O Infomedia TV gostaria de propor uma série de pesquisas de opinião no espaço de comentários de notícias no BR-Linux. A idéia é colher livremente depoimentos da comunidade sobre diversos temas relacionados. O primeiro assunto é sobre o artigo abaixo, escrito pelo editor do Infomedia, publicado e veiculado em canal de TV que nos gerou bastante retorno pelos telespectadores. E você, o que pensa a respeito?” A nota foi enviada por Fabiana Iglesias (fabianaΘinfomediatv·com·br), que acrescentou este
link do Infomedia TV para maiores detalhes.
Acima há um link para a versão em vídeo veiculada na TV, e abaixo você pode ver o texto. Embora o tema do texto seja o novo emprego de Daniel Robbins (criador do Gentoo) na Microsoft, anunciado em meados de junho, a intenção do Infomedia é colher a sua opinião sobre o relacionamento entre corporações e o software livre. Não há uma pergunta específica, portanto registre sua opinião livremente.
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O criador do Gentoo, uma das mais sólidas e qualificadas distribuições Linux, agora é funcionário da Microsoft.
O fato de Daniel Robbins estar chamando Bill Gates de patrão tem provocado reações fortes dentro da comunidade do Software Livre.
A estratégia da Microsoft foi imediatamente rotulada de formas diversas. Alguns evocaram frases feitas ao afirmar que a empresa está se unindo aos inimigos que não pode vencer. Outros preferiram atacar todos envolvidos, declarando que a corporação norte-americana está comprando quem se oferece como mercadoria. Os mais ponderados afirmaram que esse pode ser um passo da Microsoft na direção do diálogo com o Linux, e de forma mais ampla, com as iniciativas livres. Essa preocupação com a interoperabilidade faz sentido, se observarmos os números.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, o Linux está operando em quinze por cento dos servidores brasileiros. Um crescimento de vinte e cinco por cento em relação ao ano anterior, e uma tendência mundial. Nos desktops, o domínio da empresa de Bill Gates é incontestável. Pesquisas apontam sua presença em cerca de noventa por cento dos computadores pessoais. Uma análise fria revela que a Microsoft, ao contratar Daniel Robbins, está trilhando o mesmo caminho já percorrido por empresas como IBM, Intel e Sun. Todas, ainda que de modos distintos, absorveram as alternativas livres e dessa maneira têm buscado a ampliação de suas capacidades operacionais.
Considerando esse processo de absorção, não é possível que a comunidade desenvolvedora caia na ingenuidade de dividir o mundo em preto e branco. As companhias fazem isso visando expandir lucros. Nada tem a ver com promoção ou eliminação das alternativas livres. Trata-se apenas, e tão somente, de uma visão empresarial. Visão essa que falta justamente a alguns membros considerados importantes na comunidade do software livre. A dedicação apaixonada desses desenvolvedores e articuladores ainda não foi capaz de gerar um plano de negócios sólido. E é nessa ausência que vem atuando as corporações. Tudo isso pode parecer uma injusta luta entre princípios e mercado. A disputa, na verdade, é outra. Trata-se de uma corrida pela conquista e manutenção de uma alternativa. Por enquanto, está em mãos livres. Ao menos até essa liberdade não rimar com desorganização e falta de objetivos.
Carlos Augusto Hentges