Minha vez - relato do fisl7.0
Helio Chissini de Castro (helio@kde.org)
Bom... Esperei descansar um pouco para que tudo que fosse escrever parecesse realmente o que queria escrever, se é que isso faz algum sentido para vocês.
O FISL. Complicado falar.
Pra começar quero dizer que estou finalmente satisfeito com as palestras, que quase atingiram o equilíbrio. Nível alto, pouca repetição, bons palestrantes, e principalmente, firmes no que estavam falando. Se mantiver assim, está ótimo. Se melhorar o ano que vem será excelente.
Comunidade ? Compactada em cubículos a lá Dilbert, quase enjaulados em uma jaula invisível. Ainda bem que ninguém tem mais problema com ninguém. Será ?
Bom, eu acho que todo mundo ali subiu a escadinha da maturidade e sabe conviver com o confinamento a que tem sido aumentado com os passar dos anos. Eu particularmente achei maravilhoso que apesar das agruras de como tratam os grupos de usuários, eles tem espírito o suficiente para saber ajudar a tornar nossos momentos lá uma das melhores partes do todo. E já deixo meu agradecimento a eles, os grupos do confinamento em específico, por tratar tão bem os nossos visitantes estrangeiros e mesmo brasileiros. Falo pelo projeto KDE principalmente que graças aos nossos amigos dos grupos dos usuários que carregaram nossos novos amigos de fora para todos os lugares, foram atenciosos e sempre preocupados com eles, mostraram o lado certo de que a gente se esforça para podermos ajudar o próximo, sem exceções.
Da exposição em geral não há muito o que dizer. A exceção de detalhes, seriam estandes do governo e algumas áreas menores, além é claro da Solis, Sun e do Infomedia ( calma, eu chego lá ).
Onde estavam as outras "superpotências" ? Me pergunto se não há interesse mais deles num evento destes ou se há uma ineficiência de quem deveriar se aproximar deles e colocar uma proposta séria para que venham dar o ar de sua graça. Eu acho que é falta de interesse. Mas.. opa.. tivemos cobertura maciça de toda a imprensa nacional, mesmo a não técnica, tivemos gente do mundo inteiro assistindo as palestras via streaming, e onde há interesse grande é ÓBVIO que há interesse de empresas se mostrarem. Eu fico então com a segunda opção.
Local, ahhhh o local. Vou ignorar os fatos ou motivos por ter sido alterado o local, não importa. O que importa é que sabendo do destino, alguns cuidados deveriam ter sido tomados, a começar pelo transporte. Eu já fui estudante, eles são o motivo de ainda me renovar no fisl, e eu sei o quanto é difícil ir até lá. Forçar eles a ter imensas despesas de deslocamento foi uma das coisas mais mal planejadas que tenho visto em tempos. E a comida ? Eu mesmo decidi a partir do segundo dia deixar de almoçar, porque não havia condições. Salvos aqueles que encontraram a churrascaria do posto vizinho. Eu usualmente não tinha tempo para ir até lá, e muito menos 90% dos participantes. Eu diria que toda a comida em si era pésssima, mas eu fui salvo pelo fantástico Acarajé do pessoal Baiano lá. A única coisa que merece menção honrosa realmente. Eu fiquei especialmente preocupado com a comida por ter dois de meus companheiros de KDE, Zack e Aaron, sendo eles vegetariano
s, estarem passando um período difícil. Neste ponto devo agradecer principalmente a Sulamita por ter dado uma grande mão pra resolver as "questões vegetarianas". Mas deixamos as coisas indigestas para trás, porque está na hora de falar sério.
Primeiro, parabéns ao Infomedia por ter a coragem de fazer os talkshow e dabates. Começamos pela fantástica tarde do KDE que foi assistida em todos os cantos do planeta. Fiquei feliz em podermos desmistificar o KDE 4 e colocar um ponto de início e fim em todas as coisas sem sentido que estavam aparecendo na net. Depois o bom papo de sistemas embarcados com o pessoal da Mandriva ( o qual me encaixo também ), e as gurias das Chix com a Sulamita de host. Eu não assisti as palestras do pessoal da Solis por estarem exatamente no dia das palestras do KDE, e eu obviamente estava me deslocando para elas.
E depois, ah claro, depois.. Microsoft.
Uma coisa para todos que se sentiram "indignados", "ofendidos", "horrorizados", e outras coisas: CRESÇAM
Isso acontece há anos no exterior. Tivemos uma conferência de software livre no Brasil patrocinada pela Microsoft já, alguém se lembra ?
O ponto é. Se alguém achou aquilo um absurdo, eu não achei. Aliás, não somos nós que falamos aos quatro ventos da superioridade do software livre ? E por acaso nós não desenvolvemos ele. Se somos o desenvolvedor de um software superior ( e mesmo que não fossemos ), devemos ter MEDO ? Em palavras de técnico, eu sei tanto C++, Design Patterns ou outras tecnologias que nossos colegas da Microsoft, será que eu não tenho nada pra ouvir deles que possa integrar, ou será que eu não tenho nada que posso ensinar a eles ? Quem teve o prazer de assistir o último dos debates sobre modelos de desenvolvimento vai entender o que eu disse.
Vou reproduzir as palavras que disse ao amigo Djalma Valois na sua rápida enquete sobre o que achava da presença da Microsoft no Forum:
"Eu achei normal e devemos prestar a atenção, que embora alguns não tenham percebido, nós saímos do estágio de novidade, para estarmos competindo em um novo nível de negócios onde empresas como IBM e Microsoft estão a mais de 20 anos. Eu gostaria que pudessemos sentar, conversar e entender como é esse novo mundo com eles do que simplesmente tentar começar uma guerra com alguém que conhece o terreno a muito mais tempo que eu."
E isso me trouxe o lado negativo, que me deixou muito triste. Dentre outros, estive numa lista dos "malucos" que iriam "destruir e depredar" o estande do Infomedia por causa da palestra da Microsoft. Bom, tanto destrui que até mesmo contribui com alguns colegas de destruição que me ofereceram bolinhas de papel pra jogar nos palestrantes. Sarcasmo a parte, realmente tive oferta por dois adolescentes, que quem sabe vão botar a cabeça no lugar algum dia, de bolinhas de papel de verdade para jogar neles. Eu não sou um cara que se incomoda com as pessoas, mas precisei passar um sermão no rapaz, que acabou por não jogar as bolinhas de papel.
Sim, naquela hora os climas estavam tensos, e é claro esperávamos Stallman.
Sinceramente, ele foi razoável. Como alguns disseram, poderia até pedir a palavra, porque por trás da péssima imagem que ele criou em torno de si, ainda ele pode ser razoável e todos sabem. É uma pena que ele não se esforce mais em fazer a parte razoável.
Neste ponto eu quero lembrar o grande amigo Leonardo Vaz que teve a coragem de leiloar o autógrafo do Stalmann e pode resolver com o próprio uma questão de 6 anos, a qual eu estive lá na mesma. Amigo, eu estava lá, consertando o notebook escondidinho durante o leilão, mas de coração estava com você.
Eu poderia mencionar o churrasco e os eventos pós evento, mas todas as fotos contam mais do que palavras. De novo um grande obrigado a todos nossos amigos da comunidade que estavam lá, principalmente no churrasco dos Nerds, que nasceu de uma rebeldia sã a 3 anos atrás e se tornou um dos motivos reais que ainda me traz alegria imensa no FISL.
Eu gostaria de agradecer a todos o carinho em nome do Projeto KDE, incluindo aí, a Solis, os Grupos de Usuários e o Infomedia pelo lindo espaço para nosso talkshow.
Também lembrar de amigos como o Kov e a Priscila fizeram falta, e mais ainda nossos amigos que navegaram pra outras bandas largas, como o Maçan e Aurélio. Você fazem falta sim.
E pra finalizar, para todos que se esqueceram do espírito que me faz voltar todo ano revigorado nas minhas intenções de desenvolver algo que o mundo vai se beneficiar, vai uma historinha:
- Logo após os debates da Microsoft, estava eu, Sulamita, Prado da Microsoft e Fabiana conversando antes de ele ir embora, quando eu fui prontamente interrompido por alguém, que chegou e disse rapidamente "Oi, desculpa interromper, não sei se você se lembra de mim, do ano passado, mas você me deu a dica dos dois livros de C++, e me ajudou demais, cara salvou minha vida. Só passei rapidinho aqui pra te agradecer." e foi embora, do nada.
Esse momento valeu toda a conferência pra mim. Eu fiz um pouquinho, mas fiz. Nunca esperei nada de volta, fiz no espírito de ajudar alguém. E do nada recebi um obrigado, que me valeu muito mais para mim do que ser importante, ou ter um status político, ou mesmo dinheiro. Todos esses três acabam, mas o conhecimento que pude trazer pra ele não.
Esperam que vocês tenham entendido o recado.
Abraço do Helio e do Projeto KDE
Beijocas!