Eu havia suspenso a publicação da série de respostas de Roberto Prado e Fernando Cima, da Microsoft, às perguntas enviadas e selecionadas pelos leitores do BR-Linux após o debate ocorrido na sexta-feira do FISL, para dedicar mais esforços à questão da Veja. Mas com a resposta enviada ao BR-Linux pelo ITI (veja a notícia
abaixo) e com a manutenção do compromisso da SLTI em responder às 10 perguntas que permitirão a composição de uma resposta da comunidade, creio que já podemos retornar aos demais assuntos. Assim, reinicio a publicação com mais 2 respostas hoje. Amanhã teremos mais duas, e sábado publicarei as últimas.
Desta vez as respostas versam sobre o perigo das patentes de software e sobre a presença da Microsoft no recente fisl6.0 - e a controvérsia sobre se ela havia mesmo sido convidada também pela organização do evento (a organização do FISL afirma que sim).
Patentes
Publicado por bardo em Sáb, 2006-04-22 20:10.
É notável a aproximação que a Microsoft está tentando fazer, junto à Comunidade de Softwarei Livre. A ponto de liberar alguma "propriedade intelectual" sob licenças não-proprietárias. Mas uma coisa preocupa a Comunidade: a questão da patentes. Podemos realmente confiar que vocês não vão, em um futuro próximo, acionar patentes e "anular o efeito" de terem liberado [suas] linhas de código com uma licença aberta?
Todas as iniciativas relacionadas à abertura do código-fonte, Shared Source Program, Rotor ou projetos como WiX ou IronPython foram feitas de forma consistente. Não se trata de algo passageiro e não há risco de ações futuras.
Sobre Propriedade Intelectual nós investimos anualmente uma grande parcela de nosso faturamento em pesquisa e desenvolvimento, trazendo inovações e melhorias na plataforma. Para a manutenção desta política e fomento da indústria de tecnologia como um todo é fundamental o comprometimento e respeito às leis que protegem a propriedade intelectual em todos os países.
A Microsoft acredita em um saudável ecossistema de software que inclua tanto as empresas de modelo de software comercial como as do modelo de software aberto. Desta forma cada um desses modelos de negócios compete com seus méritos próprios. Acreditamos que todas as classes de software podem ser analisadas cuidadosamente por meio de uma visão de longo prazo do valor que as soluções oferecem aos negócios das empresas que os adotam.
Richard Stallman, FSF e ASL
Publicado por brain em Sáb, 2006-04-22 19:34.
No debate que ocorreu durante o FISL, a ruidosa manifestação de Richard Stallman a partir da platéia tornou-se fato conhecido de todos. Confesso que se estivesse no seu lugar, sentado à mesa de debates, eu não teria resistido à tentação de ceder a palavra ao fundador da FSF para que ele pudesse realizar algum questionamento, ou no mínimo de procurá-lo após o debate para uma rápida photo-op - as conseqüências em termos de visibilidade na imprensa especializada mundial são óbvias. Neste momento, fico feliz que você não o tenha feito, afinal a Microsoft já tem visibilidade mais do que suficiente, e temo que a imagem do emérito fundador da FSF sem sapatos gritando palavras de ordem em latim pudesse ser mal interpretada por parte da imprensa e do público.
Este pensamento não lhe passou pela cabeça durante a intervenção de Stallman? Hoje você não pensaria em tomar a iniciativa de procurar o fundador da FSF, ou algum representante dela no Brasil, e dar-lhes a oportunidade de diálogo que eles afirmaram não ter?
Na mesma esteira, você pretende realizar algum tipo de auditoria para verificar por que o convite alegadamente enviado pela ASL para a participação da Microsoft no evento não chegou à sua mesa?
Como disse durante o FISL e após a manifestação, que não considerei tão ruidosa já que o Richard Stallman apenas repetiu sozinho por duas ou três vezes a frase "Liberdade mesmo que tardia". As manifestações são livres e cada um deve avaliar como pode contribuir para o debate. Vale a pena assistir ao vídeo e verificar.
Não procurei o Richard Stallman por que entendi que ele não tinha interesse em falar conosco. Se tivesse já o teria feito em outras oportunidades, no Brasil ou no exterior. Veja o exemplo do pessoal do projeto Mono, eles simplesmente pararam ao meu lado e começamos a conversar, trocamos cartões e ficamos de voltar a falar, simples assim.
Quanto aos demais representantes da FSF estou disponível para conversar sobre temas que sejam positivos. Como disse no evento, se for para avançar e construir uma agenda positiva pode contar comigo. Se for apenas para falar mal da Microsoft acho que não vai agregar nada para nenhuma das partes.
Sobre a questão do convite, não creio que seja necessário nenhuma auditoria para verificar se o convite foi enviado. Eles devem ter uma cópia, bastaria reenviar ou telefonar e verificar por que não houve resposta. Esta é a prática normal de todas as empresas quando querem a nossa participação no evento. Aconteceu desta forma com os organizadores do Linux World e o resultado será a presença de Bill Hilf, gerente geral de estratégia de mercado da Microsoft Corporation, no próximo dia 25 de maio, em São Paulo.
Recebemos vários convites todos os dias de diferentes regiões e diferentes eventos. Nunca deixamos de responder a nenhum deles, mesmo que seja para agradecer e explicar os motivos da indisponibilidade.
IronPython é um projeto para portar python para a plataforma .Net e já existia antes de seu criador -- também criador de Jython para java -- ter sido abduz, digo, contratado pela M$. E o programa Shared Source é realmente consistente: consistentemente cretino!
"nós investimos anualmente uma grande parcela de nosso faturamento em pesquisa e desenvolvimento, trazendo inovações e melhorias na plataforma."
ou melhor, trazendo pessoas ilustres em pesquisas e/ou desenvolvimento -- como os pesquisadores que estavam trabalhando em Haskell, ou o criador do TurboPascal e Delphi para criar C#, ou ainda o arquiteto do VMS que criou o WNT -- ou simplesmente comprando tecnologias antes dos concorrentes. Ou ainda simplesmente comprando os concorrentes.
isso sim é investimento.
"é fundamental o comprometimento e respeito às leis"
que o diga o DOJ americano, né?
"A Microsoft acredita em um saudável ecossistema de software que inclua tanto as empresas de modelo de software comercial como as do modelo de software aberto."
mentira! mentira deslavada e escrota! mentira visível a cada vez que a M$ vem com sua ridícula campanha "Get the Facts" ou quando integra ao seu SO funcionalidades que ferem empresas provendo tecnologias semelhantes ou quando simplesmente compra e absorve concorrentes com tecnologias interessantes...
"saudável ecossistema" é o kct! saudável para a M$, claro!
"Veja o exemplo do pessoal do projeto Mono, eles simplesmente pararam ao meu lado e começamos a conversar, trocamos cartões e ficamos de voltar a falar, simples assim."
simples como deixá-los de fora de uma convenção de desenvolvedores .Net...
;; ((lambda (x) x) "Isto é um comentário e não será executado nunca")