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Neil McAllister: Fundamentalist Software Foundation em construção

“O site ComputerWorld Nova Zelândia publicou um artigo, assinado por Neil McAllister, intitulado Fundamentalist Software Foundation in the making, no qual trata daquilo que o autor considera como mudança na forma de atuação da Free Software Foundation (FSF), questionando se a mudança é positiva, ou não, para o Software Livre e de Código Aberto (SL/CA). Ao ler o título do artigo em questão, minha primeira reação foi imaginar que trataria-se de um FUD. Em função disso, antes de comentar o texto resolvi verificar o que o autor já havia escrito sobre SL/CA. McAllister é editor sênior da InfoWorld e cobre regularmente o mercado de SL/CA em uma coluna semanal. Entre outros assuntos, o autor já abordou a iniciativa da Oracle para validar sistemas Linux que executarão produtos da empresa e o lançamento da atual versão do Ubuntu Linux com suporte de longo prazo (a versão 6.06 LTS). Tanto estes artigos quanto outros escritos por McAllister apresentam uma visão muito equilibrada sobre SL/CA e sobre o mercado em seu entorno. Com esta informação, parti para a leitura do texto.

O artigo começa reconhecendo o quanto a comunidade e o mercado de SL/CA devem a Richard Stallman, como a posição filosófica do RMS evoluiu para um resultado prático e aceito por uma ampla comunidade que inclui desenvolvedores, empresas, usuários de diversos níveis e com diversas necessidades. De acordo com o autor:

Começando com o editor de textos Emacs, criado por Stallman, passando pelos vários utilitários GNU, o kernel do Linux e mais além, o Software Livre provou ser um sucesso duradouro.

Muito do crédito por isto é do próprio Stallman. Através de sua incansável campanha, ele transformou esta noção idealística em algo que o mundo, e mesmo a comunidade de negócios, pode aceitar. Apesar de nem sempre possa ser fácil concordar com ele, seus argumentos têm sido racionais e, se nada mais, no mínimo intelectualmente consistentes.


A partir daí, Neil McAllister questiona duramente a postura da FSF em sua cruzada contra o DRM. De acordo com o autor, os recentes protestos, como o ocorrido na última WinHEC, caracterizam a mudança de uma entidade de defesa e promoção das idéias inicialmente propostas por Stallman para tornar-se uma instituição que parte para o “ativismo histérico”, o que é lamentável.

Entre outros aspectos, McAllister questiona a abordagem da FSF a respeito do DRM, como a analogia entre um tocador de mídia que restringe o que você pode tocar e um carro no qual você não pode fazer curvas, considerando que, com esta ilustração, a Free Software Foundation deixa de levar em consideração a inteligência do público consumidor. Aliás, vale lembrar que foi esta mesma inteligência que fez com que as idéias defendidas por Stallman e pela FSF alcançassem uma comunidade cada vez maior e mais diversa, garantindo o sucesso do Software Livre e de Código Aberto.

O artigo conclui com o questionamento sobre o impacto dessa mudança de atitude da Free Software Foundation sobre o Software Livre:

Se o Software Livre pretende manter sua relevância para uma ampla comunidade de usuários e negócios, deve resistir às tentações em direção ao radicalismo, deixando de lado os xingamentos e a demagogia, e retomar o racionalismo que Richard Stallman demonstrou no passado. Uma Cruzada pode apenas ferir a reputação do Software Livre.


A crítica proposta pelo autor é bastante dura, mas, em minha opinião, pertinente.
” Veja o texto completo em Linux Daily Log » Neil McAllister: Fundamentalist Software Foundation em construção.

Leia também: DRM, guardrails, and the right to be stupid | Free Software Magazine.

Comentários dos leitores

Os comentários abaixo são responsabilidade de seus autores e não são revisados ou aprovados pelo BR-Linux. Consulte os Termos de uso para informações adicionais. Esta notícia foi arquivada, não será possível incluir novos comentários.
Comentário de nemesis
o que vc esperava?: "Neil McAllister questiona duramente a postura da FSF em sua cruzada contra o DRM."

o que vc esperava de um editor de uma revista focada na indústria de TI? que desse as costas para M$, Adobe, Apple e outras na questão DRM e ao invés alertasse o mundo para as medidas restritivas que tal tecnologia visa promover?

não, esse é o papel da FSF.

;; ((lambda (x) x) "Isto é um comentário e não será executado nunca")

Comentário de vmedina
Não é FUD? Sei....: O André Moraes deve estar ficando míope.

Minha opinião:

http://vmedina.multiply.com/journal/item/18

Vinícius Medina
Usuário Linux 383765. É um também? Mostre a sua cara!
Comentário de CWagner
Li o seu blog, vmedina.: Certeiro como sempre, Vinícius.

Os trechos que você aponta trazem uma ótica diferente para o texto e levantam novamente a questão do FUD.

Aparetemente estão querendo derrubar o SL, e mesmo o GNU/Linux, pela base. Dando uma rasteira não em suas aplicações, mas na ideologia, que se mantém firme, desde a sua criação.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA

P.S.: As palavras acima fazem parte da minha visão do assunto e não pretendem ser, de modo algum, a verdade absoluta sobre o mesmo.

Obrigado!
Comentário de Andre Moraes
Vínicius, : Vínicius,

Pode ser miopia, mas o tipo de protesto que a FSF fez na WinHEC realmente me desagrada muito. Por conta disso, principalmente, concordei com o artigo do Neil McAllister.

Aliás, um bom exemplo do que pode ser feito sem o que o autor do artigo compara ao ativismo da PETA foi a reação da comunidade à matéria preconceituosa da Veja: direta, informativa e educada e que resultou em esclarecimento e em uma reação positiva da revista.

Um abraço.

André Moraes
andrelmoraes at gmail dot com
Salvador - Bahia - Brasil
http://www.linuxdailylog.com/
Comentário de Bruno Gonçalves
Eh, alguem me explica?: Apenas uma coisa simples.

O DRM vai bloquear a copia e distribuição de conteúdo que for bloqueado por DRM, correto?

Isso não vai afetar em nada conteúdo livre, vai apenas ajudar no cnotrole da pirataria.

Ou ele vai trazer algo de ruim para o Software Livre?

-------------------
www.biglinux.com.br
www.programaslinux.com.br
Comentário de vmedina
Protestos são assim mesmo.: Mas não é nada "histérico" fazer um protesto criativo. Senão, os "caras pintadas" não passavam de uns palhaços?

Apesar dessa posição o texto é FUD do ínicio ao fim.

Vinícius Medina
Usuário Linux 383765. É um também? Mostre a sua cara!
Comentário de vmedina
Digita Restriction Management: +/- Bruno...

O lance é de controle mesmo, mas não só de pirataria... pode vir a ser de tudo. Depois que vc pega o jeito não quer mais parar.

Vinícius Medina
Usuário Linux 383765. É um também? Mostre a sua cara!
Comentário de nemesis
controle: realmente, o lance aqui é controle: grandes empresas controlando o que vc pode fazer com seu computador legalmente adquirido e mesmo CDs/DVDs/eBooks e outros mais legalmente adquiridos.

"ele vai trazer algo de ruim para o Software Livre?"

eu consigo enxergar um cenário em que um eBook ou CD se recuse a abrir em um SO não compatível com DRM. DRM vai de encontro às liberdades de usuário que a FSF prega, portanto, não espere ela mudar de lado.

é claro, DRM aparentemente só é problema para o HURD (sic), já que o Linus não parece ter um problema com a tecnologia e está seguindo a onda da indústria...

;; ((lambda (x) x) "Isto é um comentário e não será executado nunca")

Comentário de Patola
fraquinho: Erros fundamentais:

* Radicalismo não são "xingamentos e demagogia". Radicalismo - apego á *raiz* das idéias - é apenas um jeito chique de dizer "purismo". Purismo por ideais de liberdade de software eu só posso ver como bom, pelo menos melhor do que ir "deixando fazer" como a maioria das pessoas faz. De qualquer jeito, não é ser purista ou não que faz da idéia certa ou errada: são seus próprios méritos, e acusar de radicalismo é uma tentativa de distração desses méritos.

* O DRM é simplesmente incompatível com essas mesmas liberdades de software. A conseqüência prática é como aconteceu no caso do TiVo: não adianta nada um software ser livre mas ter restrições de DRM - as liberdades de software não podem ser colocadas em prática e o software se torna, efetivamente, proprietário.

* Apesar da histeria publicada em relação à insistência da GPLv3 em ter a "chave" do DRM, isso significa apenas que, se necessário, o recipiente pode reaproveitar o algoritmo. Não há nada como o alegado de que isso vai permitir que qualquer um rompa segredos industriais ou coisa parecida. Isso é, sim, FUD, em cima do que a FSF quer e do que dizem que ela quer.

Ademais, não vejo nada de muito lúcido no artigo. É patente que o autor não apresentou um argumento sequer a favor do DRM. Não mais do que dizer que a FSF apresentou uma falsa analogia - mas uma analogia não é prova ou argumento, é recurso didático e nunca mapeia realmente de 1 pra 1. De meu lado, posso dizer que a analogia do "carro que não vira" serviu muito bem pra mim, pois dois produtos que eu comprei, por ter DRM, simplesmente impediram completamente o seu uso.

Acho que isso podia ser evitado. Às vezes somos levados a concordar com uma opinião apenas por achar que a moderação é que deve estar certa, e que os extremos estão sempre errados. Mais uma questão de querer ser conciliador ou adotar uma posição confortável do que realmente se convencer pelos argumentos.

Ah, e por último... FSF New World Order? Fala sério. New World Order é essa coisa de DRM, de "podermos comprar mas não podermos usar". Que ridículo.
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Comentário de nemesis
esse é o Patola! :D: esse é o Patola! :D

*edit*
alguns boçais te moderaram negativamente e infelizmente já gastei minha moderação com "Interessante"...

;; ((lambda (x) x) "Isto é um comentário e não será executado nunca")

Comentário de Patola
Sobre DRM: Lendo esse artigo, comecei a pensar em uma coisa. Esse artigo pretende convencer aos usuário que o DRM não é "tão mau assim". Notaram que os artigos sobre DRM sempre miram em apenas um dos lados - o usuário? Acho que a esse ponto já é claro e patente que o DRM é uma coisa terrível para ele.

Mas o DRM tem outro lado, o das empresas que o utilizam e dos detentores de direitos autorais que querem a todo custo controlar o que produzem.

Será que não deveríamos tentar redigir artigos mais voltados a convencer esses cabeças-duras que a DRM é uma coisa ruim pra eles também? Que vai impedir os usuários de usar seus produtos, que pode render processos na justiça (bom, talvez não pra quem viva na DMCA, mas certamente no Brasil dá algumas dores de cabeça), que é uma desvantagem tremenda em relação a leis de mercado (faz seu produto ficar manco em relação a outros) e coisas assim?

Uma coisa que eu aprendi é que pra você ter poder de argumentação, você tem que ver as razões dos dois lados. Você pode não concordar com a razão do DRM existir, mas tem que pelo menos entendê-la plenamente (e não imaginar coisas como "existe só pra ferrar a vida da gente!"). Há gente que a acha útil, razoável e funcional, e a gente deve se esforçar mais em explicar que NÃO, NÃO É. O usuário já é território ganho, ao invés de defendê-lo tão desnecessariamente vamos atacar e convencer os produtores do que tem ou pode ter DRM.
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Comentário de lxoliva
Explicando...: O bloqueio a cópia e distribuição bloqueia inclusive cópia e distribuição que, pelas leis de direito autoral ou de copyright, você teria direito de fazer, o chamado fair use. Esse é talvez o grande problema. O DRM fica acima da lei, acima do poder de negociação, acima do direito do usuário. Isso não pode ser aceito.
Comentário de renatogdelf
FSF, Seu Mentor, GPL.:
"...O artigo começa reconhecendo o quanto a comunidade e o mercado de SL/CA devem a Richard Stallman, como a posição filosófica do RMS evoluiu para um resultado prático e aceito por uma ampla comunidade que inclui desenvolvedores, empresas, usuários de diversos níveis e com diversas necessidades."


Faz umas duas semanas mais ou menos, saiu uma matéria que infelizmente não me lembro onde li (gostaria que alguém colocasse o link, caso tenha lido), com um título mais ou menos assim (não tenho certeza):

"As 100 maiores "revoluções" na computação". Desde o início até os dias atuais, falando de ábaco, máquina diferencial, Von Neuman, etc (aquele histórico que já conhecemos).

Sabem qual era o último dos itens: "GPL".


Comentário de CWagner
E você sabe quantas: E você sabe quantas "inovações" foram lançadas todos esses anos na história da Computação?

Pelo menos lembraram da GPL e da contribuição da FSF.

Seria bom ver quantas "inovações" a área de programação existem, mas provavelmente poucos têm relevância ou preocupação em questões como distribuição ou liberdade de uso de programas de computador.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA

P.S.: As palavras acima fazem parte da minha visão do assunto e não pretendem ser, de modo algum, a verdade absoluta sobre o mesmo.

Obrigado!
Comentário de renatogdelf
você não entendeu.: Carlos,
achei que estava óbvio, mas você mostrou que não.

Eu não quis dizer que a GPL "ficou em último lugar";
nem quis dizer que a GPL sucks.

Muito pelo contrário. Eu quis mostrar que a gpl é uma super-força no mundo da computação atual. Vi a citação da GPL na matéria citada como um baita elogio, demonstração de que a importância é imensa, afinal a computação tem muuuuitas coisas acontecendo (ainda bem). No entanto, aquelas que realmente importam, tem valor, não são tantas assim.

Ou seja, em um mar de acontecimentos, estar enre os 100 não é para qualquer um.

Esclareci um pouco mais meu ponto de vista?
Comentário de CWagner
Desculpe se pareceu um pouco: Desculpe se pareceu um pouco ríspido. :(

Acho que não medi minhas palavras corretamente. Vou ver se me corrijo na próxima vez. :|

Mas ainda bem que tudo está esclarecido. Com certeza aparentemente as maiores "inovações" na área de computação dificilmente são percebidas, vide algoritmos e técnicas para melhorar os processos, tanto de software como de hardware.

Mas seria muito bom se alguém pudesse mostrar o link dessa lista.
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA

P.S.: As palavras acima fazem parte da minha visão do assunto e não pretendem ser, de modo algum, a verdade absoluta sobre o mesmo.

Obrigado!
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