Conforme
anunciei no final da semana passada, estou aproveitando uma série de circunstâncias favoráveis para testar uma das distribuições de Linux mais comentadas de 2005: o Ubuntu. Continuo usuário satisfeito do KDE e do SUSE, mas a disponibilidade temporária de um notebook me permitiu realizar este teste em condições reais de operação, portanto estou aproveitando.
Uma análise escrita por um usuário acostumado a outra distribuição pode ter seus desvios, portanto leve isto em conta. Mas até o momento a realidade desta distribuição derivada do Debian e com ambiente GNOME tem me impressionado positivamente.
Veja abaixo o texto completo da análise.
Os primeiros dois dias com o Ubuntu 5.10 'Breezy Badger'
por Augusto Campos (augusto@br-linux.org)
Após anos sem escrever uma análise completa de distribuição, há algo que aprendi lendo as dos outros: perde-se muito tempo descrevendo instaladores e configuradores, e quando o espaço acaba, sobram 2 parágrafos para o que realmente interessa: a descrição do sistema instalado. Esta análise, bastante informal e escrita enquanto assisto a episódios antigos do Arquivo X, pretende não cometer o mesmo erro (afinal, há tantos novos erros para cometer!).
Outro velho clichê: incluir uma tela mostrando o próprio site...
Em sua leitura, leve em conta que tudo aqui é o ponto de vista de um usuário profundamente acostumado a distribuições baseadas em RPM e ao ambiente KDE mas que vem apreciando bastante o gerenciamento de pacotes derivado do Debian e o ambiente GNOME nas últimas 48 horas. Note também que as imagens de telas são capturas realizadas no sistema já instalado e configurado, e não necessariamente refletem a configuração e visual originais.
A instalação
Invertendo a ordem mais comum, vou dedicar dois parágrafos ao procedimento de instalação. Poderia resumir a uma frase: gostaria que mais instaladores fossem assim tão simples e eficazes. Note que não estou falando sob o ponto de vista de um mítico usuário final, ou de um usuário iniciante, ou qualquer outra figura teórica. Este é um ponto de vista pessoal e diz respeito à minha própria experiência e avaliação. O fato de ser em modo texto não tira o mérito do instalador do Ubuntu, e mesmo estando acostumado à objetividade do instalador da SUSE, gostei muito das seleções default e da ausência de perguntas desnecessárias, aliadas a uma excelente detecção de hardware.
O notebook Pavilion dv1000
Instalei o Ubuntu 5.10 em um notebook HP Pavilion dv1000, e ao final do procedimento todos os recursos que pude identificar estavam funcionando, sem necessidade de absolutamente nenhuma intervenção minha exceto no que diz respeito ao particionamento, quando recusei as opções automáticas e montei meu próprio layout inclusive redimensionando e preservando a partição pré-instalada do notebook. Portas USB, drive de CD, rede sem fio... tudo operacional. Por assumir, já durante a instalação, que a conexão de rede deveria ser configurada via DHCP sem me fazer nenhuma pergunta, dou ao Ubuntu a nota máxima na escala Campos de praticidade de instalação.
Software
Instalei o sistema em um notebook que uso profissionalmente, portanto minhas necessidades são relativamente simples, e integralmente cobertas pela seleção de pacotes básica do Ubuntu: OpenOffice.org 2, Firefox, Evolution, Gaim, Gimp... tudo bem organizado em um menu do GNOME 2.12. Tendo passado os últimos anos instalando versões do SUSE, senti falta das seleções de pacotes developer e advanced user, embora aparentemente todos os pacotes de que eu possa precisar estão disponíveis com facilidade nos repositórios acessíveis via Synaptic que aliás me impressionou muito positivamente, e merece menção especial por ser uma ferramenta de origem nacional. Você pode ver uma lista dos principais pacotes e recursos do Ubuntu 5.10 no
anúncio de lançamento desta versão.
O menu de aplicações
Mesmo acostumado ao luxo do DVD de instalação do SUSE e do YaST como ferramenta de configuração, não tive dificuldade em me adaptar à simplicidade espartana de um único CD e à riqueza dos repositórios do Ubuntu considerando que disponho de banda larga. Não posso imaginar como seria a mesma experiência em linha discada...
O brasileiro Synaptic está à altura da tarefa
Usei o Synaptic e o apt-get para instalar algumas ferramentas de que senti falta, incluindo o gawk, mplayer, gwenview, kate, lukemftp, mc e msttcorefonts. Todas elas tinham algum correspondente entre os pacotes default, mas a força do hábito gera um impulso poderoso...
Uma interface conveniente para adicionar e remover programas
Para completar, o menu de aplicativos do Ubuntu oferece uma opção de adicionar aplicativos, que permite selecionar e instalar softwares adicionais (a partir dos mesmos repositórios) com uma interface ainda mais amigável. Por colocar a interface de instalação de novos programas no mesmo menu onde estão os demais aplicativos, e lidar com a tarefa de instalação com tanta praticidade e elegância, mais uma vez o Ubuntu ganha a nota máxima na escala Campos de praticidade.
Hardware
Já mencionei que todos os componentes que eu uso no notebook foram configurados corretamente ao final da instalação. Além disso, tive oportunidade de plugar um mouse USB Goldship que funcionou imediatamente, descarreguei as fotos de uma câmera Sony Cybershot DSC-S60 de modo literalmente plug-and-play, sincronizei um Palm Lifedrive (após algumas tentativas) e acessei discos e impressoras compartilhadas em rede usando apenas os recursos dos menus, sem precisar instalar softwares adicionais. Toda distribuição deveria ser assim, mas sempre é bom ver acontecer de verdade.
Não tive ainda oportunidade de testar a gravação de CDs, acesso a um scanner ou webcam. Pretendo fazê-lo em breve e, se tiver alguma surpresa, volto a dar notícias ;-)
Em geral
A idéia de instalação sem usuário root ativado é interessante, e foi bem implementada no Ubuntu. Tenho usado configurações semelhantes do comando sudo em diversas outras distribuições em meus desktops pessoais recentemente, e a conta root para mim anda em desuso ao menos nas minhas estações de trabalho. Pode ser um pouco difícil se acostumar, mas o
Ubuntu Guide explica como ativar uma conta root completa, se você encontrar dificuldades.
O sistema em execução com configuração default
A estética do sistema é agradável e diferenciada. Não sou a pessoa certa para comparar a configuração do GNOME adotada pelo Ubuntu com as de outras distribuições, mas ela certamente me agradou tanto na tela de logon, quanto no ambiente de trabalho e nas ferramentas do sistema.
Questões externas ao desktop, incluindo as filosóficas e econômicas, foram deixadas de lado nesta análise. Mas talvez você tenha interesse em conhecer alguns detalhes a mais sobre esta distribuição que tem entre suas características os compromissos de respeito aos princípios da liberdade de software, de permanecer gratuita e de incluir o que houver de melhor em termos de traduções e acessibilidade. O Ubuntu lança novas versões a cada 6 meses, vem se expandindo para a arena dos servidores (tendo se tornado recentemente a primeira distribuição não-comercial a receber uma certificação do banco de dados corporativo DB2, da IBM), e tem edições especiais para os que preferem o KDE (kubuntu) e para projetos educacionais (edubuntu). E você ainda pode
encomendar gratuitamente CDs do Ubuntu, se não puder ou não desejar fazer o download.
Para concluir: usar o Ubuntu tem sido uma excelente experiência. O que começou como um projeto de curta duração, aparentemente vai permanecer neste notebook por um bom tempo. Isto não significa que ele é melhor ou pior que
[insira sua distribuição favorita aqui] apenas que ele atendeu e superou as minhas expectativas com excelente qualidade, e merece ser investigado mais a fundo.
Tive a mesma impressão do brain, o ubuntu realmente impressionou muito.
Dae instalei a 5.10 e o impossível aconteceu: me surpreendeu mais ainda realmente essa distro merece atenção e recomendação à quem quer usar linux pela primeira vez.
Mas também agrada aos mais tarimbados em linux, convenhamos q naum é sempre que queremos configurar e fazer tudo 'na mão'. Também gostamos de software 'just works' pra variar. Né naum genético? hehe