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Mais sobre Sun, OpenOffice e licenciamento do código: é fork ou não? [atualizado]

Na semana passada, quando publiquei a notícia "OpenOffice: Sun não aceita contribuições sob a licença livre que adotou, e desenvolvedores se posicionam", mencionei que o autor do manifesto inicial precisou publicar esclarecimentos adicionais, após ver "a repercussão de uma nota pobremente intitulada no Slashdot", que levava a crer que o que estava acontecendo era algo completamente diferente: a julgar pelo título, a Novell estaria criando um fork do OOo para combater a recusa à licença livre do sistema, praticado pela Sun.

Me parece que o Slashdot não publicou esclarecimentos ou correções posteriores, mas hoje o Linux.com (que pertence à mesma companhia) se encarregou de desfazer o mal-entendido, publicando o artigo "Novell is not forking OpenOffice".

Além de recontar a história detalhadamente, o novo artigo oferece uma perspectiva histórica, incluindo:


  • A questão da necessidade de compartilhar os créditos de autoria com a Sun não é nova, e embora muitos desenvolvedores se resignem e aceitem, outros recusam. Por conta dela, as entradas vencedoras em um concurso realizado no ano passado ainda não teriam sido incluídas no OOo oficial.
  • A dominância da Sun no projeto OpenOffice.org já foi causa de mais debates anteriores, e para muitos não está claro se Louis Suarez-Potts (tecnicamente, um empregado da Collab.net ) é mesmo o responsável pelo projeto, ou se apenas coordena os esforços dos integrantes externos à Sun.
  • Há diversas organizações externas ao OOo mantendo suas próprias versões, incluindo o OxygenOffice e o NeoOffice. Estes grupos interagem com o OOo, embora com conflitos ocasionais.
  • Para resolver os problemas que identificavam com os longos prazos para publicação de documentação, um conjunto de desenvolvedores fundou o projeto OOAuthors, publicando seus documentos de forma colaborativa e independente, antes de enviá-los ao projeto OOo "oficial". Após a criação do projeto, a Sun começou a dar mais atenção à questão da publicação de documentação, e esta situação específica melhorou no último semestre.
  • O projeto go-oo, citado no manifesto, e que a nota do Slashdot classificou como o fork praticado pela Novell, existe desde 2002, criado por uma aliança que inclui a Novell, mas também a Mandriva e desenvolvedores independentes como Michael Meeks (autor do manifesto, e hoje funcionário da Novell) e Rene Engelhard, do projeto Debian, servindo de apoio aos desenvolvedores, e como uma central para código que a Sun não aceitou incluir no OOo "oficial".


      Assim, a situação exposta no manifesto não é nova, mas sim volta a colocar em questão a dominância da Sun sobre o projeto - não apenas a forma como é exercida, mas também a sua existência em si.




      Segundo o artigo do Linux.com, não houve muitas respostas até o momento - continuamos aguardando. Mas a resposta de Simon Phipps, desenvolvedor da Sun, é interessante, porque afirma que o autor do manifesto vem desafiando a Sun de forma criativa, que ele está tão ciente quanto os demais que tem havido deficiências no processo de contribuições da comunidade, mas que a Sun está procurando mudar a governança e as operações do projeto.

      O autor do manifesto, Michael Meeks, também foi procurado para responder sobre a questão do fork. Sua resposta: "A Novell não está fazendo um fork do OpenOffice". Ele também contou que passou o dia trabalhando em código que será enviado para o OOo oficial, e que as duas empresas (Novell e Sun) continuam trabalhando em conjunto. Para ele, se há um fork, ele está contribuindo para ambos os lados.

      Saiba mais (linux.com).

      Atualização: veja também o artigo "Thank you Michael, but no, thank you...", de Charles H. Shulz e publicado no Groklaw, que defende a forma como ocorre hoje a cessão de direitos autorais dos desenvolvedores do OOo para a Sun - que inclusive permitiriam que ela fechasse o código de um dia para o outro, segundo o texto, mas também tem várias vantagens - e expõe várias suspeitas (mas poucas afirmações a respeito delas) de que o manifesto de Michael Meeks pode estar a serviço da política da Novell em relação ao MOOX.

Comentários dos leitores

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Comentário de popolony2k
Não há fork....: ...ainda !!

O que existe é a geração de intrigas que antecede ao fork.

Popolon Y2k
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Comentário de hardware
Que venha o Fork!: Vejo o Fork hoje como a evolucao natural de um sistema que se esgota, seja ele por politicas, codigos ou qualquer outra coisa. O exemplo mais recente que temos foi o do Compiz-Fusion. O Compiz nasceu do Beryl (ou foi o contrário?), ganhou vida propria e se destacou de sua criação, que estava com seu desenvolvimento engessado. O Fork foi tão bem sucedido que ambas as comunidades resolveram se unir (chamando de Compiz-Fusion), adotando as evoluções do Fork e promovendo o sistema perante todas as distribuições Linux, devido à estabilidade alcançada pelo código.
Comentário de LKRaider
Foi o contrário :): Foi o contrário :)

Compiz foi desenvolvido primeiro, aí surgiu o Quinndebs, que era uma coleção de plugins para o Compiz feitos/empacotados por QuinnStorm (Ubuntuforums). Depois mais contribuidores de plugins e código se juntaram, e foi feito um fork (Beryl) do Compiz para suportar melhor os novos plugins.
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