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Vídeo e fotos do boot do Linux em uma urna eletrônica brasileira

À luz do convite do TSE (“TSE abre inscrições para quem quiser tentar atacar as urnas eletrônicas“), publico novamente o post de outubro do ano passado com o vídeo e as fotos que tirei na minha visita à Secretaria de Tecnologia da Informação do TRE de Santa Catarina, após solicitar e receber autorização para isso.

Os interessados em atender ao convite do TSE possivelmente se interessarão em fazer o mesmo para obter as informações que lhes interessarem, tentando um contato com o TRE do seu estado, que usualmente possui alguma urna para demonstração aos interessados, e permite que a mesma seja observada (embora restringindo a interação apenas às operações realizadas normalmente pelo eleitor)

Segue o texto de outubro, com as fotos e o vídeo:

Conforme anunciado anteriormente, pedi à Secretaria de Tecnologia de Informação do TRE de SC a permissão para fotografar e filmar o boot de uma urna eletrônica rodando Linux, para satisfazer parte da curiosidade que o post da semana passada com a foto enviada pelo InfoG provocou.

As urnas brasileiras são um dos maiores parques instalados de Linux do mundo, e a Justiça Eleitoral tem orgulho deste case. Recebi a permissão, e fiquei durante meia hora, acompanhado por um especialista na aplicação do equipamento, entendendo como ele é operado e fotografando – sem qualquer restrição – o seu boot. Foram vários reboots, executados pelo especialista, a meu pedido, para permitir tirar meia dúzia de fotos em que dá para ler as mensagens sendo exibidas pelo kernel durante a inicialização.

A urna disponibilizada para as fotos abaixo é a mesma disponibilizado para a imprensa em geral em situações similares, embora a imprensa costume estar bem mais interessada em fotografar os aplicativos do que o boot do kernel. Ela tem suporte a identificação biométrica, e é exatamente o mesmo equipamento empregado no primeiro turno, na semana passada.

Seguem as fotos que tirei, com qualidade bem amadorística. Clicando em cada uma delas você vê a versão em tamanho grande (largura 950px), onde dá para ler as mensagens exibidas nas telas – exceto na tela do POST da BIOS, que ficou meio borrada. Como esta tela é exibida por menos de um segundo, e não sou grande fotógrafo, não consegui produzir uma imagem melhor.


(e) urna e microterminal do mesário com leitor biométrico; (c) flash card contendo o sistema operacional; (d) “wallpaper” exibido pela BIOS antes do boot


(e) POST da BIOS; (c) boot do kernel; (e) init


primeira tela do aplicativo

Já no vídeo abaixo, que eu gravei ainda mais amadorísticamente, não dá de ler mensagem nenhuma, mas a seqüência do boot fica ilustrada mais claramente.

São apenas poucas imagens, tiradas em uma rápida sessão, e certamente há muito mais a se conhecer. Talvez mais imagens e vídeos autorizados oficialmente estejam a caminho, e procurarei publicar todos. Se alguém tiver dúvidas tecnológicas sobre o Linux nas urnas brasileiras, pode inserir nos comentários, e tentarei buscar as respostas e publicar.


• Publicado por Augusto Campos em 2009-09-11

Comentários dos leitores

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    Flavio Duarte (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 4:23 pm

    quem se importa com isso?
    o source do software que registra os votos é fechado
    o criador do projeto disse q não tem chance de abrir pq é uma questão de segurança nacional,
    pra mim fica a sensação de insegurança

    Igor Cavalcante (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 4:33 pm

    Olhando a trajetória do TSE nos últimos anos, chego a conclusão que este é um dos poucos orgãos públicos brasileiros que me dão orgulho.

    @Flávio, como pode ser fechado se o pessoal dos partidos e seus representantes podem analisar? Talvez não seja aberto para qq um.

    Lucas Timm (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 4:50 pm

    @Igor

    Só por que as urnas usam Linux? Come on…

    Tércio Martins (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 5:16 pm

    Muita gente pega no pé do código-fonte do sistema da urna eletrônica, e com razão. Mas a urna é só uma parte do sistema de contabilização de votos, esse sim fechado e inacessível aos pobres mortais. Ninguém pode garantir que, depois dos disquetes com as informações de cada urna serem contabilizados, as informações continuem as mesmas no processamento dos votos.

    (os mais velhos devem se lembrar de como a Ditadura Militar tentou fraudar as eleições de 1982 no Rio de Janeiro, para que Brizola não assumisse o governo do estado, e tudo pelos computadores na central do TSE)

    Já trabalhei em empresa de TI que pensa que Segurança da Informação é só confidencialidade, em que o setor de Segurança da Rede pensa que a rede local está segura só porque alguns analistas do setor e poucos terceirizados sabem como tudo funciona por lá. O mínimo que imagino é: se alguém de fora souber como a rede funciona por inteiro, o gerente do setor receberá o bilhete azul no dia seguinte!

    Se o TSE quiser passar uma imagem de que o sistema eleitoral brasileiro é seguro, que o revele em sua totalidade a todos os que queiram saber, e não criando uma premiação tola em que “hackers” ficam dando murro em ponta-de-faca!

    Eloir (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 5:31 pm

    Eu acredito que a urna seja muito, mas muito mais seguro que votacao em papel… E a divulgacao do resultado não é por urna e zona eleitoral ? se sim, é só os partidos politicos verificarem… somar tudo e ver se fecha com os totais divulgados.. isso pode ser feito pelos seus afiliados, cada regiao fica responsavel por inserir o resultado apurado em sua região, com o devido responsavel do partido… um sistema simples pela web resolve esse problema de verificacao se os totais realmente batem…

    Enquanto as máquinas não imprimirem os votos para um possível recontagem manual, nem que seja por amostragem, fica difícil dizer que o sistema de votação eletrônica como um todo não tem a mais simples das vulnerabilidades, a de um ser humano mal intencionado que tenha acesso ao sistema ou físico às urnas.

    André Luis Pereira (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 6:43 pm

    As urnas usam um certificado eletrônico para assinar digitalmente cada disquete que contém os dados.

    A assinatura tem de bater com o hash do conteúdo. Caso o hash não bata, é porque houve adulteração e pela regra, esse disquete é descartado da contagem.

    Para se fraudar uma urna é preciso adulterar o software dentro dela. Depois que o software grava o disquete, já era. Não dá pra fraudar a assinatura eletrônica do mesmo jeito que não dá pra fraudar o e_CPF. Assinatura eletrônica é extremamente segura quando bem implementada, e segundo que já fez auditoria, inclusive os partidos, o esquema é sólido.

    Reikainosuke Nekomata (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 6:44 pm

    Não consigo entender porque um sistema eletrônico é mais seguro que o papel.

    Dados eletrônicos são cargas elétricas armazenadas em circuitos integrados, padrões de magnetização em superfícies com materiais ferromagnéticos, ou pontos com propriedades ópticas manipuláveis por feixe de laser. Como são invisíveis a olho nu, uma auditoria se torna muito mais complicada.

    Lauro César (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 7:38 pm

    Enquanto as máquinas não imprimirem os votos para um possível recontagem manual, nem que seja por amostragem,

    Como assim, não imprimem os votos? Imprimem sim logo após o término do período de votação. Ou vc está querendo que se imprima voto-a-voto? Neste caso, teria que haver uma urna para se depositar os votos em papel também, né? Acho que o sistema tal como é hoje é muito mais seguro que a votação tradicional em papel. Se há formas de se burlar uma votação eletrônica, não vejo qual seria a dificuldade de se fazer o mesmo para a votação em papel… (minha opinião).

    Bem, eu nunca vi como é essa listagem impressa da urna, mas pelo que sei deve apenas totalizar os votos e isso pode ser manipulado de tal forma que o total de votos não seja alterado.

    O voto impresso ao final da votação e que esteja num formato que possa ser conferido pelo eleitoe e depositado por ele numa urna convencional é uma forma de fazer com que o eleitor seja responsável também de certa forma pela fiscalização. Pode gastar mais papel mas é mais seguro.

    A votação eletrônica serve para acelerar a totalização e adiantar resultados.

    Já existem projetos de lei para a impressão dos votos. Vejam

    http://www.fraudeurnaseletronicas.com.br/

    Complementando o que falei acima,

    http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=16460

    Luis Amorim (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 9:13 pm

    Não consigo entender porque um sistema eletrônico é mais seguro que o papel.

    Dados eletrônicos são cargas elétricas armazenadas em circuitos integrados, padrões de magnetização em superfícies com materiais ferromagnéticos, ou pontos com propriedades ópticas manipuláveis por feixe de laser. Como são invisíveis a olho nu, uma auditoria se torna muito mais complicada.

    É só ver os casos de fraude ocorridos no sistema eleitoral em papel. As fraudes eram comum e super simples de serem feitas.
    Como o uso celulas falsas.

    Luis Amorim (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 9:17 pm

    Bem, eu nunca vi como é essa listagem impressa da urna, mas pelo que sei deve apenas totalizar os votos e isso pode ser manipulado de tal forma que o total de votos não seja alterado.

    Boletim de urna

    Documento emitido em cada seção após a conclusão da votação, com as seguintes informações: total de votos por partido, total de votos por candidato, total de votos em branco, total de comparecimento em voto e total de nulos, identificação da seção e zona eleitoral, hora do encerramento da eleição, código interno da urna eletrônica e seqüência de caracteres para validação do boletim. O boletim de urna é emitido em um número de cópias não inferior a 5 (cinco), a partir de sua imagem existente no disquete fixo. Uma cópia do boletim é gravada no disquete removível, criptografada, para ser utilizada durante a fase de apuração.

    http://www.tse.gov.br/internet/institucional/glossario-eleitoral/termos/boletim_urna.htm

    Reikainosuke Nekomata (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 10:14 pm

    @Luis Amorim:
    Não é tão fácil assim, desde que haja uma auditoria séria. Cada cédula deveria ser visada por 2 membros da mesa, que de certa forma participariam da fiscalização. Falsificação de assinatura é possível, mas deixa rastros. O problema não é o meio (papel/meio eletrônico) em si, mas de procedimento e das pessoas envolvidas.

    A possível vantagem que vejo no papel é que, por ser um meio físico mais palpável, deixa rastros mais facilmente detectáveis. Não que os chips ou discos magnéticos ou ópticos não sejam analisáveis, mas há de convir que é mais difícil.

    Estou fazendo o papel de advogado do diabo para mostrar que nem sempre o antigo é menos seguro.

    Reikainosuke Nekomata (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 10:17 pm

    Aliás, nem sei porque estou me preocupando com isso. Num país onde o “direito” de voto é compulsório, muito tem que ser feito até se chegar a uma democracia de verdade.

    Shikasta (usuário não registrado) em 11/09/2009 às 10:20 pm

    (os mais velhos devem se lembrar de como a Ditadura Militar tentou fraudar as eleições de 1982 no Rio de Janeiro, para que Brizola não assumisse o governo do estado, e tudo pelos computadores na central do TSE)

    Não foi a ditadura, não; foi a TV Globo.

    André Luis Pereira (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 12:20 am

    Papel é um milhão de vezes mais fácil de fraudar.

    Criptografia é muito dificil de ser quebrada (bons algoritimos).

    Assinatura física é muito simples de ser falsificada e passar despercebida. Basta ver que os tabeliões que reconhecem firma, não se responsabilizam “por falsificações não evidentes”.

    Tá cheio de cartório por ai que autentica firma por semelhança e não se responsabiliza por isso.

    Urna eletrônica é mais simples, mais ágil e mais segura.

    Para fraudar a votação, você precisa adulterar o código fonte da urna. E nesse caso adulterar o código fonte de uma urna não surte efeito prático em uma votação. Não faria diferença. Para fazer diferença você teria que adulterar centenas de urnas.

    Agora me digam: Quem é que poderia adulterar centenas de urnas para fazer diferença em uma votação e mesmo assim passar despercebido?

    Ninguém.

    A urna é muito mais segura.

    Já pra adulterar uma votação em papel, em massa, é bem mais simples: basta que as 4 ou 5 pessoas que conferem cédula por cédula lancem de maneira errada os votos nos relatórios.

    Desde que isso seja feito da maneira “correta”, ou seja, que não dê muito na cara, milhares de votos podem ser fraudados.

    Agora se der na cara, vão recontar os votos.

    Em cidades pequenas por ai, toda eleição tinha desconfiança de fraude com cédulas em papel. Era muito fácil de fazer.

    Quem fala de voto em papel não tem a menor noção do que era uma apuração manual. Vocês acham que era difícil fraudar uma apuração sem ninguém ver? Ledo engano.

    Funcionava assim: um mesário, ao ler o voto, simplesmente falava o nome de outro candidato. Se ele estivesse sendo muito vigiado e quisesse mudar um voto dado a um candidato que ele não queria, ele podia simplesmente pegar uma caneta e marcar o voto para mais outro candidato, efetivamente anulando o voto. E se pegasse voto em branco, marcava para o candidato dele. E isso é que vocês querem como segurança? Para mim não, obrigado.

    Esse ranço de achar que tem fraude na apuração é balela. Como alguém que trabalhou lá, digo que não é difícil, mas realmente difícil sequer tentar fazer algo. A estrutura de segurança usa One Time Passwords vinculadas a chaves individuais, só uma meia dúzia de pessoas pode logar na máquina durante a apuração (e fazer pouca coisa), tudo com logs locais e remotos variados. Se o cara conseguir passar por tudo isso (e mais um montão de outras coisas de segurança que não posso falar e outras que mudam a cada eleição), então o cara merece conseguir fraudar a eleição. Ele só tem que ser MUITO rápido pois são processadas muitas urnas por segundo e cada ataque tem que ser a cada urna, antes dela ser processada. E não, não dá para atacar o sistema central, seja nos TREs ou no TSE, a totalização de votos é muito rápida e segura e pode ser verificada por zonas eleitorais que os partidos podem conferir somando os boletins de urna.

    Vou repetir algo que já falei antes: é muito mais fácil manipular o eleitor que o sistema de apuração. Em Maceió, por exemplo, todo ano tem Exército por lá. Sabem porquê? Por que os jagunços dos políticos mais conhecidos de lá vão a certos bairros e anunciam aos quatros ventos que querem X votos para o candidato tal ou senão eles passam metralhando. E passam metralhando mesmo. Para que tentar fraudar a apuração se você controla o voto? Um par de jagunços, gasolina, armas e munição é muito mais barato que tentar um ataque sofisticado e que envolveria muita gente graúda (se for tecnicamente viável, é economicamente inviável).

    Ou melhor, façam como no Maranhão, onde basta dar uns 10 litros de combustível e uns 2 sacos de arroz para comprar um voto. Exemplos assim são comuns, muito mais do que se imagina.

    Até onde eu participei e vi a eleição, não dá para fraudar. Não adianta imprimir votos pois isso já foi feito antes e não mostrou nem um voto sequer de diferença entre a contagem manual e a eletrônica. Sim, pesquisem que isso já foi feito antes, como não deu diferença e aumentou muito os problemas de urnas (as impressoras travavam depois de horas imprimindo), eles desistiram dessa bobagem.

    Tenho uma sugestão para os paranóicos: Solicitem ao TSE que vocês possam extrair uma urna já colocada no local de votação, de forma aleatória, na hora da eleição começar e que o TSE substitua aquela urna por uma nova. Aí vocês pegam esta urna e façam votações simuladas nela e emitam o boletim de urna e contem os votos que fizeram. Igualmente peçam para que o boletim em formato eletrônico, armazenado na urna, seja extraído e mostrado, para ver se bate também. Assim vocês terão certeza que a urna não foi fraudada.

    Faço uma pergunta a vocês: se vocês tivessem a galinha dos ovos de ouro nas mãos, cozinhariam ela para ser o jantar? Imagino que a resposta seja não. Pois a Justiça Eleitoral poderia facilmente ser substituída por qualquer TRF sem problemas, exceto por organizar as eleições e fazer isso de forma limpa. Se a Justiça Eleitoral passar a manipular votos, alguém vai descobrir, é fato. E eles perderão verbas muito grandes para organizar as eleições e ainda podem ser extintos sem problemas quanto à apuração de desvios eleitorais (qualquer juiz pode aprender a legislação eleitoral e muitos já são oriundos dos TRFs mesmo).

    Me orgulho de ter sido funcionário (concursado) do TSE e ver que as coisas são feitas com dedicação, cuidado e muita segurança. O que acontece é que a urna é brasileira, aí nossa cultura de achar que brasileiro é tudo ladrão, nos força a acreditar que alguém tem que roubar alguma coisa na apuração, só não sabe como e nem porquê. Brasileiro, honesto? Se tem brasileiro, tem alguma trambicagem, só precisa continuar procurando que acha. O cultura maldita, herença que deveríamos apagar da nossa mente. Se fosse uma urna alemã ou japonesa, ah, aí era diferente, os gringos não são ladrões como os brasileiros, certo?. Perguntem aos americanos se isso é verdade?

    Flávio

    Antonio (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 3:24 pm

    Incrível ficarem criando teorias de como fraudar os votos enquanto que os FATOS de corrupção política são expostos na mídia, ninguém é punido no final e ninguém se mexe por mudanças…

    Quanto às urnas, como já foi dito aqui, é muito mais seguro do que qualquer processo que tenha no meio o fator HUMANO.

    Funcionava assim: um mesário, ao ler o voto, simplesmente falava o nome de outro candidato. Se ele estivesse sendo muito vigiado e quisesse mudar um voto dado a um candidato que ele não queria, ele podia simplesmente pegar uma caneta e marcar o voto para mais outro candidato, efetivamente anulando o voto. E se pegasse voto em branco, marcava para o candidato dele. E isso é que vocês querem como segurança? Para mim não, obrigado.

    Também acredito que o sistema atual seja mais confiável. Já fui fiscal de partido político em eleições na época em que utilizavam-se cédulas de papel e embora não tenha percebido exatamente este comportamento, o que era muito comum era dar confusão ao interpretar a caligrafia dos eleitores, no caso de eleições proporcionais (deputados e vereadores). Discussão comum:
    - Ei, isso é um “6″!
    - Não, é um “0″! Não tá vendo que a caneta escorregou!

    Sem contar que era possível votar na “alcunha” do candidato, mas existia o “Zezinho da padaria”, o “Zezinho do trator”, etc e se o eleitor votasse apenas em “Zezinho” dava a maior confusão!

    Tércio Martins (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 4:23 pm

    @FlavioMachado: é irracional confiar numa instituição só porque um funcionário dela diz que é confiável. E não é vergonhoso para ninguém desconfiar de uma instituição como o TSE. Se há motivo para desconfiança, é porque o processo eleitoral computadorizado não é suficientemente claro para muita gente.

    (informações básicas como os programas de terceiros que utilizam nos servidores que somam os votos e a existência ou não de um mecanismo robusto de transmissão de dados – como o MQSeries – são simplesmente omitidas por qualquer funcionário do TSE, como se a estratégia de esconder informações do sistema “pelo bem da segurança” fosse algo efetivo…)

    E sem falar que o TSE até agora só permitia que auditores do próprio órgão (ou de terceirizadas que prestavam serviços por lá) auditassem as urnas. O site do professor Pedro Rezende explica mais sobre a marmelada que era a auditoria no sistema até agora:

    http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/sdtp.html#Urna-e

    E, agora, o TSE abre auditoria ao público externo só para verificar a urna eletrônica, como se todo o resto do sistema que contabiliza os votos estivesse perfeito – o que, até pelo fato de serem pessoas imperfeitas que fazem o sistema, não acredito. E nem venha me falar na “eleição cantada”, em que os votos são testados antes das eleições somente nas urnas que o TSE escolhe previamente.

    O maior motivo para eu desconfiar do TSE é a forma “impessoal” como julga ações contra políticos; vide o caso do Maranhão, em que Jackson Lago e Roseana Sarney respondem pela mesma acusação neste Tribunal: compra de votos. Jackson, sem muitos amigos, teve seu processo visto com certa “agilidade” e foi cassado; Roseana, que tem um pai amigo de muita gente, se beneficia da lentidão do Tribunal para com o processo dela, e provavelmente não perderá o mandato por causa disso:

    http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/04/18/sarney-e-o-tapetao/

    Um tribunal que não é justo nos seus julgamentos e esconde os meandros do sistema de contagem de votos, permitindo somente uma análise white-hat da urna, para mim não é confiável.

    André Luis Pereira (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 4:51 pm

    @Tércio Martins

    Sua conclusão é que voto em papel é mais seguro?

    Se não for isso, qual a sua conclusão e opinião sobre o voto eletrônico?

    Tércio Martins (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 5:58 pm

    @André Luis Pereira: o sistema de voto eletrônico adotado pelo TSE não é seguro, IMHO:

    http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/e-urna.htm#4.

    http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/reflexoes.htm#3.

    E tudo isso que o TSE está fazendo para mim é mais um teatro que uma ação efetiva para tornar a eleição eletrônica brasileira algo confiável.

    Reikainosuke Nekomata (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 7:40 pm

    Sinto muito, mas acho que está havendo um certo passionalismo nas manifestações. Talvez seja uma influência da ideologia do determinismo tecnológico (http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&tipo=entrevista&edicao=26), de que quanto mais “científico” e “tecnológico” for um processo, melhor ele é. Eu continuo a sustentar que, tanto em meio físico como no meio eletrônico, não há como assegurar que não haja fraudes. Não nego que haja certas vantagens no uso do meio eletrônico, mas não o vejo indubitavelmente superior em termos de segurança.

    Profeta do Caos (usuário não registrado) em 12/09/2009 às 11:36 pm

    É o caos!! O caos!! Sempre ele.
    As urnas eletronicas sao melhores, nao teremos papel!!!
    Antigamente nas votações eram comuns os casos de lobisomens que desapareciam com urnas no interior da Bahia, como eram noticiados em jornais.
    Agora ficar mais dificil, alguem já viu lobisomem usando computado?
    Enfim, com certeza eletronicamente é melhor!!!

    Tércio,

    Não vamos misturar os julgamentos feitos pelos ministros do TSE (que são transitórios) com a eleição, feita em sua quase totalidade por funcionários da casa.

    Ministros julgam a partir da lei (feita pelos mesmos políticos que não querem ser pegos por ela) e da sua consciência (seja ela qual for).

    Eleição é outra história, é algo técnico, geralmente desprovido de paixões ou opiniões. O que se faz é prover meios de voto o mais seguro possível (no ponto ideal, sem chance de fraudes ou manipulações de eleitores) e apurar de forma segur e rápida. Não há interferências de ministros do TSE para fazer ou desfazer algo, nenhum técnico vai arriscar seu pescoço quando outros técnicos podem pegar. E como são concursados, estão se lixando para se o ministro gosta ou não. Claro, pode haver pressão? Pode, mas para quê se o que os técnicos fazem é simplesmente implementar a lei eleitoral?

    Não sei se você leu toda a minha explicação mas eu não disse para não desconfiar, mas para desconfiar com base, com lógica e usar as possibilidades que são oferecidas de se auditar ou verificar a lisura do processo. O engraçado é que todo mundo fala do Brizola, que ele esperneou até para dizer que a urna era insegura, que queriam derrubar ele. Pode ser constrangedor, mas o primeiro partido que pediu (e foi aceito) para avaliar o código fonte das urnas foi justamente o PDT. E não encontrou nada. Claro, aí veio a história que o que eles viram PODE NÃO SER o que se usa e isso não tem fim. E todos os partidos cujos “coronéis” (sejam os por carisma como Brizola ou pela força como era comum no nordeste e outras áreas) se deram mal pois não tinham mais como manipular o pessoal da apuração ou mudar o voto a força, compraram as meias-verdades do Brizola.

    Aposto que mesmo que se divulgasse todo o código-fonte de tudo envolvendo a eleição ainda assim alguém alegaria que PODE NÃO SER o mesmo que rodará na hora da eleição. Não adianta, só vai ser um pouco menor a choradeira, mas não resovlerá o caso.

    Por que não é possível confiar (mas mantendo a vigília) que existem pessoas honestas que trabalham para o bem do Brasil? Existem milhares de fiscais da Receita mas só lembramos de uma pequena porcentagem que é corrupta. E o resto, merece ser taxado de corrupto por algum colega é corrupto?

    Reafirmo que confio no processo eletrônico porque conheci ele por dentro mas não deixo de prestar atenção ao que ocorre. O professor Pedro Rezende é um excelente acadêmico, tem idéias muito interessantes e, partindo da premissa que não existe segurança completa que não seja 100% verificável, corretamente afirma que não pode garantir a segurança da eleição eletrônica. Mas não pode garantir também que é inseguro, que há falhas. É muito diferente afirmar que não se sabe dizer se é seguro de dizer que há fraudes. É um caminho muito longo separando as duas afirmações. O que se deve analisar é se a premissa dele é 100% factível.

    Se vocês fossem do TSE, teriam tempo, dinheiro e paciência para atender a 130 milhões de possíveis “auditores” que na grande maioria não teriam a menor idéia do que estariam “auditando”? É muito fácil falar que a auditoria não está aberta a qualquer pessoa mas não é qualquer pessoa que entende de programação, de banco de dados, de rede e de criptografia a ponto de entender o complexo processo de eleição eletrônica. Se algum de vocês tem essas qualidades (sozinho em em conjunto com outros), vão a qualquer partido e se prontifiquem a analisar o código, à participar da assinatura dos programas. Contribuam de forma positiva e não desmerecendo o trabalho da Justiça Eleitoral sem saber como o processo realmente funciona.

    Só peço a todos que tentem embasar teorias mais concretas de como pode haver alguma fraude, não apenas acreditar em qualquer teoria da conspiração sem fatos para comprovar.

    Flávio

    Hever Costa Rocha (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 9:03 am

    @Flávio

    Hever Costa Rocha (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 9:12 am

    @Flávio

    O pessoal tá focado na parte eletrônica do processo, mas penso que para fraudar uma urna não seja necessário nem chegar perto do código.

    Ex:

    Em uma zona qualquer, um acordo pode ser feito entre os mesários, e para favorecer um candidato qualquer, os mesmos podem simplesmente digitar os votos dos eleitores ausentes, falsificando sua assinatura (nem precisa ser uma boa falsificação, uma vez que a lista de assinatura é de difícil acesso).

    Esse ataque não é possível?

    wallacy (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 10:15 am

    Hever Costa Rocha,

    Perfeitamente possível. Porém quanto custa?

    É como aquele cara que faz uma analise de risco, e coloca que para assegurar os dados é necessário uma sala anti terremoto de baixo da terra com 30 geradores nucleares.

    Os votos das pessoas que faltaram em algumas poucas sessões não compensariam. Até porque como as eleições são obrigatórias, são poucos que faltam.

    O processo natural de engenharia social ainda é o mais efetivo, algumas horas falando bobagem na TV é fácil e funciona muito melhor.

    Hever, usualmente os partidos colocam fiscais presentes às seções eleitorais durante toda a votação, justamente para tratar este risco grave (e que também ocorria na votação por cédula), que é o da manipulação por mesários mal-intencionados agindo em conluio.

    Ricardo Magalhães (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 12:56 pm

    Se é Brasil, desconfio by default. E se vem um funcionário do governo ou nacionalista me convencer, eu desconfio mais ainda.

    Ninguem sabe como funciona o sistema central do TSE, como ele recebe e processa os votos das urnas, como é auditado, por quem e como funciona. No Brasil é possível comprar quem você quiser, do eleitor com sacos de arroz ao auditor com milhares de reais. A pecha que é dificil fraudar um sistema desses não cola.

    Eu conheço um sujeito que trabalha no TRE que é analista do judiciário – especialidade analista de sistemas. Ele passou 2h tentando me convencer que era seguro. Antes eu desconfiava que era inseguro, agora tenho certeza. Quanto mais detalhes ele dava mais triplicava na minha cabeça as possibilidades de fraude. Quem trabalha com segurança da informação sabe como isso é complicado. E ainda mais complicado ao lidar com um sistema cujo detalhes de operação você não conhece, para realizar uma operação de impacto muito grande.

    As pessoas conspiram contra tudo, pelo mais variados motivos. Mas na hora de conspirar contra algo que sabemos (todos aqui trabalham em T.I., creio eu) que é passivel de fraude em inumeros aspectos vem logo dizer “mas não, bobagem, é seguro”.

    Desconfie, e muito. Depois que esse suposto funcionário do TSE postou aqui eu desconfio mais do que nunca, e sugiro que é fraudado debaixo de vossos narizes.

    André Luis Pereira (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 1:55 pm

    @Ricardo Magalhães

    Pode citar as probabilidades de fraude com base na sua conversa com o analista do TRE?

    Acho que todos aqui ficaram curiosos para saber tecnicamente como o atual sistema pode ser fraudado.

    Tente dar o máximo de detalhes para que possamos formar uma opinião com base na sua experiência.

    Hever Costa Rocha (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 3:03 pm

    @Augusto Campos

    De qualquer forma, eu ainda sou a favor da impressão dos comprovantes dos votos, por mais que isto represente um custo adicional para todos nós. Ninguém depositaria dinheiro em um banco ou caixa se não tivesse uma forma de auditar (papel,comprovante) o depósito .

    Abraços

    Hever

    Hever Costa Rocha (usuário não registrado) em 14/09/2009 às 3:15 pm

    @wallacy

    Concordo, mas penso que o custo não seja tão alto assim, em caso de eleições para vereadores, por exemplo onde 100 votos fazem muita diferença, e que os interesses em jogo não sejam os mesmos de uma eleição para presidente, por exemplo, onde o processo tende a ser mais fiscalizado.

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