Brian Profitt publicou no seu
editorial desta semana uma série de questionamentos muito interessantes sobre
a encruzilhada em que a comunidade do software livre se encontra agora que a Microsoft, a Novell, a Sun, a Oracle e outras empresas relativamente arrivistas estão procurando trazer ao nosso meio as suas formas usuais de agir, cooperar e competir.
Algumas das questões levantadas são mesmo muito dignas de debate. Vamos a elas:
A Microsoft não fez afirmações diretas, não identificou quais os seus direitos que poderiam estar sendo infringidos pelo software livre, nem nunca afirmou de forma objetiva e definitiva ter base para ingressar legalmente e com razoável expectativa de vitória contra algum desenvolvedor, usuário ou distribuidor de software livre. Quando paramos, como comunidade, de nos preocupar mais diretamente com aspectos (incluindo os termos de licenciamento) que incentivam o avanço tecnológico do software livre, e passamos a nos dedicar a bloquear no futuro os movimentos que a Microsoft já fez no passado, já não estamos fazendo o que ela quer, e movendo o jogo do campo tecnológico (onde já temos considerável impulso) para uma retranca que é justamente a estratégia em que ela gosta de jogar?
Se a Microsoft tivesse mesmo uma carta na manga e desejo de jogá-la, por que ela teria esperado até o Linux virar uma indústria multi-bilionária para jogá-la, já que não é no dinheiro das ações judiciais que ela tem interesse?
Considerando a possibilidade de a Microsoft não ter esta carta na manga, ou o desejo de jogá-la de forma definitiva, a competição entre Windows e Linux passa a ser nos campos tecnológico e de custos - não será precisamente isto que a empresa está querendo evitar, nos conduzindo para uma retranca sem nunca mostrar as cartas que tem na mão?
Uma noção de Direito comum aos norte-americanos é que não se legisla contra indivíduos ou grupos. Isto não se aplica à redação de licenças de copyright (como a GPL), porque adotá-las não é compulsório - você pode optar por não usar o software, ao contrário do que ocorre com as leis. Ainda assim, é desejável para nós como comunidade conduzir o desenvolvimento de uma forma reativa?
Brian não concorda com a afirmação comum de que a Microsoft está tentando matar o software livre - porque isso nem mesmo interessa a ela. Ela pode estar tentando matar empresas concorrentes, como a Red Hat, ou mesmo a Novell, que acabam recebendo dinheiro que de outro modo poderia ir para os bolsos dela. Reações exageradas e atitudes sectárias podem nos colocar uns contra os outros, e certamente isso não beneficiaria a nós mesmos, mas sim a ela.
Vale a pena refletir a respeito. E se a carta na manga nunca for jogada, o que estamos deixando de fazer pelo nosso próprio interesse, enquanto brigamos entre nós?
A M$ deve estar desesperada porque o Vista será um fracasso, a não ser é claro que se torne popular como as versões anteriores por causa da pirataria. Não é à toa que já estão aparecendo na imprensa notícias ensinando como burlar o propalado sistema anti-pirataria do Vista
http://idgnow.uol.com.br/seguranca/2006/12/08/idgnoticia.2006-12-08.4754561285/IDGNoticia_view
O absurdo dessas reportagens é que dão o nome do arquivo torrent a procurar, o site de onde baixar, numa clara torcida para que existam mesmo formas de piratear o produto. É triste ver que entre jornalistas especializados em informática há uma clara torcida para que o controle à pirataria continue ineficiente e assim continuem atingindo a maioria do público com seus artigos e dicas de Windows, M$ Office e programas popularizados pela pirataria.
Podem anotar que se a M$ se sentir ainda mais ameaçada fará a jogada que sempre fez, permitindo que os usuários domésticos do terceiro mundo pelo menos continuem usando os seus produtos sem pagar. Isso é mais prejudicial ao crescimento do linux do que qualquer SCO, patente de software ou outra tática suja.
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Usuário Linux #100343
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