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“Segunda-feira foi o primeiro dia da Conferencia Internacional de Software Libre, Open Source World Conference (OSWC08), organizada em Málaga, na Espanha. A cidade litorânea é uma das províncias da Junta de Andalucia e serve como contato da Espanha com o continente africano, além de comportar um importante porto da região do Mar Mediterrâneo.

O brasileiro que chega na Espanha precisa tomar alguns cuidados com hábitos os locais. O intervalo para o almoço no evento estava previsto para às 14:30 horas. Quem acorda cedo e se prepara para um refeição ao meio-dia (aqui perto das 14:00 horas) vai estranhar, e claro, carregar a vontade de comer por mais de uma hora.

Um outro aviso importante vem do uso do banheiro. Um desavisado pode esbarrar com alguma mulher da limpeza dentro do banheiro masculino e tomar um susto. Elas limpam o banheiro mesmo que tenha alguém dentro. Aqui alguns banheiros chegam a não ter porta dada a naturalidade do hábito de usar o banheiro de forma “aberta”.

Logo que cheguei foi possível perceber que a cidade toda está em obras. Começo a ficar preocupado com tal fato, pois aconteceu a mesma coisa nos dois últimos lugares que estive: Beijing e Luanda e, agora, Málaga. Me disseram que se trata da aplicação de recursos da Comunidade Européia que agora concentra esforços de investimento em algumas regiões da Europa (confesso que não verifiquei a informação).

A Conferência tem inúmeros pontos para destacar: a quantidade de participantes, que atinge mais de 8.000 pessoas; o grande nível de participação das pequenas e médias empresas da região; a forma de organização da comunidade empresarial e das ONGs; a pontualidade das atividades e o espaço estruturado para os estandes.

O local dedicado para os expositores é o maior que já presenciei em um evento exclusivo para o software livre. Embora exista bastante espaço para circulação, o número de patrocinadores, apoiadores e expositores é bem grande, como pode ser visto na própria página oficial do evento.

Os destaques da programação são inúmeros, pois existia a preocupação com a diversidade das experiências, de buscar alianças dentro da própria Espanha, já que o evento é organizado pela Junta de Andaluzia e de Extremadura e de articular todos os setores econômicos da região, além de um excelente espaço físico para cada palestra.

O Brasil, no debate de segunda-feira, teve um destaque dado pelo representante da SUN ao dizer que o Brasil conseguiu separar o dilema da duplicidade que o termo free provoca. No Brasil, afirma Simon Phipps, o termo adotado é livre. Devemos seguir esse exemplo brasileiro que ao separar a questão da gratuidade da independência tecnológica proporciona maior clareza sobre o uso e desenvolvimento do Software Livre.

Simon Phipps completou dizendo que qualquer software, em algum momento, vai precisar ser evoluído. Neste momento, os recursos financeiros precisam ser empregados. Quem entende a diferença entre gratuito e independência vai seguir o caminho mais adequado.

A organização da Conferência é exemplar e alguns destaques são identificados com facilidade: as filas na entrada são reduzidas com rapidez; são mais de 200 voluntários organizados por setor, todos com fácil identificação dentro do evento; os horários das atividades são bem definidos e obedecidos; o nível de participação nas atividades é alto, mesmo com mais de 10 atividades paralelas; e o evento teve uma abertura digna do seu tamanho.

A Conferência pode proporcionar um conjunto de aprendizados ao nosso país, pois no Brasil temos eventos que já passaram da quinta edição e ainda esbarram com algumas dificuldades (embora não falte boa vontade aos organizadores). O evento de Málaga chega na sua quarta edilção como um dos maiores do mundo, acompanhado por um alto nível de organização e de programação.”

Enviado por Corinto Meffe (corinto·meffeΘgmail·com) – referência (softwarelivre.org).