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A entrevista que Stallman recusou: Entendendo a controvérsia sobre a GPLv3

A Information Week fez uma longa e interessante matéria sobre o estado atual da comunidade interessada na próxima versão da GPL, a mais popular entre as licenças livres e de código aberto, e que em sua tradicional versão 2 (datada do início da década de 1990) é adotada por projetos tão relevantes quanto o Linux, o MySQL e o Samba - bem como por 72% dos mais de 140.000 projetos hospedados no Sourceforge.net. O artigo é longo e a leitura do original é sempre recomendada, mas vou tentar resumir para benefício de quem não lê em inglês. Busque sempre ler o original para ver o texto integral e isento de qualquer viés acrescentado pelo autor do resumo e tradução!

A GPLv3 está para ser lançada. O lançamento estava originalmente previsto para este mês de março, mas o prazo não será cumprido intencionalmente, uma vez que seus autores e proponentes resolveram alterar suas especificações tendo em vista recentes alterações no cenário, especialmente o acordo da Novell com a Microsoft envolvendo questões de patentes de código regido sob a GPL. Ainda deveremos ter a divulgação de mais uma versão rascunho (a terceira - originalmente marcada para a última virada de ano) e os subseqüentes debates antes do lançamento definitivo.

Briga de família

Mas mesmo antes do lançamento, já há uma grande "briga de família" entre os diversos ramos da árvore da comunidade que viceja ao redor das licenças livres, sobre os méritos, vantagens e problemas potenciais da GPLv3. Até a popular versão corrente da GPL, sua característica mais controversa são as cláusulas copyleft, que essencialmente obrigam a qualquer pessoa que modifique ou distribua o software a manter o código-fonte disponível, sob a mesma licença do original. Esta cláusula afeta essencialmente, de forma direta, o desenvolvimento de derivados e a distribuição, e não o uso do sistema - a pessoa que recebe o código tem liberdade de utilizá-lo para a finalidade que desejar.

4 raízes de controvérsia

Mas as coisas mudam de forma profunda com as propostas para a versão 3 da GPL. Segundo o artigo, as alterações mais controvertidas são:


  1. DRM: A GPLv3 impede que software sob a GPLv3 implemente efetivamente tecnologias restritivas conhecidas como DRM.
  2. Proteção contra patentes: Ao mesmo tempo em que a GPLv3 busca prevenir ações judiciais contra usuários de software livre por infração de patentes de software, ela tenta também impedir acordos exclusivos de proteção, como o que a Novell fez com a Microsoft.
  3. Serviços on-line: A GPLv3 procura expandir o conceito de copyleft, e há questionamentos sobre de que forma os provedores de serviços on-line podem vir a ser obrigados, nos termos da licença, a tornar disponíveis os fontes dos softwares que eles não distribuem, mas fazem uso para prestar seus serviços. Já há alguns esclarecimentos nesta questão e a poeira começa a baixar.
  4. Novas definições: Mudanças no uso de diversos termos para melhor se adaptar a legislações internacionais de direitos autorais.


Algumas das propostas elencadas pelo artigo são menos controversas. Por exemplo, embora tenha havido questionamentos sobre se vale a pena interromper o processo e alterar uma licença Geral para fazer frente a uma questão específica (o acordo MS+Novell), não há dúvida entre os usuários e a comunidade que a proteção aos usuários contra patentes de software é válida, embora os termos específicos possam e devam ser adequadamente debatidos com as empresas (ou outros proprietários de patentes de software, nos países que as permitem) que produzem e distribuem softwares livres, para evitar e restringir possíveis efeitos colaterais imprevistos.

Em nome do combate a DRM

Outras, como a questão da implementação de DRM (que afeta especialmente os kernels de sistemas operacionais livres), são bem mais controversas, motivando inclusive a manifestação vocal e freqüente dos desenvolvedores do mais popular kernel livre - o Linux. Seu líder, o desenvolvedor Linus Torvalds, já se manifestou diversas vezes contra DRM mas também contra a idéia de uma licença livre restringir os usos que se pode fazer de um certo produto de software. Ele é um grande defensor da GPL na versão corrente (que para ele personifica a idéia de desenvolvimento de forma aberta, à vista do público), e já deixou claro em muitas ocasiões que não pretende adotar a terceira versão.

Poucos projetos fora do âmbito da própria FSF já anunciaram a intenção expressa de adotar a GPLv3 imediatamente após seu lançamento - um deles é o popular Samba. No outro extremo está o Linux, que já esclareceu que não pretende mudar de licença. No campo intermediário, aguardando a definição não apenas dos termos da licença mas também das demandas de seus usuários, estão projetos como o MySQL e o conjunto de produtos que a Sun vem prometendo abrir.

O futuro próximo

Ainda demoraremos a ver uma resposta definitiva, mas já dá de prever que muita água passará por baixo desta ponte antes de vermos o mesmo tipo de predominância estável de uma única licença, como ocorre hoje.

Linus Torvalds foi consultado pela Information Week para a produção desta matéria, e ao contrário de Richard Stallman e de Eben Moglen, ele não se negou a responder. Segundo ele, pode ter havido viés político na construção da versão corrente da GPL, mas ela permite que pessoas com visões políticas diferentes trabalhem junto entre si. Mas aparentemente a Free Software Foundation quer mudar este modelo, ele acrescenta. E esta não é uma direção em que ele deseje segui-la.

Saiba mais (informationweek.com).

Comentários dos leitores

Os comentários abaixo são responsabilidade de seus autores e não são revisados ou aprovados pelo BR-Linux. Consulte os Termos de uso para informações adicionais. Esta notícia foi arquivada, não será possível incluir novos comentários.
Comentário de stallman
Stallman é igual: Jesus cristo. Já registrou suas ideias e não tem necessidade de existir mais.
Comentário de maiconfaria
É, uma licen?a de 1990...: É, uma licen?a de 1990... quase tão velha quanto a constitui?ão brasileira.

Não sei por que tanta gente é tão conservadora, eu acredito que a licen?a tem que evoluir e vejo que os pontos citados são exemplos importantes desta necessidade.

Assim sendo, não existe dúvida de que a GPlv2 falha e disto surge a necessidade de aprimora-la.
Comentário de Copernico Vespucio
O Pomo da discórdia: Aparentemente, a cláusula relativa à DRM é a mais polêmica, principalmente por que Linus (o mantenedor do Kernel livre mais usado no planeta) não concorda com ela.

Por que então não transformá-la em um adendo ou variante à nova licença que pode ser adotado ou não de acordo com o desejo do autor? Coisa assim já foi feita antes, vide a "CLASSPATH Exception" na GPLv2.

RMS desejaria "obrigar" o Linux a não permitir o DRM para nada, coisa que o autor e mantenedor já disse que não vai acontecer. É uma batalha perdida. No entanto, flexibilizar a licença de forma que o Linux possa adotá-la vai ajudar bastante contra outros problemas como contra a dobradinha M$/Novell.

Por que não alimentar a concórdia, com a FSF reconhecendo os direitos do Linus e apresentando uma solução que seja melhor e mais adequada para todos?
Comentário de Knux
FSF reconhecer os direitos: FSF reconhecer os direitos de alguém?!

RMS só reconhece a obrigação de colocar o prefixo GNU à frente do nome Linux.

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"Remember there is a big difference between kneeling down and bending over"
Comentário de Copernico Vespucio
Esclarecimento: Não é disso que estava falando, pra mim essa é uma disputa estúpida.

Estava me referindo a reconhecer o direito do Linus, como uma parte muito importante da comunidade, ter a própria visão sobre determinados assuntos como o combate a DRM e alinhavar uma solução que leve essa posição em consideração.

Por exemplo, bastaria tornar a cláusula da DRM uma extensão da licença, dando ao autor a escolha de adotá-la ou não. Ao fazer isso possivelmente teríamos um Kernel Linux GPLv3 em tempo recorde.
Comentário de santo
Eu tambem acho que o: Eu tambem acho que o stallman deveria deixar esta questão do DRM para depois e abordar um estrategia um pouco mais inteligente, por que para a grande maioria dos consumidores infelizmente, é mais importante o que um produto oferece do que sua filosofia, e vendo por este lado não implementar DRM é uma vantagem por que o software livre acaba sendo compativel com tudo. Portanto seria muito melhor se a FSF fizesse um selo do tipo "Não-DRM" e mostrasse as vantagens destes produtos (coisas como você pode reaproveitar seu "velhos" cds de musicas, tudo que rodar no seu pc roda aqui, tire proveito maximo do seu hardware) e apresentasse um anexo a GPL 2 como uma GPL 2.2 que tivesse as clausulas "Não-DRM" só para saber quem realmente está interssado na GPL 3 e sem falar que uma campanha esclarecedora contra DRM que mostrasse a verdade traria o mercado para o lado dos produtos "Não-DRM".
Este tipo de movimento é imprtante por que muita gente inclusive do meio da informatica/computação não sabe o que é DRM e isto dificulta todo o trabalho contra o DRM algo que parece que a FSF não está vendo.
Comentário de Covarde anonimo
Isso é tão importante?: Que se dane o Kernel. (quase)Ninguém roda ele sozinho. Quando vocês vão aprender: S.O. Linux = GNU Utils + Kernel Linux. Isso é uma definição amplamente aceita. Acordem.


Tá bom, aí o Kernel é GPL v2 em toda a sua glória e tudo que tem de Utils (cd, ls e etc) e o Samba(muito necessário hoje em dia) serão GPL v3. Como fica? Oras, a Distro acaba virando v3, como falou o próprio messias do OpenSource: "When you combine two different versions, you get a third version, namely the least permissive reading of either of the ones you combine,". Ou não?

Nesse ponto de vista, será mesmo que vale a pena brigar com o sr. Linus "Eu disse não" Torvalds?
Comentário de Copernico Vespucio
Acho que é você que precisa despertar:

Que se dane o Kernel. (quase)Ninguém roda ele sozinho. Quando vocês vão aprender: S.O. Linux = GNU Utils + Kernel Linux. Isso é uma definição amplamente aceita. Acordem.


Em primeiro lugar, se esta fosse uma definição "amplamente aceita", não haveria uma ampla discussão a respeito. Acorda você.

Segundo, Eu nunca vi as GNU-Utils rodando sem um kernel. E é ele o responsável pelo próprio sucesso, visto que vários outros kernels rodando as mesmas ferramentas caíram na obscuridade e outros tantos não estão recebendo o apoio necessário para se desenvolver. É o kernel atual do Linux (e seus módulos) o responsável por tornar o sistema viável para o usuário final tal qual o é hoje.

Terceiro: essa é uma discussão tão estúpida quanto a revendicação relacionada, já devia fazer parte da história e nada tem a ver com a questão atual.


Tá bom, aí o Kernel é GPL v2 em toda a sua glória e tudo que tem de Utils (cd, ls e etc) e o Samba(muito necessário hoje em dia) serão GPL v3. Como fica?


Pode muito bem ficar GPLv2. Faz muito tempo desde que as GNU-Utils não recebem uma atualização digna de nota e, se for necessário, um fork da versão v2 pode facilmente encontrar novos mantenedores. E o samba pode muito bem ser distribuído separadamente como v3. O usuário simplesmente lê e aceita a licença separadamente, se achar que deve. Ou, o que é pior, a Novell implementa uma solução proprietária com a ajuda da sua parceira M$ (algum wrapper gambiarrento em cima das dlls do Win) e distribui no SUSE comercial.

Embora possível, essa não é uma situação desejável para combater os últimos desafios como o caso Novell e ao mesmo tempo preservar o direito dos desenvolvedores de encontrarem algo útil para fazer com a tecnologia DRM sob Linux.

É tempo da FSF ouvir a opinião do resto da comunidade e basear suas ações em um consenso, pelo bem de todos. Antes que alguém se aproveite (como está acontecendo) dessa pirraça ridícula dentro de casa.
Comentário de Copernico Vespucio
+1: Sim, eu acho que ESSA é justamente o tipo de postura a ser adotada para a solução do problema.

A DRM, quando usada para coibir direitos, deve ser combatida com campanhas e/ou certificações.

A técnica em si é inocente e pode até ser útil ao usuário em alguns contextos. Outros usos imorais que podem ser feitos dela é que devem ser sempre combatidos.

Será que é tão difícil assim?
Comentário de Covarde
Algo útil com DRM?: Bom deus, um comediante! :)


Comentário de Covarde
Algo útil com DRM?: Bom deus, um comediante! :)


Comentário de Covarde
Algo útil com DRM?: Bom deus, um comediante! :)


Comentário de Copernico Vespucio
3 vezes??? Sim, algo útil: Exemplos:

a) Identificação inequívoca de máquinas de uma rede sem fio de uma empresa, garantindo a característica de rede conhecida como não-repúdio (poderia ser implementada com chave pública/privada, mas isso identifica um usuário, não uma máquina).

b) Dispositivo anti-roubo de computadores portáteis (de forma semelhante à implementada no OLPC), eventualmente até permitindo localizar a máquina via GPS.

c) Identificação inequívoca de quiosques utilizados em uma votação digital.

d) Um determinado documento confidencial poderia ser assinado para só ser aberto em uma determinada máquina específica.

e) Uma determinada rede pode exigir que o acesso só seja feito através de equipamentos identificados.

etc...

Utilizações que ferem a ética:

a) Vender conteúdo de mídia com assinatura para um único equipamento.

b) Identificação remota de equipamentos por uma empresa fornecedora de software/hardware com fins investigativos, propósitos de marketing e/ou com qualquer objetivo de auferir lucro.

etc...

Sim, existem usos lícitos e ilícitos de qualquer tecnologia, DRM não é nenhuma exceção.

Infelizmente, a denominação para a técnica (DRM: Digital Rights Management) é extremamente infeliz, demonstrando uma aplicação nefasta de "gerenciamento de direitos autorais digitais". Um novo termo deveria ser cunhado pela comunidade de TI para definir a técnica, e não um de seus usos especialmente imorais. O nome "DRM" deveria ser enterrado o quanto antes.
Comentário de mariconfaria
Como você digita o '?' ? A: Como você digita o '?' ? A resposta pode vir sob GPLv2 ?
Comentário de Copernico Vespucio
???: Acho que foi uma piada...

Mas por favor, explique pq eu não entendi NADA! :-/
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