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Groklaw: Mulheres e software livre

Mauro Yamaguchi (mauromy2@yahoo.com.br) disse: "Dando uma passadinha no Groklaw, me deparei com este artigo de autoria da Fernanda Weiden sobre a atual situação das mulheres no universo do Sotware Livre, ela apresenta várias críticas e sugestões para um crescimento da participação de mulheres (atualmente em cerca de 2% no SL, pouco se compararmos aos 25% na área do software proprietário) na contribuição de software livre. O texto é em inglês, mas segue abaixo uma tradução livre de um trecho do artigo. "As mulheres precisam se integrar ao ideal hacker, que é o de trocar conhecimentos e idéias. Elas precisam estar a par das particularidades do Software Livre. Todas as idéias pequenas ou grandes, brilhantes ou não tanto, são importantes e devem ser combinadas e integradas com outras idéias para compor um produto final -- o Software Livre, que nós desenvolvemos.""

Comentários dos leitores

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Comentário de well
Posso estar falando uma grand: Posso estar falando uma grande besteira, e talvez as nossas amigas que visitam este site se sintam ofendida, mas creio que é da natureza delas serem competitivas, ainda mais entre si, isto me parece averso a idéia base do software livre que é a de compartilhar.

Já passei por diversas empresas de pequenas com pouco mais de 20 funcionários à multinacionais com laboratórios de 30 à 80 desenvolvedores trabalhando juntos e sempre e muito fácilmente encontro as velhas disputas entre elas, quer sejam gerentes de setores que trabalham em conjunto ou apenas desenvolvedoras que, para infelicidade do resto da equipe, trabalham uma ao lado da outra. Na maioria dos casos, ficam prejudicando a companheira por guardar informações apenas para sí, por falar mal da outra para prejudicar ou por simplesmente não querer fazer parte do mesmo projeto.

Claro que não são todas, nem preciso afirmar isto, e é claro também que este tipo de disputa não é característica apenas feminina, mas encontro com mais facilidade entre elas.

Isto, para mim, explica porque o conceito do "ideal hacker" não é muito atraente entre as profissionais de informática.

Comentário de CWagner
Há tempos deixei de lado ess: Há tempos deixei de lado essa onda de "isso é coisa de mulher... isso é coisa de homem". Já vi muitos ambientes de trabalho, e já trabalhei com diversas pessoas e posso lhes afirmar, são pessoa totalmente diferentes, mas que pensam exatamente do mesmo jeito.

Esconder informação, deturpá-la, difamar colegas de trabalho, prejudicando-os à vezes apenas "pra fazer o mal", não é privilégio de nenhum dos gêneros, mas sim da raça humana, que aprendeu essas técnicas de combate e as utiliza onde quer que tenha mais de duas pessoas juntas.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA
Comentário de YODA
Barbie Girl: "o problema com estes grupos é que eles se tornam um mundo da barbie" acho que algumas "mulheres" que mais parecem "caminhoneiras" se ressentem com aquelas que conseguem se inserir sem precisarem montar o papel de joãozinho...
Comentário de Manoel Pinho
Cultura: Não acredito em qualquer tendência genética do homem ou da mulher de superioridade nesta ou naquela área. O que existe, e é inegável, é uma forte influência social e ainda demorará várias gerações para que tenhamos mais igualdade neste sentido.

Ainda vemos poucas mulheres em certas áreas, como a tecnológica, e mesmo dentro dela, as mulheres são minoria nas posições que exigem uma maior formação ou que sejam mais complexas. Já melhorou muito mas ainda é insuficiente. A mulher ainda é muito vista no mercado de trabalho como mão de obra mais barata ou "mais adequada" para certas tarefas monótonas, repetitivas ou que exijam mais paciência. E isso também é um preconceito contra os homens !

O SL dentro da área de informática é uma área muito nova e de ponta e com um grau de complexidade acima da média. Daí, como ocorre em outras áreas, as mulheres ainda são minoria. Mas isso há de mudar com o tempo.

Comentário de Patola
Genética: Não acredito em qualquer tendência genética do homem ou da mulher de superioridade nesta ou naquela área. O que existe, e é inegável, é uma forte influência social e ainda demorará várias gerações para que tenhamos mais igualdade neste sentido.

Tentando apenas entender o porquê, por que "não acredita"? Homem e mulher têm morfologia diferente, metabolismo diferente, por que não teriam diferenças cerebrais? Aliás, nem mesmo cerebrais: hormonais sabe-se que têm e o que mais influencia o comportamento, fora a morfologia direta do cérebro, são os hormônios. Incluindo aspectos como aprendizado, agressividade, inteligência, capacidade de calcular, ansiedade, controle motor e criatividade.

É verdade que a história mostra uma tendência na maioria das sociedades de controle masculino e de preconceitos. Mas como você sabe que é tudo ideológico? Você sabe que o fato acontece - as mulheres têm estatisticamente menos realizações importantes que os homens. Como separar o que é biológico do que é social? Se uma mulher gosta de fazer tricô, quanto disso é biológico e quanto é social? Se ela gosta de homens fortes, quanto é biológico e quanto é social? Se um homem aprecia esportes radicais ou violentos, quanto é biológico e quanto é social? Se a mulher prefere brincar de casinha, quanto é biológico e quanto é social? Ou é tudo social? Ou é tudo biológico? Todas essas coisas têm que ser consideradas quando se compara realizações e capacidades (estatísticas) de ambos os sexos.

Você tem acompanhado as últimas publicações e debates sobre o assunto? (Pode ser interessante olhar as estatísticas do Pinker e da Spelke. Algumas são impressionantes e não intuitivas. Ambos são cientistas renomados, autores de vários livros. Esse debate - dois pontos de vista diferentes, pra não me acusarem de unilateral - é muito bom e mostra bem as últimas descobertas das neurociências sobre as diferenças cognitivas entre os sexos. Mas acho que "achar por achar" ou achar por "querer que fosse assim" não é um bom motivo...)

Veja que eu não estou chegando a uma conclusão, apenas acho errado esse modo de pensar que você expôs.
--
LinuxFUD, o TIRA-TEIMA dos ataques ao software livre: http://linuxfud.org
Comentário de TON
A Rainha: Fernanda, para mim você é a rainha de todas as belas do Sl.
Bonita, charmosa e competente.

Tenho três fotos suas que baixei de seu site. (Fisl-Hamburgo e
New York)

Quanto a blusa (camiseta) que você veste na foto em NYC, que
diz:

Nazis say
NO
To women in DEBIAN

No caso aí, eles diriam isso para muitas outras distros também.

Uma debiana da melhor qualidade.

Abraços.
Comentário de Manoel Pinho
Genética x fatores sociais: Já houve vários estudos sérios que apontam uma maior facilidade das mulheres para comunicação e um senso de espaço e direção maior dos homens eu eu não duvido que esses estudos sejam errados. Assim como há diferenças orgânicas e hormonais que dão diferenças de tolerância a certas doenças e ao álcool deve haver diferenças no "hardware" cerebral. Há razões biológicas e sociais de nossos antepassados para termos evoluído assim, mas sinceramente acredito que a inteligência humana é tal que qualquer diferença neste sentido pode ser rapidamente superada com uma boa educação e chances iguais. Assim como em computadores, um bom "software" pode compensar quaisquer diferenças de desempenho no hardware para uma ou outra função. Por isso é preciso ter muito cuidado em qualquer tipo de " benchmark" cerebral.

Usar diferenças sexuais ou raciais como forma de justificar diferenças de desempenho ou riqueza entre pessoas é muito perigoso. Já vimos discursos de superioridade ariana e eles sempre se esquecem que a Europa vivia nas trevas enquanto existiam civilizações avançadas no Oriente e na América Latina.

Por isso eu leio com curiosidade esses estudos científicos sobre diferenças antropológicas ou sexuais mas continuo acreditando que para seres humanos o fator preponderante é o cultural.

Eu acho que a melhor maneira das minorias conquistarem um tratamento igual é justamente não tentando diferenciá-la na área cultural, como acontecia antigamente, em que mulheres estudavam em escolas para mulheres e cursos "para mulheres". Quando uma mulher deixa de estudar engenharia, física ou informática para não ser uma minoria dentro dos cursos elas perdem a chance de deixarem de ser tratadas como minorias. E, vice-versa, por que ainda há preconceito contra homens em algumas atividades ? Temos ótimos cozinheiros e não é preciso ser homosexual para isso.

Comentário de Patola
Ciência x sociedade: Já houve vários estudos sérios que apontam uma maior facilidade das mulheres para comunicação e um senso de espaço e direção maior dos homens eu eu não duvido que esses estudos sejam errados.

Se estão errados, são sérios?
Sua colocação foi muito estranha, "não duvidar que estejam errados" ao invés de dizer se acha que estão certos ou errados. =)

Assim como há diferenças orgânicas e hormonais que dão diferenças de tolerância a certas doenças e ao álcool deve haver diferenças no "hardware" cerebral. Há razões biológicas e sociais de nossos antepassados para termos evoluído assim,

Já é muito mais do que "deve haver". Muitas dessas diferenças já foram localizadas com precisão e inequivocamente. Os estudos da cognição humana da década de 90 e desse século já deram subterfúgios mais do que suficiente, assim como o progresso no entendimento da interação com o sistema hormonal. Os resultados das pesquisas não deixam dúvidas, e até coisas como as mulheres em geral raciocinarem de maneira diferente de acordo com seu ciclo menstrual já foram detectadas e medidas.

mas sinceramente acredito que a inteligência humana é tal que qualquer diferença neste sentido pode ser rapidamente superada com uma boa educação e chances iguais.

Esse é um tópico interessante, tratado em livros como "O que nos torna humanos" de Matt Ridley (recomendo, excelente leitura). Não vou me elongar no assunto, mas ambos os sistemas - genética total e absolutamente determinando o destino como criação total e absolutamente determinando o destino - parecem injustos. Imagine um lugar onde todo mundo nasça diferente, geneticamente falando, mas sejam todos condicionados pra ser iguais: os com maior capacidade em alguma coisa tendo essa sua capacidade subutilizada, e os com menor capacidade com muito reforço nela.

De qualquer jeito, há razão para acreditarmos que algumas, talvez muitas, dessas diferenças, sejam realmente compensáveis com educação, mas por que qualquer uma? Temas como esse são debatidos intensamente em livros como "Tábula Rasa", de Steven Pinker, o mesmo sujeito que trava o debate do link que coloquei. Será que conseguiríamos fazer de um sujeito nascido geneticamente como Forrest Gump um Stephen Hawkings? Ou ainda uma Camille Paglia ou Mozart, pra sairmos do estereótipo da inteligência matemática?

Usar diferenças sexuais ou raciais como forma de justificar diferenças de desempenho ou riqueza entre pessoas é muito perigoso. Já vimos discursos de superioridade ariana e eles sempre se esquecem que a Europa vivia nas trevas enquanto existiam civilizações avançadas no Oriente e na América Latina.

Absolutamente certo, e esse é o ponto ao qual eu queria que você chegasse. Você está medindo as conseqüências de ter uma idéia, não de ter a idéia em si. Certas concepções geraram desastres absurdos no passado, e o politicamente correto de hoje em dia é nem mesmo falar nelas. Como diz Pinker, a coloração ideológica dessas idéias é muito forte, e isso pode impedir que pensemos em linha reta. Até agora, a chamada inteligência geral, g, tem sido igual na média para homens e mulheres (não que não haja diferença; por exemplo, em geral homens são melhores para certos tipos de raciocínio que as mulheres e vice-versa, além de os homens terem uma distribuição mais desigual da inteligência - mais gênios e mais parvos), mas e se de repente alguém fizer uma pesquisa bem a fundo e descobrir que as mulheres são mais inteligentes que os homens em geral, ou o contrário? Muita gente vai se opor a idéia não porque saiba alguma coisa da pesquisa ou das medições (ou seja, do mérito da idéia), e sim por achar que não seria bom se aquilo fosse verdade!

Por isso eu leio com curiosidade esses estudos científicos sobre diferenças antropológicas ou sexuais mas continuo acreditando que para seres humanos o fator preponderante é o cultural.

Você dá a entender que acredita nisso porque te parece mais justo, não pelo mérito da idéia em si. Estou certo?

OBS.: existe outro problema que é que muita gente ainda interpreta muito mal as estatísticas. Quando vêem, por exemplo, que os homens são melhores em média em tal tipo de raciocínio do que as mulheres, tomam aquilo como um impedimento - como se as mulheres não pudessem ser boas nesse tipo de raciocínio. Não é assim que funciona, mas é assim que muitos interpretam.
--
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Comentário de Eduardo Habkost
Estatísticas: As pessoas muito frequentemente não sabem nem interpretar, nem utilizar dados estatísticos. É uma pena.

Se alguém diz que há mais pessoas do grupo A com característica X do que no grupo B, todo mundo entende o resultado como se alguém estivesse dizendo "pessoas do grupo B não possuem a característica X tão desenvolvida quanto do grupo A".

Estatística devia ser ensinada na escola desde cedo. Ou melhor: estatística e lógica. Mas ainda que fosse ensinada cedo (talvez algumas escolas ensinem e eu não saiba), tenho minhas dúvidas se seria ensinada decentemente, e se as pessoas saberiam usar (e não iriam só "decorar fórmulas").
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