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Panorama: Open Source no mundo Apple

As faces mais opacas e proprietárias da Apple costumam ficar muito mais em evidência para as comunidades usuárias de outros sistemas operacionais com kernels livres, mas é interessante perceber o quanto a política de adotar softwares livres no núcleo de sua plataforma (kernel, drivers, APIs essenciais, suporte a serviços de rede, etc.) foi vital para a virada da Apple no mercado ao longo da década passada, e para sua situação atual.

Ao mesmo tempo, a importância do código aberto para o seu próprio sucesso deu à Apple o incentivo concreto que muitas outras empresas do mesmo ramo não têm para contribuir código e recursos para projetos de código aberto variados que a interessam diretamente, como o CUPS (componente do OpenPrinting da Linux Foundation, mantido pela Apple e que provavelmente gerencia a impressão na sua distribuição de Linux favorita), o LLVM/Clang e o engine WebKit, do Safari – nascido do KHTML e hoje presente no Chromium, no Plasma do KDE, na maioria dos navegadores default das plataformas móveis e em vários outros projetos, além das contribuições em componentes do BSD, entre outros.

Para completar, a lista de softwares de código aberto incluídos por default no OS X e no iOS é grande e inclui muitos componentes que também são típicos de distribuições Linux, incluindo partes do GNU, dos BSDs e projetos independentes, e nomes como Bash, Apache, Samba, Bzip2, gzip, OpenSSH, Emacs, vim, PHP, Python e mais.

Este panorama com 3 focos é o tema do meu post “Open Source no mundo Apple“, publicado hoje no BR-Mac.org. (via br-mac.org)


• Publicado por Augusto Campos em 2011-07-06

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    Desses projetos citados faria uma ressalva ao CUPS. A apple só se tornou patrocinadora desse, depois que o projeto ameaçou se tornar GPLv3, o que impediria a inclusão no MAC OSX. Para evitar perder todas as atualizações no suporte a impressão ou ter de manter um fork, preferiram o mais barato: dar dinheiro diretamente ao projeto original.

    Não estou criticando a postura da Apple, nem do projeto CUPS. Mas é exagero dizer que a Comunidade Opensource/Linux tem um bom suporte a impressão por causa da Apple, quando na verdade é o contrario.

    Sim, concordo que seria um exagero dizer que a comunidade open source / Linux tem um bom suporte de impressão por causa da Apple.

    Mas faço a ressalva de que eu não disse isso: o que eu disse é que o CUPS é mantido pela Apple, e no post completo (lá no BR-Mac) eu até faço a importante ressalva de que a aquisição dos direitos sobre o Cups ocorreu só em 2007, quando o software já era um sucesso.

    Sobre a tua observação de que a Apple “preferiu o mais barato: dar dinheiro diretamente ao projeto original”, eu não discordo, embora não saiba com certeza se isso era mesmo o mais barato. Mas registro que acho que teríamos uma realidade muito mais amistosa com os desenvolvedores independentes se a ideia de “dar dinheiro diretamente ao projeto original”, sem prejudicar sua condição como software livre, fosse mais frequente.

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 3:31 pm

    Eu não gosto nada da política de Walled Garden da Apple, e como parece tendência que isso migre de vez de mobile para desktop (se esse ainda persistir), como única opção de instalação, eu vejo isso como séria ameaça a computação, se virar tendência (imitarem).

    Mas é preciso separar as coisas, e nesse ponto exposto pelo artigo que se deve distanciar muito a Apple daquela outra empresa de CEO saltitante. Não são todas iguais não, longe disso.

    Só acho uma pena que os usuários Apple, não todos, mas muitos, se juntem ao discurso de ódio a software livre. Além de um ódio gratuito, nem combina mesmo a atitude da empresa, ainda que atitude mais discreta, o que faz sentido.

    Copernico Vespucio (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 3:39 pm

    Apple: a amiga do software livre.

    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 4:06 pm

    Apple: em alguns casos, como o do cups e os outros citados no post do Br-Mac.org, a amiga do software livre. Em outras, não se pode dizer o mesmo, infelizmente.

    @Augusto,

    Não quis criticar o seu post. Na verdade concordo com tudo que disse. E também acho que seria muito mais saudável, tanto para os projetos quantos as empresas que usufruem deles, essa relação que a Apple mantém com alguns projetos OpenSources.

    Sobre a observação, é apenas baseada em pura intuição (vulgo achismo). Quando me referi a ser mais barato, não apenas me referia ao custo monetário. Mas em questões como manter a comunidade unificada (sem uma fragmentação de contribuições), e além disso ter os desenvolvedores chaves do projeto, no projeto (um novo time de desenvolvimento com certeza não saberia tanto, quanto os próprios criadores).

    Mas ainda sim quis fazer a observação, talvez o tom foi errado. Contudo ainda acredito que a Apple se beneficia muito mais de softwares OpenSource do que o inverso, pelo menos relativo a área de OS.

    mAD (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 4:14 pm

    OFF: Queria entender o motivo do Preview da Apple abrir pdf gigantescos e complexos sem lag na abertura ou na transição de páginas!!!! Vi um amigo usando unm MacBook e achei mágico!!!!

    cristian, também não entendi como crítica, mas achei importante ressaltar aqueles pontos!

    Quanto a esta tua nova observação, de que a Apple se beneficia muito mais do open source do que o open source se beneficia da Apple, acho difícil de aferir, mas também creio que seja verdade.

    Mas é uma verdade positiva, que se aplica igualmente à maioria das pessoas e empresas que se envolvem com o open source: é difícil para qualquer entidade separadamente oferecer mais do que recebe, neste âmbito. Eu recebo muito mais do open source do que ofereço de volta a ele, acredito que você também, e a Red Hat também, bem como a IBM, a Apple e a maioria dos exemplos que consigo imaginar.

    É muito bom que haja uma via de mão dupla, mas esperar que alguém ofereça ao código aberto mais do que recebe dele não me parece uma expectativa prática.

    linuxer (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 4:42 pm

    A Apple ainda posa de boa moça perante a comunidade de software livre só porque usa algumas partes livres no MacOSX e por ser considerado um Unix.

    Até o kernel Darwin nem está mais facilmente utilizável. Só existem alguns projetos muito embrionários e em estado vegetativo que usam o Darwin

    http://en.wikipedia.org/wiki/Darwin_%28operating_system%29#Derived_projects

    A Apple andou escondendo o Darwin com medo dos hackintoshes.

    Mas na prática, só o fato de não poder, pelo menos oficialmente, instalar o sistema num PC por motivos artificialmente impostos pela Apple já torna o sistema uma armadilha em termos de liberdade. Ou seja, na prática mesmo, até o windows lhe permite mais liberdade como CLIENTE/CONSUMIDOR. Pelo menos você pode escolher o PC de qualquer fabricante ou montar o seu do zero e escolher dentre um número muito maiores de aplicativos, livres e proprietários.

    @Augusto,
    se pensar em âmbito geral sim; dificilmente sua contribuição ao OpenSource vai ser maior que seus benefícios. Mas na minha opinião, eu olho a questão de forma bem menos ampla, por exemplo: os projetos que são importantes para a Red Hat, assim como o Linux é pra IBM, já recebem apoio dessas empresas (longe de ser de “Bom Grado”, mas recebem já apoio, que vem de muitas formas).

    No caso CUPS e Apple, o CUPS sempre foi muito importante para o MAC OSX. E mesmo assim a contribuição da Apple para o projeto era tão pequena, que o projeto sinalizou uma mudança que descartaria um contribuidor. Ora, porque a Apple já não contribuía tanto com o CUPS quanto hoje, se desde antes, o CUPS era um componente importante do OS dela? Se ela já fizesse isso, acredito que nunca passaria pela cabeça dos lideres do projeto tornar ele GPLv3.

    Hoje o CUPS e a Apple são um exemplo de colaboração entre OpenSource e Software Proprietário, mas isso ao custo de “uma ameaça”?

    Stan_br (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 4:51 pm

    Curti o post.
    Eu gosto bastante da posição da apple frente ao uso de SL e acho que deveríamos incentivar mais esse tipo de comportamento. Por isso mesmo prefiro licenças bsd-like, que são mais “amigáveis” para esse tipo de coisa que as GPL. Sim, estou começando mais um flame-war, mas não resisti rs

    []‘s

    Sim, é mesmo de se perguntar por que a Apple, ou a Red Hat, ou a Novell, ou tantas outras, não deram ao CUPS desde antes a ajuda que ele precisava. Ele era importante para todas elas.

    Não tenho a resposta, mas fico feliz que alguma delas, mesmo não tendo obrigação, tenha conseguido viabilizar a continuidade dele a tempo.

    Riser (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 5:31 pm

    É somente mais uma sugadora de primeira no ramo, conseguiu ser bem sucedida, diferente da Microsoft.

    O mais engraçado é que os defensores do BSD dizem que essa é a melhor licença e tomam por muitas vezes a Apple como exemplo, exemplo tão legal que a mesma fez sua própria licença sugando vários projetos e re-licenciando em APSL, uma licença copyleft incompatível com a GPL, IMPEDINDO REUSO DO CÓDIGO! O mais engraçado é que a APSL foi um fiasco em sua primeira versão, aí a Apple foi atrás da FSF para aprovar uma nova versão como livre, por que eles não usaram logo a GPL/LGPL? Tinham medo de quê?

    Outra coisa é o código do Darwin, misteriosamente não existe mais nenhum projeto vivo usando ele como base, e atualizações se tornam cada vez mais raras, com código aqui e código lá desaparecendo, Darwin for ARM? FECHADO.

    Apple é uma empresa que está manipulando de forma execrável toda a comunidade de FLOSS, usando fanboys como escudo e tentando de forma falsa reafirmar sua amizade com o FLOSS, amizade do naipe de onça, prima do Leopardo e Leão.

    Copernico Vespucio (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 5:32 pm

    Ok, sem mais ironia aqui.

    Mesmo se a Apple fosse amiga do open source (é não é… A muitos anos que não é, desde o saudoso Apple II) ela é inimiga da liberdade , um conceito mais amplo (e a real intenção por trás do código aberto).

    Jeferson (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 5:42 pm

    Vamos ver no que dá.

    Riser (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 5:44 pm

    Gostaria que refutassem meus argumentos e não se utilizassem de métodos tão baixos, como fizeram acima em menos de 6 minutos. Não é troll, é a realidade.

    Não sei por que te moderaram, mas talvez tenha sido por misturar os questionamentos em caps lock a essas acusações de que é “amizade de onça”, com “fanboys” e coisas assim, desnecessárias a uma discussão baseada em argumentos.

    De qualquer forma, não sei se ainda há alguém interessado em criar ou manter distribuições alternativas baseadas no Darwin. Sei que já houve. Não há mistério nenhum aí, é uma questão de demanda – você conhece alguém que queira fazer isso hoje e esteja sendo impedido? Não é porque o código é livre que alguém precisa montar uma distribuição alternativa baseada nele, felizmente. E a ausência de interessados em manter uma distribuição alternativa não torna o código disponibilizado menos open source.

    Já a acusação de que a Apple preferiu corrigir os erros da APSL para torná-la livre, do que adotar uma licença livre pré-existente realmente aponta um fato negativo pela proliferação de licenças, que é indesejável, mas o mesmo dedo pode ser apontado em várias outras direções: por que a Mozilla preferiu a MPL? Por que a Fundação Apache preferiu a APSL? E a licença Eclipse? A GPLv2 já existia, e todas estas são incompatíveis com ela! Mas a resposta é conhecida: elas queriam licenciar do jeito delas, atendendo aos objetivos delas, ao mesmo tempo em que queriam oferecer as liberdades que uma licença livre oferece.

    Vale destacar que, mesmo tendo a nova APSL explicitamente aprovada pela FSF (que não a recomenda devido a 2 detalhes comuns a várias outras licenças: a GPL é incompatível com ela, e ela não tem restrições no estilo copyleft), a Apple licencia projetos seus com outras licenças também, como aconteceu com o systemdlaunchd (licença Apache), e patrocina projetos sob outras licenças, como o Cups (GPL/LGPL) e o LLVM (BSD).

    Edit: corrigi o nome do launchd, que havia chamado de systemd por equívoco. (21h55, 6/7/11)

    EmanuelSan (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 7:17 pm

    … a lista de softwares de código aberto incluídos por default no OS X e no iOS é grande e inclui muitos componentes que também são típicos de distribuições Linux, incluindo partes do GNU, dos BSDs e projetos independentes …

    Ué! Existe algo de Linux no OS X ou no iOS?

    Existe uma distribuição do kernel Linux, chamada Android, e pelo que sei não existe nenhum componente do Android no OS X.

    Sei que alguém pode argumentar de que foi usada a palavra “típicos” acima. Entretanto, “típico” significa algo que distingue. Dizer que Android é uma distribuição do kernel Linux, não distingue do Fedora ou Ubuntu, que são outras duas distribuições de kernel Linux.

    Como Android está no bolo (das distribuições de kernel Linux) e não têm nada do Android no OS X, então está provada que a afirmação é falsa.

    Pode ficar verdadeira se for colocada “são típicos da maioria das distribuições de kernel Linux” (nem vou considerar que talvez haja mais Androids rodando por aí, do que SOs GNU/Linux). Creio que o editor, que não gosta de dar o braço a torcer (nunca vi), talvez vá dizer que isso está subentendido, entretanto ele poderia ter substituído “distros Linux” por “distros Debian” ou “distros {Free/Open/Net}BSD” ou “distros GNU” que iria dar no mesmo e a afirmação seria verdadeira. Ao passo que colocando simplesmente “distros Linux” estará com uma afirmação falsa.

    Eu não gostaria de iniciar um flame (e provavelmente não terei tempo de ficar respondendo aqui), mas quem se dignar a responder pense muito bem antes, aqui vai uma pergunta direta (lembrando que o kernel que a Apple usa no OS X é o Darwin):

    Qual o percentual do [kernel] Linux que existe no OS X (ou no iOS) da Apple?
    [ ] 0%
    [ ] algum valor maior que 0%

    Lucas (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 7:25 pm

    Olha, sem querer ser chato, mas do jeito que a apple faz as coisas, ex: aprovação de apps pra iphone, MacOS só rodar em computadores da apple, mostram como essa empresa tem muito mais tendência para o software proprietário e monopolismo.

    Lucas (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 7:25 pm

    monopólio*
    Inventar palavras faz parte =)

    Scheldon (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 7:28 pm

    Eu ate ia perder meu tempo descascando o pepino nessa palhaçada, mas o linuxer, riser e o copernico já fiseram uns combos lindos.

    Espero que o significado de “componentes que também são típicos de distribuições Linux, incluindo partes do GNU, dos BSDs e projetos independentes” tenha ficado claro para todos os demais.

    Ao mesmo tempo, lamento se o emanuelsan foi tão longe para tentar dizer que não entendeu a que eu me referia quando falei das distribuições Linux, ou que entendeu que o conjunto de “componentes que também são típicos de distribuições Linux, incluindo partes do GNU, dos BSDs e projetos independentes” é composto pelo kernel Linux, e sozinho, ainda por cima.

    Se alguém mais tiver a mesma dúvida, o sentido em que a expressão Distribuição Linux é empregado no BR-Linux consta em um artigo específico na FAQ do site, sendo similar à definição da Wikipédia.

    Riser (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 7:53 pm

    @Augusto Campos

    Obrigado por ter revisto tudo.

    Mas tenho que discordar com algumas coisas, a APSL foi feita com objetivo claro de impedir o uso do código por projetos existentes, nos moldes do que foi feito no ZFS com o CDDL, qualquer código que a Apple quer liberar mas mesmo assim tem alguns adendos, tome APSL, é o porto seguro sem perder a pose de salvadora do Software Livre. Eclipse teve outros motivos, históricos até, que culminou na criação da Licença Eclipse. MPL é outra coisa, a Mozilla é Tri-licenciada, MPL/GPL/LGPL, não foi uma questão de simples escolhas, foi questão histórica que foi resolvida depois com essa solução.

    systemd não foi/é o um projeto da Apple, mas foi sim levemente inspirado no launchd, isso independe de licença, o systemd foi escrito do zero. Cups foi um episódio à parte, já explicado nos comentários acima e o LLVM é uma relação ganha-ganha, caso à parte, projeto de Universidade.

    Copernico Vespucio (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 8:18 pm

    @Riser:

    Não tenho certeza se é necessário entrar tanto em detalhes aqui. Me pareceu que o post teve o objetivo de mostrar que a Apple está do nosso lado e quão interessantes são suas contribuições, o quão relacionados seus produtos são com o FOSS, etc e etc.

    Em resumo, nada disso interessa. A filosofia da empresa é coibir a liberdade do mercado e de seus clientes. Isso já é mais do que suficiente para colocá-la «do lado de lá».

    Os tempos mudaram e, com eles a percepção de que eu até posso abrir o código de todos os meus produtos e ainda assim, escravizar meus usuarios e ser daninho ao mercado e à comunidade. Obedecer às licenças de código aberto (para poder usufruir de seus recursos) e, ainda assim, ser contrário a seu espírito e ao seu propósito.

    Ou fechar meu código por algum tempo e ainda assim ter em mente a preservação da liberdade a longo prazo.

    Então não… Belo post, belas palavras, grande site, mas não… Não me convence.

    Saulo (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 8:30 pm

    Existe um lado positivo do OS X ser permitido apenas em hardware homologado, ou seja, um melhor controle da plataforma. Nāo existe dor de cabeça com drivers, pelo menos do hardware que está na máquina, e a maioria dos acessórios de consumidor é compatível. E o mesmo pode ser dito do software. Talvez seja o melhor desktop que existe na atualidade, na minha opiniāo, e a padronizaçāo reflete no produto final. Qualquer coisa tem vantagens e desvantagens. Eu nāo vejo o ponto do fanatismo pela “liberdade de software”. Ė uma ilusāo que a tecnologia venha a solucionar os problemas da humanidade. No dia que existir uma tecnologia de software open source que salve vidas ou extermine doenças, vou ser o primeiro a apoiar, explicitamente. Mas isso sempre vai exigir dinheiro, de uma forma ou de outra. O problema está na natureza do homem, é a velha história do sapo e do escorpiāo. Vale dizer que ganho a vida com software livre, e acho que seja um modelo de desenvolvimento adequado para muitos casos. Por que eu seria um inimigo do Google, por exemplo? O Google dá emprego a milhões de pessoas, direta e indiretamente, mesmo que adote um modelo fechado. Claro que nāo estou fazendo comparações, estou apenas exemplificando o meu ponto de vista. No final das contas é uma questāo de escolha, e aí está a verdadeira liberdade. E nem todas as escolhas sāo definitivas e perpėtuas.

    Copernico Vespucio (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 9:00 pm

    @Saulo:

    Tecnologia FOSS que salva vidas e combata doenças? Sim, elas também existem, se informe melhor. Principalmente porque elas não são controladas (controle é a palavra-chave) à mão de ferro por ninguém é que podem ser implementadas em qualquer máquina, por qualquer pessoa, em qualquer lugar do planeta.

    Liberdade não é apenas um conceito filosófico: a falta dela exclui, junto com a «concorrência», novas idéias, empresas, desenvolvedores e cria um mundo em que os usuarios precisam engolir como gado tudo o que lhes é «oferecido» (empurrado) goela abaixo.

    Lutar com o seu governo todos os dias mas ter que me curvar aos ditames de uma gigante tecnológica qualquer? Não, obrigado.

    Prefiro aquelas que me chamam para jogar com elas ao invés de me excluir do processo e insistir que eu me torne apenas mais um consumidor.

    Nada contra homologar máquinas e softwares e sim contra excluir quem não quer comprar essas máquinas em prol de outras. Lembrem que é o oposto do pensamento da Sun: «a fim de vendermos mais SPARCs, criamos uma tecnologia que roda em toda parte».

    Liberdade não é uma besteira qualquer: é escolher para quem eu dou minha atenção e meu dinheiro, e porquê.

    Não sou contra a empresa e sim contra as suas idéias: aliás, se aposentarem o Jobs e trouxerem o «Woz» de volta, eu mesmo vou vestir a camiseta da maçã.

    Saulo, concordo que haver o controle da plataforma que você menciona é positivo para a Apple e para quem faz negócios com ela, mas não é uma bandeira que eu defenderia como sendo vantajosa para o público em geral. Pelo contrário, é uma das partes opacas e proprietárias a que me refiro no artigo do link.

    Riser, a APSL atual foi remodelada em um trabalho conjunto com a FSF, justamente para remover as 3 falhas que eram identificadas na versão anterior, e que não eram a mesma que você associa à CDDL – os problemas eram a necessidade de notificação, a possibilidade de revogação e o desrespeito à privacidade.

    Não acredito que a FSF se envolveria em um trabalho de revisão, e aprovaria o resultado dele, se ela considerasse que o objetivo da licença em questão era impedir o uso do código por projetos existentes, ou que o uso desta licença pela Apple é danoso ao software livre, ou algo assim. Nem acho que alguém deveria atribuir este tipo de atitude (descaso, desídia) à FSF – como mantenedora da Free Software Definition, ela é uma fonte interessante para se manifestar sobre liberdade de licenças, e ela não faz esta sua observação sobre nenhuma das duas versões da APSL.

    Dito isto, eu também não recomendaria a APSL para nenhum novo projeto fora da Apple, mas acho que a FSF está certa ao afirmar que não há problema em seu público usar e contribuir com projetos que a adotam.

    Ao mesmo tempo, não acho que a Apple tenha, mantenha ou não perca a pose de salvadora do software livre, ou que faça algo para parecer assim. Certamente não a vejo dessa forma, nem acho que o software livre precisa ser salvo pela Apple. Mas também não acho que a regra de “não criarás uma licença livre compatível com tuas próprias intenções” possa ser imposta de forma diferenciada só a uma organização – cada uma das mencionadas teve as suas justificativas para fazê-lo quando o fez e, a bem da verdade, nenhuma delas tem obrigação de justificar a ninguém a forma como pretende disponibilizar os seus softwares livres.

    Mais do que isso, até: disponibilizar software livre é um ato positivo, temos uma definição objetiva do que é licença livre para nos guiar, e quem disponibililza sob uma licença livre que melhor lhe atender não tem uma obrigação adicional de se esforçar para que a disponibilização seja incluível em outros projetos que escolheram outras licenças livres mais restritivas quanto à natureza das licenças livres dos códigos que podem ser agregadas a eles.

    Quanto ao systemd, cometi um equívoco e uma grave injustiça – ele nem é da Apple. Eu confundi os nomes, o software da Apple cuja licença mudou de APSL para Apache para facilitar o uso por outros projetos interessados é o launchd. A história desta mudança de licença consta no post do link.

    Weber Jr. (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 9:44 pm

    Saulo

    ‘Eu nāo vejo o ponto do fanatismo pela “liberdade de software”. Ė uma ilusāo que a tecnologia venha a solucionar os problemas da humanidade.’

    Fica difícil ver qualquer coisa quando já parte considerando fanatismo. Mas pensando que tenha boa vontade..

    É o contrário: evitar que se use tecnologia para *criar* problemas.

    Dois exemplos:

    -DRM – Uma restrição criada via tecnologia a um aparelho ou o novo récorde de absurdo, um jogo que só se pode jogar uma vez.

    -Padrões proprietários – Impedem ou dificultam a concorrência, ajudam a criar monopólios.

    Tercio Martins (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 9:54 pm

    @Augusto Campos:

    (…) a Apple licencia projetos seus com outras licenças também, como aconteceu com o systemd (licença Apache), e patrocina projetos sob outras licenças, como o Cups (GPL/LGPL) e o LLVM (BSD).

    (grifo meu)

    Augusto, tem certeza sobre o systemd? Pela Wikipedia, o systemd tem licença GPL2+ e, segundo este artigo da LWN, o programa utiliza varios conceitos do gerenciador de inicialização utilizado no OS X, o launchd, mas sem utilizar o codigo da Apple.

    Tercio, até vou editar o comentário para que ninguém acredite neste meu equívoco, que eu já havia mencionado 2 ou 3 comentários acima do seu – eu queria falar do launchd, e o chamei de systemd. Foi um erro e uma injustiça que cometi contra ambos.

    Saulo (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 10:42 pm

    Concordo com seu conceito de liberdade. É exatamente isso. É aquela coisa… vai quem quer. Por querer entendo o seguinte: acredito que existam motivos para todas as pessoas (a questāo do “por que”), alguns fúteis e outros nāo. Infelizmente os fúteis sāo bem prevalentes, e quanto a isso só posso lamentar. E isso gera preconceito, que tenta cegamente se apoiar nesse fato, além de outros fatos nāo tāo relevantes como argumentos. Acho importante a habilidade ou consciência de justificar escolhas de forma consistente e consciente.

    No meu ver, nāo existe monopólio. A Apple faz parte de um mercado de nicho, e é uma empresa capitalista como qualquer outra. Inclusive, ela proporcionou inovações na área do desktop e outros tipos de plataforma. Existe um grande número de interfaces influenciadas pelos princípios de design, simplicidade, usabilidade e vários outros aspectos, onde a Apple se destaca. Inclusive interfaces open source. Isso é saudável para a concorrência, e não o contrário. O que nāo acho saudável sāo as inúmeras patentes registradas pela empresa, dificultando ou impondo limites na adoçāo de suas idéias.

    Também sou contra essa tal “exclusāo” e senso absoluto de superioridade que existe em pessoas de mentalidade fútil, os tais consumidores “gado”. Mas neste caso o problema está nas pessoas, e apenas nelas.

    Quanto à questāo de “jogar junto”, vai tentar dar uma idéia pro kernel do Linux. Existem grandes chances de sua idéia ser aceita, e chances maiores ainda de nāo ser aceita. Existem muitas opções hoje em dia, e você de maneira nenhuma é obrigado a ir com uma nem outra, e acredito que nunca será. Pelo menos no modelo político atualmente em vigor.

    Eu quis dizer o seguinte sobre a “tecnologia como salvadora”: nem tudo precisa ser open source, de um ponto de vista prático. Por exemplo, a internet funcionaria se não fosse open source? Provavelmente não. A internet é essencial para a vida? Traz benefícios paupáveis? Depende. Para mim ela é mais um reflexo da globalizaçāo e do mundo de hoje, e nāo algo necessariamente essencial. Tem até um quê de artificial. Cria meios e estilos de vida artificiais, e gera ferramentas artificiais para suprir toda essa demanda frenética que nos é imposta pela coletividade. Essencial é a vida, a humanidade, as pessoas e a saùde. E na prática avanços na medicina e outras àreas humanas trazem benefícios reais, dignos de serem open source. E nāo um aplicativo de escritório ou um sistema operacional qualquer, seja Mac, Linux, Windows, o que for.

    Saulo (usuário não registrado) em 6/07/2011 às 10:50 pm

    Augusto, não falei de maneira nenhuma que o controle da plataforma é vantajoso para o público. Quis dizer que é vantajoso para os clientes da empresa, e é cliente quem quer. O público sempre vai ter outras escolhas, que nāo sāo necessariamente melhores em piores, depende apenas da necessidade específica.

    @Augusto, as definições atribuem ao SO completo o nome do kernel, considero inexatas.

    Mas vc veio com evasivas e não se dignou a responder a uma questão muito simples (e que vai expor a inexatidão das definições que vc citou):

    Que percentual de [kernel] Linux existe no OS X?
    [ ] 0%
    [ ] X, onde X > 0%

    Mas o kernel é uma parte de uma distribuição típica de Linux não é?
    Por exemplo o bash e o X Window System estão presentes em muitas distribuições típicas do Linux. Como o Debian ou o Slackware.

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