Completando a primeira semana de ênfase nas resenhas de software aqui no BR-Linux, preparei uma resenha incomum, por envolver diversos softwares proprietários e que nem sempre são associados ao Linux: rodei o Microsoft 2000 e o Adobe Photoshop 7 no Linux com auxílio do
CodeWeavers Crossover Office Professional 5.0. A CodeWeavers contribui com bastante código livre para o projeto Wine, o qual forma a base de sua linha CrossOver. Eu ganhei a minha licença do Crossover 5.0 em um evento no final do ano passado (vale a pena manter sites de informática! ;-) ), mas ele não é um software livre, estando à venda por US$ 70,00 no site da empresa. As licenças do Adobe Photoshop e do Microsoft Word são bem mais caras que isso (para comprar as versões corretes de ambos hoje na Brasoftware, eu gastaria hoje pelo menos R$ 2.200,00), mas felizmente eu dispunha de licenças de versões antigas de ambos os softwares "dando sopa" aqui no laboratório para permitir esta análise.
O Crossover,
baseado no Wine, não é um emulador mas sim uma reimplementação das chamadas de sistema do Windows e bibliotecas associadas. Por isso, a perda de desempenho ao executar estes aplicativos não é tão grande quanto pode parecer para quem nunca experimentou rodá-los desta forma. Ainda assim, não recomendo o uso destes aplicativos de código fechado a quem tenha escolha de substitui-los por softwares livres para a mesma função (como o OpenOffice.org, KOffice, Gimp e Krita, para citar alguns). Entretanto, há situações em que não há escolha, e poder executá-los sobre sistema operacional livre (como fez a Disney Animation, que deixou de gastar US$ 100.000 em licenças ao adotar a dupla Linux + Crossover como suporte aos aplicativos proprietários usados na empresa) pode ser uma boa solução de transição.
Quase tudo que menciono nesta resenha pode ser feito também usando o Wine "puro" (em boa parte graças a código doado ao projeto pela própria CodeWeavers) Entretanto, o Crossover acrescenta algumas características de automação e integração que podem ser interessantes a uma parcela dos usuários.
Veja abaixo a resenha completa com várias ilustrações - incluindo uma screenshot do Photoshop que dedico a quem reclamou de "falta de seriedade" na minha escolha de ilustração para a resenha do Gimp publicada durante a semana ;-)
Cabe frisar que este texto é uma resenha, e não um tutorial. O Crossover vem acompanhado de excelente documentação, e nem me passa pela cabeça escrever neste momento algum manual referente ao MS Office ou ao Adobe Photoshop ;-)
Instalar o Crossover é muito simples. O CD veio com vários diretórios contendo pacotes diferenciados, em formato deb (empacotado para Debian e Xandros), RPM e em um instalador baseado no Loki Installer. Optei pela alternativa independente de plataforma e instalei com o Loki, emitindo o comando:
sh install-crossover-pro-5.0.1.sh (não é necessário ser root). O sistema se descompactou, abriu uma janela oferecendo algumas opções comuns (diretório de instalação, etc.) e rapidamente eu estava com o sistema instalado e pronto para configurar.
No interesse de uma resenha completa, passeei pela janelas da interface de configuração (que permite instalar novas fontes TTF, alterar associações de tipos de arquivo, rodar programas do "painel de controle" do Windows falso, etc.), mas não encontrei nada que precisasse ser alterado - a configuração default era plenamente satisfatória. Ativei imediatamente, então, a interface de instalação de programas, mostrada acima. Ela mostra a lista dos programas oficialmente suportados pela Codeweavers e permite escolher qual deles queremos instalar - ou ativar uma opção para instalação de qualquer outro programa não suportado. Selecionei o Microsoft Office 2000, inseri o CD e pressionei "Next". Em segundos ouvi o conhecido som de inicialização do Windows, e surgiu uma janela do Windows Installer me guiando na instalação do Office 2000, que não tive dificuldade de realizar. O Crossover simula até mesmoo reboot do Windows (lembre-se que não se trata de uma máquina virtual, mas mesmo assim há informações de status que podem ser mantidas, e procedimentos de boot dos quais o Windows Installer depende). A instalação foi bem sucedida, sem qualquer mensagem de erro ou alerta. Ao final dela, os ícones criados pelo aplicativo estavam presentes em meu desktop, e as entradas nos menus e associações de tipos de arquivos do KDE foram criadas automaticamente - o que também aconteceria no GNOME, se eu o usasse.
O Crossover suporta oficialmente uma série de aplicativos, incluindo Microsoft Office 2003, XP, 2000 e 97, Access (do Office 2000 somente), Project, Photoshop, Visio 2000, Lotus Notes (5.0 e 6.5.1), ITunes, FrameMaker, diversos plugins de navegador e muito mais. Antes de comprar, entretanto, confira a tabela completa de suporte no site do produtor. Há também uma
tabela de software reportado como compatível mesmo não tendo suporte da CodeWeavers, incluindo muitos programas que podem ser do interesse de uma parcela dos usuários.
Testando
A instalação do Office gerou um ícone do Internet Explorer em meu ambiente de trabalho, e não consegui resistir à tentação de clicar nele, para ver a janela exibida abaixo:
Naturalmente cliquei no 'Não', e logo pude ver o site do MSN exibido em toda a sua glória no IE. Carreguei o BR-Linux para ver se funcionava de verdade, e de fato estava tudo Ok:
Passei então ao Office, cujas entradas estavam disponíveis no menu do KDE. Comecei pelo Word, e rapidamente criei e formatei um documento de teste, abri um arquivo DOC com macros que estava separado justamente para esta ocasião, ativei o corretor ortográfico e gramatical em português, inseri um WordArt, e "brinquei" com várias opções, sem sustos ou travamentos, embora o desempenho também não fosse sensacional (mas confesso que não saberia comparar com o Office rodando nativamente no Windows, pois não é uma experiência freqüente para mim).
No Powerpoint e no Excel tive experiência similar, sem nada digno de relato específico: tudo que eu testei funcionou, com desempenho satisfatório e sem maiores contratempos.
Procurei então no fundo da gaveta de CDs antigos uma cópia jurássica do Adobe Photoshop 7, inseri no drive e rodei novamente a interface de instalação do Crossover. Selecionei a opção do Photoshop 7, e aceitei. Em instantes estava vendo uma interface típica de instaladores em ambientes Windows, e pressionando "Next" sem parar ;-)
Não saberia o que testar no Photoshop, pois não domino este aplicativo, mas não resisti à tentação de abrir um clipart em homenagem a quem reclamou de "falta de seriedade" na minha seleção de ilustração para a resenha do Gimp publicada aqui no BR-Linux durante a semana ;-)
Por falar nele, note que o Gimp está ali ao lado do Photoshop na screenshot acima ;-)
Concluindo esta breve resenha, posso afirmar que o Crossover realmente funciona, ao menos em conjunto com os aplicativos oficialmente suportados pela Codeweavers. Você pode fazer a mesma coisa com o Wine "puro", mas o valor da comodidade e alguns recursos avançados do Crossover (especialmente em ambiente corporativo) talvez compensem seu preço - pelo menos para algumas pessoas e organizações que já disponham de licenças dos aplicativos e pensam em iniciar uma migração para ambientes livres.
Agora uma coisa, nao foram criados atalhos para as aplicações e para eu rodar o algum programa do office tenho q ir em executar comandos do windows...
Qual a maneira para se criar atalhos para os programas win instalados??