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Discurso de Richard Stallman fala sobre o imperativo ético do software livre

A universidade italiana de Pavia recentemente concedeu um grau honorário a Richard Stallman, e seu discurso na ocasião foi transcrito e publicado em um site da FSFE. No discurso, Richard Stallman fala do imperativo ético de usar software livre, com foco em indivíduos e escolas.

O texto é interessante. Inicia falando do caráter da inovação, e afirmando que a questão mais importante a levantar ao considerar o avanço tecnológico é: "como isto afeta nossa liberdade? como isto afeta nossa solidariedade social?", para em seguida comparar os avanços tecnológicos e os retrocessos sociais e éticos que em sua visão ocorreram em paralelo.

Stallman afirmou que a Apple, Google e a Microsoft projetam software especialmente para restringir o usuário, e aproveitou a oportunidade para anunciar que distribuiria na saída do evento adesivos de uma campanha contra o Windows Vista. Neste ponto, ele dirigiu sua palestra para a questão do software livre, que ele descreve como não sendo técnica, mas sim ética, social e política.

Veja a transcrição completa do discurso no link a seguir.

Saiba mais (fsfe.org).

Comentários dos leitores

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Comentário de Arkanoid
Ideologia: Quanto mais eu leio/ouço sobre as idéias do Stallman mais eu me pergunto se a, digamos, "luta" dele a favor de liberdade social (da forma como ele coloca o conceito de liberdade e de social no âmbito do software) faz realmente sentido.

(nota: não escrevi isto para trollar nem flamear, apenas pensando alto)
(nota2: note que eu falo sobre a *forma* como o RMS fala destes conceitos com relação ao software; não estou falando contra SL em si)

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hhhh@.@h@....@.&... "You shall not pass!"
Comentário de semente
E por que não?: E por que não faz sentido?

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# aptitude install anarchism
Comentário de Douglas Augusto
(nota: não escrevi isto: (nota: não escrevi isto para trollar nem flamear, apenas pensando alto)

Se você diz que o conceito de liberdade do Stallman não faz sentido e não provê argumentos que justifiquem sua opinião, então você está agindo como um troll.

(nota2: note que eu falo sobre a *forma* como o RMS fala destes conceitos com relação ao software; não estou falando contra SL em si)

A forma como o RMS fala desses conceitos é exatamente o espírito do Software Livre, que antes de tudo é um movimento social. Talvez você esteja confundindo com "Código Aberto".
Comentário de brain
conceito de liberdade: Douglas, fiquei com a impressão de que ele não disse que o conceito de liberdade do Stallman não faz sentido. Sempre que eu ouço um discurso de base ideológica de qualquer pessoa, também reflito sobre ele e me pergunto se faz sentido. Não vejo razão para achar ruim que a pessoa se questione ou comente que se questiona.
Comentário de edempoa
"Neste ponto, ele dirigiu: "Neste ponto, ele dirigiu sua palestra para a questão do software livre, que ele descreve como não sendo técnica, mas sim ética, social e política."

Muito bom. Isto precisa ser dito mais vezes. O Software Livre propoe um novo modo de produção, e esta vai ser sua maior contribuição e maior motivo dos atritos sempre.

Só não concordo com a forma do Stallman de se referir a ética como se fosse um valor absoluto.
Comentário de Arkanoid
Deixa eu ver se consigo: Deixa eu ver se consigo colocar em palavras...
Bom, primeiramente, não quis dizer que o conceito dele não faz sentido - quis dizer que a forma como ele luta por isso, como ele enfatiza isso, às vezes não faz sentido. Senão vejamos...

Sempre vejo o RMS "batendo na tecla" da liberdade acima de tudo, ao ponto de classificar software proprietário como imoral, e sempre citando a questão da ética e por aí vai. Mas no fim das contas, pra mim o que fica patente é que ele fala de uma situação ideal, de um mundo ideal... até o ponto desse "ideal" quase perder o senso prático. Senão, vejamos: segundo o conceito dele, nenhuma distribuição Linux é inteiramente livre, senão a gNewSense (e uma outra da qual não me recordo agora). Então, se eu quiser seguir à risca o que o Stallman prega, e considerar a liberdade conforme o conceito dele e quiser mantê-la a qualquer custo, não poderei usar drivers proprietários (estou num linux com uma placa nvidia e um modem wireless com driver proprietário), o plugin do Flash da Macromedia, e um certo número de outras restrições. A coisa vai, aos poucos, ficando inviável. Ou, pelo menos, não-prática. Isso pra não citar que eu não poderei jogar um Playstation, nem usar um MP3 player que não dê suporte a Ogg e por aí vai.

Foi isso que eu disse que fico me perguntando, a cada vez que vejo um discurso do Stallman: será que eu realmente estou "do lado" do software livre? Porque eu uso SL, prefiro SL, recomendo SL, vejo um milhão de vantagens em usar SL, mas não estou disposto a ter que conviver com as restrições acima (e outras mais). Logo, isso significa que eu tenho uma discordância com o "pai" do software livre, porque eu deliberadamente faço uma "vista grossa" para alguns detalhes que por definição "ferem" a filosofia do software livre, a fim de poder usar meu computador com um pouco mais de praticidade. Esta atitude de "vista grossa" é justificável (pelo menos aos meus olhos), em termos práticos, mas ainda assim É uma discordância com a filosofia. Então eu sou a favor mesmo?

É nessas horas que eu me pergunto se de repente o Eric Raymond não acabou percebendo alguma coisa que o RMS não percebeu; o mundo não é ideal. As coisas não são ou branco ou preto, tem um monte de tons de cinza no meio. E com esse tipo de visão na cabeça ele partiu para a posição de defender o mérito e as vantagens técnicas de se ter o código fonte disponível - similar ao SL - mas daí deixando a parte ideológica à parte - bem diferente do SL. (P.S.: sim, eu sei a diferença entre software livre e código aberto). Quer dizer, tentando ser mais pragmático - buscando uma coisa que funcione, mesmo que não seja o ideal - lembram da discussão do Linus com o Tanenbaum, sobre a arquitetura do Linux? Pro Tanenbaum, estudioso de sistemas operacionais, não fazia sentido perder tempo começando um SO do zero com uma estrutura arcaica como a monolítica. E o Linus, apenas queria algo que funcionasse no seu 386. Sem grandes ideologias, sem grandes pretensões de influenciar o mundo.

RMS é um homem que não faz concessões com relação às suas ideologias (não o critico quanto a isso), mas a atitude dele não me parece ser a de alguém com "os pés no chão", se é que você me entende.

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hhhh@.@h@....@.&... "You shall not pass!"
Comentário de Elias Amaral
ahm.: vejamos. a idealização do stallman é achar que todo software deveria ser livre; e que, com algum esforço, é possível que todo software seja livre. né?

agora suponha que isso é falso, ou seja, que não é possivel que todo software seja livre. nesse caso, a melhor racionalizacao do comportamento dele que conheço vem de uma analogia do paul graham: se você quer dirigir reto, você deve olhar pro fim da estrada, não pras linhas na pista.. mesmo que a seu objetivo seja andar só 2 quarteiroes. ou seja: mesmo que seja impossível viver num mundo 100% software livre, essa atitude de só usar software livre pode levar a adoção ao máximo possível.

software proprietario talvez sempre exista. o stallman luta pelo fim dele.. em sua luta, ele se recusa a usar software não-livre. ele não acha certo que ele exista, ele nao abre mão disso pra ter acesso a tecnologias 'da moda'. ele não precisa de mp3 player, ué :P

se vc nao acha errado usar um soft. proprietario, tudo bem. mas a visao do stallman é que vc está ajudando esse tipo de software a continuar existindo. se o software proprietario não pode deixar de existir, é pq sempre existirão pessoas que pensam e agem como vc. e a questão é justamente essa: software deveria ser livre? se sim, vale a pena abrir mão de certos aspectos praticos para conseguir isso a longo prazo? pra ele sim.

uma pequena historinha: ele foi contra a adoção de senhas no lab onde trabalhava. ele chegou a garimpar as senhas das pessoas no banco de dados e enviar uma msg pra elas "oi, eu vi que sua senha é X. que tal vc mudar para apenas teclar enter? é bem mais fácil de memorizar", e depois de um tempo a maioria das pessoas do lab nao tinha senha. motivo: na visão dele, não deveria haver restrições ao uso de quem está sentado na frente do computador. vc pode achar ridiculo, mas é o que ele acha msm: com as senhas vieram o controle do uso por parte da administração do lab, e daí os chefes podiam dizer o que pode e o que não pode ser feito nos computadores.

ps: eu falei 'pq sempre existirão pessoas que pensam e agem como vc' e etc, mas não quis dizer como um ataque pessoal. eu reconheço que quem usa e promove soft. livre está contribuindo pra causa, msm que use soft. proprietario as vezes. mas, mesmo que um dia o linux seja o sistema mais usado, enquanto tiver gente disposta a consumir soft. proprietario, ele vai existir firme e forte. a única possibilidade dele não existir é não haver mercado para ele.

pps: eu adoro essas discussoes que sempre rolam quando publicam algo sobre o stallman, eu repito as mesmas coisas pra pessoas diferentes =D
Comentário de Elias Amaral
o software livre propõe uma: o software livre propõe uma nova ética.. ética não é absoluta, mas ele discute os assuntos supondo que a ética dele é correta, ué. ele ocasionalmente justifica ética, mas a maior parte das conclusões dele tem como premissa que o software livre é 'certo'

e quem se define como um novo modelo de produção é o open source... mas tá, essas duas coisas estão ligadas:)

ps: os software do projeto gnu inicialmente foram feitos de acordo com o modelo tradicional de desenvolvimento.. desenvolvimento fechado, com ciclos de release longos, etc. até hj software feito pela fsf é tradicionalmente 'fechado' em termos de desenvolvimento.
Comentário de edempoa
Olá Elias, peço licença: Olá Elias, peço licença para opinar.

Concordo que lutar por ideais utópicos é a melhor forma de se aproximar deles o máximo possível. Cito o Artigo 3º da nossa Constituição:

"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

Eu conheço muita gente que debocha deste artigo e acha que a nossa Constituição é uma piada por não entender que ele foi escrito intencionalmente para ser utópico. Não acredito que estes objetivos serão alcançados plenamente, mas não creio que um Estado deva existir para trabalhar por menos do que isto.

No entanto, pelo que entendi do que o Arkanoid disse, a questão está em o Stallman aparentemente falar de seus ideais utópicos sem ter consciência de que eles são utópicos, opinião que é minha também, por isto o comentário.
Comentário de BrunoAraujo
Para quê lutar contra o: Para quê lutar contra o Vista? A MS é livre para vender o software. O usuário é livre para, sendo o mais adequado a ele, usar o Vista, XP, Vixta, Ubuntu (que uso), Mandriva, DOS, Unix, MAC. Acho que não é por aí.
Comentário de Douglas Augusto
http://badvista.fsf.org/what-: http://badvista.fsf.org/what-s-wrong-with-microsoft-windows-vista
Comentário de edempoa
"mas a maior parte das: "mas a maior parte das conclusões dele tem como premissa que o software livre é 'certo'"

Exatamente, mas ocorre que se esta premissa não é válida para a outra parte e não há meios de se analizar a questão de forma a encontrar uma resposta que fuja de qualquer relativismo, o resultado é que suas palavras se tornam vazias, exceto para quem compartilhar de sua mesma ética por razões de fórum íntimo.

"e quem se define como um novo modelo de produção é o open source... mas tá, essas duas coisas estão ligadas:)"

Não apenas ligadas, OS está contido em FS, mas FS é maior que OS (teoria dos conjuntos hehe).

Mas eu salientei este ponto específico porque acredito que ele é o que fará a diferença. Linus disse em uma entrevista que o OpenSource vai prevalecer naturalmente simplesmente por ser um modo de produção mais eficiente, ao contrário do Stallman que parece acreditar na necessidade de uma "evangelização" para que o SL tenha sucesso. Eu acredito que o futuro do software proprietário é decair, mas não devido a razões éticas, mas sim em pró da melhor forma de produção.
Comentário de edempoa
Eu concordaria com o seu: Eu concordaria com o seu argumento se vivessemos em um mundo onde as pessoas fossem realmente livres para escolherem o SO que preferem. Mas o que ocorre com a maioria das pessoas leigas hoje em dia é comprarem um computador e terem uma cópia do Windows (geralmente pirata) literalmente "enfiada guela abaixo".

E estas pessoas incautas ripam os seus CD's para ouvirem no computador usando o Windows Media Player que os converte para WMA, criam suas planilhas de orçamento doméstico no Excell e salvam em XLS, e etc... e em pouco tempo estes usuários se tornam simplesmente dependentes das "soluções" criadas por esta empresa para realizar as tarefas mais triviais no seu computador.

A maioria dos usuários de Windows realmente escolheram serem usuários de Windows?
Comentário de Douglas Augusto
Sempre vejo o RMS "batendo: Sempre vejo o RMS "batendo na tecla" da liberdade acima de tudo, ao ponto de classificar software proprietário como imoral, e sempre citando a questão da ética e por aí vai. Mas no fim das contas, pra mim o que fica patente é que ele fala de uma situação ideal, de um mundo ideal... até o ponto desse "ideal" quase perder o senso prático.

Na década de 80 poderíamos falar em utopia quanto ao Software Livre, mas hoje temos sistemas plenamente funcionais--mesmo para leigos--quase inteiramente livres.

Senão, vejamos: segundo o conceito dele, nenhuma distribuição Linux é inteiramente livre, senão a gNewSense (e uma outra da qual não me recordo agora).

gNewSense, Ututo, Dynebolic, Musix GNU+Linux, BLAG e GNUStep[1].

Então, se eu quiser seguir à risca o que o Stallman prega, e considerar a liberdade conforme o conceito dele e quiser mantê-la a qualquer custo, não poderei usar drivers proprietários (estou num linux com uma placa nvidia e um modem wireless com driver proprietário), o plugin do Flash da Macromedia, e um certo número de outras restrições.

É aí que entra a luta do Software Livre, como o software proprietário prejudica a liberdade. Veja, você usa o seu driver proprietário nVidia, porque a empresa resolveu--sabe-se lá por que--portar seu driver para Linux. Você não pode auditá-lo, normalmente tem restrições para ser distribuído, não pode modificá-lo, estudá-lo ou consertá-lo. A maioria dos usuários não estão nem aí para o código mesmo, então está tudo maravilha para você usuário Linux. Para você. Porque um outro consumidor desta mesma placa, que pagou o mesmo preço por ela, mas que optou por usar um SO diferente (digamos Syllable), por questões técnicas, econômicas ou ideológicas, não terá a mesma sorte que você. Não importa o esforço que ele esteja disposto a fazer para programar um driver para sua plataforma; ele simplesmente não conseguirá, porque não há especificações. Também não há um driver livre para que ele possa estudá-lo e portá-lo. Ah, então não deveria ter comprado o hardware de outro fabricante. Ora, nós sabemos que há um duopólio neste ramo, não é questão de escolha; fora disso não há alternativa viável do nível.

Então, você usando e, principalmente, promovendo a adoção do driver proprietário, está reforçando a política da empresa de não liberar um driver livre ou suas especificações. Enquanto para você, usuário final, tudo está satisfatório, o usuário Syllable vê cada vez mais distante seu sonho de poder usufruir adequadamente da sua placa de vídeo, dispositivo wireless ou qualquer outro hardware nessa situação.

Raciocínio análogo se aplica ao uso e adoção do padrão/software Adobe Flash. Danem-se aqueles usuários de plataformas que não são contempladas pela Adobe. Não obstante há uma questão de incoerência absurda nisso: fizeram protesto e barulhada contra a aprovação do padrão OOXML da Microsoft--esta crítica é unânime--, mas ao mesmo tempo acham lindo a tecnologia fechada Flash. E ironicamente pode-se dizer que o OOXML é muito mais aberto que o Flash.

O que muitas pessoas falham em captar/aceitar é que existe um mundo além da própria plataforma/SO. É essa liberdade global, irrestrita e duradoura que o Stallman preconiza. Pessoas que pensam "basta funcionar para mim" não são muito diferentes daquelas insensíveis aos desarranjos sociais como miséria, fome e discriminação. É uma forma de egoísmo; pensar no imediatismo e para si próprio, tão somente.

Foi isso que eu disse que fico me perguntando, a cada vez que vejo um discurso do Stallman: será que eu realmente estou "do lado" do software livre? Porque eu uso SL, prefiro SL, recomendo SL, vejo um milhão de vantagens em usar SL, mas não estou disposto a ter que conviver com as restrições acima (e outras mais). Logo, isso significa que eu tenho uma discordância com o "pai" do software livre, porque eu deliberadamente faço uma "vista grossa" para alguns detalhes que por definição "ferem" a filosofia do software livre, a fim de poder usar meu computador com um pouco mais de praticidade. Esta atitude de "vista grossa" é justificável (pelo menos aos meus olhos), em termos práticos, mas ainda assim É uma discordância com a filosofia. Então eu sou a favor mesmo?

A questão não é 0 ou 80; existem graus. Você ao recomendar um Software Livre em determinada ocasião está fazendo mais do que aquele que nunca ao menos se deu a este trabalho. Entretanto, você achar plenamente normal utilizar e promover software proprietário, tendo ciência de que sua atitude pode prejudicar um terceiro usuário--pelas razões colocadas anteriormente--, então isto pode indicar uma grave falha na sua concepção de liberdade--e neste caso você estaria bem distante do movimento social representado pelo SL.

É nessas horas que eu me pergunto se de repente o Eric Raymond não acabou percebendo alguma coisa que o RMS não percebeu; o mundo não é ideal. As coisas não são ou branco ou preto, tem um monte de tons de cinza no meio. E com esse tipo de visão na cabeça ele partiu para a posição de defender o mérito e as vantagens técnicas de se ter o código fonte disponível - similar ao SL - mas daí deixando a parte ideológica à parte - bem diferente do SL. (P.S.: sim, eu sei a diferença entre software livre e código aberto). Quer dizer, tentando ser mais pragmático - buscando uma coisa que funcione, mesmo que não seja o ideal - lembram da discussão do Linus com o Tanenbaum, sobre a arquitetura do Linux? Pro Tanenbaum, estudioso de sistemas operacionais, não fazia sentido perder tempo começando um SO do zero com uma estrutura arcaica como a monolítica. E o Linus, apenas queria algo que funcionasse no seu 386. Sem grandes ideologias, sem grandes pretensões de influenciar o mundo.

Nada que eu disser aqui sobre esta questão SL x CA será mais didático e completo do que estes dois artigos do Stallman:

http://www.gnu.org/philosophy/free-software-for-freedom.html
http://www.gnu.org/philosophy/open-source-misses-the-point.html

RMS é um homem que não faz concessões com relação às suas ideologias (não o critico quanto a isso), mas a atitude dele não me parece ser a de alguém com "os pés no chão", se é que você me entende.

Se ele fizesse tais concessões ele estaria sendo incoerente; e incoerência é algo que não se pode dizer do Stallman. Ele é acima de tudo um referencial, e não pode ceder. Se o fundador e principal evangelizador da causa às vezes a corrompe, então por que os demais devem ser fiéis?

Quanto a "ter os pés no chão", tenho uma visão bem mais otimista do que a sua. Estamos em um estágio bem avançado, onde o SL exerce tem um apelo de respeito; temos quase tudo de qualidade em SL. No entanto, este período é ao mesmo tempo delicado. É o momento em que usuários das mais diversas ideologias e pensamentos estão sendo atraídos pelo excelente legado construído nessas décadas. São usuários em sua maioria que não conhecem ou não se importam com o aspecto ideológico do Software Livre e, portanto, dependendo do número, podem subverter a preocupação ética daqueles que se importam com o movimento social. É justamente por isso que o Stallman insiste na questão da educação ideológica, de transmitir a cada um os princípios e valores da liberdade.

1. http://www.gnu.org/links/links.html#FreeGNULinuxDistributions
Comentário de Douglas Augusto
O apelo da proposta ética: O apelo da proposta ética de Stallman é mais alinhado com toda questão/preocupação moral e ética contemporânea. Exemplo disso é nossa constituição (como bem lembrado pelo colega edempoa), que curiosamente descreve vários princípios do Software Livre. Veja a semelhança:

"Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."


Obviamente não há como julgar como estritamente correta a posição de Stallman; nem qualquer outra que envolva ética. Não é por isso que tais assuntos não devam ser levantados e confrontados. O caminhar da consciência global, no entanto, indica um relativismo ético que favorece o ideal do Software Livre, nos quesitos de sociedade livre, justa e igualitária.
Comentário de tenchi
(...): "(...) mas ao mesmo tempo acham lindo a tecnologia fechada Flash (...)"
O problema é que não podemos comparar a substituição do flash por um formato livre com a substituição do OOXML pelo ODF, simplesmente por não existir um formato livre que se compare ao flash. SVG? SVG para animações ainda é algo "só para mostrar que pode funcionar", pois as animações e jogos que eu vi em SVG eram muito simples e extremamente pesadas. Talvez pelo fato de SVG ser interpretada e flash compilada, quem sabe.
No momento atual simplesmente é impossível você parar se utilizar flash. Para a web ainda não há melhor opção. Não há SilverLight que irá resolver - acho que até vai piorar ahuahau.
Já o ODF é tecnicamente superior ao OOXML.
Achei muito bom o seu comentário - que daria um bom artigo de revista ;-) -, mas há fatos que, embora muito bonitos e "socialmente corretos", não funcionariam na prática. Um deles é a questão do driver da nvidia. Eu o utilizo no Linux sem problemas. Seria legal se a nvidia liberasse pelo menos as especificações do chip? Sim! Seria muito bom. Mas por enquanto temos de esperar que surja - assim do nada, talvez com uma engenharia reversa ;-) - uma alternativa que se quase se equipare à solução nvidiana. Aí poderemos, sem problema algum, tocar fogo na empresa e obrigá-la a liberar o driver hauhau.
Ou que sabe, já que a empresa fabrica o seu próprio hardware e ganha com isso, venha a liberar para a comunidade parcial ou integralmente o seu driver, para que este seja melhorado, aumentando a qualidade do mesmo, fazendo as vendas de seus produtos aumentarem - eu compraria umas cinco rsrs.
Se a empresa vivesse somente de software, aí ficaria mesmo difícil arrumar um motivo para ela liberar seu programa. Mas a situação não é esta. E muito menos essa que eu apresentei. Vamos ver.

"O futuro à deus pertence. Por isso que assisto sempre o jornal para saber a opinião dos meteorologistas."

"Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria." - Legião Urbana
Comentário de tenchi
Depois de vinte anos na escola não é difícil aprender...: Esta é a questão. Bem frisado.
Aprendemos, desde pequenos, nas aulinhas de informática, a manipular o Windows, Word e Excel. Aprendemos para o mercado de trabalho que o HD se chama C:. Aprendemos que devemos ter sempre instalados em nossas máquinas um bom anti-virus. Aprendemos a utilizar o internet Explorer e reconhecer neste o próprio significado da Internet.
Mas não vêem que 90% dessas pessoas que futiramente terão um computador não terão dinheiro suficiente para bancar todos estes softwares e serviços, as obrigando a utilizar programas piratas. Questão de custo? "Mas livre não é de graça". Bem... O "de graça" surgiu como conseqüência da natureza do SL. Fazer o que? rsrs

Quer mais o que? Linux é coisa do capeta - e comunistas que comem criancinhas - , só poder ser.
Na verdade o estranho no ninho dos SOs é o Windows, o único - falta pesquisa - que atualmente não é baseado no "jeitão de ser" do Unix. Até a Apple se tocou que o modelo Unix é o melhor hoje.

E as empresas hoje ainda exigem Windows. É fato. Ou seja: as pessoas aprendem Windows para viver... snif, snif. Comovente.
Mas, qual é afinal a diferença entre Windows e Linux? Atualmente uma pessoa que utiliza somente uma interface como o GNOME e o KDE "se encontram" facilmente num Windows - tá certo, com algumas dificuldades como acesso rápido aos programas mais utilizados (Alt+F2). MS Office e OpenOffice são praticamente iguais, nas ações mais simples. Com a diferença de o Windows ser "deficiente" em alguns fatores, como uma boa linha-de-comando, que é indispensável, ao menos para mim ;-)

"Quem pensa por si mesmo é livre, e ser livre é coisa muito séria." - Legião Urbana
Comentário de Douglas Augusto
O problema é que não: O problema é que não podemos comparar a substituição do flash por um formato livre com a substituição do OOXML pelo ODF, simplesmente por não existir um formato livre que se compare ao flash. SVG? SVG para animações ainda é algo "só para mostrar que pode funcionar", pois as animações e jogos que eu vi em SVG eram muito simples e extremamente pesadas. Talvez pelo fato de SVG ser interpretada e flash compilada, quem sabe.

A linguagem do SVG permite animações tão complexas quanto as do Flash; procure por "SVG Games", por exemplo, que verá o potencial do SVG. Quanto a ser lento, certamente o fato de vir na forma textual XML--que aliás é ótimo--, tem pouco impacto na lentidão. Provavelmente é culpa do visualizador em questão (Mozilla/Firefox, Adobe SVG viewer, Opera...) ou culpa do código da animação/jogo em si. Não se discute que o Flash seja atualmente mais maduro, e portanto mais otimizado--digo, o Adobe Flash, pois o formato é fechado e portanto as alternativas são pobres--, mas isso seria questão de tempo para o SVG; curto tempo se houver demanda/pressão suficiente.

Mas independente de haver ou não alternativa, um formato proprietário de escopo global e público, jamais deveria ser fechado. O que está em jogo não é a qualidade do formato SWF, mas sim o fato dele ser fechado.

Como podemos aceitar e festejar que um padrão obscuro domine a internet? Será que não é suficientemente óbvia esta questão? Por pior que seja a qualidade do OOXML da Microsoft, ao menos a empresa--ao seu modo--submeteu o formato com as especificações liberadas. E mesmo assim (com razão!) protestamos. Mas por outro lado, muitos dos que protestam contra o OOXML festejam, por exemplo, uma nova versão do plugin proprietário Flash, que serve para decifrar um formato fechado. Completa incoerência.

Enquanto isso, os pobres usuários que não são contemplados pela Adobe, ou mesmo portadores de certas deficiências, sofrem com essa enxurrada de Flashs na internet, muitas vezes contaminando até órgãos públicos --o site dos Correios, por exemplo, exige o Flash para uma pesquisa imbecil de CEPs. Hoje qualquer sitezinho de vídeos prefere meter um Flash a colocar diretamente o vídeo para que o usuário possa escolher a forma e visualizador preferido. É claro, o Flash é excelente para aqueles que querem controlar o usuário. E todo mundo diz sorrindo "Ôba!!"

Até pouco tempo eu era mais otimista, e cheguei a contribuir com o projeto Gnash. No entanto percebi que estava mirando meus esforços na doença, não na causa. Por mais que seus desenvolvedores se esforcem, sempre estarão aquém da implementação da Adobe, pois: 1) o formato é fechado, portanto todo trabalho é a base da árdua e lenta engenharia reversa; e 2) as especificações são controladas única e exclusivamente pela Adobe, assim, qualquer alternativa estará sempre um passo atrás e ficará eternamente correndo contra o prejuízo.

É preciso, em vez, conscientização. Dê a liberdade ao usuário; não apenas usuários de sistemas específicos, mas a todos. Este é o espírito do Software Livre.
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