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Ficção: Linus na Microsoft em 2008

Tango (vasconcelos[a]gmail.com) enviou este link e acrescentou: "Originalmente publicado no Slashdot.org, a Wired escreveu um artigo (em inglês) sobre um suposto email que o funcionário da Microsoft Linus Torvalds escreve para Bill Gates, reclamando da mentalidade retrógrada "pré-2005" do Steve Ballmer, que estaria tentando retomar a tática de monopólio ao invés de apoiar o novo produto da empresa, o WinX (pronuncia-se "winks"), um tipo de X server que roda sobre um kernel Linux.   Um trecho interessante: "Todos ao redor de Steve classificaram o Firefox como irrelevante. Mas o Firefox mostrou às pessoas que é possível substituir partes de um desktop Windows por software open source. Essa foi a primeira fenda na fachada. Vocês eram especialistas em dissolver setores inteiros da indústria para proteger o SO. Mas como iriam fazer contra produtos que eram gratuitos? Não posso negar que vejo uma certa poesia neste dilema.""

Comentários dos leitores

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Comentário de Henrique Vicente.
Erro de tradução: Houve um erro na tradução acima de livre para gratis no texto acima... possivelmente o autor não interpretou o trecho do texto corretamente ou confundiu o sentido da palavra free nesse caso :)
Comentário de RATCida
Sonho meu...: ...o caminho da esperança é o sonho meu (ou melhor viagem minha).
Comentário de Heitor Moraes
Num sei não. Parece bem lóg: Num sei não. Parece bem lógico traduzir como gratis.
É só lembrar que a técnica da MS pra derrubar todo mundo era conquistar o mercado com produtos de baixa qualidade e gratis.
Se o concorrente tem qualidade superior e as mesmas virtudes, ela não consegue competir.


In a world without wall and fences, who needs windows and ga0tes?
Comentário de vmedina
Muito Legal!: Achei muito interessante este texto.
Parabéns para o autor.
O convite do Bill para o Linus foi super legal: "Venha infectar a nave-mãe".
É interessante também para mostrar a MS o que ela pode estar deixando passar. Usar o WinX seria REALMENTE a opção de várias pessoas mundo a fora.
Quem sabe se a microsoft tivesse foco só em Interfaces gráficas e aplicativos para desktop para qualqer tipo de OS ao invés de ficar no monopólio de tudo na informática ela não seria mais bem sucedida? Poderia até abrir partes das interfaces e aplicativos dela para uso em projetos de código aberto. Tio bill deveria pensar nisso.

Afinal... Resitir é fútil! :)


Comentário de RATCida
OPS: Esqueci: Quem não é de São Paulo acha que eu boiei no comentário acima, esta era uma música que tocava numa propaganda do governo do estado para falar do programa de habitações populares que, à época, chamava-se "Sonho Meu".
Comentário de Spook
Sinceramente... acho que o Ti: Sinceramente... acho que o Tio Bill não arriscaria nisto se não precisasse realmente... as coisas ainda continuam muito boas pra ele do jeito que está
Comentário de vmedina
E quem perde nisso...: ...é ele mesmo. Com um sistema estável como o Linux e um desktop difundido como o Windows ele realmente poderia conquistar muita coisa e melhorar o OS dele.
Mas ele prefere brigar a cooperar.
Comentário de Anônimo
Tradução livre: Do escritório de Linus Torvalds
DATA: 31 de outubro de 2008
PARA: BILL
DE: LINUS
ASSUNTO: O Steve prejudica o WinX?

Quando fui contratado há três anos, deixei claro que sempre falo o que me dá na telha, independentemente das conseqüências. Você disse que toda vez que batesse de frente com o Steve ou com seu pessoal, era para avisá-lo. Pois, então, aqui vai (de novo).

Após todos os conflitos técnicos e estratágicos que tivemos, aposto como nunca imaginou que estaríamos nos apertando os pescoços por uma questão de pronúncia. Mas o fato é que, quando o Steve vai a uma reunião, como aconteceu ontem, e pronuncia nosso sistema de desktop "Winux", ele arrisca não só minha reputação pessoal, como--mais importante--o fundamento de nossa abordagem de negócios e de software na próxima década. O sistema desktop não se pronucia "Winux", como em "Linux". Eles sabe muito bem que WinX se pronuncia "winks" [rugas em inglês].

Por que isso é importante? Porque o nome WinX não foi escolhido a esmo. Ele foi criado deliberadamente para expressar a estratégia baseada na maratona de 24 meses empreendida pela engenharia da Microsoft. Criamos um desktop Windows e um framework de aplicações em torno do sistema operacional Linux e os dois lados desta equação--software livre e software proprietário--são necessários para nosso plano de continuidade do trabalho. Ao falar do "Winux", Steve anula a distinção entre Linux e WinX. Pior, ele passa a impressão de que nos apoderamos do Linux nossos proveito próprio. Isso deixa a comunidade de desenvolvimento furiosa, reduz as contribuições dos programadores e cria um ruído imenso sem necessidade.

O Steve prefere arruinar as bases do WinX porque nunca o apoiou de verdade. Mesmo depois de admitir que eu estava certo e de se posicionar para reivindicar um papel de liderança, ele parece pensar que podemos voltar ao poder dos dias de monopólio. Eu sei que você disse que não iria mais fazer o papel de árbitro entre nós, mas quero deixar registrada minha versão porque mais cedo ou mais tarde isso vai acabar chegando no conselho de administração.

Quando me procuraram pela primeira vez, vocês tinham uma dúzia de estratégias variadas para combater a ameaça do software livre contra a Microsoft. O Steve estava com sua campanha "Get the Facts" na rua, explicando como o Windows era mais barato, rápido e seguro que o Linux. Enquanto isso, ele, velada e sorrateiramente, ameaçava golpear duramente a indústria com uma saraivada de patentes. Em outras palavras, eles dizia, "Nossos produtos são melhores. Se não comprá-los, acabamos com você". Não sei se isso é jeito de fazer amigos e influenciar pessoas, mas o Steve é assim mesmo, não é?

Isso não ia dar certo nunca--e não deu, por que os gerentes de TI acabavam lendo mesmo os tais estudos. Hoje o Steve diz que ele só estava ganhando tempo para que a estratégia WinX da Microsoft amadurecesse. Toda vez que eu o lembro de que ele era totalmente anti-Linux nos idos de 2005, ele diz que meu problema é que sou incapaz de dar conta de mais de uma tarefa por vez e que isso é ruim para o que ele chama de "ambiente dos grandes negócios".

"Quem foi que teve a idéia de contratar você, Linus?" Diz ele, rindo. Isso é verdade, Bill? Você sempre me disse que a idéia tinha sido sua.

Se ele estiver dizendo a verdade, e vocês já tinham bolado a coisa toda do WinX, então ele é um grande ator, eu dou a ele razão. Porque o parecia mesmo é que o Steve tinha perdido contato com a realidade. Ele saía por aí dizendo que não havia adoção significativa de software livre em lugar nenhum e que o Windows nunca tinha sido tão forte. Mas a maioria dos servidores Web do mundo rodavam Apache, MySQL e PHP--tudo software livre. Aí veio a primeira queda de participação de mercado do Explorer, já que os usuários começaram a migrar para o Firefox. Enquanto isso, a Web oferecia software livre que replicava todos os recursos básicos do Microsoft Office, de graça. Com quase 50 porcento do lucros da empresa vindo do Windows e quase 40 porcento de aplicações como Office, software livre estava mirando no coração do nosso--bem, vosso--negócio.

Todo o pessoal do Steve esnobou o Firefox. Mas o Firefox ensinou às pessoa que elas poderiam trocar partes do desktop Windows por software livre. Isso abriu uma brecha a fachada até então intacta. Vocês foram especialistas em desmonetizar setores inteiros da indústria para proteger seu SO. Mas como fazer isso contra produtos gratuitos? Não posso negar que achei uma certa poesia nesse dilema.

Lá em 2005, ninguém de fora da Microsoft--e lembrem, eu não era da Microsoft ainda--imaginaria sequer que o Steve estaria ganhando tempo enquanto fazia guerra contra o software livre. Aquela algazarra toda só o fazia parecer aterrorizado. Na comunidade de software livre, achávamos que estaríamos prontos para uma alternativa de desktop completa quando o "Longtime" saiu. Todos os meses fazíamos melhorias nas ferramentas de software livre formando um imenso upgrade.

Penso que no fim não ligo mesmo se o Steve diz ser um gênio da estratégia. Enquanto duvide que ele estava só ganhando tempo, aceito que ele estivesse se protegendo. É isso--o Steve estava se garantindo.

Quanto a mim, eu pensava estar exigindo demais. Fiquei pasmo quando vocês aceitaram a GPL obrigando todas as suas contribuições no nível do sistema operacional a permanecer livres. Vocês foram honestos no seu lado da barganha e ganharam meu respeito. Vocês nunca me fizeram alterar meu objetivo, que era dominar o mundo com Linux. Nunca vou me esquecer do que você disse: "Linus, venha infectar a nave-mãe". Para mim esse foi o melhor chamado de recrutamento jamais proferido. Nós dois fomos muito criticados pelos nossos partidários, mas veja o que conseguimos. O mundo todo usa software que não é um porre! Espero que você não pense que estou sendo arrogante, Bill, quando sugiro que você teve de dividir um pouco da sua glória comigo.

O Steve fala que eu sou paranóico, que ele só está brincando quando fala "Winux", e que antes eu nem ligava. É verdade. No começo a brincadeira era engraçada. Mas o pessoal do Longtime detestava ouvi-lo dizer "Winux" porque eles entendiam imediatamente que um SO aberto iria sufocar o projeto deles. Ao desmoralizar a liderança do Longtime, ele facilitou para nós aproveitar os melhores programadores do Longtime no trabalho crucial de clonar os recursos e facilidades do sistema para dentro do WinX. (Naquela época, eu me vingava me misturando com os amigos do Steve no Longtime, sussurando com meu sotaque característico: "Nós somos o Borg. Vocês serão assimilados. Sua distinção biológica e tecnológica será adicionada à nossa. Resistir é fútil". Eles odiavam.)

Mas agora é hora de agir como adultos. Provamos que os usuários não dão bola para o SO que roda sob a superfície. Eles se preocupam com a confiabilidade e a segurança de seu ambiente, com o investimento que fizeram aprendendo como usar seus computadores e com as facilidades de suas aplicações. Estamos dando SO de graça enquanto vendemos WinX, estabilizando a participação de mercado em 70. Antes era 90 porcento.

No antigo modelo de negócios isso teria sido catastrófico. Como vocês dependiam principalmente do monopólio do SO, qualquer demonstração de que havia alternativa teria feito a empresa inteira implodir. Mas neste novo sistema, quanto mais o mercado compete, melhor é para nós. O risco de uma debandada maciça é zero porque estamos focados em atender os consumidores em vez de empurrá-los para os upgrades. E ainda que não possamos cobrar o "imposto do monopólio", somos ainda uma empresa dominante sob todos os aspectos, ganhando com quaisquer expansões de mercado. Nós até ganhamos algum impulso na China.

Enquanto isso, o Steve ainda está amarrado à mentalidade de 2005. Ele parece acreditar secretamente que, agora que o sistema operacional é aberto, vamos falir e entregar nossos cargos aos acionistas ou entrar para o mercado de hardware e começar a lançar satélites comerciais ou coisa assim. Parece até que ele não põe fé em sua própria empresa. Você precisa dar uma força a ele, porque o medo dele é contagioso. É, o monopólio do SO já era, e não há nada que possamos fazer. Assim que o Steve cair na real, vai ter os olhos abertos para o quanto ainda temos força.

Os dois últimos trimestres mostram que só crescemos. Com um sistema operacional universal e aberto, os usuários desfrutam da intefarce familiar que a Microsoft vende. Temos uma suíte de aplicações que funciona muito integrada. Temos um framework de desenvolvimento de aplicações que encoraja todos da indústria a escrever aplicações que se integram em nossa suíte de desktop--e aumenta o mercado do WinX. O dinheiro economizado pelos clientes como o SO gratuito é gasto comprando nossa interface de desktop e nossas aplicações proprietários que rodam nele, sem falar dos contratos de serviço e extensão de licenças de upgrade. Até mesmo a competição no software livre está mais fraca porque a energia poderosa que era devotada para tentar derrotar a Microsoft é canalizada para melhorias no SO, do qual nos beneficiamos. Veja deste modo: os programadores de software livre estão trabalhando para nós, agora.

É, eu sei que as empresas independentes de software dominam centenas de pequenos mercados, bem como todo o mercado de compartilhamento ilegal de arquivos. Mas quando o assunto é desktop para o usuário comum, WinX está se tornando o novo padrão. Entre os que sabem como a indústria funciona, a frase "software livre é uma ameaça à Microsoft" soa quase inaudível.

Você entende agora por que a pronúncia é importante? WinX roda o desktop por cima de SO aberto. Não é Winux versus Linux, é WinX mais Linux. Esta é a essência de nossa estratégia. Precisamos do pessoal do software livre, e não queremos que nos antagonizem.

Obviamente, o Steve não entende. Ele quer voltar de novo para o mundo proprietário, ou pelo menos híbrido. Ele já está falando até em programar mudanças regulares no WinX para que os desenvolvedores de aplicações não-Microsoft que queiram integrar-se em nosso desktop fiquem sempre um passo atrás. "Vamos fazer esses caras puxar mala sem alça novamente". Ele disse ontem.

Finalmente, se você acha que a fusão Sony-Disney-MS é importante, é melhor tapar a boca do Steve. Se a indústria de entrenimento desconfiar que estamos usando o WinX para controlar o acesso de seus clientes, eles vão nos abandoar e criar seus próprios desktops abertos. Não temos mais o controle exclusivo e não podemos agir como se tivéssemos. Quando toquei no assunto, o Steve respondeu com sua velha ameaça de criar uma guerra total via patentes, o que só mostra o quão parado no tempo ele está. Ele ainda acredita numa Pax Microsoftiana, em que você e ele reinem benevolentemente sobre um império de usuários cativos e felizes. O Steve me dá medo, Bill. Ele simplesmente não quer aceitar o que estamos fazendo.
Comentário de Tango
Ou não: Imagino que, como todos os escolados em software livre aqui, você esteja se referindo à possibilidade da real tradução do significado de "free" no texto seja "livre" e não "grátis". Também ocorre comigo sempre que eu leio esta palavra.

No ponto em questão, Linus diz a Bill que "(...) o Firefox mostrou às pessoas (...)". "As pessoas" no caso, e pelo menos no meu ponto de vista, são usuários domésticos, frequentemente leigos. Para estes usuários, não importa de o Xorg vem com 40MB de códigos-fontes, que ele pode modificar à vontade: ele não irá fazê-lo. O que atrairá o usuário "mid-level" no software livre será o tamanho do rombo no caixa dele quando chegar a fatura do cartão de crédito.

Por este motivo acredito piamente que o uso da palavra "grátis" feito por mim na tradução em questão é mais apropriado que um "free as in speech".

De qualquer forma, minha intenção ao enviar a notícia não foi mostrar minha perícia com a língua inglesa, mas chamá-los a atenção para um texto hilários, mas composto de possibilidades extremamente plausíveis para um futuro próximo.

--
Meu cérebro funciona como um raio: um flash brilhante e já era.
Comentário de Anônimo
Correção, winks não é rug: Correção, winks não é rugas em inglês. É piscadela ;) e outros significados, como "fazer que não viu". Aliás, o texto original está cheio de ironias, trocadilhos (Steve's Longtime friends), caricaturas e piadas. Começa com Steve Ballmer prounciando "Winux", que se parece com a maneira como o Hortelino Trocaletra (na versão em inglês) falaria "Linux" (talvez seja essa gozação sutil que deixa o Linus tão injuriado, na verdade). Ainda há referências ao MacOS X, e muito mais.
Comentário de CWagner
Tem resposta?: A minha veia criativa surtou há muito tempo, mas às vezes tento dar uns choques pra ver se ela ressuscita, e vendo esse texto traduzido pensei logo em como seria a resposta do Bill Gate$ ao Linus. Terminaria com uma carta de demissão? De quem? do Steve ou do Linus?
Comentário de juca
Perdendo o quê?: Pra quem acha que a Micro$oft está perdendo alguma coisa, é bom dar uma olhadinha nisto aqui.
Bill Gates já revelou ser alguém que sabe se adaptar às situações e voltar atrás em certos pontos. Pra quem já era vivo em 95, é bom lembrar que ele não apostava nada na Internet, pois achava que sua rede MSN iria dominar o mercado. Conseguiu dar a volta por cima com o ruindows 98, à custa de muito marketing (é bom lembrar que a principal contratação da M$ naquela época foi a gerente de marketing .... da Avon).
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