, para ter dignidade na velhice?

    E se não fizer? Morrerá na berlinda? Ou será mais um a ser sustentado por todos, por não ter contribuído, apesar de ter tido a oportunidade?

    E em caso de acidente? Terá um seguro de invalidez efetivo?

    Por fim, cabe registrar que a previdência privada no Brasil é uma piada, para não dizer um roubo… Taxas de carregamento de 9%, taxas de administração altíssimas, que corroem todo o rendimento… E na cabecinha do incauto depositante, aquela ilusão, de que com a reserva de R$100,00 por mês, em 30 anos terá rendimento de R$1000,00 por mês, na velhice. A verdadeira mágica ou fábrica de ilusões da privada!

    Quem duvida destas crenças, pode checar no Blog do Beto Veiga um depoimento destes, expresso em uma dúvida de um leitor.

    Enfim, só teremos atingido verdadeiro grau de desenvolvimento quando houver trabalho para todos, distribuição menos desigual de riquezas, e respeito ao mínimo regramento, sem arroubos liberais ou neo liberais…

    well (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 6:44 pm

    “O PJ ganha mais”…
    Mentira! Em média um PJ ganha quase a mesma coisa que um CLT. Esta afirmação poderia ser verdade no inicio, mas hoje o que se vê é um PJ ganhando 200 ou 300 reais a que um CLT e sem nenhum benefício.
    Até esta “liberdade de horário” é uma falácia. O PJ tem que cumprir uma carga horária igual a todos. Já vi, inclusive, situações que a empresa usa mais os PJs para fazer horas extras já que não tem nenhuma obrigação com eles.

    Paul (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 6:45 pm

    O J falou a grande verdade. Até uma das maiores multinacionais de 3 letras do mundo faz isso de monte. Vergonhoso!

    Alexandre R. Vianna (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 7:06 pm

    Ah… Lembrei-me ainda de um outro pormenor…:-)…

    Dia destes, conversava com uma senhorinha, que teve recentemente rompido seu contrato de trabalho em uma faculdade, destas de terceira ou quarta linha.

    Ela estudou TI! Seus filhos estudaram TI, na mesma faculdade, onde todo mundo era cooperado, desde o pessoal da limpeza até o pessoal da direção…

    Ela só foi demitida, junto com outro monte de gente, quando o “estabelecimento de ensino” foi obrigado a acabar com a farsa e a registrar todo mundo, direitinho… E pagar tudo o que deve ao pessoal que lá trabalhou em condições irregulares.

    Portanto, empresa que tenta economizar com estes “pseudo PJ’s” provavelmente gastará mais, nos processos judiciais. Claro, se não quebrarem antes…

    Ronin (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 7:19 pm

    É uma cilada Bino;)

    Juliano Martins (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 8:27 pm

    Minha opinião aqui:
    http://jmmwrite.wordpress.com/2009/10/08/clt-x-pj-2-2/

    Peao (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 8:55 pm

    PJ surgiu assim: É fato q as empresas gastam o dobro do salario clt, sendo assim alguns espertos viram q dava pra ganhar o dobro dessa forma ilegal, PJ, mas com cara de legal, e foram felizes enquanto durou. Com o passar do tempo mais e mais pessoas foram ‘aderindo’ a esse esperteza. Mas como tudo, começou a se banalizar e aí as empresas é q começaram a ser espertas, vendo q os q entravam n conheciam a história original começaram como o sapo na agua fervente a aos poucos ir baixando o salario… e hj é patético, n vale mais a pena.

    Conan (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 10:12 pm

    Sempre trabalhei como PJ. Entendo que para quem é financeiramente bem organizado pode valer a pena. Más tem que guardar pelo menos 30% da renda liquida.
    Não adianta ganhar R$10.000,00 e gastar tudo. Tem que guardar pelo menos R$ 3.000,00.

    Magno (usuário não registrado) em 29/06/2010 às 11:31 pm

    Caríssimos,

    Eu sou da área jurídica, a questão da PJ é de fato, ou seja, o que efetivamente está acontecendo.

    Se você constitui pessoa jurídica mas continua vinculado a um só empregador, com aquele vínculo de subordinação, horários para cumprir, local de trabalho definido etc, você não é PJ nem aqui, nem na China. Espere o contrato de trabalho acabar e entre com a Reclamatória Trabalhista. Ganharás uma fortuna.

    Agora, se você trabalha em casa (pode até ser na empresa mas sem aquela subordinação da empregado, mas do contratado para aquela tarefa – um certo grau de hierarquia tem que existir), para vários empregadores e faz seu horário, aí você é PJ e o melhor para você é constituir uma empresa, pagar menos impostos e contribuição previdenciária e está tudo bem pois ficar fora do sistema é pior – não se aposenta, não tem auxílio-doença, aposentadoria por invalidez etc.

    editora abril editorializa tudo, se puder até em revistas para bebês.

    Fernando (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 1:28 am

    Trabalho como PJ e não me arrependo mas pra valer a pena tem de se ter em mente que, primeiro que para trabalhar como PJ vc tem de ganhar no mínimo uns 60% a mais do que ganharia com carteira, pois o custo para o empregador gira mais ou menos em torno disso, ou seja se uma pessoa trabalha por CLT e ganha R$ 1000,00 o custo para o empregador é em torno de R$ 1600,00 então na hora de NEGOCIAR tem de ter isso em mente e sobre o FGTS não é uma boa, já que a taxa usada para correção chega ser menor do que a da Poupança, e isso ao longo de uma vida faz uma diferença brutal, é mais inteligente receber PJ retirar uma parte todo o mês, que seria a do FGTS e colocar em alguma aplicação financeira, por exemplo uma previdência privada ou mesmo uma caderneta de poupança…

    Ricardo (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 8:46 am

    A questão é: que vantagem leva o empregador se ele fica com os mesmos custos que teria se contratasse pela CLT? Em alguns casos ele ainda tem que lidar com uma certa rotatividade de gente dentro das equipes que sub-contratou, não podendo controlar isso e ainda pagando a mesma coisa (?). É evidente que se o empregador opta claramente por PJ, ele deseja obter vantagens com isso. Quando começou esse movimento de PJ, lembro que eu e vários colegas já antecipávamos que o próximo passo seria esse. A lógica é bem simples: primeiro você converte direitos inegociáveis em dinheiro, depois você negocia. Diante dessa lógica, não vejo como um empregador possa optar por um contrato de PJ – visto que ele sempre terá CLT como opção – se não estiver levando vantagem.

    Tiago (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 10:16 am

    Olha, o grande problema dessa questão na minha visão é cultural e agravada com uma percepção distorcida.

    Vamos à persepção:
    No Brasil, as empresas deveria contratar assim:
    - Eu vou gastar R$ 6.000,00 com você. Você prefere ser PJ ou CLT?
    Se for CLT, então a conta fica:
    Desses R$ 6.000,00, R$ 2.800,00 vai para o Governo.
    Dos R$ 3.200,00 restantes, R$ 200,00 você paga para o INSS, e
    R$ 400,00 vai para o imposto de renda, sendo então que o seu sálário bruto de R$ 3.200,00 e líquido de R$ 2.600,00.
    Se você for PJ, deposito R$ 6.000,00 reias na sua conta e pronto.
    Esse é o raciocínio que deveria existir. Se assim fosse, esses partidários comunistas que vivem profenando o “prol ao trabalhor” ou que “os trabalhadores são sempre explorados”, parariam para pensar e eles mesmos fariam força contra as amarras da CLT. É um absurdo a quantidade de impostos. E olha que eu sempre fui empregado, nunca empregador.

    Quanto à cultura, é o seguinte: a CLT foi feita para protejer tabalhadores de baixo nível sócio-cultaural. São pessoas que ganham pouco e facilmente exploradas. Situação bem diferente do pessoal de TI. O pessoal pode até ganhar pouco, mas falar que tem baixo nível sócio-cultural é pedir demais. O pessoal da TI tem plenas condições de se organizar financeiramente e não depender de CLT. Essas plenas condições que eu falo é plenas condições intelectuais, diferentes daqueles trabalhdores rurais que vieram para cidade e eram explorados e foi necessário uma lei de 1800 e guaraná com rolha para proteje-los.
    No exemplo acima, a diferença é grande o suficiente para pagar impostos, plano de saúde, previdência privada (que aposto que a grande maioria daqui não tem e nem quer ter), e ainda ter uma reserva para férias e momentos difícies. No exemplo a diferença deu 3.400 reais. Isso para mim não é pouco.

    erico (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 10:58 am

    @Tiago a CLT não foi criada para “trabalhadores explorados de baixo-nível cultural”, foi para criar mecanismo de proteção ao trabalho, ela é na verdade uma reunião de um conjunto de leis que já existia na década de quarenta que Getúlio Vargas espertamente reuniu sobre esse nome.

    O principal objetivo dessas leis é na verdade dar uma salvaguarda diante do assédio moral etc.. que ocorre nas empresas, aí não importa em nível de hierarquia você esteja, isso sempre poderá ocorrer, e note, são raras as empresas que apresentam a solução PJ como opção, na maioria das vezes “é assim e acabou”.

    Outra coisa, esse negócio de dizer que a empresa paga o mesmo e lhe dá o que gastaria com encargos é falácia, a maioria paga diferenciadamente os celetistas dos PJ ou cooperados outsorcing, essa é a realidade da grande maioria. Só se você for sênior do senior ou conhecido de alguém.

    Mas será que isso tudo ocorre por visão ideológica das empresas quanto à paquidérmica carga tributária brasileira, não!!! é porque assim fica mais fácil para eles pagarem menos impostos e poderem com mais facilidade demitir que contratar, porque essa história toda não tem nada a ver com criação de empregos.

    Eu até conheço pessoas que se dão muito bem como PJ, tem a disciplina necessária etc.., ele trabalha um tempo, depois faz viagens, etc.., só que ele é sênior sênior, não acho que isso se recomenda à maioria.

    Ricardo (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 11:40 am

    Tiago

    “Olha, o grande problema dessa questão na minha visão é cultural e agravada com uma percepção distorcida.”

    Ahn?

    Aquela primeira parte é uma “percepção” (de quem?), a “realidade” ou como “as empresas deveriam contratar”? Além disso, todo mundo que dá esses exemplos parte de R$6.000, 7, 8, R$10.000.. Bem convenientes esses exemplos, não? No seu exemplo é suficiente, mas sabemos que ele foi colocado ali para sustentar a sua tese. E na realidade?

    Repito, a questão é: porquê os empregadores estariam tão interessados em PJ se o montante fosse exatamente o mesmo que haveria com os encargos? Me parece que, até o momento, a única resposta aceitável é que dinheiro pode ser renegociado e certos direitos não. Acredito que os empregadores se sentem confiantes de que, com o tempo, a competitividade (com qualificação ou não) e a desorganização da “categoria”, esses valores podem ser fortemente reduzidos. E vemos que eles têm razões para pensar dessa forma.

    Se os empresários se sentem onerados com a carga tributária (e o são), é legítimo que lutem por menos impostos se organizando e mostrando ao estado a sua insatisfação e as consequências. O que me parece uma distorção é tomar o atalho de monetizar direitos (e deveres) trabalhistas para renegociá-los em seguida. Isso sim é uma anomalia do processo.

    Outro ponto, relacionado ao que você disse ser “cultural”: o esclarecimento por si não evita a exploração. Muitas pessoas nessa situação são conscientes de que são exploradas mas não têm mecanismos para reverter o quadro. Eu não tenho essa convicção que alguns têm de que hoje em dia o jogo está equilibrado e que patrões e empregados negociam em pé de igualdade. Os sindicatos já não cumprem o mesmo papel que tiveram em outros tempos e conheço empresas que ‘recomendam’ que seus funcionários se afastem dos sindicatos. Note que não estou dizendo que há ou não exploração, apenas que certas regras devem existir para garantir o equilíbrio do jogo. É assim em qualquer jogo.

    Se, por um lado, eu não acredito que aqueles que você chamou de “partidários comunistas” estejam com a razão e que a única maneira de se fazer justiça seja a implantação da ditadura do proletariado, eu também me recuso a acreditar que certos setores do empresariado estão preocupados com o desemprego que a carga tributária, segundo eles, provoca. Eles estão preocupados com as próprias despesas e, dada a natureza de uma empresa, muitas farão o que for necessário para reduzí-las.

    Francamente, não consigo me convencer de que direito negociável não é direito perdido. Aliás, ou é direito ou é negociável.

    Fabio Soares (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 1:43 pm

    PJ funciona para “consultores”, e não para “mão de obra”. É uma forma de contratar o serviço de um especialista (ou um grupo deles) para atuar em um projeto ou ponto específico, e por tempo determinado.

    Imagine que você tem um projeto Java com um módulo que precisa ser desenvolvido em LISP. Sua equipe trabalha com você em vários projetos Java e é peça chave no negócio da empresa (desenvolvimento de projetos). Eles tem vínculo e a lei obriga que todos sejam registrados. Só que não faz sentido registrar o desenvolvedor LISP como CLT, se ele participar em 1% da fase de levantamento, 5% da fase de desenvolvimento e outro 1% da fase de entrega. Se o projeto durar um ano, será difícil cumprir todas as obrigações trabalhistas – leia-se: muito caro. Este consultor LISP, como PJ, pode receber 100% do custo CLT e todo mundo ficará feliz (menos os companheiru do sindicato).

    [O mecânico do seu caro não precisa ser seu funcionário, seu motorista sim. Se você tantar transformar seu motorista em taxista particular, estará arrumando para a cabeça.]

    Tiago (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 2:08 pm

    @Ricardo
    @Erico

    Pois é, mas houve um erro de interpretação no meu exemplo.
    Eu não falei que o cara pagaria 6k de salário. Eu falei que ele está disposto a gastar com o funcionário 6k. Dessa forma, eu estou mostrando o tanto que um CLTista perde para o governo.
    Lógico, que a prática é a seguinte: se eu vou gastar 6k para pagar um salário bruto de R$ 3.600, porque não pagar só R$ 3.600?

    Outra coisa que deve ser revisto na cultura brasileira é que o motivo de ser das empresas é GERAR LUCRO, e NÃO DAR EMPREGO. Se fosse possível gerar lucro sem contratar um estágiario sequer, esse seria o nirvana empresarial. Empresa não é Governo, não instituição de caridade. Empresa é Empresa. Quem é responsável por sua renda, é você, seja como um empregado, seja como um empresário. Não é as empresas que devem se preocupar com o seu emprego, é você.

    Outra coisa a CLT foi criada na époda de Getulio Vargas. Já tá na hora de ser revista. E a CLT é o maior freio que existe no mercado de trabalho. É caro contratar, é caro manter, é mais caro demitir.
    Se você escolhe ser empregado, você tem que ter em mente que você é um recurso operacional da empresa: se a empresa está bem, contrata, está mal, demite. É simples assim, tem que ser simples assim, porque é assim que funciona. Se não condorda com isso, mude de lado. Crie uma empresa, contrate a rodo, e quando estiver falindo, venda até a mãe para não demitir ninguém.

    O que acontece hoje é que as leis brasileira oneram muito as empresas. E independente de lutas, político algum vai flexibilizar a CLT porque perderia votos com isso.

    Mas se hoje você for abrir uma empresa, você verá que na questão de imposto, é um verdadeiro assalto oficial. E quanto a empregados, é outro assalto. É o recurso operacional mais problemático. Se der a sorte de contratar gente decente, ótimo, mas se entrar um joio, o cara tem que vender o carro para pagar “direitos” trabalhistas a pilantras. Bixo, e eu vou te falar que tem muito mais pilantras do que empregado decente. Se fosse fácil mandar para rua aqui no Brasil como é fácil nos EUA, com certeza o número de pilantras caíria muito, e não seria necessário esse tipo de discussão, porque seria mais fácil respeitar direitos. Afinal, ninguém quer perder um empregado competente.

    É simples: quer manter mais fácil os direitos, ter férias, 13º, plano de saude, etc e tal? Corte os impostos que as empresas pagam para ter um funcionário, e facilite a contratação e a demissão. Simples assim. Não pode impedir uma empresa em dificuldades de demitir alguém. Não faz sentido. A lei deve protejer o empregado de forma que não estrangule a empresa. Do jeito que está, é pedir para ter esses problema de PJ trabalhando como CLT. É ilegal, é! Mas dependendo do caso, ou é isso, ou não contrata! Ai vai é ficar desempregado. Você escolhe.

    Não é PERDER direitos, é EQUILIBRAR direitos. Se um cara vende o carro, a casa, monta a empresa, trabalha 14 horas por dia (seus empregados trabalham 8h), trabalha até no domingo, ficar 20 anos sem tirar uma semana de férias, a coisa mais injusta do mundo é querer que o rendimentos dos empregado sejam compatíveis com o do dono da empresa. Não concorda? Abra a sua empresa, simples assim.

    No Brasil ainda tem muita gente que acha que a vida de empresário é igual ao do Tio Patinhas: muito dinheiro no bolso e pouco trabalho na agenda.

    marcosalex (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 2:36 pm

    Conheço gente que pensa como a Info falou, que prefere PJ, consegue juntar dinheiro pra compensar os benefícios e sobra mais no final do mês. Mas a grande maioria dos PJ são mesmo por falta de opção.

    A CLT nossa protege demais o trabalhar e cria tanto encargo que fica difícil remunerar. Nos EUA, Inglaterra e Suécia, a CLT deles é quase igual o nosso PJ e o salário fica muito mais valorizado.

    Agora, previdência eu sou a favor da privada, como todo país desenvolvido. Ao contrário do que foi dito lá em cima, se escolher um bom plano de previdência (eu pago 1% de taxa de administração, de onde ele tirou 9%) vai sobrar muito mais dinheiro do que pelo tanto que você pagou de INSS. Já conheço muita gente que chegou na fase dos resgates e está muito mais confortável, sem depender da nossa falida previdência pública.

    RicardoR (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 2:59 pm

    Em breve essa discussão será sem sentido. O governo acordou para os PJ e está forçando com a fiscalização o fim dessa história ( não para “proteger o trabalhador” mas para aumentar a arrecadação ). As grandes empresas, depois de gastar um monte com processos trabalhistas também estão entrando na onda. Hj a maioria das grandes empresas e bancos só empregam 3.os se estes forem CLT nas consultorias.

    Mas como disseram acima, ser consultor já foi um bom négocio. Hoje é mais vantagem ser CLT porque o valor hora caiu muito.

    Ricardo (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 3:27 pm

    @Tiago

    Exceto pelo fato de que você não contrariou nada do que eu disse e sim apresentou novos argumentos, eu entendi o seu ponto de vista.
    Eu interpreto o que você escreveu, não que você pensou na hora.

    “Lógico, que a prática é a seguinte: se eu vou gastar 6k para pagar um salário bruto de R$ 3.600, porque não pagar só R$ 3.600?”

    Você terminava dizendo que: ‘No exemplo acima, a diferença é grande o suficiente para pagar impostos, plano de saúde, previdência privada (que aposto que a grande maioria daqui não tem e nem quer ter), e ainda ter uma reserva para férias e momentos difícies.’.
    Agora vai dar ou não? Desculpe, eu até estou entendendo as suas preocupações, mas falta coerência.

    “É simples: quer manter mais fácil os direitos, ter férias, 13º, plano de saude, etc e tal? Corte os impostos que as empresas pagam para ter um funcionário, e facilite a contratação e a demissão. Simples assim.”

    Pois é, né. E como ficam férias, 13º na ‘modalidade PJ’ quando você mesmo admite que não se pretende gastar o mesmo?

    “Bixo, e eu vou te falar que tem muito mais pilantras do que empregado decente.”

    Isso é opinião sua. Eu também estou no mercado e não enxergo a maioria como pilantras. Também está cheio de empresas pilantras, não ouso afirmar que são a maioria.

    “Empresa não é Governo, não instituição de caridade. Empresa é Empresa. Quem é responsável por sua renda, é você, seja como um empregado, seja como um empresário. Não é as empresas que devem se preocupar com o seu emprego, é você.”

    E? Isso entra onde em relação ao que foi dito? Eu concordo! Até por isso disse que me surpreende quando certos setores da indústria defendem seus interesses utilizando ‘geração de empregos’ como argumento. Afinal, como você disse, que compromisso eles têm com isso? Por que não dizer que seria melhor contratar dois pelo preço de um e aumentar a produtividade e a competitividade? A resposta é óbvia. Mas eu me sinto impelido a colocar as coisas como elas de fato são e não da maneira que soar melhor. Isso é coisa de gente autoritária.

    “Do jeito que está, é pedir para ter esses problema de PJ trabalhando como CLT. É ilegal, é! Mas dependendo do caso, ou é isso, ou não contrata! Ai vai é ficar desempregado. Você escolhe.”

    Eu sou a favor da legalidade. Não entro nesse pragmatismo de prática ilegal que funcione. Você mesmo citou pilantragem no seu ponto de vista e antes tinha lembrado a questão cultural. Como fica? A pilantragem que se aproveita dos direitos ou a que os usurpa? Agora, antes de se (re)discutir uma lei, é preciso entender porque as coisas chegaram onde chegaram, sem demagogia. Em seguida é preciso observar se certos critérios adotados na ocasião ainda são válidos. De outro modo, é retrocesso. Você elimina um efeito colateral novo e revive problemas velhos.

    “[...] ficar 20 anos sem tirar uma semana de férias, a coisa mais injusta do mundo é querer que o rendimentos dos empregado sejam compatíveis com o do dono da empresa. Não concorda? Abra a sua empresa, simples assim.”

    É verdade, é uma grande jornada, mas não me lembro de ver quem defendeu a CLT aqui (vs. PJ) sair pedindo equiparação salarial com os proprietários das empresas. Uma coisa é a discussão da CLT outra é a sua comoção com os esforços dos empreendedores.

    Tiago (usuário não registrado) em 30/06/2010 às 3:54 pm

    Mas Ricardo, olha só:

    Quando eu falei dos salários, era para mostrar o tanto que se perde. Agora, quanto a empresa, é questão de estratégia: se pode pagar menos, para que pagar mais. Só que no nosso caso tem o problema da prostituição. Se você não se submete, outro vai se submeter. Isso não ocorre com médicos, por exemplo. Não interessa se o médico cobra mais caro, interessa se ele é bom. No nosso caso, interessa se cobra mais barato. E isso é culpa nossa mesmo.

    Naquele exemplo, é que o eu falo como a empresa deveria contratar.
    Então, digamos que vc vai ser contratado por um salário de 1000 reais. A empresa não deveira falar que o seu salário é 1000 reais, e sim que quer gastar 1000 reais com você. Só que ai o salário CLT cai muito. Se as empresas contratassem dessa forma, elas poderiam perguntar: CLT ou PJ. Ai vc escolhe, mas a oneração fica na mesma. Entendeu a proposta? Então, eu dei um exemplo de uma empresa que deseja gastar 6000 reais. Isso é diferente de falar que o salário é 3.600, pq se vc contratar por 3.600 na CLT, vai gastar 6000 reais, e se contratar por 3600 no JP, vai gastar 3600. Ai abre margem para o “golpe”. Entendeu? Então, se eu resolver que vou gastar 3600, então o PJ vai ganhar 3600 mas o CLT vai ganhar R$ 1900. É essa percepsão que eu tentei mostrar. Da mesma forma que ela foi continuada: se o bruto é 3600, eu vou pagar 3600 PJ tb. Isso distorce as coisas. Não é assim o raciocínio. O raciocínio é a empresa deixar claro que vai gastar o mesmo com PJ e CLT – o que significa salários diferenciados. Não acontece isso no Brasil. Dai a sensação de enagação que eu mencionei.

    “Pois é, né. E como ficam férias, 13º na ‘modalidade PJ’ quando você mesmo admite que não se pretende gastar o mesmo?”
    Então, nesse trecho, a ideia é: se quer manter a CLT, desoneré-a! Não estava me referendo à PJ.

    “Eu sou a favor da legalidade.[..]”
    Pois é, eu também. Assim como altos impostos geram sonegação, a CLT também gera esse problema, com o uso da PJ. Não estou defendendo a ilegalidade, estou denunciando.

    “É verdade, é uma grande jornada, mas não me lembro de ver quem defendeu a CLT aqui (vs. PJ) sair pedindo equiparação salarial com os proprietários das empresas. Uma coisa é a discussão da CLT outra é a sua comoção com os esforços dos empreendedores.”
    Mais ou menos. Quando se fala que “empresa é exploradora”, que “os empresários não estão na lista da pobreza”, etc, como foi dito, você reafirma o discurso popular-comunista que você é pobre pq o seu padrão te explora. Saba aquela falácia da “exploração do homem pelo homem” que nos empurram nas aulinhas de geografia? Pois é, é esse o pensamento implícito: querer que o empregado ganhe tanto quanto o empregador.

    Paulo Brito (usuário não registrado) em 1/07/2010 às 8:43 am

    Eu já passei por esta situação de virar PJ, mas da forma errada. Depois de feito percebi que a mudança foi só minha. Continuei no livro ponto e tudo mais. Quando fui mandado embora, reformei minha casa.

    henrique (usuário não registrado) em 5/07/2010 às 9:28 am

    Há algumas conclusões distorcidas, é muito relativo se PJ ganha mais ou não que um CLT.

    Tomando como base o excelente exemplo de Alexandre R. Vianna, onde um salário CLT de 3000/mes, custaria em torno de 6000/mes ao empregador, o que é verdade, e chegaria a 78000/ano com 13o. e sem contar 1/3 de férias, para o PJ, talvez pagaria ao trabalhador algo em torno de 4500, mais ou menos, não importa. O x da questão é que precisa saber quanto o empregador está disposto/preparado/projetado à pagar por aquele trabalho (veja, pagar pelo trabalho, não por trabalhador).

    Muitas vezes o orçamento para o projeto de TI não comporta a contratação CLT por diversos fatores. Não é o empregador a figura dominiaca. O profissional é quem deve analisar se quer ou não trabalhar na modalidade.

    Se você, como profissional, não quer trabalhar como PJ, então aceite a redução do salário, para comportar o orçamento do projeto, e assine sua carteira. A opção é sua.

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