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Impressoras: A evolução do CUPS e seu suporte no Linux

O CUPS, criado em 1997, é o sistema de código aberto responsável por parte considerável do suporte a impressão no Linux e em outros sistemas UNIX e Unix-like. Apesar da sua popularidade, seu autor teve grande dificuldade em obter recursos que mantivessem o desenvolvimento do sistema, até que a Apple adquiriu o código e o contratou, em 2007, para dar continuidade ao CUPS como um sistema dela, mas mantido sob as licenças GPL e LGPL sob as quais ele já estava, permitindo assim a continuidade do uso pelas distribuições de Linux.

Desde a aquisição, em 2007, o CUPS evoluiu bastante e continua disponível e em pleno uso, mas naturalmente a evolução do CUPS agora atende de forma mais direta às demandas dos sistemas da Apple, e isto vai se refletir bem claramente na versão 1.6 do sistema, que descontinua uma série de recursos que não são muito interessantes para o desenvolvedor, mas que até o momento permanecem em uso em distribuições Linux.

Mas como se trata de código aberto, não faltam alternativas: os filtros de impressão que o CUPS não mais vai incluir já estão sendo reunidos (com a concordância dos mantenedores do CUPS) em um novo pacote chamado cups-filters, no âmbito do projeto OpenPrinting (ou seja, da Linux Foundation), o que me parece uma alternativa sólida.

Já o serviço de rede CUPS Browsing, que permite a descoberta de impressoras entre servidores CUPS e se baseia em broadcasts UDP periódicos na rede, está sendo descontinuado no CUPS porque no OS X já se usa o DNS-SD (que existe justamente para ser um padrão na descoberta de serviços). A medida já motivou o desenvolvimento de solução idêntica para o Linux (já incorporada ao Fedora e submetida upstream) baseada no Avahi, e a identificação de alternativas para clientes CUPS que por algum motivo não possam rodar o Avahi.

Durante o estudo dessas alternativas, a possibilidade de um fork do CUPS foi considerada, mas a conclusão é que no momento ela não seria benéfica – embora permaneça em aberto para o futuro. O código é livre, portanto os interessados ou descontentes que se julgarem aptos a manter podem fazer o fork quando desejarem. (via h-online.com – “Kernel Log: Apple streamlines CUPS – The H Open Source: News and Features”)


• Publicado por Augusto Campos em 2012-02-17

Comentários dos leitores

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    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 4:09 pm

    Com o software livre, é assim: mesmo descontinuada, uma funcionalidade útil presente em um código não morre.

    Fellype (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 4:17 pm

    Alguém sabe como está o desenvolvimento do LPR/LPD? Eu não ouço nada sobre ele desde que o CUPS se tornou padrão na maioria das distros.

    Alfinete (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 4:27 pm

    Para lembrar os haters, o Avahi é criação de Lennart Poettering.

    Maçã podre (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 4:32 pm

    @Allan

    Eu sei que software live é assim. Forks e reimplementações são criados por necessidade. O problema é quando essas necessidades são geradas porque uma empresa muda uma licença ou quando muda o rumo de um projeto tornando-o imprestável para uso em outros sistemas.

    Não é a primeira vez que a apple atua assim. Vejam

    http://en.wikipedia.org/wiki/Avahi_%28software%29#Avahi_vs._Bonjour

    projeto avahi surgiu justamente porque a licença do bonjour da apple foi mudada para uma licença incompatível com a GPL.

    Não se porque moderaram o meu comentário. Afinal este site é br-linux ainda, não ? Ou virou site de fan boys da apple ? Não posso dizer que sou contra as atitudes dessa empresa e que boicoto seus produtos ? Que liberdade é essa que os usuários de software livre prezam se censuram esse tipo de comentários ?

    O estranho nessa história mesmo é uma peça de software tão importante e que é usada por tantas pessoas ter tido problemas de financiamento por tanto tempo.
    A Apple pode até tomar decisões que não agradem a muitos, mas ela agora é a “dona da bola” e é ela quem comanda o jogo.
    Ela só estará realmente errada se mudar a licença de uma forma incompatível.

    Que bom que os interessados teriam a alternativa de criar um fork da versão corrente caso acontecesse a hipótese mencionada acima (o CUPS mudar de licença ou de rumos a ponto de se tornar imprestável), e tantos anos de continuidade do uso da base de código mantida pela Apple desde 2007 tivessem que chegar ao fim neste momento. É uma hipótese para qual os interessados devem mesmo estar sempre preparados, mas definitivamente não se trata de uma novidade.

    A segurança da continuidade do software livre se baseia nisso, afinal de contas: o mantenedor pode mudar, sumir ou descontinuar, e a comunidade permanece com a possibilidade de manter a partir da última versão livre.

    Mas é melhor ainda perceber que não é este o caso, que o código hoje continua disponível sob as mesmas licenças, e que os desenvolvedores ligados ao CUPS, ao OpenPrinting e a distribuições Linux (desenvolvedores estes cujo trabalho no CUPS felizmente é patrocinado por empresas também) já encontraram a solução tanto para continuar a distribuir os filtros que interessam a seus patrocinadores mas não mais interessam ao mantenedor, quanto para dotar a implementação no Linux do uso do DNS-SD, que me parece uma evolução tecnológica bem-vinda, ainda que tenha surgido só quando se tornou inevitável pelo fim do suporte pelo mantenedor, após um bom período mantendo disponível a alternativa legada mesmo sem usá-la mais.

    Cleverson (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 5:07 pm

    Maçã podre: Já há algum tempo que a Apple posa aqui como amiguinha do Software Livre.

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 5:10 pm

    Isso pode estar relacionado, a médio prazo, com isso aqui :

    http://meta.ath0.com/2012/02/05/apples-great-gpl-purge/

    A Apple tentando remover o máximo possível de código GPL:

    “There are two big changes in GPL v3. The first is that it explicitly prohibits patent lawsuits against people for actually using the GPL-licensed software you ship. The second is that it carefully prevents TiVoization, locking down hardware so that people can’t actually run the software they want.”

    Tudo no terreno da especulação, que fique claro. Mas visto que o novo Mac OS parece estar iniciando mesmo o processo de IPhonização, fechando a porta um pouquinho mais para aplicativos fora da loja apple, não parece tão absurdo assim.

    Weber, embora eu também acredite que diversos projetos com forte herança do BSD (incluindo o OS X) estejam se afastando da GPL sempre que têm oportunidade (e não só eles, aliás: também é o caso do sistema mais popular com Linux na arena móvel), neste caso específico do CUPS a questão mencionada no trecho que apontas (que fala sobre a rejeição com base nas novidades da GPLv3) não se aplica, porque a Apple comprou o CUPS integralmente, e ele estava sob a licença GPLv2 exclusivamente, não há risco de passar à GPLv3.

    Então a tese de a remoção do código legado ter alguma relação com o afastamento em relação à GPL talvez tenha mesmo algum fundamento (embora o CUPS aparentemente continue em uso e em desenvolvimento, e sob a GPL), mas não a causa mencionada no trecho, relacionada à GPLv3.

    De qualquer forma, eu olho com bastante atenção pras vozes que pregam que os softwares mantidos pela Apple são um risco às distribuições de Linux, e estou sempre atento às alternativas que eles desenvolvem e oferecem.

    Maçã podre (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 5:27 pm

    Felizmente esse código que será retirado não é muito difícil de reimplementar com software livre, mas já vimos muitos exemplos de casos onde não é nada fácil para a “comunidade” reimplementar ou implementar um protocolo, formato de arquivos u programa proprietário.

    O wine até hoje não conseguiu implementar a API Win32 perfeita e completamente, o Direct3D/DirectX até hoje só consegue ser executado de forma meia-boca usando o wne, os filtros de importação dos formatos docx, xlsx, pptx do libreoffice estão longe de serem perfeitos e outras coisas.

    Mas a principal dificuldade de usar impressoras completamente no linux não vai ser alterada para pior ou melhor com essa mudança do cups. A principal dificuldade é a de drivers de impressoras para linux, que continuam não sendo feitos pela maioria dos fabricantes de impressoras (com exceção das HP, Samsung e acho que só). Várias impressoras baratas continuam a depender de arquivos binários fechados (firmwares) para funcionar, dificultando a instalação dessas impressoras no linux, especialmente por quem está iniciando no sistema.

    A Apple podia ter fechado o cups tão logo comprou da empresa que o fez. Só porque ela não fez isso, não significa que ela tenha consideração com os sistemas operacionais livres. Talvez eles não incomodassem na época e agora sim, não sei se foi por isso.

    Maçã podre (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 5:32 pm

    @Augusto Campos

    As distribuições linux usadas por nós, mortais geeks, ainda não oferecem perigo.

    O maior competidor e inimigo hoje da Apple é a Google, não a Microsoft. Com a Google já usando o linux (o kernel) no android e este, começando a ser usado em tablets e não só em smartphones, pode ser que os movimentos da apple nesse jogo de xadrez sejam apenas antecipações de um possível uso do cups para impressão no android ou outros produtos da Google.

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 5:42 pm

    “a questão mencionada no trecho que apontas … não se aplica, porque a Apple comprou o CUPS integralmente, e ele estava sob a licença GPLv2″

    Na verdade eu até imaginei que a Apple tivesse comprado diretamente do desenvolvedor, sem mesmo precisar obedecer licença livre qualquer. Ou seja, as versões liberadas como GPL seriam então um favor e a Apple poderia terminar com a prática assim que quisesse.

    Embora diretamente não esteja ligado ao artigo que mencionei, ou seja, sem obrigação, ainda pode indicar que faz parte dessa tendência da Apple de ir substituindo seu código.

    “eu olho com bastante atenção pras vozes que pregam que os softwares mantidos pela Apple são um risco às distribuições de Linux”

    Deixando claro que eu não me encontro entre essas.

    Eu não gosto de muito que Apple faz, principalmente o quão fechada é sua loja, mas isso não afeta o que admiro nela, que é conviver bem com FOSS, no geral, e cooperando em casos como Webkit.

    Sim, é bem isso: além de não haver risco de passar à GPLv3, a Apple naturalmente não está sujeita aos termos pelos quais licencia voluntariamente a terceiros (incluindo os usuários e distribuidores de Linux) o software que adquiriu.

    De fato, no futuro muita coisa pode acontecer, e os fatos que hoje observamos podem ter causas variadas, que podem ou não ser as que eu ou você acreditamos.

    Caso sejam expostas ou se tornem concretas, pretendo estar aqui para noticiar, da mesma forma como estou à disposição para divulgar as iniciativas alternativas que surgirem.

    Ratito (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 9:28 pm

    @Augusto Campos: … Caso sejam expostas ou se tornem concretas, pretendo estar aqui para noticiar,…

    E eu aqui para ler. Obrigado.

    Marcos (usuário não registrado) em 17/02/2012 às 11:04 pm

    Infelizmente, se os projetos ligados ao Linux não conseguirem se viabilizar financeiramente, a tendência é justamente essa.
    E a Apple aos poucos vai matando os ideais de liberdade do software livre…

    erico (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 12:26 am

    acho difícil qualquer coisa mudar lá no cupertino, apple e google estão sendo pródigas em “tivolizar” o que possuem em software livre/aberto, foi assim recentemente com o .epub.

    Ratito (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 8:36 am

    Sejamos positivos marujos.

    syn (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 10:08 am

    “Infelizmente, se os projetos ligados ao Linux não conseguirem se viabilizar financeiramente, a tendência é justamente essa.
    E a Apple aos poucos vai matando os ideais de liberdade do software livre…”[1]

    Tiago (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 8:08 pm

    Sinceramente, eu não consigo ver o porque que a Apple está matando o software livre. Em contra partida eu vejo muitos revoltosos com as atitudes da Apple. Mas eu não vejo ninguém olhar para o próprio umbigo e para para pensar: onde estamos errando? Aonde o software livre quer chegar? Talvez Stallman seja o único que realmente acredita no software livre. Mas a verdade é que todos precisam de dinheiro. Se o cara é muito bom, ele vai trabalhar numa grande empresa, criar sua empresa. Não vai trabalhar de graça e morrer de fome.
    A primeira coisa que deve ser pensada é como realmente ganhar dinheiro com software livre. E isso é uma equação difícil de resolver.
    Tem também que decidir o que queremos. Temos que ser humilde e ver nossos erros, por exemplo, graças a vaidade e egos a Canonical se distanciou mundos da Gnome e a AppStore ficou sem o VLC (eu juro que quebro cada dente daquele idiota se ele cruzar na minha frente).
    O CUPS é da Apple e ela faz o que ela quiser. Ela não esta matando o software livre. Se o CUPS for fechado algum dia, criem outro CUPS. Não foi criado um dia, cria novamente.
    Outra coisa, quem é o foco do software livre? Os servidores estão muito bem servidos. E o resto? Pega o exemplo do Android. A lambança que as fabricantes fazem só ajudam a vender mais iPhones. A culpa é da Apple? A fragmentação das distros trazem um grau desnecessário de dificuldade para o usuário e um custo grande para desenvolvedores. A culpa é de quem?
    Batentendo só na tecla da interface gráfica, mesmo o Gnome nascendo cópia do Mac, ele é muito pior. E para piorar, tanto o Mac quanto o Windows possuem interfaces melhores que as exitentes no Linux. Mas aí é o seguinte, invés de pegar essa afirmação e melhorar a interface do Linux, o que fazem? Criticam quem faz essa afimação.
    Tem que evoluir em muitas coisas. No modelo de captalização, no foco. Ficar analisando o futuro de uma possível política de uma empresa como a Apple, a um produto aberto, como o CUPS, definitivamente é a última coisa que o movimento do software livre precisa. Fazer birra e ficar xingando outra empresa é que o SL precisa menos ainda.

    Tiago (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 10:11 pm

    Alguém pode me explicar o porque da moderação negativa? A princípio, tal comportamento apenas prova que eu estou certo, vide as últimas linhas do meu post.

    José Drama (usuário não registrado) em 18/02/2012 às 10:46 pm

    @Tiago concordo contigo em muitos pontos. E fico triste por isso.

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