STFOffice: STF cria sua própria versão do BrOffice
Enviado por Amauri Carrillo (amauriΘlivresoftware·com·br):
O Supremo Tribunal Federal (STF) levou para o 5º Congresso Catarinense de Software Livre (5º SoLiSC) o programa STFOffice. A ferramenta, criada para atender às necessidades específicas do tribunal, foi apresentada por Demétrius Jubé, servidor que atuou no seu desenvolvimento.
Demétrius explicou que o STF movimenta uma média anual de 80 mil processos, contendo relatórios, votos, ementas e acórdãos. “Só neste ano, 15 mil textos foram elaborados desde fevereiro”, informou. Além disso, todos os documentos só passam a ter valor após sua publicação no Diário de Justiça e em sua versão eletrônica, o DJe, e precisam estar formatados especialmente para esta operação.” [referência: livresoftware.com.br]
Pergunta óbvia: que necessidade tão específica é essa que não dava para contribuir para o projeto ao invés de forkar?
É uma boa notícia saber que um orgão público quer reduzir seus custos e aumentar a sua eficiência, no caso usando o software livre. Isto demonstra uma gestão moderna e voltada para o bem público.
Eis aí um exemplo a ser seguido!
Ué, usavam um MS Word customizado?
De qualquer forma, notícias como essa são importantes pois mostram as verdadeiras grandes vantagens do SL: independência e adaptação da ferramenta ao uso que dela se deseja e não o contrário; afinal, é para isso que serve software.
@devnull se você não sabe (ou esteve em uma caverna nos últimos tempos) o OpenOffice quase não aceita contribuições, apenas as que são de interesse da empresa proprietária dele (Sun agora Oracle), por isso se criaram forks do projeto (Goo agora o LibreOffice), e o que o STJ fez foi apenas adaptar o software para suas necessidades específicas e não originando um novo projeto em busca de desenvolvedores para ajudá-los, assim quem quiser usar o código o próprio OpenOffice pode fazê-lo.
Mas querer transformar fork em verbo da língua portuguesa foi demais pra mim, derivar seria a palavra correta.
“Pergunta óbvia: que necessidade tão específica é essa que não dava para contribuir para o projeto ao invés de forkar?”
Muito provavelmente a necessidade de adicionar-se funções específicas para o ambiente deles – por exemplo, criação automatizada de procurações ou outros documentos legais – que não seriam úteis ou talvez não pudessem ser liberados para a comunidade.
devnull, hneto,
O judiciário hoje trabalha na direção do processo eletrônico, que consistem em que todos os documentos tramitem eletrônicamente.
Acredito que essas customizações consistem em criar uma versão do BrOffice que funcione embutida na aplicação de armazenamento de documentos deles.
Vi algo similar em algumas audiências trabalhistas onde a escrivã preenchia os dados da parte e digitava a audiência no word, só que esse word já gravava a ata dentro do sistema de processos do TRT.
Nesse sentido, acredito que seja uma iniciativa interessante porque pode ser útil pra muita gente fora do judiciário. E o LibreOffice pode ir nesse rumo também porque alguns dos patrocinadores da TDF têm interesse.
Imagine o Google Docs usando o LibreOffice para criar documentos mais ricos….
@hnaeto
Versões customizadas de softwares da Microsoft são corriqueiramente desenvolvidas para orgãos públicos.
A Microsoft faz isso.
Por exemplo, A ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) usava uma versão customizada do Internet Explorer.
Não era extensão nele. Era uma customização mesmo.
serão essas customizações bibliotecas de macros? ;)
de qualquer modo, é pra frente que se anda mesmo! Parabéns ao STF e, dado o processo eletrônico, tomara que outros Tribunais sigam o exemplo…
@baza, concordo com tudo o que você disse, sem tirar nem colocar :)
A questão é que ninguém sabe como gerenciar documentos. Editores de texto são uma ferramenta pra deixar um documento bonitinho. Gastamos um tempão milimetrando detalhes de tamanho de margem, tamanho de fonte, negrito, posicionamento de elementos… quando um colega abre em outro editor bagunça tudo!
Conseguimos de alguém um “modelo” desatualizado… na verdade, não passa de um documento produzido por alguém, que a gente copia e guarda em algum lugar. Quando vamos escrever algo, pegamos um documento anterior qualquer e escrevemos por cima. Normalmente, no modelo, os telefones, CEP e tal já estão totalmente desatualizados… não tem como corrigir isso, já que os documentos novos são produzidos a partir de um documento anterior escolhido ao acaso.
E a “assinatura digital”? Assina o quê? Assina o arquivo binário? Posso conferir a assinatura digital de um documento impresso?
Documentos não tem que ser feitos em “editores de texto”. Documentos tem que ser feitos em sistemas. Hoje em dia, poucas pessoas sabem escrever um e-mail sem usar “rich-text”. No final das contas, dá na mesma. Como é que uma sociedade onde as pessoas escrevem “vou responder em vermelho pra diferenciar o texto original da minha resposta” vai conseguir gerenciar documentos/INFORMAÇÃO, eu não sei.
Documentos são produzidos de forma colaborativa, passam por várias mãos e são alterados várias vezes antes de serem “despachados”. Qualquer SISTEMA para gerenciar esses documentos deve levar em conta TODO O PROCESSO DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DESSES DOCUMENTOS. Deve levar em conta quem assina, quem aprova, quem rejeita, quem corrige, quem revisa, quem envia, quem recebe, quem arquiva. Esse negócio de arquivos ODT ou DOC sendo enviados por e-mail pra lá e pra cá é uma m…
:facepalm:
boa, André!
@foobob,
Valeu! É que me revolta o modo como continuamos trabalhando como fazíamos a quinze anos atrás.
Prezados,
Eu sou Tiago Peixoto, colega do Demétrius Jubé na equipe que customizou o BrOffice, o chamado STFOffice. Tivemos o prazer de apresentá-lo no 5º SoLiSC e vários Tribunais e órgãos públicos já vieram nos procurar para um bate-papo e mesmo para a cessão do código fonte. Essa customização NÃO É um “branch” ou “fork” do código do OpenOffice. Ele é, na verdade, uma integração com um componente para edição de textos – na verdade, decisões judiciais. O Sr. André Machado conseguiu brilhantemente explicar em poucas palavras a finalidade do projeto: adicionar funções ao editor para automação. O objetivo é fornecer uma plataforma integrada de elaboração de decisões que padroniza estilos, monta automaticamente textos, processa informações institucionais, publica-as no Diário da Justiça Eletrônico, entre outros, além, claro, de ser baseada em assinatura digital sob a ICP-Brasil. Convido-os a visitarem o Supremo para conhecer melhor a solução.
Um abraço a todos,
Tiago Peixoto.
Apenas gostaria de destacar que a integração do BrOffice ao STFOffice foi também baseada em outras plataformas livres: a SWT, bibliteca de interface gráfica utilizada pela IDE Eclipse, além de framework para injeção de dependência Hessian, tudo sobre a plataforma Java. Acho que fomos felizes em utilizar essas soluções do mundo livre, pois até o momento tem nos atendido bem.
Abraços,
Tiago Peixoto.
bem, java nunca foi exatamente livre e a Oracle está fazendo o favor de tornar essa idéia o mais distante da realidade possível, mas ainda assim a solução customizada escrita aqui mesmo sem dúvida é melhor do que a dependência contínua de uma ferramenta fechada de um monopólio…
@Tiago Peixoto
Minhas congratulações pelo seu trabalho e pela sua equipe toda.
Atende bem à vocês e agora possuem total poder sobre a ferramenta.
Congratulações!
Caro devnull (usuário não registrado) em 28/10/2010 às 2:46 pm:
Não interessa qual a necessidade do STF. Pela definição de software livre da Free Software Foundation você tem 4 tipos de liberdade e a liberdade nº 1 é “A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades”.
@Osvaldo,
Como não interessa????!!!!
É claro que interessa! É sobre isso que é a matéria!
Já pensou se fosse algo como “STF cria sua própria versão do aplicativo BurgerSpace”?
Atenção (André Luis :-P): Não sou contra a adaptação (nem a favor). Não sei das necessidades do STF e nem dos detalhes da implementação. Acredito que a iniciativa tenha vários pontos positivos, sendo um deles a utilização de software livre e outro a aquisição do know how. O Tiago Peixoto me pareceu bastante consciente do que está fazendo…
Estão de parabéns!
Como é a principal corte do país, sem dúvida influenciará outros tribunais.
Não devemos esquecer que o uso do padrão internacional ISO 26300 é o que importa, facilitando a integração de webservices dos diversos tribunais. As notícias que tenho lido dão conta que estamos em processo acelerado de implantação do processo eletrônico em diversos tribunais. É importante que a produção, tramitação e guarda dos documentos judiciais sejam em um formato aberto. Isto possibilitará que gerações futuras tenham acesso aos documentos sem nenhuma dificuldade, bastando conhecer o padrão.
Assim como acontece com a urna eletrônica, o Brasil já é consultado por outros países também no que se refere a processo digital.
O STFOffice não é único exemplo. Leiam o que está em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=estf&pagina=WSProcessoEletronico
O site ainda é em ASP. Será que mudarão no futuro?
Tem gente que é tão troll que “trolla” até o STF. Incrível.
Bela iniciativa!!
Tomara que outros tribunais venham a utilizar, e que os outros poderes da República repensem o que anda fazendo com o dinheiro do povo, principalmente a a Câmara e Senado.
Lembram daquela compra de licenças do MS-Office, com a justificativa esdruxula de que os Senadores e Deputados não sabem utilizar outra ferramenta. Em outras palavras são todos uns Tiriricas!
Às vezes os ânimos aquecem sem o mínimo de necessidade.
Tem gente que é tão pretencioso que acha que pode dizer para uma consultoria especializada e seu cliente como eles tem que trabalhar com software livre; que não é para usar nada de Java; que tem que liberar todos os fontes ANTES até da aplicação ser utilizada ou o case ser divulgado.
Chegam mesmo a questionar a necessidade da solução! Como se já conhecessem todos os problemas do mundo e, especificamente, todas as necessidades do Direito e do STF.
Imagina se os desenvolvedores tivessem debatido a solução com esta comunidade? As “contribuições” que receberiam provavelmente inviabilizariam o produto final porque exigiria a mudança de toda a rotina do STF. Não por causa do SL, mas para satisfazer a incapacidade de entendimento do framework do tribunal por parte dos paupiteiros.
Se o STF mantivesse sua solução proprietária, reclamariam. Se usa uma solução customizada em SL, reclamam!
Bom, pelo menos temos uma novidade para essa gente: ACORDEM! Dá para ganhar dinheiro montando soluções específicas para clientes com base em SL existentes.
Não sabiam? Agora ficaram sabendo.