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Mais um histórico da participação feminina na comunidade livre nacional

Um relato de David Wheeler sobre sua experiência no fisl6.0, em que (entre diversos outros assuntos) ele notou que no Brasil a participação feminina no evento (tanto como palestrantes quanto como público) é bem maior do que em eventos similares em outros países, e sugeriu que as causas desta diferença fossem divulgadas, para que pudessem ser aplicadas também em outros países, vem motivando diversas respostas.

Na tarde desta segunda-feira publicamos um relato enviado pelo PSL-Mulheres, e agora é a vez do relato das LinuxChix, enviado por Sulamita Garcia:

Esta história foi contada no 3o Encontro Nacional LinuxChix Brasil de forma plena, e resumida na 6a edição do Fórum Internacional de Software Livre deste ano (http://br-linux.org/linux/?q=node/985). Entrei em contato com o LinuxChix Brasil em 2001, seguindo o link existente no LinuxChix Internacional. Na época, a lista consistia de 30 pessoas que mandavam posts em média a cada 2 meses, o que pode ser visto em http://listas.cipsga.org.br/pipermail/linuxchix/ . A mensagem original continua na descrição da lista, que "existe para dar às usuárias brasileiras de GNU/Linux e Software Livre a sensação 'hey, eu não sou a única!'".

A lista foi criada por Andrea Fabiana Flores, na época funcionária da Conectiva, que junto ao Cipsga conseguiu um espaço para a lista e colocou alguma descrição em http://www.cipsga.org.br/sections.php?op=listarticles&secid=24 . Inspiradas por uma palestra feita por Fabiana no segundo FISL, as Gnurias criaram um grupo voltado ao trabalho social e de inclusão digital. Depois de algum tempo, Fabiana resolveu se afastar de tudo, e passou a responsabilidade do grupo para Michelle Ribeiro. Nesta época, o grupo estava criando identidade. Houve até uma discussão sobre a mudança para GnuChix, o que não representava o que eu particularmente acreditava, e apos algum debate, Michelle colocou o questionamento de "então precisamos fazer o grupo ter ações de verdade. Quantos eventos promovemos? Que ações efetivas fizemos?".”


Veja abaixo a continuação do texto.

O site então foi reformulado, sob coordenação da Michelle e alguns colaboradores, e começamos a incentivar a produção e contribuição. Começamos com a tradução do Howto Encourage Women, de autoria da Val Henson. Criamos um outro howto, pois o primeiro era dirigido ao público masculino, e entendemos que era das mulheres a responsabilidade de criar um ambiente para se desenvolverem na profissão, o que motivou o segundo Como incentivar Mulheres no Linux, desta vez com tradução para o ingles, produção brasileira. Reuni diversos materiais técnicos, de Alta Disponibilidade, Qmail, Slackware, continuamente atualizados, e convocamos as Chix a participarem. Diversas Chix aceitaram o desafio e começaram a enviar materiais para publicação: Danielle Santini falou sobre Programação Paralela, Camila "Misfit" falou sobre Samba, LDAP, Liziane sobre CVS, Vanessa sobre Java. Na mesma época surgiu o primeiro Encontro Nacional LinuxChix Brasil, assistido por mais de 300 pessoas, com objetivo de incentivar as mulheres a se sentirem a vontade em comparecerem a eventos técnicos e palestrarem. Na época foi feito em conjunto ao grupo de Slackware e Fernanda Weiden, uma das fundadoras do PSL Mulheres. Porém devido a divergências de como as coisas deveriam ser mantidas, com a criação da lista em novembro de 2003, surgiu o PSL Mulheres, cujo site informa que "O propósito não é ser um grupo de usuárias. Estamos abrindo espaços para que as iniciativas aconteçam e para isso buscamos apoio nas diferentes esferas da sociedade - pública e privada."

E no ano seguinte o segundo ENLB fez o primeiro vôo solo. Um trabalho bastante árduo porém bem sucedido, assistido novamente por mais de 300 pessoas, mantendo o espírito Open Source de contribuir e incentivar o desenvolvimento técnico, hoje em dia tão divulgado na forma de que precisamos contribuir, sermos produtores, não apenas consumidores. E desde o começo o ENLB defendeu esta idéia. O resultado destas iniciativas espalhou-se por todo o Brasil, não apenas no ENLB ou FISL, mas em eventos como Conisli, Sinapse Digital, Semana da Informatica de Santo Andre, de Campinas, no Congresso Catarinense, onde a participação feminina na comunidade foi tomando corpo. Por mais de uma dúzia de vezes a palestra "Software Livre é coisa pra Macho? As mulheres e o software livre" foi apresentada pelo Brasil, desde Salvador até Porto Alegre.

Este ano, visando incentivar mulheres fora dos locais já tradicionais em eventos Linux, o ENLB foi visitar Belo Horizonte para iniciar uma série de expedições visando incentivar mais mulheres a se envolverem com Open Source. O trabalho local centralizado por Priscilla Pimenta e Carolina Lauriano, com apoio remoto meu e da Luana Coimbra, resultaram num evento amplamente divulgado pela iniciativa de promover a integração de mulheres, e reconhecido pela própria LinuxChix Internacional como "uma das mais bem sucedidas regionais em trazer mulheres aos eventos de Linux pelo país" (http://www.linuxchix.org/). Várias estudantes depois promoveram pequenos install fests pela cidade, e preparam uma apresentação sobre Linux e mulheres na Enecomp que irá acontecer em Bonito-MG, de 1 a 5 de agosto deste ano.

O resultado destes eventos vai alem da simples divulgação. O dinheiro adquirido com o segundo ENLB foi transformado em um servidor próprio, visando fornecer espaço para mulheres que queiram divulgar iniciativas de desenvolvimento e treinamento. O terceiro Encontro forneceu fundos para financiar a ida de diversas integrantes, como Priscilla e Renata Romanazzi entre outras, ao FISL, que não pôde custear a ida das integrantes do grupo, onde elas apresentaram palestras e debates, sobre temas técnicos e sobre o próprio grupo e o trabalho desenvolvido nestes 5 anos. Além de um stand colorido e amigável, onde apresentamos nossas idéias, fizemos um mural sobre a história das mulheres nas Ciências da Computação, revelando seus feitos memoráveis para a informática como a criação do compilador, do conceito de funções recursivas, e da primeira rotina que hoje conhecemos como programação, entre outras.

Lá contamos de como foi duro aguentar piadas machistas e o preconceito existente de que mulheres mexendo com Linux deveriam no máximo saber usar interface gráfica, não servindo para trabalhos técnicos. Suportamos o preconceito de primeiro julgarem a aparência depois o valor das contribuições para a comunidade. E vimos com muita felicidade quando os próprios membros da comunidade começaram a combater este preconceito (http://br-linux.org/linux/?q=node/691). Nós da LinuxChix Brasil reconhecemos a comunidade FOSS como uma comunidade que precisa de trabalho efetivo para sobreviver. Acreditamos que não teria efeito criar uma geração de apertadoras de botões em um ambiente machista e hostil como era quando começamos. Que as mulheres precisavam de incentivo para não largarem a profissão e descobrirem as vantagens de compartilhar código e conhecimento. E que era nossa tarefa fornecer este ambiente para futuras profissionais (http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=121). Nos orgulhamos do trabalho feito por muitas mãos e muitos nomes, mas não nos furtamos a apresentar dados e fatos que efetivamente resultaram na participação feminina como atuantes e contribuidoras da comunidade. Não queremos minimizar trabalhos alheios nem ocultar nomes, que qualquer busca na Internet revelaria. O que sempre desejamos foi fazer parte da comunidade, termos amigos e contribuirmos, compartilhando o que mais nos motiva: conhecimento. Just for fun ;)”


Comentários dos leitores

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Comentário de MM
Cadê os comentários antigos?: Augusto, o que aconteceu com os comentários antigos?
Comentário de brain
O seu é o primeiro!: Não houve comentários anteriores nesta notícia. Talvez você esteja confundindo com o relato enviado ontem de tarde pelo PSL-Mulheres, no qual já houve comentário.
Comentário de
Atualização: O David Wheeler, que deu início a este processo de documentar o histórico da participação feminina na comunidade livre brasileira, atualizou seu relato com link para a versão em inglês do texto do histórico das LinuxChix, e acrescentando um comentário dele:


I really hope that people will look over what is going in Brazil. I want to know why the Brazilians have achieved such remarkable success. What worked, and how could it be repeated elsewhere? The problem of poor female participation in IT and OSS/FS is widespread. Somehow, the Brazilians are overcoming it; Brazil could easily become a model for the rest of the world to follow.


Em resumo, ele acredita que o modelo que deu certo no Brasil deveria ser aplicado em outras partes do mundo em que a participação feminina nas comunidades de TI e software livre não funcione da mesma forma que aqui.
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