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Linus Torvalds critica DRM em entrevista na Austrália

Linus Torvalds está na Austrália para participar da Linux.Conf.Au, e lá concedeu uma entrevista sobre assuntos variados, em que chamou a atenção seu posicionamento sobre as tecnologias de DRM. Ele é contra, como não poderia deixar de ser, mas por razões de cunho prático, e não ideológico: segundo ele, a DRM deixa mais difícil a vida do usuário legítimo, colocando obstáculos no caminho de coisas que ele deveria poder fazer. Pense naqueles CDs de música com DRM vendidos no Brasil que não podiam ser ouvidos em alguns aparelhos de som automotivos, por exemplo.

Linus compara as tecnologias de DRM à GPLv3, pois ambas geram uma série de discussões e impasses, mas nenhuma das duas irá impedir boa tecnologia de prevalecer, em sua opinião. Mas ele não acha que deve impedir as pessoas de seguirem este caminho, nem que elas devem ser obrigadas a abandoná-lo - apenas acha que no final a melhor tecnologia irá prevalecer.

O Linux.com publicou um relato do primeiro dia do evento, e a brasileira Sulamita Garcia, que está por lá, também registrou suas impressões, incluindo uma foto ao lado de Linus Torvalds, que aparentemente não cobra para conceder autógrafos ou tirar fotos.

Comentários dos leitores

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Comentário de rafaelkafka
Razões práticas não perdem o caráter ideológico: Razões práticas não perdem o caráter ideológico.

São apenas mais uma corrente ideológica.

Ilusão achar que o ato de pensar possa se distinguir de uma concepção ideológica.
Comentário de rafaelkafka
Pragmatismo: O pragmatismo de Torvalds não exclui a natureza ideológica inerente a esse tipo de visão como, claramente, o conceito de pragmatismo deixa claro :

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pragmatismo

Quem se considera prático e anti-ideológico na verdade está defendendo mais uma corrente ideológica.Facilitar a vida do usuário legítimo não impondo entraves ao uso do que este legalmente comprou também é uma perspectiva ideológica, ser prático, é, essencialmente, optar por uma corrente ideológica, como, aliás, qualquer consulta aos que examinam esse tipo de corrente do pensamento humano acabaria confirmando.

A PUC possui um centro de estudos específico para a corrente ideológica pragmatista para quem ainda tenha dúvidas de que ser prático não é ser ideológico : http://www.pucsp.br/pos/filosofia/Pragmatismo/
Comentário de Manuel Funes
Uai Grana mudou de Nome ?: Gente, falar que razões "filosoficas" permeiam a discussão é medio inocente, no fundo todo o problema é quem fica com a grana decorrente dos negôcios. Lobby aqui, Lobby la...
Comentário de jamelao da mangueira
tu eh burro?: todo mundo sabe que open software naum da dinheiro
Comentário de Darkseid
Suponho que você quis dizer: Suponho que você quis dizer Open Source Software e não "Open Software". Além disso, como você explica então os milhões que a Fundação Mozilla lucrou com o Firefox só em 2006?? Amigo, ideologia é muito bom, mas não alimenta ninguém. Software livre é uma forma de negociar muito mais rentável que a ultrapassada venda de licenças. Parece que só as empresas do século passado que não enxergaram isso ainda.
Comentário de Copernico Vespucio
hã?: Mas hein?

%-)
Comentário de Copernico Vespucio
+1: Concordo.

Filosofia é ótima. Serve para sabermos de onde viemos, para onde vamos e se vale a pena continuar.

Mas filosofia não faz escreve software, não faz ele funcionar, não oferece lazer, conforto ou serviços para a humanidade. Filosofia não alimenta, não veste nem abriga ninguém. Ao menos, não até hoje.

O que faz isso é trabalho. E o trabalho envolve recompensa. O que o soft livre nos oferece é uma maneira mais eficiente, justa e humana de sermos recompensados pelo nosso trabalho para que possamos continuar contribuindo para o bem comum.

Isso é ser pragmático. O resto é conversa fiada.
Comentário de bebeto_maya
Sem filosofia não há trabalho nem vida!: __Concordo.Mas não esqueça que é a filosofia que te faz chegar a essas conclusões em relação a vida...A filosofia não faz, mas te leva a fazer. Assim "plantar seu jardim e não esperar receber flores" é uma filosofia de vida, cuja aplicação é óbvia...

__No frigir dos ovos, sem filosofia não há nada.

--
________________________________
Arte com Linux e Software Livre:
http://inteligencianatural.sites.uol.com.br

Comentário de rafaelkafka
Pragmatismo e Open Source: É simples, muitas correntes ideológicas pragmáticas dentro do SL consideram que por serem pragmáticas deixam de ser ideológicas quando o pragmatismo é uma corrente bem antiga dentro da Filosofia, apenas isso.

Consideram também que não fazem política fazendo aquela confusão tradicional entre política e política partidária já que atos de agregação social visando um fim são políticos não dentro do contexto que a maioria das poessas dá à política mas dentro do conceito filosófico mais rigoroso.
Comentário de rafaelkafka
A ética do trabalho é mais uma corrente filosófica: A ética do trabalho é mais uma corrente filosófica.Aliás uma corrente extremamente popular principalmente após a revolução industrial e a recompensa direta, monetária, também utilitária pelo trabalho.

Essa ideologia pragmática em benefício do bem comum aliada a essa visão da ética do trabalho constituem parte de uma corrente filosófica bastante adotada e analisada portanto a filosofia está por trás da concepção que te move a escrever software dessa forma.E não há nada de mal nisso.
Comentário de rafaelkafka
Dinheiro: Bem, a indústria quer extrair das pessoas o máximo em relação ao conteúdo que vende e estão desesperados com o P2P.

Não admitem praticar os preços de dez anos atrás quando a pirataria era mínima e querem obrigar as pessoas a só usufruir bens culturais dentro dos parâmetros que consideram mais lucrativos.

Agora o Linus nunca foi pautado pelo desejo de ser um mega-multi-bilionário, pelo que vi em entrevistas está contente com o padrão que tem e que não é nada mau portanto não o vejo em conchavos com a indústria do entretenimento.

Ele reagiu porque ele prefere que tudo seja simples e DRM, frequentemente, não é nada simples para quem comprou algo com as mais diversas restrições e fica muito mais limitado do que quem não deu um centavo e apenas baixou.
Comentário de Moisés Augusto
Linus, DRM e Bill Gates: O discurso do Linus é igualzinho ao do Bill. Mentes bem parecidas n ?

Linus acaba se mostrando demagogo e oportunista.

Quanto Stallman criticava a DRM "todos" o criticavam e o chamava de louco. "Esse é um extremista louco".

Mais agora como tio Bill falou, vira lei, como se fosse ordem universal todos criticam e agora, bal bal DRM com certeza.

Viva a Stallman, pq ele criticou por ideologia !
Comentário de brain
Cada um mede e compara como quer: Se para você o "ponto da virada" da questão do suporte a DRM foi a manifestação do Bill Gates, não tenho nada contra. Para mim, foi o Bill que pulou neste vagão quando viu que a batalha já estava perdida, e que a pressão dos usuários insatisfeitos e dos diversos ativistas envolvidos era insustentável.

Mas você está factualmente errado ao acreditar que o Linus Torvalds também fez o mesmo. Na verdade, já em 2003 eu publiquei aqui no BR-Linux um artigo sobre uma das primeiras manifestações dele contra DRM e patentes de software, onde ele deixa claro que é contra os 2 conceitos, mas não acha que cabe a um kernel ou uma licença de uso de software impor esta visão contrária a quem quer que seja - eu também concordo, acho que cabe às licenças de conteúdo, aos ativistas e aos usuários.

E ele vem mantendo esta posição desde então. E poucas pessoas na comunidade devem ter precisado do Bill Gates para convencê-las de que DRM é ruim...
Comentário de Copernico Vespucio
tá eu entendi, mas...: Ok, eu tinha "entendido" da primeira vez, mas...

Pra quê tanta complicação? Acho que é isso que Linus sempre quer dizer nesses casos. A "filosofia" envolvida é bem mais simples:

Pessoas precisam de alguma coisa e outras pessoas as atendem, em troca de outras coisas. Isso mantém o mundo girando. Quando as pessoas obtém algo de que não precisam (DRM, por exemplo), elas jogam fora.

Simples, não? Não dispensando o valor do pensamento filosófico, ideologias, política e outros conceitos, creio que o pragmatismo referido é tão somente isso.
Comentário de Copernico Vespucio
tá ok, mas...: Não precisamos nos aprofundar tanto em política e filosofia aqui. Acho que a idéia é simples, uma questão prática.



"Senhores, há momentos na vida de um homem em que um charuto é apenas um charuto..."

Sigmund Freud,

ao ser flagrado por alunos fumando, logo após uma aula em que discorreu sobre o prazer oral inconsciente...

Comentário de Copernico Vespucio
GPLv3, DRM e boicote: Na época, se discutia que a DRM deveria ser combatida com restrições, entre elas as idéias veiculadas nos rascunhos da GPLv3.

Fui contra. Esse tipo de coisa se resolve de um jeito muito simples chamado boicote e seria muito natural que o boicote está acontecendo. Embora a tecnologia DRM seja apenas uma técnica, a forma como se planejava usá-la pela mídia era absurda. As pessoas simplesmente não aceitariam e não precisariam ser orientadas para não aceitar.

Ao contrário do que nós, hackers, geeks, programadores e engenheiros pensamos, as outras pessoas não são tão burras assim...

E agora, o boicote está acontecendo e a indústria (incluindo a M$ "Bill") tem de se adaptar a ele.

Sem necessidade de usar "artilharia pesada". Sem necessidade de forçar as pessoas a uma determinada linha de pensamento. Espero que agora tudo volte ao normal e deixem a gente trabalhar e o resto do povo viver.
Comentário de João Melo
Linus x Bill: Mentes bem parecidas? Não!: Não, mesmo.
O que o Linus proporcionou para as pessoas, sem distinção, nem de longe se compara ao que o Bill Gates proporcionou a ele próprio.
Quanto à indústria do entretenimento, que vez por outra a grande imprensa rotula de "Indústria Cultural" erroneamente, o que eles querem é seguir ganhando muuuuita grana, como bem ensinou o Sr. Bill Gates.
Essa tecnologia, DRM, e outras, servem exclusivamente a este propósito, quase sempre em detrimento dos autores intelectuais das obras.
Pois é, existem sim pessoas que se contentam com o suficiente para viver dignamente.

Comentário de hamacker
Também não sou contra DRM,: Também não sou contra DRM, desde que ele seja aplicado aos meus inimigos :)

Falando sério, seria uma boa alternativa implantar chips DRM de choque para presidiários limitando a quantidade de fugas que eles poderiam fazer. - como era mesmo o nome do filme com Christopher Lambert? :)

rafaelkafka falando sobre Pragmatismo, cara...quando eu chegar a "iluminação" talvez consiga entender o que tú dissestes.
Comentário de Copernico Vespucio
Ética comercial X DMCAA: Não creio que seja uma questão econômica do tipo "contentar-se em viver dignamente".

Esse é o erro no pensamento comunista. Não é proibido ou anti-ético ficar rico ou criar grandes empresas, se vc. trabalhou honestamente para isso.

O problema é roubar das pessoas coisas que elas já tinham antes e fazer lobby para que elas não obtenham isso de outras formas. É vender gatos fantasiados de lebres por preço de coelho.

É o que eu disse: se as pessoas começarem a ver que estão pagando mais e obtendo menos vão levar seus negócios ou consumo para outro lugar. É o lobby que está ao alcançe de todos: o poder das nossas carteiras.
Comentário de manoelpinho
DRM & pirataria: O curioso dessa notícia é que ela saiu pouco tempo depois que o ArsTechnica afirmou que o interesse de Hollywood no DRM não é para controlar a pirataria, mas para ter como ganhar dinheiro várias vezes.

http://arstechnica.com/news.ars/post/20070115-8616.html

Já imaginaram pagar por cada vez que uma música ou filme que você comprou seja exibido ?

O Linus Torvalds não era a favor da DRM há bem pouco tempo atrás ?

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Usuário Linux #100343

Comentário de brain
DRM, ars e Linus: Manoel, essa de pagar múltiplas vezes já vem ocorrendo: as indústrias querem que, se você quiser ter a música no micro, em um CD e no seu tocador portátil, pague 3 vezes. Ainda não conseguiram fazer isso de uma forma que realmente impeça medidas técnicas, mas já tem uma série de esquemas de DRM que limitam a transferência legítima entre mídias de um mesmo usuário.

E não, o Linus não era a favor de DRM. Ele era barulhentamente contra as licenças de software impedirem os usuários interessados de implementar DRM, e também contra medidas que forcem os usuários de software livre que desejam ter DRM a não poder implementá-las, porque acredita que o lugar para esta proibição é na licença do conteúdo, e que esta batalha deve ser lutada no campo do ativismo e da resistência dos usuários (como de fato vem ocorrendo já, e com sucesso).

Assim como ele, eu também não acho que a liberdade deve ser imposta. Se a Tivo quer vender um sistema "capado", mas os usuários topam comprar, a batalha aí é de conscientização, ativismo e organização dos consumidores.

Criar armadilhas contra isso na licença de uso do software básico acaba impedindo outras medidas legítimas de restrição (como aqueles kernels alterados para só permitir o carregamento de módulos assinados), e com certeza não vai impedir a Tivo de continuar vendendo produtos com DRM, se os consumidores dela quiserem comprar - ela só vai ter de migrar para outros softwares básicos com licença mais permissiva, e pronto.

Mas achar isso não me torna um fã de DRM. Pelo contrário, prezo a liberdade e sou contra a imposição de restrições. Mas também sou contra a imposição da liberdade, por achar que não é uma maneira eficaz de atingir o objetivo.
Comentário de manoelpinho
Conscientização: Conscientização... Esse é o grande problema. Quando a gente fala da venda casada do Windows, do monopólio que a Microsoft e outras grandes empresas de software proprietário exercem usando formatos de arquivos fechados e não documentados, etc logo já querem nos pintar como os "radicais" da "turma do linux". Já estou cansado de ouvir esses tipos de gracinhas até de pessoas com escolaridade muito acima da média e que, em tese, deveria estar atentas a esses problemas.

Enquanto isso, os fabricantes de forma organizada vão fazendo esses acordos e empurrando goela abaixo do mercado cada vez mais esses absurdos e coisas como a DRM. Aproveitam-se da falta de preparação da justiça e dos mecanismos de controle governamentais (no mundo todo, não só no Brasil) para simplesmente não darem o direito de escolha ao consumidor simplesmente porque as alternativas simplesmente não existem, são ilegais ou requerem conhecimentos avançados para serem usadas.

Querem fazer com que o consumidor, com seu limitado e desorganizado poder de pressão, resolva problemas como esses da DRM sem algum mecanismo legal ou estritamente previsto em licenças é a mesma coisa que querer que os consumidores revoltados com a cobrança de pedágio na única estrada possível ou contra o aumento de um plano de saúde que já paga há 20 anos resolvam os problemas.

Não sou contra a idéia dos consumidores usarem o seu bolso para boicotarem produtos com DRM, mas não acho que isso resolva muito quando certamente estes serão sempre minorias. Estamos numa época em que o player de música digital mais vendido é o iPod da Apple, que está ganhando muito dinheiro vendendo músicas com DRM. Enfim, DRM não combina nada com liberdade e se a GPL3 imporá isso, assim como a GPL2 impões mais coisas que a licença BSD para garantir a liberdade dos usuários, não vejo mal nenhum nisso.

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Usuário Linux #100343
Participe da Comuni
Comentário de Copernico Vespucio
Liberdade < Conscientização:
Tirar a liberdade das pessoas em nome de uma ideologia que vc. valoriza é [errado]! É exatamente o tipo de coisa que o pessoal "do outro lado da cerca" faz. Não podemos sofrer do mesmo mal.

Ademais, a opinião pública não é tão desprezível assim. Se assim fosse, Linux ainda seria coisa de hacker universitário e as empresas não se mobilizariam em direção ao código aberto.

Software Livre está tendo a adoção que tem hoje não pq um bando de "nerds" conseguiram impôr isso as pessoas, mas sim pq estas mesmas pessoas vêem nele as vantagens que procuram.

Vc. está superestimando os fornecedores (proprietários ou livres) quando na verdade o que manda, o que sempre mandou, são os consumidores. Se o consumidor estivesse do lado da DRM, vc. poderia criar as licenças restritas que tivesse vontade e a única coisa que conseguiria seria morrer de fome enquanto a tribo proprietária prospera.

Se vc. adotar como premissa que os consumidores são burros e sem visão, vai terminar sozinho pregando para o vento...

Se tentar restringir o usuário de forma que ele perceba e, se ele tiver outras opções mais vantajosas da sua, ele vai jogar vc. e suas restrições fora. No fim, se a GPLv3 fizer isso também, ela vai ser jogada fora igualmente.
Comentário de manoelpinho
GPLv3: Eu gostaria de saber que "direitos" e "liberdades" a GPLv3 tira do usuário final, assim como pelo mesmo argumento você deve achar que a GPLv2 tira supostas "liberdades" que a licença BSD não tira.

DRM é a mais pura expressão da restrição de direitos, pela própria sigla. Se uma licença livre tolera isso então ela não pode estar defendendo a liberdade dos usuários finais, mas defendendo a liberdade de quem quer usar um código supostamente livre e estendê-lo de tal forma a cercear direitos dos usuários.

Novidades como o Windows Vista, iPods, Xbox 360 e etc mostram como os consumidores (pelo menos os americanos) não são tão esclarecidos assim. Há situações como cartéis que também deixam os consumidores sem alternativas.

Laissez-faire é muito bonito na teoria mas só funciona em mercados perfeitos, que obviamente não existem.

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Usuário Linux #100343

Comentário de brain
uso por governos totalitários para implementar censura: Oi Manoel, no meu comentário anterior eu explicitei um dos direitos que esta proibição de DRM via licença tira de usuários - a liberdade de distribuir um sistema que só aceite carregar e usar módulos previamente assinados com uma chave secreta, como é feito em equipamentos de alta segurança, inclusive com código integralmente livre tanto no sistema quanto nos módulos.

Tem mais gente que gostaria de incluir proibições de "usos inadequados" na GPL. Já houve um "mod" dela proibindo o uso em aplicações militares, já propuseram que fosse proibido nos termos da licença o uso para aplicações relacionadas a pornografia infantil, à produção e controle de armamentos, e em governos totalitários.

Nenhuma destas teses absurdas prosperou, e acredito que hoje seja até difícil encontrar referências sobre elas. O próprio RMS se manifestou no passado contra elas, pois não cabe à licença "se meter" na aplicação e intenção do software.

Não vejo como o uso para DRM seja mais grave para a liberdade do usuário do que o uso por um governo totalitário para restringir as liberdades do seu povo, por exemplo. Seria correto não permiter que a China usasse o squid e o iptables para implementar sua censura da Internet] Não sei a resposta, mas me parece que inserir este tipo de cláusula na licença que pretende ser a licença *geral* do software livre não parece ser a melhor alternativa disponível.
Comentário de Douglas Augusto
Mas filosofia não faz:
Mas filosofia não faz escreve software, não faz ele funcionar,


A filosofia, assim como a expectativa pelas demais recompensas (financeiras, fama, etc.), também é a motriz do trabalho. Alimentado por questões ideológicas/filosóficas, Stallman construiu o império do Software Livre tal como conhecemos hoje, seja no arcabouço como na própria escrita de software.
Comentário de Douglas Augusto
Software Livre != Pessoa Livre:
O próprio RMS se manifestou no passado contra elas, pois não cabe à licença "se meter" na aplicação e intenção do software.


Desde que essa intenção não cerceie a liberdade de uso do software, isto é, não viole a definição de Software Livre.

Não vejo como o uso para DRM seja mais grave para a liberdade do usuário do que o uso por um governo totalitário para restringir as liberdades do seu povo, por exemplo.


Isto seria uma restrição em outro nível, nível político. Mas o software continuaria livre. A DRM, como Stallman ressalta em seus discursos, é uma manobra que viola a própria definição de SL (as quatro liberdades).

Seria correto não permiter que a China usasse o squid e o iptables para implementar sua censura da Internet?


Censura política, que não afeta a liberdade do software, especialmente porque o Squid e Iptables não foram redistribuídos com aparatos tecnológicos que restringiriam qualquer uma das quatro liberdades --do contrário o governo chinês estaria violando, pelo menos, a GPLv3.

Não sei a resposta, mas me parece que inserir este tipo de cláusula na licença que pretende ser a licença *geral* do software livre não parece ser a melhor alternativa disponível.


Se houvesse tal cláusula prevendo o impedimento do uso ao bel-prazer do governo chinês, esta seria contraditória à medida que conflitaria com liberdade 0, ou seja, não seria Software Livre.

A censura, embora comprometa o acesso de pessoas à vários conteúdos, inclusive ao SL, é uma medida que atua em pessoas, não em software. Diferentemente, a DRM restringe a liberdade do software, ao invalidar suas liberdades, seja de uso, modificação e/ou redistribuição, configurada no ato de recebimento do software (via distribuição).
Comentário de brain
Validade da visão: Acho tua visão ideológica sobre o caso muito válida, uma justificativa afinada com o discurso em prol da licença. Mas me parece que os drafts da GPLv3 não tratam mesmo da intenção do software, apenas da restrição real às liberdades do software.

O discurso contrário também tem uma visão afinada e válida, especialmente quando fala na imposição de novas restrições da liberdade do desenvolvedor e distribuidor que aderir à GPLv3, e na incompatibilidade de licença dos programas sob a GPLv3 com os sob a livre, difundida e bem-sucedida GPLv2.

Creio que ainda veremos muito mais afirmações e reafirmações destes mesmos argumentos, relativizando o que é absoluto e vice-versa, transformando o genérico em específico e tudo o mais, como tem ocorrido, e ao final cada um dos lados fará o que pretendia desde o princípio.
Comentário de Copernico Vespucio
Tecnologia X Intenção:

Desde que essa intenção não cerceie a liberdade de uso do software, isto é, não viole a definição de Software Livre.


Uma restrição na GPLv3 que impede o uso de uma *tecnologia* (ao invés de focar sua atenção no *uso* que é feito da tecnologia) limita a liberdade do desenvolvedor e do usuário. Se tanto o fornecedor quanto o cliente estão de comum acordo com a natureza da "trava" fornecida pela tecnologia em questão, não há porquê restringir a distribuição do código pela GPL nessas condições.

No caso da distribuição de mídia, o usuário final só entra em acordo se for burro. Mas existem outras aplicações que poderiam ser prejudicadas por essas restrições.

Na verdade, é o soft livre que ficaria prejudicado nesses casos, pq se não for possível fazer o necessário no mundo livre, os interessados o farão com soft proprietário: Nunca vi, em 15 anos de TI, alguma coisa deixar de ser implementada por restrições de licenciamento. Sempre há outras opções.


A DRM, como Stallman ressalta em seus discursos, é uma manobra que viola a própria definição de SL (as quatro liberdades).


O problema é que não é a tecnologia DRM em si que ataca as liberdades, mas sim alguns usos que pretendem ser feitos com ela.


Comentário de brain
Quase isso:

Na verdade, é o soft livre que ficaria prejudicado nesses casos, pq se não for possível fazer o necessário no mundo livre, os interessados o farão com soft proprietário:


Quase isso, Copérnico. Na verdade a pessoa interessada em implementar algum destes recursos não precisa recorrer a software proprietário, podendo recorrer diretamente a softwares livres com licenças menos restritivas das liberdades do desenvolvedor e distribuidor, como a própria GPL atual, ou a licença BSD. Quem deixa de ser opção é apenas o software licenciado sob a GPLv3.
Comentário de Copernico Vespucio
Sim, É Vero: Sim, é verdade... Mas assumindo que exista oferta de equivalentes com estas opções de licenciamento.

Eu havia analisado o pior caso (ou melhor, caso péssimo :/).

Isso, entretanto, merece uma reflexão. Ao desenvolver um soft livre, é importante verificar cenários de "uso" (alteração + redistribuição) do seu produto que poderiam entrar em conflito com a GPLv3.

O que me leva a acreditar que, na dúvida, é melhor continuar com a GPLv2.
Comentário de Douglas Augusto
Uma restrição na GPLv3 que:
Uma restrição na GPLv3 que impede o uso de uma *tecnologia* (ao invés de focar sua atenção no *uso* que é feito da tecnologia) limita a liberdade do desenvolvedor e do usuário.


Isto não é uma restrição da GPLv3, é uma restrição, por definição, do Software Livre, pois viola uma ou mais das quatro liberdades. A GPL, sendo a licença oficial, é de se esperar que seja estritamente fiel à definição. Acontece que na licença GPLv2 há brechas que permitem que tais manobras sejam feitas legalmente; está bugada.

A propósito, a GPLv3 não toca em uma tecnologia específica; isto aconteceu apenas em um dos primeiros drafts, onde falava-se explicitamente em DRM. Ela proíbe, no entanto, que *tecnologias restritivas* impeçam que o usuário usufrua das liberdades garantidas pelo Software Livre¹.

Na verdade, é o soft livre que ficaria prejudicado nesses casos, pq se não for possível fazer o necessário no mundo livre, os interessados o farão com soft proprietário: Nunca vi, em 15 anos de TI, alguma coisa deixar de ser implementada por restrições de licenciamento. Sempre há outras opções.


A liberdade vem antes de qualquer coisa em tratando-se de Software Livre, toda sua definição é baseada nisso. A GPLv2 já é ruim para muitos desenvolvedores --e até mesmo para usuários que gostariam de se beneficiar de softwares proprietários construídos sobre o legado livre.

O problema é que não é a tecnologia DRM em si que ataca as liberdades, mas sim alguns usos que pretendem ser feitos com ela.


Sim, e é desses maus usos, isto é, quando a liberdade do software fica restrita, que a GPLv3 trata.

¹
3. No Denying Users' Rights through Technical Measures.

Regardless of any other provision of this License, no permission is given for modes of conveying that deny users that run covered works the full exercise of the legal rights granted by this License. (...)


http://gplv3.fsf.org/gpl-draft-2006-07-27.html
Comentário de Wagner Macedo
A Fortaleza???: A Fortaleza???
Comentário de André Campos Mesquita
Pragmatismo e praticidade: Esse tipo de generalização na filosofia é problemática. Dizer que alguém que defende que algo deve ser mais prático – mesmo que assim proceda em detrimento de valores éticos ou estéticos – é evidentemente um pragmático é um notório exagero.

Defender a praticidade de algo ou alguma coisa não implica automaticamente uma postura pragmática, muito menos estar ligado ao pensamento (ou filosofia pragmática).

1.Linus Torvalds defende a praticidade.
2.Todos que defendem a praticidade são ideólogos do pragmatismo
3.Torvalds é ideólogo do pragmatismo

A primeira premissa não é absolutamente verdadeira, já que o Torvalds não defende a praticidade em todos os aspectos, mas em um aspecto em especial.

Se admitirmos que alguém que defenda a praticidade em apenas um aspecto seja um ideólogos do pragmatismo, estaríamos incorrendo em um mau uso da linguagem. Pois teríamos de admitir que praticidade e pragmatismo são semanticamente idênticos, e não são.

Agora a aproximação do pragmatismo ao open source não tem absolutamente nenhuma validade. Já que essa aproximação se faz por uma pretensa tendencia que Linus Torvalds teria ao pragmatismo. Temos de ter em mente que Linus Torvalds não representa todo o pensamento ligado ao open source.
Comentário de Fábio Emilio Costa
Pelo que entendi, na verdade: Pelo que entendi, na verdade ele defende:


  1. A praticidade no uso e desenvolvimento;

  2. A liberdade das pessoas de escolherem aquilo que acham melhor;



Talvez o Linus não seja um super-libertário Stallman-like, mas ele é um cara que tem as posições até certo ponto coerentes. Ele é contra DRM pela dificuldade que isso causa para todos. Se inventassem um esquema simples de DRM, provavelmente ele seria a favor.

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Comentário de Copernico Vespucio
pela praticidade: Acho que Linus acredita no poder que pessoas inteligentes (ops... acho que é preciso incluir boa parte dos americanos afetados pela "síndrome do Homer Simpson", que amam o Bill e votaram no Bush... :/) possuem de reconhecer eventuais atentados a seus direitos e reagir de acordo.

Ao dar liberdade para as pessoas, damos tb. responsabilidades a elas. O povo precisa aprender a se virar, sem que tenhamos que decidir por eles...
Comentário de Leonardo
Ferramentas e usos: Augusto, pra mim essa discussão é aquela de ferramentas e seus usos.

Qquer criatura pode subverter ou perverter o uso de uma ferramenta, e isso não deve ser usado para crimializar a ferramenta.

Armas, uma discussão em voga."Armas matam pessoas, vamos então controlar aas armas."
"Ei, ontem um cara usou uma tesoura para matar a ex-namorada".
Deve-se criminalizar a posse de tesouras?

É válida a utilização de DRM em certos casos (software proprietário, por exemplo) que o criador queira usar. Você não gosta?Não use, ponto. Não vá dizer que o cara que faz/vende é contra a liberdade de expressão, e que todos como eledevem ser queimados na fogueira em praça pública com webcast em tempo real. =)
Acho a visão de muitos bem parecida com essa. Não se impõe um regime à alguém pela própria opinião, isso seria opressão.
O erro da RIAA foi tentar perverter a tecnologia pra multiplicar ganhos. Se houvesse um mecanismo de posse de multimídia mais inteligente, usando DRM (watermarks, sei lá), será que todos xingariam em uníssono?

Curiosidade. Quando Gutenberg criou a imprensa, os monges copistas e/ou a Igreja não gostaram, apesar de uma ínfima parcela da população ser alfabetizada. Era disseminar informação para muitas pessoas interpretarem, tirando o monopólio da Igreja nas interpretações dos santos textos.
Notam as semelhanças?
=)
(Li isso há muito tempo e esqueci os detalhes dacomparação, se alguém souber mais da analogia, me complete).

Em suma, não malhem uma tecnologia pelo mau uso.
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