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Governo publica uma primeira resposta à matéria da Veja

O Presidente do ITI, Renato Martini, em um gesto de consideração pela comunidade livre nacional pelo qual agradeço em nome de todos nós, enviou no final da manhã de hoje um e-mail pessoal informando sobre a divulgação de uma nota oficial assinada por ele, por Rogério Santana (SLTI) e por Wagner Quirici (presidente do Serpro). O presidente do ITI tem um relacionamento com a comunidade de código aberto nacional de de uma forma que o distingue de diversas outras autoridades federais da área: além do envolvimento profissional e acadêmico com o tema, ele é autor de um livro sobre segurança em ambientes Linux e de outro sobre aplicação da criptografia à cidadania digital, fortemente calcado no GnuPG. Além disso, é leitor do BR-Linux, e de vez em quando até comenta por aqui.

A resposta tem o estilo literário direto e objetivo de seu autor, e na minha análise constitui um alento em relação às raras outras manifestações já divulgadas até o momento sobre o assunto por autoridades ou ex-autoridades federais. Para começar, ele foge completamente do expediente fácil de recorrer aos ataques ad hominem, apresentando fatos e argumentos, e não ataques e impropérios à revista Veja ou ao autor da matéria. O primeiro parágrafo refuta completamente a insinuação de Fernando Parra, citado como fonte pela Veja, de que o governo estaria usando fatores ideológicos para tomar decisões que deveriam ser técnicas, e apresenta números diferentes (até inferiores aos que a Veja havia registrado como economia proporcionada pelo Software Livre, embora medidos apenas no Serpro) como exemplo de que as afirmações sobre custos e retorno do investimento em software livre pode ser diferente do que foi divulgado - e além disso aponta que os tais 2000 empregos de técnicos em informática para desenvolver software livre podem ter sido inventados pelo repórter. O quarto parágrafo trata ainda das motivações para o suporte multiplataforma nos programas do Imposto de Renda.

O restante do texto se dedica às acusações da Veja com menos relação direta com o software livre, mas sim com outras iniciativas federais na área de TI, como os pregões eletrônicos e a troca de dados entre órgãos da administração pública.

Situação da resposta da SLTI às perguntas do BR-Linux: o texto divulgado hoje (e do qual o responsável pela SLTI é um dos signatários) responde de forma total ou parcial a 4 das 15 afirmações sobre o software livre no governo feitas pela Veja e às quais o BR-Linux gostaria de oferecer um contraponto. Embora a janela de oportunidade para divulgar uma resposta ainda antes da circulação da próxima edição da Veja já tenha se fechado, ainda ontem recebi contato do órgão confirmando a continuidade da intenção de responder a nossas 10 perguntas, o que permitirá que a comunidade nacional possa construir uma resposta direta e objetiva às afirmações da Veja sobre o software livre que permanecem sem resposta. Continuamos aguardando, e manterei vocês informados.

Agradeço mais uma vez ao ITI e ao seu presidente, tanto pelo ato de divulgar uma resposta quanto pela gentileza de enviá-la em mensagem pessoal. Veja abaixo a íntegra do texto.



Planejamento, ITI e Serpro respondem à revista Veja

18-Maio-2006: Brasília-DF -

Com relação à matéria “O grátis saiu mais caro”, publicada na edição de 17/05/06, gostaríamos de esclarecer que o software livre é uma opção estratégica do governo federal por reduzir custos, ampliar a concorrência, gerar empregos e desenvolver o conhecimento e a inteligência do Brasil nessa área. Esclarecemos que somente com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), citado no texto, obtivemos uma redução de custos de cerca de R$ 14,8 milhões ao implantar o software livre, o que exigiu investimentos em serviços e treinamento de apenas R$ 396 mil. Caso a citação de contratação de 2 mil técnicos esteja referindo-se ao Serpro, a Empresa esclarece que as vagas abertas para concurso público nos últimos anos tiveram o objetivo de atender às várias áreas de atuação, desde desenvolvimento de sistemas, área de rede, datacenter, administrativa e software livre, para citar algumas.

O desenvolvimento dos padrões e-PING adotados pelo governo para a troca digital de dados e informações possibilitaram importantes avanços na comunicação entre as bases de dados oficiais. Entre eles, destacamos a integração em 2004 dos sistemas de segurança pública dos estados ao Infoseg, do Ministério da Justiça, a um custo de apenas R$ 8,5 milhões. Hoje, informações como cadastros de veículos e de pessoas com mandado de prisão decretada estão disponíveis on-line 24 horas por dia, informação também omitida no texto da reportagem. Durante anos, o governo não conseguiu fazer essa integração devido aos altos custos em investimentos em equipamentos, softwares e pagamentos de licenças com softwares proprietários que foram orçados em R$ 4 bilhões.

Em compras governamentais, tivemos o maior desempenho com o pregão eletrônico desde a sua implementação em 2000. No primeiro trimestre de 2006, este representou R$ 1,1 bilhão das compras de bens e serviços comuns, com uma participação de 46% do total adquirido pela administração direta. Em 2002, o pregão eletrônico representava apenas 0,8% das aquisições com R$ 62 milhões licitados. O Brasil foi reconhecido pelo BID e pelo BIRD como o maior usuário de compras eletrônicas do mundo na modalidade leilão reverso e o sistema federal brasileiro foi o primeiro aceito por ambas as instituições financeiras para contratações envolvendo seus recursos. Levantamento da FF Pesquisa & Consultoria / e-stratégia pública e divulgado em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico - Camara-e.net, indica que as compras da União, incluindo a administração direta e indireta, representaram no primeiro trimestre de 2006 cerca de 40% dos R$ 419 milhões em compras públicas realizadas integralmente pela internet.

No caso do Imposto de Renda, informamos que o programa opera em multiplataforma. O contribuinte que utiliza os programas do Imposto de Renda não pode ficar refém de apenas uma plataforma, seja ela qual for. A opção por torná-lo multiplataforma faz parte da estratégia de governo, de adotar soluções universais, melhor ainda se forem mais econômicas. A respeito da suposta “utilização pelo Governo Lula das conquistas eletrônicas da administração anterior em sua desastrada campanha para se tornar líder sul-americano, com conseqüências que teriam sido um banho de água fria nas aspirações comerciais de muitas empresas sediadas no Brasil”, temos a informar que o consórcio Vesta/Unisys - cuja diretora da empresa Vesta é citada na matéria - teve seu contrato rescindido pelo Governo Federal no dia 20 de dezembro de 2002, no apagar das luzes da antiga administração. O motivo foi a não implementação das funcionalidades do pregão eletrônico e do portal de compras públicas Comprasnet, conforme havia sido contratado e não devido à substituição da solução por softwares abertos. Isso causou atrasos na implantação do sistema de pregão eletrônico, que precisou ser totalmente refeito pelo Serpro. Além disso, ao contrário do que consta na matéria, o portal Comprasnet não teve versões em código aberto, há uma segunda versão em desenvolvimento que utilizará software livre.



Rogério Santanna - Secretário Executivo do Comitê Executivo de Governo Eletrônico/Ministério do Planejamento

Renato Martini - Presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação

Wagner Quirici - Diretor-Presidente do Serpro


http://www.iti.br/twiki/bin/view/Main/PressRelease2006May18A



Comentários dos leitores

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Comentário de Randolph Oliveira
Pareceu-me uma resposta: Pareceu-me uma resposta completa e ao mesmo tempo objetiva. Espero que seja publicada pela "revista".
Comentário de vmedina
Quero ver a Veja publicar!: Quero ver ela dar o mesmo espaço para o desmentido.

Parece que a fé do Augusto nas autoridades foi justificada e a desconfiança de que não haveria respostas, e pessoas que até mesmo ridicularizaram essa postura, estava equivocada.

Realmente ela veio com uma integração incomum do Serpro, ITI e SLTI, demonstrando que ao menos no eixo tecnológivo ele está legal. Como dizem, a união faz a força.

[]s!

Vinícius Medina
Usuário Linux 383765. É um também? Mostre a sua cara!
Comentário de Toskinha
Muito boa mesmo: Até postei no meu blog pra não dizerem que eu torço contra.
Alias, legal saber que o cara é autor de livros sobre segurança e Linux. Não é de qualquer Partido do Software Livre. Ou "articulista". Porque se fosse depender deste povo cujo currículo só tem título e nenhuma obra, a gente ainda tava no "não leia a Veja, ela é feia boba e o jornalista tem chulé".

Parabéns ao Renato.

Comentário de vmedina
Uia... agora que eu reparei melhor...: Olha eles botando a Vesta/Unisys nos seus devidos lugares:

o consórcio Vesta/Unisys - cuja diretora da empresa Vesta é citada na matéria - teve seu contrato rescindido pelo Governo Federal no dia 20 de dezembro de 2002, no apagar das luzes da antiga administração. O motivo foi a não implementação das funcionalidades do pregão eletrônico e do portal de compras públicas Comprasnet, conforme havia sido contratado e não devido à substituição da solução por softwares abertos.


Como eu disse, chorando miséria!

[]s!

ps: A minha secretária(chefe de secretaria municipal) mandou a matéria da veja agora agora... vai receber a resposta do ITI. ;)

Tem coisas que só o BR-Linux, SLTI, Serpro e ITI fazem por você! :P

Vinícius Medina
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Comentário de rockixe
Renato é tecnico: Renato é técnico.Ponto!

Não se utiliza de conluio, politicagem, meias verdades e marketing de midia vazia. Ele opera seu mandato, cumpre sua funcao e trabalha na sombra. Nunca se escutou ele falar de algum projeto que nao tenha sido posto em pratica, em plena operacao.

Ele é responsavel pela ICP-Brasil, e nao por estrategias SL/gov, e mesmo assim respondeu ao Br-Linux de forma gentil e eficiente. Espero que os demais responsáveis do governo tenham ele como exemplo e comecem a sair das sombras :) Até a MS (maior empresa de sw do mundo) responde a comunidade via Br-Linux, creio que oa articuladores.gov que se dizem *a comunidade*, nao terao problemas em responder :P

* A tecnologia não pode ser refém da politica!

Comentário de
Duvido que a Veja publique!: Eu duvido que a Veja publique, exceto possivelmente na Seção de Cartas. Mas ainda assim a mera existência de uma nota em resposta tem seu mérito.

E não, a minha fé nas autoridades não está justificada ainda. Não considero a resposta dada nem enérgica e nem completa (ela responde a apenas 4 das 15 afirmações da Veja que eu acredito merecerem resposta direta e completa), embora seja apropriada a uma resposta com caráter oficial.

Mas enviei à SLTI as questões que gostaria de responder (uma resposta em meu nome, possivelmente subscrita pelo restante da comunidade, ou por quem mais tiver interesse), e eles me telefonaram e escreveram para dizer que pretendem me responder e fornecer estes dados. Portanto, ainda estou no aguardo.
Comentário de vmedina
Mais uma amostra da parcialidade deles.: O Governo Federal deveria entrar com uma ação pedindo direito de resposta contra a Veja. Afinal de contas, ela foi mentirosa em alguns pontos, segundo os 3 orgãos representados.

[]s!

Vinícius Medina
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Comentário de Richard Stallman
1 a 0 para o Renato Martini: Bela resposta ! Mas também acho difícil a Veja publicar com destaque. Aliás esta revista já está caindo no descrédito mesmo...

-- Gnu Rulez !--
Comentário de CWagner
Creio que cabem mais: Creio que cabem mais exposições sobre os projetos para adoção de SL no governo federal, que foi o grande alvo da matéria da Veja, embora tenho certeza de que o mesmo vale para qualquer esfera de pública.

Aliás, não haveria nenhuma necessidade de "resposta" se houvesse obrigatoriedade de divigulgação do uso do dinheiro público.

E para a Veja, como costumávamos dizer aqui em SL (São Luís/MA), "Tome, teu leite".
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Carlos Wagner - São Luís / MA

P.S.: As palavras acima fazem parte da minha visão do assunto e não pretendem ser, de modo algum, a verdade absoluta sobre o mesmo.

Obrigado!
Comentário de bogus
Distrações: No geral gostei da resposta e das informações fornecidas, só achei pouco relevante a comparação de desempenho das compras por pregão eletrônico. Foi importante ficar sabendo que houve alguma evolução desde o governo anterior, mas não imagino que alguém esperaria o contrário. Além do que, a matéria na Veja já citava estes 46% confirmados, mas argumentava que no governo de São Paulo o índice é de 80%.

Comentário de krs
É realmente interessante: É realmente interessante saber que o presidente do ITI foi/é alguém ativo na comunidade, espero que o poder não o corrompa.
Comentário de vmedina
Portal que funcione.: Porém o governo de SP deve ter um portal que funcione.

A Vesta não produziu um portal funcional para este tipo de coisa, segundo o release, e teve seu contrato rescindido no governo FHC ainda.

[]s!

Vinícius Medina
Usuário Linux 383765. É um também? Mostre a sua cara!
Comentário de JPayne
Boa resposta.... mas...: Acho importante e necessário essa resposta... e melhor ainda seria se a veja desse a mesma atenção e espaço que deu à matéria dela... mas a verdade é que independente de o objetivo da matéria ser ou não político e etc... eles conseguiram manchar ao menos um pouco a imagem do software livre... primeiro porque os executivos que leêm a veja (e não gostam do governo lula) logo vão associar tudo que lerem sobre software livre a esse episódio... segundo que se a veja der espaço pra resposta, a resposta não vai conseguir apagar o efeito causado pela matéria...

Acho necessário e correto que sejam respondidas todas as questões, mas acho que o fim do efeito dessa matéria só desaparecerá quando o software livre mostrar na prática em todos os órgãos (públicos e particulares) sua eficiência e economia.

O importante somos nós da comunidade continuarmos a fazer nossa parte como estamos fazendo... buscando respostas, exigindo direito de resposta... fazendo protestos civilizados... agindo democraticamente e com dados reais !!!

O crescimento do software livre e a comunidade é indiscutível e creio que já não há como parar... a verdade o tempo trará !!!

João Paulo
Linux User #345200
Debian Sid : Debian com emoção....
Comentário de stpen
Que será que a veja irá: Que será que a veja irá dizer????
Parece que o pinguim deu um tapa na cara dela... :)
Comentário de Odair
Gangsters: A revista Veja vende reportagens. O grupo Abril está/esteve a beira da bancarrota.
Vocês estão dando relevância para pilantras que não estão interessados em argumentos e verdades.
É muita filosofia falar de falácia da autoridade e da falácia da desqualificação do oponente. A revista Veja tornou-se um caso de polícia;
não dá para perdermos tempo aqui com bandidos.
Quem compra a Veja é um mal informado que paga para ler matéria paga. Veja tornou-se um panfleto de propaganda que veicula o interesse de quem paga. Se você não pagar, a sua resposta lógica e consistente *não* será veiculada com o mesmo destaque por ela. É necessário fazer
uma campanha de esclarecimento junto aos compradores daquela revista para eles saberem que tipo de revista eles estão pagando. Eles estão comprando o que a revista algum dia foi nas mão do Mino Carta. As pessoas mal informadas ainda compram um mito. Assim como aconteceu com muita gente do PT,
a editora Abril caiu no lodaçal e apenas possui um passado glorioso.


Odair


Comentário de monthiel
Ótima resposta: A resposta se faz necessário, ainda mais vindo de tamanha personalidade. Parabéns o Br Linux por está acompanhando o caso minuciosamente...

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Blog sobre linux:
http://meulinux.blogspot.com
Comentário de Pinky
Falow pouco: Se é para chutar o pau do barraco...chuta de uma veiz!
Veja, Isto É, Época...tudo genérico de papel primavera...
Usuário Linux que lê essas cosas perdeu o amor próprio, é uma vergonha para a comunidade...
Vai lá! Compra uma Linux Magazine, o livro do TAQ, roda o amule e faz a festa com os pdf da John Wiley, Oreilly e talz...
Mas NÃO leia textos feitos por IDIOTAS!
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