Era uma idéia que agradava a todos: desenvolver um PC barato que permitiria a grande número de brasileiros conectar-se à Internet. A alfabetização cresceria, a economia evoluiria e o setor emergente de tecnologia do país ganharia impulso. Infelizmente já se passaram 6 anos, e contando. De 1999 até o presente, o governo brasileiro fez várias tentativas para levar computadores baratos para as massass, mas os esforços afundaram em um mar de burocracia, conflitos políticos, questões de hardware e preços ainda fora do alcance de muitos. Veja o texto completo (em inglês) em
Brazil's bumpy road to the low-cost PC | CNET News.com.
Continuo torcendo para que os programas de oferta de computadores de baixo custo com software livre no Brasil deslanchem, alcancem a população que poderia ser beneficiada por eles, e desmintam este artigo. Por enquanto, este saldo de vários anos sem sair pra valer do campo dos projetos ainda vai se mantendo.
Segue outro trecho do mesmo texto, em tradução livre: “
O problema aumenta no Brasil devido aos custos de transporte e uma variedade de impostos, que podem tornar os PCs locais mais caros que os de países desenvolvidos. Um PC de 1.5GHz, 128MB de memória, 40GB de HD e um monitor de 12 polegadas pode sair por US$ 600. Nos Estados Unidos, o mesmo PC pode sair por US$450,00 ou menos, às vezes já com acesso discado. Embora o governo brasileiro tenha começado a defender o uso generalizado de PCs em 1999, o primeiro programa oficial foi a campanha PC Popular, em 2001. O PC Popular deveria ser um equipamento de 250 dólares. Para evitar as altas taxas de importação brasileiras, vários dos componentes seriam produzidos domesticamente. Pesquisadores da UFMG apresentaram um protótipo com um drive flash ao invés de um disco rígido, sem CD-ROM e sem disquetes. O protótipo se demonstrou inutilizável, e o apoio do governo a pesquisas posteriores minguou.”
Quanto ao ponto específico do projeto da UFMG, cabe uma ressalva: o autor do projeto conta uma história bem diferente
sobre o fim do apoio do governo em 2002. E segundo
o site da UFMG, o PC Popular desenvolvido na instituição acabou gerando um produto, o Metasys, que hoje está sendo comercializado. Não consegui ter acesso ao
site do produto; se alguém puder contribuir com informações - inclusive se os preços ficaram próximos aos US$ 250,00, se o projeto é livre e se está gerando ganhos na luta em prol da inclusão digital - os comentários serão bem-vindos.
Não é na verdade uma grande mudança, mas a isenção de PIS e COFINS (corrijam-me se estiver errado), fez os computadores reduzirem de preço, e a idéia do computador barato (não até R$1200,00, mas até R$1600,00; em várias prestações de mais ou menos R$90,00) com Linux já instalado já está em execução em grandes lojas, mais hipermercados, do Brasil. Também o financiamento de R$1200,00 do Banco do Brasil, para pagar em até 24 meses, foi lançado, acho que em Julho, mas está temporariamente suspenso (foi o que disseram quendo liguei para lá, na época da última greve, início de outubro).
Bom, não saiu como inicialmente planejado. Mas já temos um sucesso. Infelizmente ainda não é para todos.
A questão é investimento em tecnologia nacional. Peças de computador feitas aqui. O básico! Se não feitas aqui, pelo menos em parceria com algum país emergente, sei lá. O que também não pode acontecer é que compremos sempre tecnologia de fora, de forma que assim a tecnologia melhor fique com eles e a gente com a merreca (por não possuir dinheiro para comprar o que eles têm; a gente compra deles->eles passam o dinheiro para seus trabalhadores->estes têm um poder aquisitivo maior->compram relativamente mais barato que nós o produto deles). Vejam as telhas de amianto que encontramos no Brasil, nas suas faculdades e indústrias. Sabiam que telhas de amianto são proibídas por estes países de primeiro mundo por causa do mal que podem fazer?
"Para evitar as altas taxas de importação brasileiras, vários dos componentes seriam produzidos domesticamente. Pesquisadores da UFMG apresentaram um protótipo com um drive flash ao invés de um disco rígido, sem CD-ROM e sem disquetes."
E daí? Ora, os MAC atuais não vêm com drive de disquete. Os leigos não vão abrir computador para mexer no HD; iriam comprar um drive flash próprio da tecnologia brasileira talvez; Os MAC tem uma frescurada de hardware não compatível com os IBMs e se esse é compatível já tá bom demais. Bom, sem CD-ROM é ruim... Mas só mais um pouco de pesquisa, e-pronto. Ou sei lá, desenvolver outra mídia também, um pen-drive próprio, um drive de LP...
"O protótipo se demonstrou inutilizável, e o apoio do governo a pesquisas posteriores minguou."
Quem julgou isso? Isso é medo de afrontar os maiores? Que nada de inutilizável! Funciona? Pega internet? Tem garantia? Pode instalar Linux amigável? Escreve texto? Pode mandar para imprimir? Tá bom demais. O CD é à parte, só mais um tempinho de projeto...