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O uso do computador na rede pública de ensino: utopia e realidade

“O presente trabalho se constitui em um relato de uma experiência pedagógica que vem sendo desenvolvida no Laboratório de Informática da Escola Municipal Professor Nicolau Boscardin, situada no bairro Fernando Idalino, no município de Petrolina, estado de Pernambuco. O Laboratório possui dez computadores com o sistema operacional Debian Linux. Os equipamentos estão interligados em rede, o que permite o compartilhamento de arquivos e impressora, através do servidor da rede. Entretanto, não temos acesso à Internet. Utiliza-se o pacote OpenOffice.org como ferramenta de aplicativos para escritório: o processador de texto (Writer), planilha de cálculo (calc) e para apresentações o Impress. Inicialmente, o Laboratório oferece aos alunos de 5ª a 8ª séries, do período vespertino, um curso básico de Informática dividido nos seguintes módulos: Introdução à Informática, Introdução ao Sistema Operacional Linux, Curso de OpenOffice: Processador de Texto (Writer), Software de Apresentação (Impress) e Planilha de Cálculo (Calc).” A nota foi enviada por Valdivia Rodrigues de Souza (valdiviadesouzaΘyahoo·com·br), Especialista em Informática-UFLA-MG/ Profª Informática no Laboratório da EMPNB.

Veja abaixo o complemento do artigo.

O curso de Introdução à Informática tem por objetivo possibilitar aos educandos obter noções básicas sobre conceitos de hardware e software. O curso de Introdução ao Sistema Operacional Linux, está voltado principalmente para a utilização dos recursos do sistema no ambiente gráfico GNOME. E, o curso de OpenOffice apresenta conteúdos básicos relativos a processamento de texto, elaboração de apresentações e de planilha de dados.

A maioria dos alunos, nunca havia utilizado um computador antes, pois, a comunidade na qual a escola está inserida é constituída por famílias que não possuem condições financeiras para que os filhos frequentem um curso particular de Informática. O curso básico de Informática que vem sendo ministrado tem despertado o interese dos educandos. Os alunos vem demonstrando interesse em frequentar as aulas e aprender a 'mexer' no computador, como é corrente no falar da comunidade.

Buscou-se definir inicialmente, em termos didáticos, qual seria a orientação pedagógica que se daria ao curso: se um enfoque instrucionista (orientar os conteúdos basicamente para o uso do computador e seus recursos) ou se o computador seria utilizado como instrumento didático de apoio às disciplinas curriculares. Optou-se por utilizar os computadores do Laboratório de Informática como ferramenta didática. Inicialmente, o que a maioria dos alunos inferia sobre os computadores era que se podia 'jogar', explicitando que a visão básica sobre os mesmos era lúdica. E isto, foi utilizado para familiarizá-los com o uso do teclado e do mouse, através da utilização de um jogo (o TuxType) e um software de desenho (o TuxPaint). O primeiro é um jogo no qual um 'pinguim' tem por objetivo comer peixes que caem continuamente, cada um contendo uma 'letra' que o jogador tem que pressionar no teclado, para que o pinguin se encaminhe na direção da mesma e a devore, antes que o peixe caia no chão. Este joguinho, vem possibilitando aos alunos, conhecer a posição das letras no teclado e facilitando 'brincando' a digitação de textos posteriormente, quando das atividades com o OpenOffice. O segundo, é um software de desenho que contém barras de ferramentas (pincel, lápis, borracha, seleção de cores, etc.) que são acessadas através do ponteiro do mouse. Este programa permitiu que os alunos passassem a utilizar o mouse com mais facilidade, porque este dispositivo, de uso aparentemente simples, em princípio, se constitui em um obstáculo para o aprendizado no uso de computadores. O TuxPaint possui uma galeria de figuras (carimbos), que para serem inseridos no desenho têm que ser 'arrastados' e 'soltos' na tela. Assim, os recursos do mouse de apontar, 'arrastar e soltar' e clicar, foram explorados através deste aplicativo.

Inicialmente, ao se trabalhar com o OpenOffice Writer, introduziu-se aos alunos conceitos básicos de edição e formatação de texto. Em seguida, utilizou-se o que foi aprendido/apreendido, para a elaboração de um jornal da escola, objetivando incentivar a produção de textos e contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem de ortografia e outros recursos gramaticais.

Estamos trabalhando o OpenOffice Apresentação (Impress), e busca-se desenvolver um trabalho que dê continuidade ao desenvolvimento da aprendizagem dos conteúdos gramaticais abordados no estudo do OpenOffice Texto (Writer), ampliando-se para o estudo de outras disciplinas. Um aspecto interessante a ser analisado em relação ao uso do Linux em uma escola da rede municipal de ensino, é que argumenta-se que o sistema apresenta dificuldades de utilização devido ao fato de que muita coisa da documentação é em Inglês. Entretanto, atualmente isto não procede. Na Internet, há vasta documentação em Português, e inclusive as distribuições mais utilizadas como o RedHat, por exemplo, são disponibilizadas em Português, além das distribuições nacionais, como o Kurumin, que é baseada no Debian, serem em nossa língua materna. Sob este aspecto, vale ressaltar, que no ambiente gráfico com menus, sub-menus, nome de ícones, etc, em português, a interação dos alunos com o sistema foi absoluta. Começamos com a utilização do jogo e da ferramenta de desenho acima descritos para desenvolver o uso do mouse e teclado, e os alunos rapidamente demonstraram domínio no uso destes recursos. Eventualmente, ao surgir algum 'termo técnico' de inf ormática, tem-se o cuidado de dizer o significado do mesmo e explicar a pronúncia.

Utopia é pensar sem agir, fazer projetos e não buscar meios para se materializar o que se projetou. O uso de computadores como ferramenta didática, já é uma realidade, na rede particular de ensino. Entretanto, 'é de batalhas que se vive a vida'. A não disponibilidade de computadores na rede pública vai ampliar cada vez mais, as desigualdades sociais, e dificultar mais ainda, o acesso das camadas 'excluídas' socialmente ao mercado de trabalho, dentre outros fatores. A discussão sobre o uso do computador como ferramenta didática, não é a questão central no que tange às Tecnologias Educacionais, pois na rede particular de ensino, é uma realidade. O que precisa não só ser discutido, mas implementado, é que se crie mecanismos ou se utilize os já existentes, como o PROINFO, por exemplo, para que a 'inclusão digital' não seja mais um termo que preenche projetos educativos e discursos vazios que não conduzem a ações efetivas, para se disponibilizar computadores na rede pública de ensino em todo o país, evitando assim, que o 'analfabetismo digital' se amplie ainda mais.


Comentários dos leitores

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Comentário de CWagner
Enquanto isso, num lugar cham: Enquanto isso, num lugar chamado planeta Terra: Linux in Italian Schools, Part 2: ITC F.Besta, Ragusa
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA
Comentário de jorgilson
linux na escolas: muito bom o artigo, ainda mais que e da minha cidade, estou a disposicao para ajudar o projeto.
jorgilson cabral dos santos
87 30310544
obs: so nao gostei muito gnome, bem que poderia ser kde e kurumim.
Comentário de Ednei Pacheco
Tanto faz!: Ambas as opções hoje estão bastante amadurecidas. Também sou mais à favor do KDE, porém o GNOME não deixa de ser uma ótima escolha.

Att., Ednei Pacheco,
Linux /home!
Comentário de Kimie
Aqui em Florianópolis...: ... usamos o Gnome em projeto semelhante sem problemas, alunos e professores adaptaram-se muito bem à interface. Nada contra o KDE, apenas afirmo q o Gnome funciona muito bem.

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