Após manter silêncio durante quase duas semanas após o início da
controvérsia em torno do cancelamento da licença gratuita do BitKeeper (software de código fechado utilizado até recentemente para gerenciar o código fonte do kernel Linux), motivado pela alegada quebra dos termos da licença por Andrew Tridgell ao tentar desenvolver um sistema livre compatível, chegou a vez do co-autor do Samba dar sua versão. E nesta
notícia da ZDNet Australia, Tridgell dá alguns detalhes sobre o que ele realmente fez, e por que. Em resumo, sua versão é consistente com a informação anterior de que ele não é nem foi usuário do BitKeeper, não estando portanto sujeito aos seus termos de licença ou a qualquer acordo de serviço ou suporte. Consta que o que ele realmente fez foi abrir uma sessão 'telnet' para a porta 5000 (específica do BitKeeper) em um servidor, digitar o comando 'help' e estudar as informações exibidas pelo mesmo. Em seguida, ele teria usado um equivalente ao comando
echo clone | nc thunk.org 5000 > e2fsprogs.dat.
Ele fez engenharia reversa? Certamente, usando ferramentas acessíveis a qualquer um. Ele violou algum termo de uso ou contrato? Aparentemente não. Mesmo assim, o autor do BitKeeper tem todo o direito de rescindir a licença que concedeu gratuitamente - esta é uma característica dos softwares proprietários (exceto quando a licença ou contrato de uso estabelecem algo diferente). Até mesmo licenças livres costumam ter condições que forçam sua rescisão - a GPL não é exceção. Não sou contra o uso de softwares proprietários em qualquer situação, mas acredito que a seleção (ou desenvolvimento) de um software livre para esta mesma função seja um bom subproduto desta confusão toda.
Mas muitos dos detalhes, inclusive a razão do prolongado silêncio de Tridgell, ainda estão em aberto. Vamos continuar aguardando uma conclusão.