Visite também: Currículo ·  Efetividade BR-Mac

O que é LinuxDownload LinuxApostila LinuxEnviar notícia


Conhecendo as licenças BSD

No meu post de ontem no blog do DeveloperWorks eu tratei das características e diferenças das chamadas “licenças BSD” – desde sua origem, pouco antes do lançamento da GPL, passando pela (hoje obsoleta) BSD original de 4 cláusulas, a BSD-new (com 3 cláusulas) e 2 variações da BSD simplificada (com 2 cláusulas), além de 2 licenças frequentemente chamadas de “estilo BSD”: ISC e MIT/X11.

A Free Software Foundation, referência no que se trata de licenças livres, tem um registro oficial das suas posições sobre algumas delas. Por exemplo, para ela, a BSD-new (ou “Modified BSD License”) e a BSD simplificada podem ser uma escolha razoável para quem busca uma licença livre simples, permissiva e não-copyleft – mas para evitar riscos de confusão com a BSD de 4 cláusulas, a FSF recomenda que você não as chame de “a licença BSD”, ou que prefira a equivalente licença “estilo BSD” MIT/X11.

O que as licenças BSD mencionadas acima têm em comum (ao menos no que se refere às versões correntemente em uso) são o fato de serem simultaneamente livres e de código aberto, terem compatibilidade plena com a GPL e não exigirem reciprocidade – ou seja, o desenvolvedor que obtém o código livre de um software sob uma das “licenças BSD” não é obrigado a manter a mesma licença se criar algum produto derivado, embora o código original vá permanecer livre.

Veja o texto integral do meu post no link a seguir. (via IBM DeveloperWorks)


• Publicado por Augusto Campos em 2010-10-07

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    O.SANT0 (usuário não registrado) em 7/10/2010 às 12:44 pm

    Eu não entendo o porquê dessa frase: “embora o código original vá permanecer livre”.

    Eu vejo sempre essa frase nessas dicussões sobre licenças de software livre. Aí eu penso se os que gostam de usá-la, por acaso, acham que é possível um cara qq entrar num site, baixar um código, modificar a licença e … mudar magicamente a licença do software no site de onde ele baixou???? E os outros caras que baixaram antes, a mágica vai ser maior e vai entrar nos computadores deles e mudar a licença tb?

    Como existe a possibilidade, então é por isso que se vê sempre essa ressalva, esse argumento, idio… idio… idiossincrático sendo repetido??? Não posso tachá-lo de óbvio, pois ele é necessário, afinal, sabe como é, existem mágicas… [ /sarcasmo ]

    Proponho que no lugar dessa frase óbvia, desnecessária (eu diria até idiossincrática) se use algo bem mais informativo no texto, como dizer que quem contribui para um projeto assim estará sujeito a ter seu código alterado, melhorado e talvez não veja como ficou o resultado depois, sendo-lhe negado esse acesso. Isso é óbvio que pode acontecer, mas não precisa de mágica nenhuma para isso e creio que para muitos não seja tão óbvio assim, precise de alguns ciclos de processamento para cair a ficha de que isso pode acontecer.

    Eu concordo que essa noção de que o código originalmente livre permanece livre deveria ser óbvia, O.Santo. Infelizmente, após longa observação do histórico das discussões sobre o assunto, constato que não é, e me vejo na situação de ter de afirmar algo que deveria ser uma tautologia.

    Sobre a outra situação, que também me parece ser óbvia, pois não se trata de uma licença com copyleft, nunca vi alguém expressar dúvida, felizmente.

    Ironmaniaco (usuário não registrado) em 7/10/2010 às 1:26 pm

    >>> O.SANT0

    Algumas frases ou cláusulas de licenças/contratos tem que ser “redundantemente” óbvias, para evitar interpretação dúbia ou distorção de sentido que algumas mentes fazem na hora de defender ou acusar tais licenças legalmente.

    self_liar (usuário não registrado) em 7/10/2010 às 1:54 pm

    Na minha opinião existem duas licenças BSD , a licença livre e a licença proprietária.

    Se dependesse das licenças BSD para o desenvolvimento do software livre,estariamos ferrados. É de grande exemplo que as pessoas preferem usar o MacOS do que o FreeBSD ,mesmo o primeiro usando muitas e muitas libs do segundo.

    Os software BSD como sempre auxiliam grandes corporações aos seus objetivos egoístas .Elas não ajudam muito na liberdade do software, que como sempre é uma coisa justa e lógica.Não é frescura.É justiça.

    Acho que um bom número de pessoas prefere usar o FreeBSD também, e que seus desenvolvedores não se ressentem de que o número das que preferem o Mac OS X seja maior.

    E os BSDs, de modo geral, são softwares livres que “dependem das licenças BSD para desenvolvimento de software livre” há décadas, e estão aí, firmes, fortes e gerando código que é referência para todos – incluindo exemplos menos óbvios, como o OpenSSH.

    E não são os únicos: há várias outras licenças não-copyleft que têm o mesmo histórico positivo de gerar software livre que é referência pela sua alta qualidade. Um exemplo que me ocorre são os do projeto Apache, todos eles sob licenças permissivas.

    O.SANT0 (usuário não registrado) em 7/10/2010 às 5:54 pm

    Discordo do @Augusto, @IronManiaco, a dita frase é sempre repetida apenas como contra-argumento (nada a ver com a licença ou contratos), note que na explicação do @Augusto os caras chegam a cortar cláusulas que são desnecessárias nas licenças, então para que proferir um coisa óbvia?!?! Por isso eu estranhei a colocação da frase lá.

    Essa frase (nas discussões) é usada para tentar “pacificar” ou defender a licença BSD, tentando passar que nem tudo está perdido e que dá para conseguir alcançar as modificações que foram feitas e não retribuidas, afinal o código ainda estará lá e blá, blá, blá.

    Mas @Augusto, isso não pacifica nada, pois a questão não é esta.

    Quem pergunta e recebe uma resposta assim já sabe disso, ele está apenas questionando o tempo que será gasto para replicar as alterações no código que ficou, também está questionando se a vantagem competitiva de quem pegou e não devolveu pode já ser muito grande e ele foi ajudado. Note que não necessariamente na mesma área do software que foi “usurpado”, veja aquele exemplo do Windows e a pilha TCP/IP de algum BSD, ao invés de gastar recursos para fazer a própria pilha a MS teria economizado. A reclamação não é sobre que melhorias a MS teria na feito na pilha BSD, mas sim o próprio SO, que é concorrente de outros SOs livres, e que foi beneficiado pela utilização. Em resumo, a questão é pq um software tido como livre, ajudou um software não livre a sobrepujar outro que é livre?

    Santo, me limitei a responder o que você disse que não havia entendido. Me parece que o restante do seu comentário era opinativo.

    Acho que pelo resumo final entendi qual é a sua nova questão, embora não tenha ficado claro qual o software “tido como livre” que você está referenciando. É o BSD? Se for, me parece que ele é mesmo livre, ao menos sob a definição da Free Software Foundation.

    Não sei exatamente quais as razões que fizeram os autores do BSD optarem por uma licença permissiva (e que permite, naturalmente, que seu código seja incorporado também a projetos proprietários). O ideal é perguntar a eles.

    Mas conheço as razões dos desenvolvedores do projeto Apache para fazer uma escolha similar: o objetivo deles era estimular o crescimento do protocolo HTTP e a adoção dele como um padrão multilateral na indústria. Neste sentido, e nas palavras deles mesmos, se o código deles viesse a parar em produtos proprietários também, tanto melhor – a palavra “usurpado” teria pouca aplicabilidade à situação.

    E a inclusão em código proprietário não é o único caso – creio que vários outros projetos livres poderiam ser descritos como ajudando softwares não-livres e seus produtores: o gcc é o compilador do Mac OS X, por exemplo, e o código originário do KHTML (do KDE) está presente em todos os IPhones. Não sei se você questiona as decisões de todos os autores envolvidos, também, mas se o fizer, depois compartilhe conosco as respostas que receber!

    Quanto a sobrepujar algum sistema operacional que é livre, não sei a qual deles você se refere, nem se ele está em competição e se foi mesmo sobrepujado (você tem referência dos autores dele afirmando isso, para eu entender melhor o caso?), mas se ele estiver em competição, acho que o melhor que fará é investir sempre em seus próprios diferenciais estratégicos, sem imaginar que os demais participantes do mesmo cenário irão suspender as crenças, ações e licenças que já praticavam antes do seu surgimento, só para evitar que ele possa sofrer concorrência maior.

    Adroaldo Vidoti (usuário não registrado) em 8/10/2010 às 8:02 am

    Não de onde o Augusto tirou que o gcc é o compilador do Mac OS X…
    Eita falta de informação… Já ouviu falar do LLVM/CLANG etc.?
    Se eu comprar o MAC ele vem com o GCC instalado por default então?

    Pow Augusto, tá ficando cada dia pior hein!

    Adroaldo, a não ser que você compre um computador usado, ele deve vir com o Mac OS X instalado sem nenhum compilador C. Mas aí quando você instalar o Xcode, que é o pacote de ferramentas de desenvolvimento oficial da Apple, o compilador C que virá com ele será o gcc, como consta inclusive na documentação da Apple, bem como no primeiro parágrafo da entrada sobre o GCC na Wikipedia, por exemplo.

    E sim, já ouvi falar no LLVM. Está se encaminhando para ser uma excelente ferramenta de desenvolvimento, e também imagino que um dia ele substituirá o GCC nos produtos da Apple.

    O.SANT0 (usuário não registrado) em 8/10/2010 às 11:04 am

    Entendi o caso da Apache. Talvez fosse o caso de reverem a decisão diante de uma realidade em que os objetivos deles já foram cumpridos, de qq forma não é meu foco aqui.

    Note que o caso do KHTML e GCC são diferentes, realmente do jeito que vc colocou eles ajudam aos softwares proprietários. Entretanto por força da licença, LGPL e GPL, respectivamente, melhorias feitas no software em si estarão disponíveis para os outros desenvolvedores, assim qq ganho ou vantagem que a Apple tenha obtido por alguma modificação feitas nestes softwares poderão ser facilmente incorporadas por outros usuários do software, pois terão o código que a Apple desenvolveu. Ou seja, os software livres que usam o gcc e o khtml tb são beneficiados.

    Assim “vantagens” do Safari conseguidas pelo uso do KHTML/WebKit tb serão “vantagens” que o Konqueror poderá usar. Que vantagens seriam essas? Não sei, não sei se são realmente vantagens, mas sejam quais forem as alterações eles investiram tempo e/ou dinheiro e/ou expertise para obtê-la, se fosse uma licença estilo BSD e se a Apple não disponibilizar as modificações, o projeto, querendo seguir pelo mesmo caminho, terá que dispender recursos para isso tb. Coisa que ficaria menos custosa, no mínimo levaria menos tempo para alcançar já tendo o código da Apple.

    Outro aspecto da argumentação para mostrar que a ressalva de “o código original ainda está disponível” não é suficiente. Esse código original foi obtido com investimento de tempo, dinheiro, etc. por parte dos desenvolvedores. Ao pegar o código para si, realizar modificações e utilizá-lo sem retornar nada, passa a ideia de que se aproveitou dos trabalhos de outros, que se foi mesquinho em não compartilhar as modificações e que é injusto fazer isso.

    Acho que pode passar essa ideia para você sim, Santo. Certamente passa para várias outras pessoas também. Mas aparentemente não a passa para os desenvolvedores que consideram interessante para si iniciar ou contribuir com projetos sob licenças livres com essa característica.

    No caso específico do FreeBSD, por exemplo, me parece que ele de fato recebeu bastante contribuição de código originado na Apple, usualmente apontada como a possível “usurpadora” de esforços deles.

    De qualquer modo, espero que você tenha entendido a razão da menção à permanência da liberdade do código originalmente disponibilizado. Sobre as outras questões que você tem, me parece que elas são baseadas em paradigmas diferentes, e só quem poderia responder com propriedade seriam os desenvolvedores que optam por este tipo de licença, e não é meu caso.

    O.SANT0 (usuário não registrado) em 8/10/2010 às 1:58 pm

    Eu gastei um tempo aqui para tentar convencer alguém sobre as ideias que expus, pode ser um desenvolvedor atual, pode ser um futuro.

    Eu acredito que uma pessoa é capaz de mudar o mundo (e, claro, mais facilmente, algumas coisas menores :) ), facilita estar no lugar certo e dizer as coisas certas, sendo mais ou menos eficiente nesse intento.

    De qq forma eu continuo tentando.

    foobob (usuário não registrado) em 8/10/2010 às 4:42 pm

    acabei de descobrir um website realmente abominável e um artigo igualmente abominável:

    http://www.freeishsoftware.org/index.php/component/content/article/35-op-ed/121-free-software-advocates-spread-lies-and-fud-about-apple

    direitistas/capitalistas/republicanos/americanos cada vez mais paranóicos…

    self_liar (usuário não registrado) em 8/10/2010 às 6:23 pm

    Em resumo, a questão é pq um software tido como livre, ajudou um software não livre a sobrepujar outro que é livre?

    É isso que estou tentando explicar há um bom tempo .Licenças permissivas ajudam o software proprietário a avançar.

    O povo dos BSDs ataca todo o tempo o projeto GNU .No entanto até hoje não se beneficiam da pilha desktop da Apple ,enquanto isso a Apple faz a festa com os BSDs .

    Eles reclamam disso ? Não!

    Riser (usuário não registrado) em 9/10/2010 às 3:03 pm

    O engraçado que sempre que falam mal da Apple, os comentários são moderados, não sei como usuários de MacOSX ainda se importam com o software livre, mesmo gostando de falar mal do Linux.

    Eu não sei como o mundinho mágico do senhor Trabalhos consegue distorcer tantas mentes, e falo isso como ex-usuário Apple. :)

Este post é antigo (2010-10-07) e foi arquivado. O envio de novos comentários a este post já expirou.