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Software livre não é ideologia, diz executivo da Sun

“Para a Sun, será muito difícil sobreviver no modelo de negócios baseado em royalties. Luiz Fernando Maluf, diretor sênior de estratégias para governo da Sun nas Américas, afirma que “algumas pessoas acham que a opção pelos sistemas abertos é ideológica; estão completamente enganados: é um modelo de negócios, matemático”.

“O que algumas pessoas não percebem é que existem dois modelos de negócios na área de tecnologia neste momento”, afirmou à Reuters durante o 9o. Fórum Internacional de Software Livre. No caso do processo tradicional, baseado em registro de patentes, “a maior restrição é a velocidade de inovação”, opinou. O outro modelo envolve o que ele classifica como “economia de rede”, onde todo o conhecimento é compartilhado em uma rede de pesquisadores para que uma empresa tenha acesso a inovações que sozinha não teria condições de fazer. Ele citou o caso da tecnologia Java, criada nas dependências da Sun e que conta hoje com algo como 30 milhões de desenvolvedores.

“Esse grupo gera inovação com uma velocidade enorme”, afirmou Maluf. Além disso, por se tratar de um contingente tão grande, é possível envolver pessoas não tão especializadas, o que reduz o custo do desenvolvimento e acelera a chegada de cada novo produto ao mercado, explicou. “Tempo de acesso ao mercado é algo vital em tempos de economia digital”, afirmou o executivo à Reuters. No caso do sistema operacional Solaris, criado pela Sun, desde que ela decidiu abrir seus códigos-fonte para a comunidade, o ciclo de desenvolvimento caiu de seis meses para 37 dias.

“Os dois modelos são antagônicos na era da economia digital”, reiterou. No caso do processo tradicional, ele afirma que a receita só dura o tempo do registro de propriedade intelectual. Para ele, “vai ser muito difícil uma empresa de tecnologia sobreviver no modelo fechado”. O reflexo pode ser visto, inclusive, na cotação das ações, acredita ele. “Os acionistas costumam se basear em tendências”, disse. Ele citou o caso do Google como um exemplo da rapidez com que uma companhia pode se beneficiar da escolha pelo modelo aberto. “Quem era essa empresa três anos atrás?”. Questionado se, então, a Microsoft tinha sua sobrevivência em risco por conta da decisão de manter seus principais sistemas fechados, o executivo afirmou que não há alternativa. “Duvido que a Microsoft mantenha a competitividade com o atual modelo”, ressaltou. Além da Sun, que começou a dar apoio aos softwares livres em 1981, empresas como IBM, Oracle e SAP hoje também dão suporte ao modelo aberto.”

Enviado por Cesar Onofre Kawase (kws8207Θhotmail·com) – referência (info.abril.com.br).


• Publicado por Augusto Campos em 2008-04-23

Comentários dos leitores

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    Thomas Fortes (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 12:10 am

    “Ele citou o caso da tecnologia Java, criada nas dependências da Sun e que conta hoje com algo como 30 milhões de desenvolvedores.”

    Do jeito postado, parece que a linguagem tem 30 milhões de desenvolvedores, e não que existem 30 milhões de desenvolvedores na linguagem java.

    C por exemplo tem (centenas de?) milhões de desenvolvedores, mas quantos participam ativamente do desenvolvimento de compiladores e dos padrões?

    No mais, a Sun parece estar falando muito e fazendo pouco, é só observarmos as recentes notícias sobre exclusividade de alguns recursos do mySQL para a versão enterprise.

    Recomendo a leitura de duas coisas (ambas em inglês).

    A primeira é um e-mail de linus numa mailing list comentando sobre a “abertura” da Sun.
    http://lkml.org/lkml/2007/6/12/232

    A segunda é a resposta do Jonathan Schwartz a linus (não deixem de ler os comentários, em especial a critica de Theo de Raadt).
    http://blogs.sun.com/jonathan/entry/one_plus_one_is_fifty

    Douglas Augusto (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 12:15 am

    Típico deslize da mídia genérica, confundir Software Livre com Código Aberto. Software Livre é *ideologia sim*, por mais que a Reuters, INFO Online ou o Sr. Maluf pensem o contrário.

    marcon (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 9:22 am

    ” Além da Sun, que começou a dar apoio aos softwares livres em 1981…”

    Em 1981 o Stallman nem tinha criado o projeto GNU e o conceito de software livre.

    Mas a ausência do conceito (e do projeto) em nada prejudicava os softwares livres que já existiam na época – alguns dos quais são mantidos (e permanecem livres) até hoje.

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 10:40 am

    Realmente o nascimento do projeto GNU foi apenas a materialização de um conceito que já vinha sendo posto em prática. O que é preciso observar também, é que durante algum tempo, e as décadas de 80 e início de 90 foram ricas nisso, o termo “Open” foi muito explorado para se referir a coisas que na maioria das vezes não se encaixavam no que entendemos por software livre hoje. As empresas que comercializavam algum Unix, todas exploravam bastante isso e na maioria das vezes de “Open” só alguns protocolo e não implementação em si.

    Mesmo fora do mundo empresarial, muita coisa que era compartilhada naquela época, não era necessariamente software livre e sim freeware sem fontes. Na verdade, o mercado de software ainda estava em formação e as pessoas tinham mais necessidade de aprender a nova tecnologia do que realmente sabiam como tirar proveito daquilo. Uma conseqüência natural dessa necessidade de conhecimento se traduzia em compartilhamento de código e o pessoal da antiga gosta de encher a boca para dizer que já usava do conceito de software livre muito antes dele se tornar corriqueiro. Os fatos nem sempre são assim tão simples de se analisar.

    Eu não sei o que a Sun quer dizer exatamente com começou a dar apoio aos softwares livres em 1981 e pode muito bem ser verdade. Por outro lado, é importante ter em conta que no passado “Open” já significou muita coisa e tenho quase certeza que foi até um dos motivos para o Stallman escolher outra designação. Acredite em mim, cada um tinha a sua própria definição do que a palavra queria dizer, alias as coisas não mudaram muito, mas antes era pior.

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 11:16 am

    Thomas,

    A Sun é mesmo um caso a parte no mundo do software livre. Apesar de todo o código com que a empresa contribui, alguma coisa ainda faz com que as pessoas não saibam bem qual é a deles. Eu mesmo não sei, talvez seja o que eu chamo de síndrome do amigão. O amigão tá sempre sendo bacana e te dando tapinhas nas costas, mas quando é para te dar uma mão, a impressão é que o cara tá te enrolando e esperando acontecer. As respostas do Linus e do Theo dão realmente esta percepção.

    Por outro lado, há um outro sujeito também conhecido e que contrapôs o argumento do Theo por lá. Já ouviu falar de David S. Miller?

    fungo (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 12:12 pm

    marcon (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 9:22 am
    Em 1981 o Stallman nem tinha criado o projeto GNU e o conceito de software livre.

    Em 1981, já havia o BSD 4.1. O BSD já existia há uns bons anos nesta época. Existe software livre muito antes de Stallman.

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 10:40 am
    Eu não sei o que a Sun quer dizer exatamente com começou a dar apoio aos softwares livres em 1981 e pode muito bem ser verdade.

    O SunOS 1.0 foi derivado do BSD 4.1, que foi lançado em 1981. Talvez estejam se referindo a isso. Se for isso mesmo, não concordo que isso seja exatamente “dar apoio a um software livre”. Segundo a Wikipedia, o modelo de licenciamento do SunOS era 100% código fechado.

    Thomas Fortes (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 12:37 pm

    sunboy, david miller é o mantenedor da arquitetura SPARC no linux não é?

    Bom, li o comentário dele, e não vi onde ele contrapõs o argumento do Theo, afinal, ele não explicou se o Linux recebeu documentação da Sun ou se foi necessária engenharia reversa…

    A Sun fez bastante desenvolvimento de softwares livres e padrões abertos no início da década de 80. Dois exemplos que me vêm rapidamente à cabeça, e que tiveram bastante envolvimento da Sun, hoje já não são tão relevantes, mas chegaram a ter seus momentos de glória: o NFS e o NIS – softwares livres e padrões abertos.

    Tinha bem mais coisa surgindo na cena do software livre na mesma época, como o BIND, o Sendmail e o projeto GNU.

    O GNU foi essencial do ponto de vista da filosofia do software livre como a conhecemos hoje, mas softwares livres (até mesmo pelos critérios que hoje adotamos) já existiam desde bem antes disso. E várias empresas apoiavam isso, inclusive as que também adotavam o modelo proprietário, como é o caso da Sun.

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 2:24 pm

    Humm… a percepção da imagem que eu tenho da Sun é a mesma que o Linus e o Theo de maneira geral expressaram: é mais proveitoso esperar pra ver a coisa acontecer do que ficar escutando o que o sr. Jonathan Schwartz tem a dizer.

    Ainda assim, da mensagem em que o David Miller se dirige diretamente ao Theo,

    I also think your criticism of Sun is very unfounded. I think you might have a less rocky road if you tried to build a relationship (a healthy one) with Sun as I have.

    Tendo em conta que até onde eu sei ele não trabalha pra Sun, a maneira como eu interpretei a resposta é que isso é um indicativo de que a Sun tenha colaborado com ele para que os drivers fossem implementados no linux e talvez o problema seja outro.

    foobob (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 3:42 pm

    Exatamente, fungo. Stallman lançou o movimento pelo software livre para preservar esse modelo que já existia bem antes de empresas mesquinhas começarem a fechar o código e desautorizar modificações.

    “Para a Sun, será muito difícil sobreviver no modelo de negócios baseado em royalties. Luiz Fernando Maluf, diretor sênior de estratégias para governo da Sun nas Américas, afirma que “algumas pessoas acham que a opção pelos sistemas abertos é ideológica; estão completamente enganados: é um modelo de negócios, matemático”.

    [...] Além disso, por se tratar de um contingente tão grande, é possível envolver pessoas não tão especializadas, o que reduz o custo do desenvolvimento e acelera a chegada de cada novo produto ao mercado, explicou. [...] No caso do sistema operacional Solaris, criado pela Sun, desde que ela decidiu abrir seus códigos-fonte para a comunidade, o ciclo de desenvolvimento caiu de seis meses para 37 dias.

    E o pior disso tudo é que os fdp’s estão abertamente assumindo o interesse de apenas LUCRAR e TIRAR PROVEITO em cima da comunidade e tem gente que ainda contribui para projetos como “OpenSolaris”, “OpenJDK” e etc. Ao menos estão sendo sinceros, ou por acaso vocês acreditam que IBM, Oracle, Novell e tantas outras não seguem a mesma linha de pensamento?

    Não vêem pelas próprias palavras deles que o intuito é apenas se aproveitar da mão-de-obra barata da comunidade? O ideal seria parar de contribuir para projetos “abertos” mantidos pela Sun, ao menos poderíamos mostrar quais são os otários a quem eles pensam enganar.

    Acho que não Freedom, do mesmo jeito que a Sum tira proveito em cima da comunidade a comunidade também tira proveito da Sun, o OpenSolaris não é livre agora, então todos se beneficiam usanso o sistema como bem entender…

    Não há mútua exclusão no pressuposto!
    Ao afirmar que

    “…algumas pessoas acham que a opção pelos sistemas abertos é ideológica; estão completamente enganados: é um modelo de negócios, matemático… ”.

    , dá-se a entender uma mútua exclusão nas afirmações, como se fossem, obrigatoriamente, antípodas. Eu uso SL por ideologia, pois considero o modelo proprietário, para ser eufemístico, antiético. Isso é ideologia, mas, para a empresa que dá suporte a uma distro, por exemplo, é um modelo de negócios; então, onde está a excludência biunívoca? Se se fizer uma análise restrita da palavra ideologia, pode haver alguma lógica neste enunciado; senão…

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 4:52 pm

    Bom, eu não disse que não existia software livre sendo desenvolvido antes do projeto GNU, nem mesmo disse que a Sun não o fazia. Possivelmente sim, mas estas empresas normalmente defendiam com unhas e dentes o modelo proprietário que começava a se estabelecer.

    Tecnologias como NFS, NIS e também o RPC contribuíram para o crescimento da Sun e ela muito cedo se preocupou em torná-las padrões abertos. Contudo, certamente não são de 1981. Quanto a implementação dos padrões, era cobrado e cobrado caro pelo uso, nada que possa se chamar de software livre. Alias, como era prática no mundo Unix, onde existiam os padrões abertos, mas cada vendedor tinha sua implementação que era desenvolvida no modelo proprietário e comercializada a bom preço. Alguns anos depois as coisas mudaram, e eu tenho a impressão que mesmo a implementação do NFS que temos no linux tem o dedo da Sun, mas ai já se avizinhavam outros tempos e advinha qual era o rumo que o mercado estava tomando?

    Uma exceção a isso, era o que vinha da universidade de Berkeley e é aí que entra o BIND, o sendmail e outras coisas mais. Não era só lá que se desenvolvia software livre, mas o pormenor a que quis chamar atenção é de que o rótulo “Open” era usando com muitos significados. Então é preciso ter muita atenção quando se vê alguém falando que sempre apoiou o desenvolvimento de software livre. Normalmente vão dizer que já apoiavam o software livre antes dele se tornar popular, quando na verdade é porque se tornou popular que agora vale a pena mencionar um passado que eventualmente foi feito de algumas contribuições livres.

    Na verdade, o meu foco é o que eu afirmei antes: a ausência do conceito de Software Livre definido no manifesto GNU em nada prejudicava os softwares livres que já existiam na época – alguns dos quais são mantidos (e permanecem livres) até hoje.

    sunboy (usuário não registrado) em 24/04/2008 às 5:00 pm

    Como já foi dito, o proveito é de ambos os lados. Alias, no momento em que uma das partes começa a acreditar que os benefícios vão uma via de mão única é quando as coisas começam a dar errado.

    Ora, há sim um fundo ideológico no software livre!.
    Para quem quiser uma visão meramente comercial da coisa (em vez de um barbudo que não toma banho, que tal um executivo de terno?), que use software de código aberto, embora existem softwares que se dizem código aberto, mas que não se encaixam como opensource (visão do Linus Torvalds).
    O conceito que rege o opensource/free software surgiu bem antes do GNU, mas certamente foi este que mostrou o software livre para o mundo como opção viável de desenvolvimento de programas de computador (e muitas outras coisas). Tanto que a licença mais adotada para estes softwares é a GPL, mais até que a BSD, igualmente considerada livre.
    Um professor meu costumava (ou costuma, sei lá…) dizer que o software livre não veio para substituir o proprietário, mas para “completá-lo”. Pois, por mais que seja difundida a idéia de desenvolver software livre, os pequenos desenvolvedores de sistemas comerciais ainda viverão somente da venda de seus softwares (sem o código-fonte junto). Mas nada impede que, o camagada que desenvolve em java utilizando o eclipse contribua, de alguma forma, para o desenvolvimento da ferramenta que utiliza (eclipse, no caso). Na minha opinião, se você ao menos utiliza um software livre e está disposto a ajudar no desenvolvimento deste, pode desenvolver o software proprietário que quiser… (desde que não invente de criar um monopólio que aliene as pessoas e… hauahau).

    O que não pode é falar: “O GNU não serviu pra nada, já que já existia software opensource antes dele”.

    ps: eu não sou realmente um desenvolvedor por isso há uma chance muito grande de eu ter falado pura mer&%. Mas tudo o que disse foi na minha opinião de usuário e telespectador ;-)

    Desconsiderando….

    …os NFS’s e outros desenvolvimentos como GlassFish (OpenJDK) e outros “projetinhos sem importância” não podemos nos esquecer de que o Office que faz frente ao Office da empresa Imperialista veio da Sun, como se chama mesmo ??? Ah !! Um tal de OpenOffice.org.

    Recentemente um IDE pouco famoso um tal de “Feijões de Rede” ou “Grãos de rede” também se tornou GPL (CDDL/GPL – Dual license)

    http://blogs.sun.com/barton808/entry/netbeans_now_dual_licensed_cddl

    Pois é…se contribuiu em 1981 ou depois, o que importa é o agora e agora a Sun, como a IBM, Red Hat e outras grandes empresas, contribui para o SL sim.

    PopolonY2k
    PlanetaMessenger.org

    sunboy (usuário não registrado) em 25/04/2008 às 9:32 am

    Só pra colocar as coisas um pouco mais em contexto.

    Na verdade, o meu foco é o que eu afirmei antes: a ausência do conceito de Software Livre definido no manifesto GNU em nada prejudicava os softwares livres que já existiam na época – alguns dos quais são mantidos (e permanecem livres) até hoje.

    Nisso concordamos, software livre existe e existia independente do GNU.

    Dois exemplos que me vêm rapidamente à cabeça, e que tiveram bastante envolvimento da Sun, hoje já não são tão relevantes, mas chegaram a ter seus momentos de glória: o NFS e o NIS – softwares livres e padrões abertos.

    Padrões abertos sim, software livre não. Vamos esquecer que foram tecnologias que surgiram em só meados de 80 e deixa eu só citar um exemplo de como as coisas funcionavam naquela época:

    For startup companies, UNIX has really priced itself out of the market. Licensing fees for SVR4 and OSF/1 are prohibitive for a company that doesn’t have very, very deep pockets. It was obvious this was going to happen a long time go. BTW: Multiflow payed much more to license NFS from Sun (by a factor of 10, I believe) than to license all of BSD 4.3.

    Apesar de padrões abertos, quem tinha um Unix comercial, cobrava e cobrava caro para licenciar qualquer coisa que fosse.

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