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InfomediaTV expõe seu posicionamento sobre o debate com a Microsoft

Como já havia informado na notícia da manhã de hoje com a resposta da comissão organizadora do FISL dizendo aprovar a realização de debates, ontem durante o inédito debate com a Microsoft no FISL eu entrei em contato com as instituições envolvidas pedindo declarações. Ao contrário da ASL, que respondeu no texto do e-mail, o InfomediaTV preferiu me enviar a declaração em um documento à parte, que reproduzo abaixo na íntegra.

Para dar tratamento igual ao que foi dado à ASL, reproduzo também um trecho do mesmo tamanho aqui na capa:


Segundo opiniões emitidas através da CoberturaWiki do fisl7.0, seria um erro não contar com a presença de membros da Free Software Foundation nas mesas mediadas pelo InfomediaTV. Discordamos por não acreditar que a FSF seja mais competente que uma empresa para discutir com outra. Ou mais competente que o governo federal, através do diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, para falar sobre interoperabilidade e certificação digital em esfera pública, ou ainda, mais competente do que a Solis, a Mandriva, muito bem representada por Claudio Matsuoka, e a própria Microsoft, para falar sobre Modelos de Desenvolvimento.

De qualquer modo, houve espaço para que o público presente e que acompanhava pelo HotSite enviasse perguntas. Mesmo as consideradas mais agressivas foram lidas. Curiosamente, o guru da Free Software Foundation preferiu uma manifestação barulhenta. (...)


No interesse de manter clara a posição do BR-Linux a respeito da realização de um debate público com a Microsoft, repito um trecho do que escrevi na quinta-feira, quando recebi o release de que ele seria realizado:


Preciso começar a jogar mais na Mega Sena: não faz uma semana que escrevi, na notícia intitulada internetnews.com: O ramo de oliveira da Microsoft: “Seja um ramo de oliveira ou uma mudança de estratégia, restringir-se em guetos não é uma estratégia vencedora. Torço para que a Microsoft não demore a procurar o debate público também no Brasil, e que a comunidade esteja preparada. Em um ano com pelo menos 2 eventos internacionais de software livre no Brasil, oportunidades não faltarão.”

Chegou a hora, e acredito que o Infomedia não poderia ter escolhidos melhores debatedores: Renato Martini vem fazendo um excelente trabalho com sua postura pragmática e francamente pró-código aberto no ITI, Cláudio Matsuoka obtém destaque na comunidade desenvolvedora internacional - embora seja uma pessoa discreta e talvez por isso pouco conhecida do público em geral, e Cesar Brod, da Solis, dispensa apresentações, sendo o único brasileiro que chegou a finalista no Free Software Award da Free Software Foundation.

Eu certamente vou assistir. Lamento não estar lá, e espero que a oportunidade não seja desperdiçada com atitudes sectárias - da organização ou do público. Embora acredite que o debate aberto e a oposição direta à Microsoft serão bem-vindos, torço para que fique no campo das idéias e argumentos, e que mais debates e interações surjam - não é vantajoso impor um gueto a si próprio.


Veja abaixo o comunicado completo do InfomediaTV. A palavra continua aberta para todos os envolvidos e citados, e as declarações continuarão recebendo notícias na capa do BR-Linux.







Na sexta-feira, 21, o InfomediaTV realizou uma série de debates diretamente de seu estande no Fórum Internacional Software Livre. Transmitindo ao vivo, o programa contou com a até então inédita participação de membros da Microsoft em um encontro dessa natureza. Foi a primeira vez que a empresa fez parte de evento voltado para a comunidade desenvolvedora de ferramentas de código aberto.

Isso criou situações delicadas e feriu egos. Em nenhum momento essa foi a intenção do programa. Como está dito no último parágrafo de um editorial publicado no dia 24 de janeiro (http://infomediatv.terra.com.br/visualiza_editorial.php?id=10), “O processo não é simples, e exige, entre outras coisas, a capacidade para aplicar de forma clara argumentos e propostas. E como veículo jornalístico que somos, a equipe que faz o InfomediaTV acredita que o debate e o confronto de idéias está no cerne da questão.”

Estava se falando da necessidade de diálogo como ponto essencial para amadurecimento. Como revelaram os debates mediados pelo InfomediaTV, essa convergência é tida por todos participantes não apenas como natural. Ela é necessária. Foi o que disse Roberto Prado, gerente de estratégias de mercado da Microsoft, durante o debate Co-existência e Iniciativas.

O primeiro debate foi justamente o mais polêmico. Além do já citado Roberto Prado, estava à mesa Cesar Brod, que dispensa apresentações. O InfomediaTV e a Solis, por tabela, sofreram acusações quanto ao critério de escolha para o “representante da comunidade”. Como é claro para quem acompanhou o encontro, a Solis não foi apresentada dessa forma. A presença de um de seus integrantes se deveu a série de características que fazem da empresa uma referência no mercado de desenvolvimento de software de código aberto. Na visão do InfomediaTV, a mesa estava muito bem composta, contando com representantes de peso no que diz respeito ao mercado desenvolvedor. Seguramente o ponto de vista se repete quanto ao segundo debate, que tratou do Gerenciamento de Ambientes Heterogêneos.

Segundo opiniões emitidas através da CoberturaWiki do fisl7.0, seria um erro não contar com a presença de membros da Free Software Foundation nas mesas mediadas pelo InfomediaTV. Discordamos por não acreditar que a FSF seja mais competente que uma empresa para discutir com outra. Ou mais competente que o governo federal, através do diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, para falar sobre interoperabilidade e certificação digital em esfera pública, ou ainda, mais competente do que a Solis, a Mandriva, muito bem representada por Claudio Matsuoka, e a própria Microsoft, para falar sobre Modelos de Desenvolvimento.

De qualquer modo, houve espaço para que o público presente e que acompanhava pelo HotSite enviasse perguntas. Mesmo as consideradas mais agressivas foram lidas. Curiosamente, o guru da Free Software Foundation preferiu uma manifestação barulhenta. Possivelmente Richard Stallman não é dotado da habilidade de ler e escrever em português, faculdade que poderia ser preenchida por integrantes da ASL, que o acompanhavam. Curiosamente, nenhuma pergunta dessa fonte, no local ou por e-mail, surgiu. A manifestação de Richard Stallman, porém, foi registrada, concedendo ao InfomediaTV a possibilidade de consolidar a sua interpretação do termo FREE.

A presença da Microsoft também foi considerada uma “entrada pelos fundos”. O InfomediaTV discorda frontalmente dessa afirmação. Durante o debate, Roberto Prado garantiu não ter recebido nenhum convite oficial para o comparecimento no fisl7.0. Não cabe ao InfomediaTV apontar quem está falando a verdade, ainda que a parte acusadora deveria provar a realização do contato. Novamente, ainda que não estivesse à mesa, a possibilidade de participação através de perguntas não foi efetivada.

É óbvio, mas cabe ressaltar, que o InfomediaTV nada mais fez do que agir como veículo de mídia. Da mesma forma que todos os estandes apresentavam seu produto, o programa fez o mesmo. Não só isso, criou uma situação inédita, termo que nas críticas funciona como sinônimo de auto-promoção. A organização do evento, porém, se sentiu tolhida por contar com a presença da Microsoft no fisl7.0., fato que o InfomediaTV lamenta. Os organizadores, inclusive, aparentemente se mostraram mais ofendidos do que o público pela presença da Microsoft.

Foi com a participação de membros reconhecidos do grupo de usuários, como Sulamita Garcia, Claudio Matsuoka e Hélio Castro, que a grade temária do InfomediaTV foi estruturada. Claro que mesmo munidos dos melhores parceiros, falhas podem ocorrer. Para corrigí-las o BR-Linux, que acompanhou atentamente toda a movimentação no fisl7.0, estará recebendo e selecionando 10 perguntas que serão respondidas pela Microsoft. É a chance para que sejam sanadas dúvidas que o debate inédito promovido pelo InfomediaTV não alcançou.

Agora que o diálogo foi oficialmente aberto, nada melhor do que trabalhar pela sua expansão.


Comentários dos leitores

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Comentário de Imperador
Perplexidade: "Tanta coisa acontecendo e eu aqui na praça, dando milho aos pombos"
Zé Geraldo (se não me engano).

Num primeiro instante, pensei em não dispensar tempo comentando. Mas devido à minha ociosidade (graças a Zeus e a mim), não resisti.

Vou começar por um ponto fraquíssimo:

1. "Isso criou situações delicadas e feriu egos."
Egos? Quem exatamente?
Ataques pessoais* não levam à nada. Da mesma forma posso dizer que comentários feitos aqui no Br-Linux, feriram egos do InfomediaTV.

2. "(..."essa convergência é tida por todos participantes não apenas como natural."
Os participantes foram convidados para discutir a convergência. Nada mais natural que concordem em alguma coisa de antemão, o que não garante que esta seja a verdade (nem que não seja). Apenas mais um argumento fraco.

3. "Segundo opiniões emitidas através da CoberturaWiki do fisl7.0 (...) ou ainda, mais competente do que a Solis, a Mandriva, muito bem representada por Claudio Matsuoka, e a própria Microsoft, para falar sobre Modelos de Desenvolvimento."
Apelo à autoridade.*

4. "Curiosamente, o guru da Free Software Foundation preferiu uma manifestação barulhenta. (...) A manifestação de Richard Stallman, porém, foi registrada, concedendo ao InfomediaTV a possibilidade de consolidar a sua interpretação do termo FREE."
Não sei quais eram as regras do FISL, muito menos do debate promovido no stand do InfomediaTV. Mas, de qualquer forma, isso ocorreu no Brasil, onde nossa Carta Magna permite manifestações populares. A manifestação do Stallmann foi muita propícia gritando "libertas quae tamem", lema da Inconfidência Mineira, da qual se comemorava o dia de seu líder, Tiradentes, naquele dia. Ainda, porque tem tudo a ver com o debate. Os próprios debatedores concordaram (pelo menos de fachada, não sei se o sentimento interior correspondia).

Se o InfomediaTV usa de um ato isolado (louvável a meu ver) para "consolitar sua interpretação" (que interpretação?) todo um movimento de mais de 20 anos, ele está num tremendo equívoco.

5. "Durante o debate, Roberto Prado garantiu não ter recebido nenhum convite oficial para o comparecimento no fisl7.0. "
Quero ver o debate de novo. O Prado disse que foi ao debate porque foi convidado formalmente. Se não fosse convidado, por que ele iria? Ele disse que não foi convidado para outros eventos (ou pelo menos que o convite não chegou às suas mãos) de outros eventos que a Microsoft não participou.

6. "É óbvio, mas cabe ressaltar, que o InfomediaTV nada mais fez do que agir como veículo de mídia."
Já faz um tempo que não estudo mais física quântica, mas vou tentar lembrar o conceito básico: em toda observação, o observado interfere diretamente. Inclusive, direcionando e modificando os resultados. O mesmo se aplica, para qualquer ação nossa no mundo (pelo menos dos seres racionais, que não significa seres humanos :^D). Desse modo, como o InfomediaTV é composto por pessoas, que, por sua vez, tomam decisões. Essas decisões, mesmo sendo como "mídia", interfere nos acontecimentos. Resumindo, ninguém e nenhum veículo de mídia é isento e imparcial totalmente. Isso é impossível. Até mesmo porque a posição nula, não deixa de ser uma posição.

7. "Para corrigí-las o BR-Linux, que acompanhou atentamente toda a movimentação no fisl7.0, estará recebendo e selecionando 10 perguntas que serão respondidas pela Microsoft. É a chance para que sejam sanadas dúvidas que o debate inédito promovido pelo InfomediaTV não alcançou."
Só 10 perguntas para sanar dúvidas. 10 perguntas significam no máximo dez membros do Br-Linux. Acredito que o Br-Linux tenha mais de 10 membros. Mesmo que alguns tenham as mesmas dúvidas, acho pouco provável que se reduzam a 10. Ainda, o Prado não tinha limitado número de dúvidas, bem como se colocou à disposição para qualquer eu (isso quer dizer: inclusive eu) enviar e-mail, disponibilizando seu endereço eletrônico para tal fim.

8. "Agora que o diálogo foi oficialmente aberto, nada melhor do que trabalhar pela sua expansão."
Espero que isso contemple o aumento do número de questões.

Concluindo -- para definir, mas não de forma definitiva, acho que não se poderia esperar outra coisa muito diferente de quem é patrocinado pela Microsoft. Mesmo que o Brain e outros discordem disso, porque não deixa de ser uma generalização apressada, mas permitam me defender. Não estou dizendo que quem recebe patrocínio vende às suas idéias em troca das do patrocinador. Mas nesse caso específico, juntando os fatos e hipóteses levantadas com esse comunicado, até o presente momento, não posso concluir outra coisa.

Vlw.


__________________________
* http://www.criticanarede.com/subject.htm
____________________________________
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adriano
Comentário de Emerson Gomes
Imagina a cara...: Fiquei imaginando a cara do Stallman a ver uma entrevista sua sendo exibida após uma propaganda "Get the Facts"... Lamentável, mas o colega acima falou tudo.
Comentário de brain
Re: perplexidade:

1. "Isso criou situações delicadas e feriu egos."
Egos? Quem exatamente?
Ataques pessoais* não levam à nada. Da mesma forma posso dizer que comentários feitos aqui no Br-Linux, feriram egos do InfomediaTV.


... nada a comentar sobre este seu primeiro ponto. Para mim as situações delicadas estão bem claras, e inclusive vimos respostas e declarações do RMS, da ASL, além desta da Infomedia. Quanto aos egos, se for algo entre as partes, talvez fiquemos sem saber, a não ser que elas queiram explicitar.


2. "(..."essa convergência é tida por todos participantes não apenas como natural."
Os participantes foram convidados para discutir a convergência. Nada mais natural que concordem em alguma coisa de antemão, o que não garante que esta seja a verdade (nem que não seja). Apenas mais um argumento fraco.


Não entendi se você está contestando ou não. Não sou participante, mas para mim a convergência também é vista como algo natural e desejável. Delimitando: convergência propriamente dita, e não unicidade, hegemonia, monocultura, monopólio ou outros itens similares.


3. "Segundo opiniões emitidas através da CoberturaWiki do fisl7.0 (...) ou ainda, mais competente do que a Solis, a Mandriva, muito bem representada por Claudio Matsuoka, e a própria Microsoft, para falar sobre Modelos de Desenvolvimento."

Apelo à autoridade.*


Não deu de entender se você desprezou o contexto de propósito ou foi sem querer. Por garantia, vou citar o parágrafo completo que você mutilou:

"Segundo opiniões emitidas através da CoberturaWiki do fisl7.0, seria um erro não contar com a presença de membros da Free Software Foundation nas mesas mediadas pelo InfomediaTV. Discordamos por não acreditar que a FSF seja mais competente que uma empresa para discutir com outra. Ou mais competente que o governo federal, através do diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, para falar sobre interoperabilidade e certificação digital em esfera pública, ou ainda, mais competente do que a Solis, a Mandriva, muito bem representada por Claudio Matsuoka, e a própria Microsoft, para falar sobre Modelos de Desenvolvimento."

Correr para caracterizar a atitude do outro como uma falácia catalogada (essa do apelo à autoridade) às vezes prejudica o debate. Da forma como eu vejo, a Infomedia foi confrontada com um apelo à autoridade (quando um terceiro procurou argumentar que o RMS ou a FSF necessariamente deveriam estar na mesa, justamente por serem autoridades no assunto), e respondeu dizendo que a mesa já contava com autoridades apropriadas, nos assuntos específicos - e prosseguiu descrevendo as qualificações de cada um. Longe de mim imaginar que o Cesar Brod ou o Claudio Matsuoka são mais importantes para a história do software livre do que o RMS, mas para mim faz sentido considerar que quando se busca uma empresa e um desenvolvedor corrente, é possível que uma fundação e um desenvolvedor histórico não sejam necessariamente uma solução obrigatória - por mais qualificados que fossem! E mais longe de mim ainda pensar que o Infomedia, ao escrever sua resposta oficial, devesse ter escrito simplesmente "Apelo à autoridade*", dado um link para a definição desta falácia, e prosseguido com outros assuntos.


4. "Curiosamente, o guru da Free Software Foundation preferiu uma manifestação barulhenta. (...) A manifestação de Richard Stallman, porém, foi registrada, concedendo ao InfomediaTV a possibilidade de consolidar a sua interpretação do termo FREE."

Não sei quais eram as regras do FISL, muito menos do debate promovido no stand do InfomediaTV. Mas, de qualquer forma, isso ocorreu no Brasil, onde nossa Carta Magna permite manifestações populares. A manifestação do Stallmann foi muita propícia gritando "libertas quae tamem", lema da Inconfidência Mineira, da qual se comemorava o dia de seu líder, Tiradentes, naquele dia. Ainda, porque tem tudo a ver com o debate. Os próprios debatedores concordaram (pelo menos de fachada, não sei se o sentimento interior correspondia).

Se o InfomediaTV usa de um ato isolado (louvável a meu ver) para "consolitar sua interpretação" (que interpretação?) todo um movimento de mais de 20 anos, ele está num tremendo equívoco.


Também não achei que a manifestação do fundador da FSF tenha sido ilegal. Mas achei bem menos do que desejável ele ir lá gritar, descalço, na frente das câmeras de vários outros veículos.

Aplaudiria de pé se ele tivesse ido lá e pedido a palavra - principalmente por ter lido a declaração da organização do evento, afirmando que sabia desde o dia anterior que os representantes da Microsoft estariam lá. Lamento que não tenham informado o RMS, ou combinado uma participação mais organizada. Aplaudiria também se ele tivesse aguardado até o momento reservado para manifestações do público, ao final do debate, ou tivesse submetido suas perguntas por escrito, como o Manoel Pinho e o Vinicius Medina fizeram. Por outro lado, fico MUITO feliz que os usuários de software livre presentes tenham apenas achado curioso e excêntrico o comportamento do RMS, e não tenham se juntado à manifestação que ele tentou iniciar.

Você fala como se o Infomedia estivesse criticando o RMS, coisa que não leio nas palavras deles. Já eu estou criticando sim, gostaria que o RMS agisse em público de uma forma que gerasse propaganda positiva para o Software Livre em todas as frentes - embora entenda os motivos e limitações auto-impostas que o impedem.

E isso não diminui o respeito que sinto pelas coisas que ele faz bem, incluindo o papel de farol e bússola. Mas gostaria que ele tivesse mandado perguntas contundentes, por escrito, e tivesse deixado o representante da Microsoft sem resposta. Gostaria que ele tivesse promovido um debate paralelo, no mesmo momento ou em outro - mas ainda durante o FISL-, e tivesse obtido a mesma atenção da mídia tecnológica nacional (esperei até o final do evento por isto, e não posso acreditar que a organização tenha perdido essa oportunidade de ouro). Gostaria que ele não tivesse ido gritar, descalço, na frente da tribuna alheia e de várias câmeras ligadas - por mais que alguma razão para isso o assistisse, e que houvesse alguma similaridade com a História do país. Mas essa é uma posição minha, e não acho que você tenha que compartilhar.



5. "Durante o debate, Roberto Prado garantiu não ter recebido nenhum convite oficial para o comparecimento no fisl7.0. "

Quero ver o debate de novo. O Prado disse que foi ao debate porque foi convidado formalmente. Se não fosse convidado, por que ele iria? Ele disse que não foi convidado para outros eventos (ou pelo menos que o convite não chegou às suas mãos) de outros eventos que a Microsoft não participou.


Aqui o contexto é outro. Prado veio para o debate do InfomediaTV, a convite, e disse no ar que verificou junto aos promotores do FISL se seria bem-vindo. O que se afirma - e ele nega ter recebido este convite - é que ele também teria sido convidado pela organzação do FISL, para trazer a Microsoft ao evento, e não ao estande de um participante.

O que eu vejo de mais interessante aí é que a organização do evento também tinha interesse na presença da empresa lá, tanto que diz tê-la convidado. Espero que no ano que vem isso funcione melhor, e toda a comunidade tenha oportunidade de entrar no estande da Microsoft no FISL e crivar de perguntas os engravatados lá dentro ;-) Isso sem contar na óbvia conseqüencia de dinheiro da Microsoft passar a bancar o maior evento da comunidade nacional.


6. "É óbvio, mas cabe ressaltar, que o InfomediaTV nada mais fez do que agir como veículo de mídia."

Já faz um tempo que não estudo mais física quântica, mas vou tentar lembrar o conceito básico: em toda observação, o observado interfere diretamente. Inclusive, direcionando e modificando os resultados. O mesmo se aplica, para qualquer ação nossa no mundo (pelo menos dos seres racionais, que não significa seres humanos :^D). Desse modo, como o InfomediaTV é composto por pessoas, que, por sua vez, tomam decisões. Essas decisões, mesmo sendo como "mídia", interfere nos acontecimentos. Resumindo, ninguém e nenhum veículo de mídia é isento e imparcial totalmente. Isso é impossível. Até mesmo porque a posição nula, não deixa de ser uma posição.


Concordo plenamente. O BR-Linux, como veículo de mídia, é apenas um humilde blog amador. Ainda assim, busco iniciativas similares: se acredito na importância da busca do diálogo, procuro viabilizá-la. E não perdi a chance de conseguir agendar uma entrevista (para a qual você também pode me fornecer perguntas) com os mesmos representantes da MS que estiveram no FISL.


7. "Para corrigí-las o BR-Linux, que acompanhou atentamente toda a movimentação no fisl7.0, estará recebendo e selecionando 10 perguntas que serão respondidas pela Microsoft. É a chance para que sejam sanadas dúvidas que o debate inédito promovido pelo InfomediaTV não alcançou."

Só 10 perguntas para sanar dúvidas. 10 perguntas significam no máximo dez membros do Br-Linux. Acredito que o Br-Linux tenha mais de 10 membros. Mesmo que alguns tenham as mesmas dúvidas, acho pouco provável que se reduzam a 10. Ainda, o Prado não tinha limitado número de dúvidas, bem como se colocou à disposição para qualquer eu (isso quer dizer: inclusive eu) enviar e-mail, disponibilizando seu endereço eletrônico para tal fim.


Aí são duas meias-verdades que não perfazem uma verdade inteira. Em primeiro lugar, não ficou definido o número de perguntas. Falou-se em 10, eu mesmo passei esse número pro InfomediaTV quando me entrevistaram por telefone, mas esse número não prevaleceu.

Outro detalhe é que são os próprios leitores que vão escolher, via votos de moderação, quais as perguntas que serão enviadas, supondo que haja mais do que o número que eu venha a estabelecer como limite para uma entrevista bem-sucedida.


8. "Agora que o diálogo foi oficialmente aberto, nada melhor do que trabalhar pela sua expansão."

Espero que isso contemple o aumento do número de questões.


E eu espero que esta minha entrevista não seja vista como a única continuação do diálogo que foi aberto. Mantenho apenas o BR-Linux, muitos outros órgãos da comunidade poderiam (e deveriam, até) procurar suas próprias pontes, se não tiverem interesse em continuar no isolamento, ou se não quiserem fingir que a oportunidade de melhor entendimento de nossos principais oponentes são ameaças à pureza de nossos ideais.


Concluindo -- para definir, mas não de forma definitiva, acho que não se poderia esperar outra coisa muito diferente de quem é patrocinado pela Microsoft. Mesmo que o Brain e outros discordem disso, porque não deixa de ser uma generalização apressada, mas permitam me defender. Não estou dizendo que quem recebe patrocínio vende às suas idéias em troca das do patrocinador. Mas nesse caso específico, juntando os fatos e hipóteses levantadas com esse comunicado, até o presente momento, não posso concluir outra coisa.


Suas conclusões são suas, e são livres. Eu jamais aceitaria patrocínio da Microsoft, e até acho que aceitar esse patrocínio seja mesmo uma mácula. Ao mesmo tempo, não repilo os órgãos de comunicação ou de outra natureza que aceitaram se macular desta forma. Por exemplo, não acho que a postura editorial da Linux Magazine tenha se modificado ou seja menos favorável a nós depois que ela passou a exibir propaganda da MS. Não acho nada de pior sobre a ASL por ela declarar publicamente que convidou a MS para ser participante neste fórum, e que já o fazia em anos anteriores. E nem acho que ela mudaria sua postura para pior se a Microsoft tivesse ficado sabendo do convite, ou se tivesse aceito.

No caso do InfomediaTV, a situação é ainda mais específica: trata-se de um veículo especializado em TI, e não em software livre. Fico muito feliz que eles dediquem bastante espaço ao software livre, mas não me passa pela cabeça exigir que eles renunciem a qualquer outro patrocinador ou pauta se quiserem dar cobertura de mídia ao software livre.

Por outro lado, eu ficaria MUITO feliz se houvesse mais veículos colocando programação de video com regularidade (e se possível também na TV, ainda que em canais segmentados e só nos grandes centros do país, como o Infomedia faz) e dedicando-se exclusivamente ao software livre. Há muito torço para que alguma iniciativa neste sentido se viabilize. E certamente darei o mesmo apoio que dou ao Infomedia aqui no BR-Linux. O negócio é que não há ainda.
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