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Editorial: os bastidores do FISL

Sulamita Garcia, integrante do grupo Linuxchix-BR, foi uma das convidadas para atuar na cobertura do BR-Linux no FISL. Pedi a ela (e a algumas outras pessoas, que ainda serão apresentadas) que se concentrasse em um foco editorial, e não na descrição pura e simples dos eventos. Naturalmente, o espaço para contrapontos está sempre aberto, basta enviar. Segue o primeiro relato dela, direto dos bastidores:


Embora tenha tentado enviar relatos diários, apenas agora posto o resumo... :D

O FISL deste ano nao se parece nada com qualquer outro, nem mesmo com qualquer outro evento que já participei. O palco de debates, personalidades e intrigas mais se parece a uma grande novela.

Vamos aos acontecimentos. A estrutura, muito menor que a dos outros anos, mantém as características anteriores. Um pequeno espaco para grupos de usuários, onde centenas de pessoas tentam compartilhar conexão (e informações sobre como configurar a conexão), rede elétrica e espaço físico. Espalhados pelo chão com seus notebooks, compartilham código e conhecimento, a essência do movimento.

Assisti a poucas palestras. Muita gente querendo conversar, conhecer o Linuxchix. No primeiro dia assisti a uma palestra de tema pomposo, da linha de desenvolvimento, e novamente me decepcionei com a qualidade do tema apresentado. Foi um comentário que ouvi de outras pessoas em relação a outras palestas, da falta de profundidade delas. Infelizmente poucas são as palestras que tratam de temas novos e que são para as pessoas que já sabem o básico e querem ir alem disto. Falta a percepcao da comunidade madura em ja saber o que é software livre, o que é gnu e o que é linux, e que agora querem trabalhar. Queremos mais, queremos conhecimento, queremos novidade. Afinal, nao é a mola do mundo de tecnologia que estamos inseridos?

No outro dia assisti as palestras de Netfilter e do KDE 4, e estas satifizeram completamente minha sede por novidades. Na palestra do netfilter, descobri a respeito do modulo de hashsize, que pode fazer toda a diferença no desempenho de um firewall. E na palestra do KDE, fiquei muito empolgada com as idéias inovadoras e criativas do time, que está sempre buscando melhorias e progresso. Alem de serem pessoas extremamente comunicativas e divertidas, sao muito bem dispostas a sentarem, ajudarem a baixar o codigo, mostrarem como usar o subversion e auxiliar no que precisarmos. Me disse Aaron Saigo: uma hora do meu tempo investido em apoio a interessados geralmente representa possibilitar outras dez horas de contribuição de alguem. E acho que nosso representante tupiniquim neste time, o KDElio, sempre representou muito bem esta boa vontade... quem sabe eu nao entro pro kde-women tambem?

Participei de mais uma sessao das "Mulheres do Software Livre", onde mais uma vez o debate sobre aborto, sexualidade, yin e yang, musica, arte, fases da lua e assuntos femininos foram apresentados. Como integrante e uma das responsaveis do mais antigo grupo que debate a questao de genero na comunidade, questionei a lacuna existente entre o discurso de apoio e a falta de acoes efetivas, de alguma acao concreta. Este ano a programacao destinada ao "Encontro das Mulheres e Software Livre", do qual o Linuxchix Brasil com muita negociacao conseguiu participar ano passado, esta bem reduzida. Alguns participantes do evento relataram a sesacao de terem menos mulheres no evento este ano, na tendencia inversa ao Encontro Nacional Linuxchix Brasil. A promessa é de conversacao e dialogo.

Assisti pedacos dos debates da Microsoft. Entre os grupos de usuarios, as opinioes se dividem. Alguns acham descabido, outros acham que eles vieram vender os produtos. Percebi que poucas pessoas leram de verdade o flyer dos debates e se tocaram que pela primeira vez, como até recentemente nunca havia acontecido em nenhum lugar do mundo, a Microsoft veio pedir para conversar. Marcou "reunioes" com integrantes da comunidade e quer negociar. Parece que muito pouca gente percebeu que o que isto quer dizer é que fizemos um trabalho tao bom que a gigante de software proprietario decide que é melhor cooperar. E eu acho que nao custa ouvir e descobrir o que eles tem a dizer com esta nova postura.

Infelizmente integrantes da organizacao tentaram colocar a empresa contra os grupos de usuários. Sem saber que eu e outras pessoas já sabiamos há muito da programacao do debate, ao confirmar que a empresa seria bem-vinda para participar do evento, citaram nomes (incluindo o meu) como xiitas que estariam planejando depredar o stand da InfomediaTV em represália a este espaço ter sido concedido a eles. Que o espaço de grupos de usuarios era encarado como mal necessario pela organizacao, nunca foi segredo para nós. Porem a resposta da empresa de que havia tido o diálogo e todos estavam animados com a possibilidade de cooperacao foi aparentemente uma surpresa indigesta para seus interlocutores. Quem sabe um dia virá que os grupos de usuários, que prestam suporte, desenvolvem e poe a mao na massa na hora de executar os projetos, serao realmente valorizados. Talvez a culpa seja nossa por criamos antagonismo entre os grupos ao inves de cooperacao. Mas acho tambem que estes episodios nos ajudam a crescer a percepção de quais são os verdadeiros problemas.

We are under attack. Activate deflector shield.


Comentários dos leitores

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Comentário de Outro eu
"Participei de mais uma: "Participei de mais uma sessao das "Mulheres do Software Livre", onde mais uma vez o debate sobre aborto, sexualidade, yin e yang, musica, arte, fases da lua e assuntos femininos foram apresentados."

"Yin e yang"... fases da Lua?

lol, não sabia que o Linuxchix era um movimento esotérico...

Noto agora que o Linuxchix é um movimento feminista esotérico, não de inclusão das mulheres no mundo do software livre apenas...

Sobre a discussão de coisas delicadas (no sentido de poder causar várias guerras santas) como aborto, beleza... Apenas espero que o Linuxchix não aproveite a coisa da "liberdade para todos, incluindo as ?prejudicadas? mulheres" para defendê-lo [e] como ponto de vista oficial do grupo...
Comentário de brain
interpretação: Acredito que a Sulamita mencionou estes temas como uma crítica à sessão, que aliás não foi organizada pelas linuxchix.
Comentário de Manoel Pinho
debates com os representantes da Microsoft: Até que os representantes da Microsoft que estão debatendo no FISL foram bem escolhidos. Foram educados, cuidadosos na argumentação e mostram respeito pelo SL. Falaram bastante sobre interoperabilidade mas a verdade é que eles, como técnicos e consultores de soluções de informática podem até ter esse tipo de preocupação, mas infelizmente na prática a empresa não compartilha esse mesmo pensamento e benevolência.

Um exemplo bem claro disso é a recente recusa da adoção do formato OpenDocument do consórcio OASIS, usado no OpenOffice.org, no próximo MS Office. A não disponibilização de versões linux de softwares como o .Net e FUDs do tipo "Get The Facts" em tudo que é site e revista de informática, principalmente nas que abordam linux e software livre, é uma mostra clara de que eles estão em guerra conosco, e não de forma competitiva e justa como pintaram no debate.

Realmente eles estão colocando cada vez mais recursos de interoperabilidade com Unix e padrões abertos nos seus produtos mas é tolo em pensar que eles vão implementar ou mesmo facilitar o contrário. Nunca documentarão o protocolo CIFS (SMB), nem os formatos das versões antigas do MS Office e nunca farão a interoperabilidade com produtos como o MS Exchange ser uma coisa trivial.

E lembrem: Hitler também assinou com Stalin um pacto de não agressão à União Soviética e pouco depois entrou com suas tropas no país.

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Participe (finalmente inaugurado):

Comunidade de Usuários do Mandriva Linux no Brasil
http://mandrivabrasil.org
Comentário de brain
Não agressão: Manoel, mas a Microsoft não está propondo um pacto de não-agressão. O discurso do Roberto Prado deixa muito claro que a empresa vê o software livre como um rival e está procurando compreendê-lo e adaptar-se a um mercado que passa a adotá-lo e até a exigir características típicas dele.

Também não vi nenhum tipo de promessa de abrir SMB, CIFS ou outros "segredos" da companhia. A empresa vem acenando com maior adoção de padrões abertos, participação e aderência nos/aos grupos que definem e mantêm esses padrões (ISO, IEEE, W3C, OASIS, etc.), um pouco mais de preocupação com interoperabilidade, liberação de código de algumas ferramentas, e aparentemente vai começar a incentivar que desenvolvedores do mercado usem recursos e métodos similares aos nossos.

É até ingênuo considerar a hipótese de que o IE vá passar a seguir integralmente os padrões do W3C, o Office suporte como default e na íntegra os formatos abertos do OASIS, e que a Microsoft esteja fazendo isso tudo porque "viu a luz" do software livre. Ela está fazendo isso para se adaptar às condições do mercado, não fará mais do que o que for necessário para atingir seus próprios objetivos, e fará as coisas aos poucos, aproveitando cada gota de publicidade positiva que esses fatos (como o debate de hoje) gerarem.

Mas, ainda assim, esses passos são convergentes à direção do nosso movimento. Não devemos nunca baixar a guarda nem depender de qualquer item que não tenha uma licença aberta e não seja livre de patentes de software, mas isso não significa que devemos recusar o diálogo ou deixar de aproveitar situações favoráveis - ainda que a motivação de nosso interlocutor possa ser bem diferente da nossa.


Comentário de ah blz
blz :): blz :)

dessa vez foi entao...
Comentário de danielfl
Importante ficar esperto: Pelo que conheço da MS e sua politica de competitividade, eu acho sempre interessante manter "um pé atrás" com qualquer medida que a empresa tome, é claro que ela tentará usufruir de alguma forma da "onda" do software livre..

mas qq medida q ela tome que venha a beneficiar de alguma forma a comunidade será bem vinda..
Comentário de Manoel Pinho
Realmente não deixei bem: Realmente não deixei bem claro a minha opinião no texto acima. Eles realmente não prometeram nada, mas tentaram nos convencer que estão jogando limpo e de forma interoperável quando não é bem assim. Logicamente eles vêem o linux como concorrente mas o que eu quis dizer é que eles não vão jogar limpo daqui para frente. Não é só um caso de não documentar ou abrir os formatos proprietários legados deles, mas de continuar gerando softwares e protoconos proprietários, não documentados e não interoperáveis (esceto quando a interoperabilidade for para beneficiá-los).

O que considero jogar limpo é participar da formação desses padrões de forma conjunta com competidores, como acontece em outras áreas. Se eles participam do consórcio Oásis e, portanto, teriam condições de participar das definições do padrão, por que não o utilizam ? Logicamente quando se trabalha em grupo nem tudo será conforme você quer. A Microsoft parece aquele cara que pega a bola no meio de um jogo e vai embora com ela quando é contrariada.

Mesmo que ela jogasse justo ainda continuaria com a maioria do mercado por vários motivos, mas certamente perderia mercado em relação à situação monopolista e confortável de agora.

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Participe (finalmente inaugurado):

Comunidade de Usuários do Mandriva Linux no Brasil
http://mandrivabrasil.org
Comentário de Bruno Gonçalves
Oh estamos salvos: Agora a Microsoft é nosssa amiga tudo será perfeito.

A Microsoft que estar la com seu get defects em qualquer lugar que esteja a palavra Linux ou Software livre, ninguém notou isso?

As palestras foram so propaganda da M$ e ainda tem gente que acha bom eles terem ido lá, é muito melhor se eles tomarem a postura de rivais como são do que ficar nessa falsidade.


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www.biglinux.com.br
www.programaslinux.com.br
Comentário de brain
???: Bruno, pela sua postura eu imagino que você não tenha tido interesse em assistir ao programa, e não vejo nada de errado nisso.

Mas só gostaria de apontar que a Microsoft não foi lá se fingir de amiguinha. Pelo contrário, o representante da empresa disse com todas as letras que a aproximação dela com os padrões e código abertos é motivada pela pressão do mercado, e que o software livre é um rival.

Naturalmente ela continua a ser a mesma empresa que sempre foi. Mas isso não é razão para que vivamos isolados em um gueto.
Comentário de Bruno Gonçalves
Infelizmente vi...: Vi sim, e passei foi raiva.

Em um dos maiores eventos de Software Livre do mundo se perde quase 1 dia ouvindo besteira da maior rival, se auto vangloriando e dizendo que é boa, que se preocupa com interoperabilidade, etc, etc, etc...

E ainda vai no evento e diz que é amiga, é rival mas quer ser amiga, que tome postura de concorrente, poucos estão vendo que a idéia da Microsoft é estar em todo lugar que o Linux estiver, que o Software Livre estiver, pq ela vai estar la falando que ela é melhor, que ela é a correta, alguns ela sempre vai convencer, mas mesmo os que ela não convencer, ela vai estar la oculpando lugar que seria de outro que dedsenvolve software livre.

Não sou um revoltado contra a Microsoft, mas não vejo com bons olhos a aproximação dela com o Software Livre, um rival so se aproxima de vc pra te ferir.


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Comentário de Necronomicon
Atentado a sanidade: Porque colocaram uma foto dessas na notícia ?
Sacanagem...ela é muito bonita, nem li o texto...não consegui, desvia a atenção mesmo!
Uma nota histórica: quando Sofia Kovalevskaya (http://en.wikipedia.org/wiki/Sofia_Kovalevskaia) entrava nos laboratórios era a mesma coisa...ficava todo mundo babando...
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