Entrevista com Ian Murdock, fundador do Debian
Ian Murdock, fundador do Debian e o responsável pelas 3 letras finais do seu nome (as 3 primeiras, “Deb”, vêm do nome da namorada dele na época, Debra Lynn) concedeu uma entrevista ao Linux.com, que a partir dela produziu um interessante artigo com uma perspectiva curiosa sobre a distribuição: a do seu criador.
Me chamou a atenção principalmente a parte final do artigo, em que Murdock descreve que vê o modelo de desenvolvimento adotado pelo Debian como um dos precursores do que hoje recebe o nome de crowdsourcing.
Uma curiosidade, apresentada ao tratar dos laços que o Debian teve com a FSF no seu início, e que se refletem até hoje no fato de seu produto mais difundido ser chamado de Debian GNU/Linux: Murdock revela que hoje “abomina” a expressão “GNU/Linux”, mas na época ela fazia sentido para ele – segundo ele narra, o Dr. Stallman ligou para ele em uma noite e disse “estou preocupado com a fragmentação, e gostaria de fazer uma declaração de que o Linux é uma parte de um projeto maior, o GNU”. (via linux.com)
Deu uma leve impressão de que ele se arrepende de ter criado o Debian, mas não sei… pode ser apenas minha cabeça.
E ele bem que poderia trabalhar na Canonical, iria ser interessante.
Que pena, o entrevistador não insistiu nesse “importantíssimo” tópico do nome. Perguntando como deveria ser chamado: “Debian Linux” ou “Debian OS” ou ainda perguntado como fica a questão do Debian com outro kernel.
Me perguntei por que ele hoje abomina o nome GNU/Linux. Foi só dar uma lida no texto do link e tudo se explicou.
Não me pareceu que ele tenha se arrependido de ter criado o Debian.
Alguem entendeu como eu, onde o motivo q ele nao ve mais nescessidade de colocar GNU no nome é pq todo debian é composto desta parte gnu entao nao ha confusao entre as versoes?
Acho q ele quiz dizer algo analogo a, todas “distros linux” hoje em dia tem as ferramentas gnus. Mas nem todo debian tem kernel linux, por isto diferencia vc chamar Debian Linux, ou Debian Hurd. Do mesmo jeito q ninguem fica insistindo em colocar o nome linux ao se referir alguma coisa com android, pq todo android usa kernel baseado em linux.
O que ele disse, em uma tradução direta, foi: “A razão pela qual eu abomino o termo agora, é porque ele claramente foi rejeitado por uma comunidade maior. Insistir em chamá-lo de algo que a comunidade maior não usa, me parece um pouco sem sentido”.
Sim, mas na frase anterior, ele da uma explicação do motivo de anteriormente ele ainda achava sentido na diferenciação da nomeclatura.
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As a result, Murdock says that “I thought his argument was reasonable, and I thought his concern about fragmentation was quite valid, so I said ‘sure.’” But things have changed, says Murdock.
Sim, ainda bem que na frase seguinte ele respondeu de forma bem específica o que pensa hoje sobre esta questão de nomenclatura, de modo a não deixar dúvida sobre o que sente hoje a respeito, e por que.
Sobre a natureza da fragmentação mencionada, o texto também a explica, é um momento histórico bem interessante (quem é da época lembra, por exemplo, da “outra libc”).
É. Olha, como a compatibilidade entre um fedora e um Debian é tão grande quanto a de um ubuntu e um Mac OS, acho que nem o nome Linux deveria aparecer.
O GNU, na minha opinião nunca foi necessário. Ok, ok, o linux utiliza muitas ferramentas GNU. Então o linux instalado na minha máquina deveria ser chamadado de: Canonical Ubuntu GNU/APPLE/SUN/GNOME/LINUX. Vejamos o porque:
GNU: Ferramentas GNU
APPLE: pelo CUPS e pelo webKit
SUN: devido ao java
GNOME: peo gnome
Linux: pelo kernel.
Canonical: empresa mantenedora.
Eu não consigo tirar o sentimento que o GNU no nome nada mais é que uma forma de promoção da FSF. Afinal, uma coisa que a FSF nunca teve foi visibilidade. E se hoje tem, é única e exclusivamente por causa do Linux. Com todas as ferramentas GNU já feitas, mas sem o Linux, hoje o número de pessoas que conheceriam a FSF seria exatamente o mesmo de 1982: ninguém.
E o termo Linux seria de grande utilidade se existisse uma padronização e uma compatibilidade entre as distros, a ponto de eu poder instalar um software do Ubuntu no Slackware. Como isso não existe, não se faz necessário utilizar o termo Linux. A única exceção seria se a Linux Foundation resolvesse fazer uma distro. Isso não vai acontecer.
É mais ou menos o que acontece com o Mac OS. Não é Mac FreeBSD ou Mac GNU/FreeBSD. É Mac, e acabou. A mesma coisa deveria acontecer com as distro Linux: só Ubuntu, só Slackware, só Debian, e acabou!
@Tiago
“Com todas as ferramentas GNU já feitas, mas sem o Linux, hoje o número de pessoas que conheceriam a FSF seria exatamente o mesmo de 1982: ninguém.”
Existem usuários e usuários de computador. Você está no grupo que não sabe o que é um backtrace.
Concordo com o Tiago.
Concordo com o Tiago, só gostaria de fazer um adendo no caso de “só Debian”: Existe Debian com kernel Linux e Hurd, nesse caso, acho interessante usar “Debian Linux” e “Debian Hurd”. No mais, é desnecessário, é como chamar um carro de Vectra Automóvel.
Ele continua na Sun/Oracle ou está fazendo o que?
A questão do nome é prioridade tão alta dessas entrevistas que nem isso fiquei sabendo, haha.
@Tiago
Você claramente não reconhece a qualidade superior até hoje das ferramentas GNU, essas ferramentas são superiores a qualquer utils que eu vi por aí.
O que seria o Linux sem o GCC? O que seria dos *BSDs sem o GCC?
Gostei do artigo, a idéia do nomo é facilmente entendido, pois na época era muito interessante a discução, mas como ele próprio diz, a comunidade maior não utiliza esta nomeclatura.
E realmente a importancia do Debian com seu modelo e o sistema de atualização e de pacotes fez com que várias distribuições utiliza-se do mesmo modelo. QUem não se lembra do APT-RPM antes da RedHat utilizar o Yum???
Até o Slackware segui o modelo com sistemas como o slapt-get por exemplo.
Aos que criticam o uso do termo GNU/Linux: essa expressão poderia ser condenada se o linux fosse um kernel “completo” em si mesmo, ou seja, se ele possuísse uma libc nativa, como é o caso, por exemplo do FreeBSD. E qual libc o linux usa nas distribuições “padrão”? A glibc ou eglibc que é uma versão “melhorada” da glibc que é parte do projeto GNU.
O kernel é a parte mais importante do sistema operacional. Mas a segunda peça mais importante é a glibc que permite que os programas compartilhem recursos gerenciados pelo núcleo do sistema operacional.
Esse papo de que não é “certo” o uso do termo GNU/Linux é puro papo furado, disseminado por gente mais interessada no uso da privado da marca “linux”, incluíndo-se nesse grupo o próprio Linus.
@Tiago, vc têm razão quanto ao termo Linux, não precisar ser usado, tanto que não é. Se diz Ubuntu, Fedora, Mandriva, etc. O nome é usado por muita gente para nomear genericamente essas distros. Ao invés de dizer distribuição de software FOSS com kernel Linux, ou distro Linux, dizem simplesmente Linux.
Eu tenho uma informação aqui que diz que existe 28% de GNU e 3% de Linux, numa distro Linux “típica” (sabe-se lá o que é isso :) ). Que vc acha dessa informação?
É também por isso que eu acredito que vc usa o GNU com kernel Linux e não o Linux com componentes GNU. O projeto do carro (SO) é GNU, o motor é o Linux, na maioria dessas distros Linux. Lembra que os primeiros Peugeot 206 aqui no Brasil usavam motores Renault 1.0? E não deixavam de ser da Peugeot por conta disso?
Note a versatilidade do Debian, p. ex., têm o mesmo “carro” com diferentes opções de motor.
E pq se diz que são distros Linux e não distros GNU? Sei lá, deve ser o nome mais comercial, o nome que pegou, o mascote que agradou mais. Se o nome do kernel continuasse sendo Freax, será que teria tanto apelo?
Ah! E a Linux Foundation têm uma distribuição, o MeeGo.
@Riser
E oq seria o GCC sem o Linux? Oq seria o GCC sem FreeBSD? Quem iria usar o GCC? :)
Sem dizer que o GCC é muito bom, mas o LLVM ta ai pra mostrar que existem alternativas (muito boas tbm). Ou seja, se GCC não existisse, outro compilador iria aparecer no seu lugar. Assim como se o Linux não existisse, algum outro kernel iria entrar em seu lugar.
Mas do jeito q a coisa ta indo, acho que em 10 anos o GCC vai perder boa parte de sua relevancia (em parte, graças a Apple, que está investindo no LLVM).
[]‘s
Continuando o comentário anterior….
O Debian possui uma versão “debian GNU/kfreebsd”. E por que chamam o sistema assim? Porque eles modificaram o kernel do freebsd para que o mesmo compilasse com a glibc padrão do projeto GNU, ao invés de usar a libc nativa do FreeBSD.
Testes realizados no site http://www.phoronix.com pelo menos preliminarmente comprovaram que a solução freebsd com libc do GNU é mais rápida que a instalação padrão de um sistema freebsd puro.
E eu continuo nem ai com o GNU… Mas amo o Debian!
@stan_br
LLVM existia em 1991? Você está querendo depreciar a existência de um compilador importante e apostar em uma incógnita?
Incógnitas e mais incógnitas, O LLVM pode ser ter uma melhor arquitetura e pode sim conseguir ser muito mais rápido que o GCC, mas não tira o mérito desse excelente compilador que é o GCC que até nos dias de hoje consegue ser extremamente competitivo, mesmo compilando um pouquinho mais devagar, entrega executáveis bem mais otimizados que o Clang.
E se for velocidade, existe o EkoPath 4, que está na GPL v3.
Sei lá, mas acho que tanto o Debian quanto o Fedora deveriam investir mais em ARTWORK, não apenas num papel de parede e um boot splash, vejo muita gente que deixa de usar porque se depara com um sistema gnome a la Windows 98.
Típico: diminuir a contribuição do Projeto GNU.
Srs, o software que vocês usam é liberado pela *GNU* Public License. Alguns usam a Lesser *GNU* Public License. As principais ferramentas de sistema são derivadas do projeto GNU. O GCC é o *GNU* C Compiler. O GNOME é *GNU* Network Object Model Environment.
Todo usuário de Linux devia agradecer ao projeto GNU quando usa os seguintes softwares: chgrp, chown, chmod, cp, dd, df, dir, du, ln, ls, mkdir, mkfifo, mknod, mv, rm, cat, cksum, head, tail, md5sum, nl, od, pr, tsort, join, wc, tac, paste, find, locate, xargs, grub, GNU Parted (o GParted é só um front-end) e etc. Existe uma lista completa em: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_GNU_software
Acho que pode ficar claro a importância, ainda nos dias atuais, da FSF e do Projeto GNU.
Se você me perguntar, tem muito garotinho criado a leite com pêra (e “ovomaltino”) que devia se informar melhor antes de botar o pé na cadeira e esculhambar o trabalho dos outros.
Claro, você pode ter percebido que eu não uso o nome que eles pedem. Posso discordar (mais por preguiça. também falo só Debian, só Ubuntu. Slackware é só Slack.) sobre o uso do GNU/Linux, mas não desmereço o trabalho excelente feito pelo projeto.
Estariam umas três versões adiante. O GCC é muito lento e atrasa demais o desenvolvimento.
O BSD só migrou pra ele na última versão por causa do processo da AT&T. Desde então ficou atrelado por causa das idiossincrasias do GCC. Mas essa situação já está mudando, e os devs mal podem esperar para migrar pra outros compiladores mais rápidos.
@Jack Ripoff
Não estaria, é praxe os *BSDs serem lentos no desenvolvimento e ficarem atrás de kernels mais rápidos e dinâmicos, como o Linux, que usa GCC, já existem desenvolvedores que estão reivindicando que os outros parem de pensar na compatibilidade com os *BSDs, como por exemplo o Desenvolvedor do glibc e o Lennart Poettering, eles afirmam que prover compatibilidade não é tarefa dos desenvolvedores que tem como alvo o Linux prover compatibilidade com *BSD.
De qualquer forma, o GCC ainda é o compilador que trás o melhor “custo/benefício” compilação rápida com binários bem otimizados, coisa que o Clang peca, E MUITO. De qualquer forma, o path64 é o mais rápido, mas eles não vão deixar de escolher um compilador com licença BSD-like para escolher um compilador GPL v3, ou vão?
O que entendi no texto é o que está ocorrendo em nossa língua portuguesa, se a maioria fala “errado”, então é assim que tem que ser falado, não obstante o termo estar incorreto.
Já usei o termo GNU/Linux e hoje falo apenas Linux, mas não deixo de reconhecer a importância da FSF e do projeto GNU para a história da computação. O que alguns aqui precisam lembrar é que não fosse o GNU e a FSF provavelmente não haveria Linux, software livre ou Debian.
Provavelmente nós sequer estaríamos aqui tendo essa discussão se um dia a turma da FSF não tivesse começado um projeto de ter um sistema Unix livre. Ninguém qui teria $ para usar um Unix proprietário e talvez nem para comprar editores de texto se o software livre não tivesse aparecido como alternativa para competir com os produtos proprietários de grande corporações que estão cagando para os usuários.
Não quer usar o termo GNU? Sem problemas, mas não dIminua o papel histórico de gente que fez muito pelo software livre no campo técnico e ético. Dizer que o GCC não é necessário ou fundamental hoje pode ser verdade, mas não era em 1991 quando o Linus começou a desenvolver o Linux. Sem as ferramentas GNU Minix, Linux e suas variantes talvez não tivessem jamais existido.
Nada a ver. A sua comparação é inválida porque você está comparando laranjas com bananas. O desenvolvimento do Linux é mais rápido do que o dos BSDs por inúmeros fatores, ou você pensa que só o compilador influencia a velocidade de desenvolvimento? Entre eles, vale citar os principais: um modelo completamente diferente de desenvolvimento e uma quantidade de desenvolvedores muitas vezes maior.
Eu repito: um compilador lento atrasa o desenvolvimento e os desenvolvedores dos sistemas BSD estão fartos disso. Se duvida então não acredite em mim, vá às mailing lists e veja com seus próprios olhos.
(Não sei como os desenvolvedores Linux se sentem, mas eles também deveriam estar insatisfeitos a respeito. Se não estão, então é só mais um sinal de como eles não estão nem aí para a qualidade do seu software…)
Ele tem que tentar vender o peixe dele, não é? Mas a verdade é que esse é o forte dos BSDs (exceto o FreeBSD). E eu não estou me referindo ao menor número de devs, estou falando do modelo de desenvolvimento que produz software inúmeras vezes mais estável, confiável e portável, ainda que com muito menos recursos.
O modelo de desenvolvimento do Linux pode ser um problema para os clientes corporativos, mas até aí existem empresas que usam até Windows e gostam… Isto não é invenção minha, compare o modelo de desenvolvimento que era usado no ramo 2.4 com o modelo atual e verá.
Não tem nada a ver com custo/benefício, tem a ver com você ter compiladores compatíveis e confiáveis para ocasiões diversas. O GCC não é apropriado para desenvolvimento de software, ele não dá uma opção de compilação rápida e nem é possível separar o backend do frontend dele porque ele não é modular. O problema é produzir um compilador rápido que seja compatível com ele (já feito: PCC), e principalmente consertar os inúmeros bugs de otimização que o GCC tem. Mas esta é uma tarefa extremamente difícil porque ele é um projeto grande, complexo e mal-documentado. Sem falar que os devs dele escrevem C como se fosse Lisp, então fica impossível para uma pessoa normal tentar entender o código sem antes passar um indent…
Eu não me meto a mexer em compiladores, cheguei a me matricular numa optativa de compilação na faculdade há muito tempo mas tranquei no primeiro mês. Eu não entendo essas coisas…
Apesar disso, os devs do OpenBSD conseguiram fazer milagre com o GCC. A versão dele utilizada no projeto é outra tão modificada que chega quase a ser desonesto chamá-lo de GCC também.
E digo mais: um compilador mais rápido dá mais tempo para os desenvolvedores otimizarem o próprio software, que é o que traz mais ganhos de desempenho a longo prazo do que truques com assembly.
O interesse num compilador alternativo também está relacionado a portabilidade, mas isso é história para uma outra ocasião…
Continuo com o gcc pois ele usa uma licença copyleft.O LLVM é interessante.Mas sempre terá um “mais interessante” que ele .E essa versão será sempre proprietária.