O idealizador do projeto One laptop per child, Nicholas Negroponte, disse que o governo brasileiro já acertou a distribuição de um milhão de computadores portáteis de US$ 100 para escolas públicas já em 2007. Negroponte, ex-diretor do Media Lab do MIT, reuniu-se na quarta-feira (8) com assessores do presidente Lula para discutir o projeto. Segundo César Alvarez, assessor do Planalto, o governo deve reservar verba no Orçamento 2007 para a compra dos computadores de US$ 100. O governo negocia com Negroponte uma alternativa para produzir no Brasil este equipamento. Não há consenso, no entanto, se o país tem tecnologia suficiente para produzir o laptop de US$ 100. Veja o texto completo em
INFO Online - Plantão Info - Governo quer um milhão de laptops de US$ 100.
Desconsiderando a questão do gasto de R$ 100 milhões num país que tem uma série de outras prioridades educacionais, essa decisão é mais um exemplo prática recorrente de centrar a política de educação na aquisição de recursos.
Ou seja, compram-se coisas, sem saber se as comunidades escolares a quem esses recursos se destinam têm esse tipo de demanda. E o pior: esse tipo de política é executada sem a a inserção em qualquer tipo de projeto pedagógico. Trocando em mídos, faremos a compra, e depois veremos o que podemos fazer com o recurso.
As escolas precisam de laptops de US$ 100,00 para cada criança?
Como um país que tem a educação como prioridade fundamental pode ter suas crianças em escolas que funcionam em períodos em média de apenas quatro horas? Darcy Ribeiro chamava isso de escola-motel, que funciona por período.
Como podemos ter uma educação pública de verdade enquanto um educador é responsável por turmas em média de 40 alunos?
O que fazer com alunos que passam três ou quatro anos no ensino fundamental sem sequer serem alfabetizados?
Laptops de US$ 100,00 são muito bonitos e muito interessantes. Entretanto, não vemos disscussões sérias sobre ampliação do horário letivo com apliação de recursos pedagógicos, nem sobre a redução da relação educador/aluno, nem sobre a efetiva implantação dos ciclos no ensino fundamental, nem sobre a real inclusão de todas a crianças nesse processo.
E é esse tipo de manchete que eu gostaria de ver: "Governo faz planejamento para salas de aula com 20 alunos." Ou então: "Educação pública muda para alfabetizar todos os aluns do ensino fundamental".
[]'s a todos!
Zozer
zozer em ventosolar ponto com ponto br
Obs.: A ampliação da jornada de 4 para 5 horas na prefeitura de São Paulo está sendo feita sem qualquer acréscimo de recursos, tanto materiais quanto humanos. Ou seja, as escolas estão com alunos por 5 horas, e não fazem idéia do que fazer com eles nessa hora a mais. :-(