Um artigo distribuído pela agência de notícias Reuters sob o título "
Novell could be banned from selling Linux: group" vem gerando ondas de choque na imprensa, graças a um título que distorce o caso para transformar (sem suporte factual) algo originalmente digno de debate em algo completamente inaceitável por todas as partes envolvidas.
A história dá a entender que a Free Software Foundation está se movendo para tentar banir a Novell de vender o Linux, algo que ela nem mesmo poderia fazer, uma vez que não é a dona dos direitos autoriais da íntegra do Linux (tanto se considerarmos o Linux como sendo o conjunto de softwares livres que vem nas distribuições, quanto - e principalmente - se formos estritos e considerarmos Linux como sendo unicamente o kernel). E, caso fizesse, abriria um precedente bastante sério, mesmo considerando as circunstâncias: a revogação da GPL para um distribuidor que não a violou - algo que não está previsto na licença em si, e nem na definição de liberdade de software adotada pelos autores da licença.
Não está clara a razão de o repórter ter distorcido a história desta forma, mas o eWeek se deu ao trabalho de entrevistar Eben Moglen (o
chefe dos consiglieri da FSF) para
esclarecer o que de fato houve. Segundo Moglen, o que o repórter perguntou a ele foi se era verdade que membros da comunidade querem que a GPLv3 impeça a Novell de distribuir softwares licenciados sob a (futura) licença GPLv3. E Moglen respondeu que era verdade - algo que já foi largamente publicado, pois não é segredo que setores da FSF desejam alterar a próxima versão da GPL para tornar impossível realizar acordos exclusivos de proteção envolvendo patentes de software quando se tratar de softwares licenciados sob ela. O Groklaw também
confirma que a FSF está realizando estudos a respeito e deve ter uma conclusão em 15 dias.
A partir desta declaração, o repórter poderia concluir que determinados setores da comunidade desejam banir a Novell de traficar software livre quando isto envolver esquemas de proteção exclusivos e relacionados a patentes de software, e que estes setores só conseguem fazer isto com os softwares que no futuro vierem a ser licenciados exclusivamente sob a GPLv3, mas ele resolveu dar um salto e dizer no título que "a Novell pode ser banida de vender o Linux" - algo improvável na prática, considerando que os desenvolvedores do kernel Linux em si já disseram que não pretendem usar a nova licença, e também considerando que a Novell poderá continuar distribuindo todos os softwares livres com licenças menos restritivas que a GPLv3.
Independente da discussão sobre estar correto ou não criar cláusulas em uma licença geral afirmando que elas têm como alvo uma empresa específica, aparentemente o que o repórter da Reuters fez foi publicar uma notícia que não corresponde aos fatos e nem à declaração da sua fonte.
Atualização:
mais esclarecimentos no Linux.com.
Não querer que a Novell venda linux, e a mesma coisa que dizer que a RedHat não vendara linux, que a Mandriva não vendera linux, e por ai vai.
A Novell por ter sido errada aos olhos de muitos com a parceria com a Microsoft, estão martirizando. Mas veja bem, mesmo com esta parceria não vemos defesa de usar o Windows em nenhum local, pelo contrario, ate sites contra o Vista foram criados.
A Novell e uma grande desenvolvedora, e vejo que se a FSF conseguir derrubar ela da forma que deseja, poderemos perder uma grande ajuda.
E para recusar o trabalho de uma grande empresa devemos estar muito bem de softwares de alta qualidade.
Abraço