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André Bertelli: GPL 3.0 e as liberdades do usuário de software

“Estou fazendo umas pesquisas sobre licenças de software, e fazendo comparações entre elas. Dentre alguns assuntos interessantes estou vendo as discussões geradas em torno da nova versão da licença GPL, a 3.0. Um artigo interessante que encontrei a respeito: GPL 3.0: A bonfire of the vanities?.

O site BR-Linux.org acabou de publicar este artigo [do Linux Daily Log], comentando outro artigo de Neil McAllister que analisa a recente mudança de comportamento da Free Software Foundation, que, em sua opinião, está mudando de promotora do software livre a promotora de “ativismo histérico”. O artigo é interessante, e ao contrário do que o título possa sugerir não se trata de críticas ao software livre, apenas sobre a postura da FSF (que o autor chega a chamar de “Fundamentalist Software Foundation”).

Toda esta discussão me deixou pensando: não estaria a GPL 3 colocando ainda mais restrições no software, quando o objetivo inicial seria na verdade livrar o software de restrições? O que vale mais a pena: a liberdade como forma de escolha, mesmo que esta liberdade esteja à mercê de interesses alheios e sujeita a ser roubada em sua essência pela ganância dos homens, ou a liberdade “imposta”, com regras, regras que incomodam mas que são necessárias para manter a existência desta liberdade? Qual o melhor caminho?

Não nego o papel que a GPL 2 desempenhou até aqui, só me pergunto se o caminho para manter a “liberdade do software” é criar regras ainda mais restritivas para seu uso. Linus Torvalds, com todo o seu pragmatismo, insiste em que o software deve ser livre “porque ele funciona melhor” - porque o processo de desenvolvimento é muito melhor que o desenvolvimento fechado, entre quatro paredes. Ele, e outros tantos, acreditam que o software livre acaba vencendo no final porque é uma alternativa melhor, tecnicamente falando. Mas não necessariamente por causa da crença em uma filosofia que às vezes parece uma religião. E, em muitos casos, o software livre acabou vencendo, mesmo, porque era e é uma alternativa melhor do ponto de vista técnico. No fim das contas todos que usam software o usam para um fim, software nunca é um fim em si mesmo. Os dois lados da situação devem ser considerados, o pragmático e o filosófico; deve-se buscar um balanço entre os dois, ou ignorar um deles porque apenas o outro é importante?
” Veja o texto completo em Bertelli’s Place » GPL 3.0.

Comentários dos leitores

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Comentário de Kid-X
Multiplas escolhas vs. versatilidade: "O que vale mais a pena: a liberdade como forma de escolha..."

Agora respondam rápido: O que a maioria de vocês preferem: 30 editores de textos, cada um com funções diferentes? Ou um editor de textos com todas as funções dos outros 30?

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- Se o Open Source e o Software Livre são os pilares do sucesso do Linux, então por que os outros sistemas abertos e/ou livres não fazem sucesso?

- Linus Torvalds criou o Linux. O Linux criou o Chuck Norris.

Comentário de Tércio Martins
Palavras soltas...: Toda esta discussão me deixou pensando: não estaria a GPL 3 colocando ainda mais restrições no software, quando o objetivo inicial seria na verdade livrar o software de restrições? O que vale mais a pena: a liberdade como forma de escolha, mesmo que esta liberdade esteja à mercê de interesses alheios e sujeita a ser roubada em sua essência pela ganância dos homens, ou a liberdade "imposta", com regras, regras que incomodam mas que são necessárias para manter a existência desta liberdade? Qual o melhor caminho?

Tem duas formas para você pensar a liberdade:

1) Como uma carta-branca para todos os atos dos homens, justificando que estes são livres para fazer o que desejarem e que, se eles estão bem ou mal, é por causa do encaminhamento que eles deram à sua liberdade. Este é o pensamento corrente dos liberais, que levam este conceito ao pé a letra. Mas também tem uma outra opinião:

2) Como algo que, dependendo da interpretação, pode ser bom, mas também prejudicial aos homens. Jean-Jacques Rousseau cria que, no início dos tempos, a liberdade total dos homens poderia causar a extinção deles. Se todos podiam matar, roubar, fazer mal uns aos outros, que tipo de liberdade eles teriam no fim das contas? Esta liberdade acabaria tornando-os escravos do medo. Para que a espécie continuasse vivendo, estes homens da antiguidade criaram o "Contrato Social": um conjunto de regras que tolhiam algumas liberdades dos homens (as mais abomináveis aos olhos deles), mas que permitia a eles uma sobrevida mais agradável que no primeiro estado.

E isto pode acontecer com software também! Imagina se uma empresa monopolista do ramo de sistemas operacionais pega código-fonte de um emulador livre do sistema operacional dela para proibí-lo de rodar alguns programas que funcionam no SO dela?

http://br-linux.org/linux/?q=node/258

Não afirmo que houve uso anti-ético de código-fonte, mas digo que pode ser uma prévia do que podemos esperar no futuro caso a comunidade solte demais as rédeas.
Comentário de Bruno Laturner
Off-topic?: 1 editor com as funções dos outros 30.

Agora responda rápido: O que a sua pergunta teve a ver com o texto?

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AjudaLinux.org
Comentário de Bruno Laturner
Argumento ad hominem: Li ambos os textos e não vi um argumento técnico onde se criticasse o GPLv3.

Mesmo no texto original, com a colocação ""TiVo-ization" of software (the merging of free and proprietary software into a single system)", isso me faz pensar se o autor Jonathan Zuck sabe o que ele está falando, pois essa é uma definição bem diferente que escutei do próprio Stallman na palestra GPLv3 na FISL.

Sinceramente, o título deveria ser "Richard Stallman e as liberdades do usuário de software"

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AjudaLinux.org
Comentário de nemesis
"O Linux criou o Chuck: "O Linux criou o Chuck Norris."

e o Chuck Norris deu um roundhouse kick no Bill Gates e o mandou para os confins do espaço-tempo... :)

mas, cara, a pergunta sobre o editor realmente fez tanto sentido em relação às duas formas de liberdade representadas pela licença BSD e GPL quanto qualquer discussão interminável sobre vi ou emacs...

;; ((lambda (x) x) "Isto é um comentário e não será executado nunca")

Comentário de Arkanoid
Liberdade vs Liberdade: Puxa, se eu soubesse que isto viria parar no BR-Linux eu teria trabalhado melhor o texto... (ou então tentaria fazer ele um pouco menos filosófico, praticamente digitei aquilo no meu blog à medida em que fui pensando.)

Eu concordo que a questão da liberdade pode ser vista de duas (até mais) formas, e que liberdade sem restrição alguma pode levar à confusão. Me parece que algumas restrições sempre serão necessárias - no mínimo aquela máxima "sua liberdade acaba onde começa a do vizinho". Óbvio que essa foi a linha de pensamento seguida pelo RMS. As quatro liberdades do software definidas pela GPL pareciam ser suficientes para garantir, no mínimo, que código fonte declarado "livre" não perdesse sua "liberdade".

Só que o nosso mundo não é nem de longe perfeito, e as coisas nem sempre saem como tentamos antever.

Daí que apareceram outros problemas ameaçando a "liberdade digital" (se é que posso usar este termo) e o RMS, ao que me parece, resolveu pensar a respeito dos novos problemas e do que poderia ser feito. O resultado é o esboço da GPLv3.

(a propósito, não estive no FISL nem vi o Stallman falando pessoalmente sobre o assunto, portanto só sei o que consegui ler sobre ele na web.)

Eu postei aquilo no meu blog quando estava pensando especificamente na reação do Linus Torvalds à GPLv3; eu comecei a fazer umas pesquisas sobre o assunto para entender melhor a nova licença, e achei muita referência aos comentários do Linus sobre a mesma. Isso me fez pensar um pouco - o Linus sempre adotou uma postura bastante pragmática com relação ao Linux, enquanto que o Stallman raciocina mais em termos da necessidade de se garantir a liberdade do software. Especificamente achei interessante o argumento do Linus sobre a questão da DRM, de que este tipo de preocupação deveria ficar no âmbito da licença do próprio conteúdo e não na licença do software usado para gerá-lo.
(eu havia lido este artigo; leiam a referência ao LinuxWatch para ver as palavras originais do Linus.)

Ainda, ao mesmo tempo estava pesquisando sobre outras licenças, como as licenças BSD, e sobre comentários e comparações entre as duas. Talvez devesse ter escrito isso, mas enfim.
Qualquer um que já tenha lido ou entrado num debate "GPL vs BSD" em um fórum deve saber o que quero dizer... os partidários de licenças permissivas (estilo BSD principalmente) simplesmente parecem não se preocupar em garantir a liberdade do código. Isso contrasta muito com os partidários da licença GPL, aonde o tema liberdade é a questão chave. Me parece que os "BSD-ístas" preocupam-se mais com a qualidade técnica do código acima de tudo, e de que se um software de código aberto pode "vencer no mercado", isso deve ser devido à sua superioridade técnica. (contraste isso com a opinião do Eric Raymod "nós não precisamos mais da GPL")

No fim o meu comentário quase acabou entrando no campo filosófico, e se entrarmos aí acredito que a discussão gerada acabe ficando por demais profunda e demorada... e eu geralmente prefiro tomar o caminho mais pragmático. Concordo que o maior benefício da GPL 2 foi a preocupação em garantir a "liberdade" - um código livre deve permanecer livre - mas é interessante a noção de que o modelo de desenvolvimento aberto gera resultados tecnicamente melhores e de maior qualidade por si só, e que isto também pode ser um fator que garante a "liberdade" do código (à medida em que se tem consciência de que fechando aquele código ele perderá a "vantagem" de evoluir livremente). Só que o primeiro método garante a continuidade da liberdade pela adição de algumas regras simples, e o segundo o tenta fazer demonstrando as vantages da liberdade e esperando que estas sejam compreendidas. (favor notar que esta última frase foi uma generalização muito grande.)

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