O site LinuxWatch, mantido por Steven J. Vaughan-Nichols, publicou um artigo aprofundando a questão referente ao uso da GPLv3, ainda em elaboração pela FSF, para licenciar o Kernel do Linux. De acordo com o artigo, Torvalds, em outra mensagem para a LKML (Linux Kernel Mailing List), deixou um pouco mais clara a sua posição: 'Eu não estou argumentando contra a GPLv3. Estou dizendo que a GPLv3 é errada para mim, e não é a licença que eu escolhi.'
O artigo ainda trata das questões sobre DRM que constam do rascunho da GPLv3, sobre as quais Torvalds tem a opinião de que elas são mais adequadas no contexto das licenças Creative Commons, conforme trecho de uma mensagem citada no texto do Vaughan-Nichols: 'Eu particularmente acho que a cláusula anti-DRM é muito mais sensível no contexto das licenças Creative Commons, do que em licenças de software. Se você cria um conteúdo valioso e útil que outras pessoas desejam usar (música legal, animações divertidas, bons ícones), eu sugiro que você proteja este conteúdo dizendo que ele não pode ser usado em nenhum esquema de proteção de conteúdo (
)' Além disso, o Linux Watch cita uma resposta de Torvalds, em entrevista ao site, na qual ele não descarta a possibilidade do Kernel vir a ser licenciado sob a GPLv3, apesar de ter em mente os benefícios e impactos desta decisão. Veja o texto completo em
Linux Daily Log » Linus Torvalds: Estou dizendo que a GPLv3 é errada para mim
.
O artigo do Linux Daily Log termina com a análise do autor, André Moraes:
Ainda de acordo com o artigo, se esta restrição for retirada da GPLv3, ainda que existam problemas práticos, o Kernel poderia ser licenciado sob a nova versão.
Na minha opinião, a comunidade está exigindo que Torvalds tenha uma opinião formada e definitiva sobre algo que está em discussão. Pelo que tenho lido, ele tem o mesmo tipo de dúvidas que cada um de nós tem e emite suas opiniões à sua maneira, afinal, a maioria de nós está tentando entender o que está escrito no rascunho corrente e estamos todos interessados em como a discussão vai se encaminhar, já que grande parte dos softwares que utilizamos estão sob a GPL ou LGPL e serão afetados pela atualização.
Além disso, não creio que a FSF vá gerar uma licença que tenha tal impacto sobre binários assinados digitalmente: a assinatura digital é uma ferramenta essencial para garantir a segurança de estações e servidores. Não seria uma medida inteligente fazer com que o desenvolvedor tenha que escolher entre não assinar determinado pacote ou assinar e disponibilizar a chave, permitindo que alguém que tente embutir um cavalo-de-tróia em um binário, por exemplo, possa fazê-lo e assiná-lo como se fosse o autor original, com todas as conseqüências que decorrem dessa possibilidade.
Já analisamos parte destas novas declarações de Linus Torvalds em uma
notícia de domingo no BR-Linux.