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Desenvolvedores de Software devem ser responsabilizados pelas consequências de seus códigos?

“A Comissão Europeia está propondo que produtores de software possam ser responsabilizados por prejuízos causados por eventuais falhas, da mesma forma fazemos com qualquer outro produto. Se essa proposta se tornar lei, empresas de software poderão ser processadas por falhas de segurança, ou mesmo pela ineficácia de seus produtos.

Com base nessa notícia, o Linux Journal abriu uma interessante discussão sobre esse assunto, tentando avaliar os lados positivos e negativos de tal proposta, iniciando com um argumento para cada lado: Bruce Schneier, a favor, e Alan Cox, contra. Leia mais no link a seguir. E você? qual a sua opinião?”

Enviado por Fábio Prudente (fprudenteΘgmail·com) – referência (fprudente.blogspot.com).


• Publicado por Augusto Campos em 2009-05-11

Comentários dos leitores

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    CarlosCaldas (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 8:31 am

    Sou contra pelo simples fato de que é muito complexo saber exatamente de qual software é a culpa.

    Imagine que o Ubuntu vem com um browser como firefox (Mozilla) utiliza funções de um ambiente gráfico KDE ou GNOME mantido por outra empresa que por sinal utilizam um Servidor X que além de utilizar funções do Kernel (linux) utiliza um compilador GNU que pode utilizar como subsidio um GREP da vida criado por outra pessoa.

    Se do jeito que está os juizes ja fazem a maior lambança imagine ter que explicar tudo isso pra um juiz….

    No caso de o software ser aplicado num ambiente crítico onde uma falha possa colocar pessoas em risco ou causar prejuízos financeiros muito grandes, o desenvolvedor do software deveria sim se responsabilizar.

    Eu não sei como é a licença dos Windows atuais – vista, 7 -, mas na licença do XP há uma clausula onde a MS tira o corpo fora em casos da falha do sistema :-) Tá, sei q aqui não estamos falando somente de sistemas operacionais, mas achei a situação engraçada, embora no momento não tenha o EULA do XP para verificar.

    Mas, como disse Alan Cox, como responsabilizar um software q por padrão vem sem garantia q quase sempre não é desenvolvido por uma só entidade, como são a maioria dos softwares livres? Mas… pela natureza aberta e mesmo q seja possível disfarçar algumas besteiras no código-fonte, em geral todo código pode ser auditado por quem quiser conhecer as chances de ele falhar.

    Normalmente empresas q trabalham com questões críticas investem milhões ou mesmo bilhões com segurança. Será que custa mais que um milhão de dólares contratar uma equipe de desenvolvedores para auditar o código-fonte dos softwares q uma empresa usará? Sei q só olhar o código-fonte não é tudo, mas dá uma boa margem se segurança.

    No caso do software proprietário, q acredito que seja maioria nestes ramos específicos, assim como das empresas que comercializam software livre, estes deveriam sim, por lei, ser responsáveis pelas conseqüências de eventuais falhas de seus softwares. Agora, como culpar o desenvolvedor daquele software q eu baixei “da net”, compilei, instalei e configurei no meu computador? :-)

    Mas como num computador não é só software que falha, mas hardware também, o cara que fabrica o chip ou a placa deveria ser responsabilizado também, caso a falha aconteça em nível de hardware.

    “- Obviamente foi uma falha de software.” “- É claro que não, nosso software é plenamente funcional e estável se utilizado num hardware de qualidade…”

    Carlos, me parece que a situação que você exemplificou com um sistema operacional, um navegador, um compilador e um utilitário é similar à de muitos outros produtos compostos ou complexos, como automóveis, aeronaves e equipamentos médicos, por exemplo – e não é considerada impedimento a que eventualmente se atribua responsabilidade a fabricantes pelos efeitos de seus erros de projeto ou execução.

    O carro do fabricante XYZ não pára quando devia, e há um fabricante do sistema de frenagem ABS, outro das pastilhas, outro das rodas, outro dos pneus, outro dos eixos, outro dos pedais, todos eles entregues na forma de produtos acabados, em si, e pode ser bastante complexo atribuir a algum dos subfornecedores a responsabilidade técnica pela falha.

    Uma diferença grande entre os 2 casos, sem contar o aspecto da Lei, é que no caso dos softwares mencionados, é comum não haver contrato entre o produtor e o integrador, nem entre o integrador e o usuário.

    Lembram aquele contrato que ninguém lê que vem na instalação da maioria dos softwares, principalmente sistemas operacionais?
    Ele existe justamente para dizer oque é responsabilidade do desenvolvedor e oque não é, de acordo com oque o desenvolvedor acha justo. Se você clica em concordo, automaticamente você esta isentando o desenvolvedor de qualquer prejuízo que ele não tenha previamente se responsabilizado. Se o contrato não é do seu agrado, você tem que entrar em contato com o desenvolvedor e negociar outro contrato, ou usar outro software. Oque a comissão europeia quer é fazer parecer que esta tudo debaixo dos panos, só por que , provavelmente eles não lêem os contratos de software também. Acho que tudo que tenha um acordo prévio é justo. Se você precisa de um software projetado para missão critica, tenho certeza que por um preço compatível vai encontrar. Mas não adianta nada você querer colocar um Windows XP para fazer missão critica, ou mesmo um Linux pra Desktop, se fizer isso , o errado é quem fez. Tirando isso , backup pra que te quero!

    Marcelo (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 9:02 am

    Não sei, me parece que tudo é uma questão de contrato. Quando se compra um software que diz que não se responsabiliza por falhas, se paga um preço. Quem precisa de SO que não falha, geralmente paga mais e por um software bem específico (SO de tempo-real embarcado para aviões, por exemplo).
    Duvído que exista alguma lei que simplesmente atribua toda responsabilidade ao desenvolvedor, principalmente porque os deselvolvedores de Software Livre são na maioria pessoas e não empresas.
    E duvído que empresas grandes não tenham uma equipe de advogados para se eximir desses problemas.

    Luis (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 9:13 am

    Pelo pouco que eu sei de leis, um contrato de EULA, ou de software, ou de qualquer coisa não pode ir contra a CDC (isso aqui no Brasil, claro), ou seja, mesmo que no contrato esteja escrito que você não pode devolver um produto no momento que ele chega na sua casa, terá 7 dias para devolver o produto, nem que para isso você tenha que entrar a justiça para ter esse direito.

    Então se a responsabilidade do software pelo desenvolvedor ser declarada lei, não importa o que está escrito na EULA, eles vão ser responsabilizados e ponto.

    Fulano (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 9:16 am

    Ainda não decidi se sou contra ou a favor. Como o autor do texto só falou da Microsoft, vai exemplo da Microsoft: uma empresa tem um servidor com Windows e Oracle. Ocorre uma falha qualquer e várias informações do banco são perdidas (supondo que não tem o log de transações). A única forma de investigar alguma coisa é pelo dump da memória, certo? (tem outra forma?). Só que o micro travou e tem que reiniciar. Quem responsabilizar? Vai ser um jogo de empurra constante!

    Outra dúvida: se tem uma falha em programa que permita alguém controlar sua máquina. Como provar que você foi invadido? Qual prejuízo você teve? Tem muito o que discutir antes de chegar a um resultado.

    Anakin, geralmente aquele texto que ninguém lê não é um contrato, e sim um termo de licenciamento – e ambos têm características bem diferentes. E os termos de licenciamento usualmente partem do pressuposto de que obrigam o usuário mesmo quando não são apresentados a ele (para que ele concorde explicitamente) na instalação ou primeira execução.

    É o caso da GPL, por exemplo, que trata explicitamente da questão da ausência de garantia – como aliás é usual. Muitos destes termos (conhecidos como EULAs) também dão ao usuário a oportunidade de expressar seu desacordo com eles (e renunciar, assim, a usar o software) no momento da instalação ou primeiro uso. Claro que há quem concorde e quem discorde das abordagens, mas os autores de software continuam a empregá-las.

    Fulano, certamente vai haver jogo de empurra, e há bastante dificuldade em produzir prova. Tenho a impressão de que esta segunda dificuldade pode não estar ao alcance da Lei, e o primeiro problema já ocorre em outros produtos complexos que interagem em ambientes em que há múltiplos fornecedores e funcionamento interdependente, como os equipamentos de usinas, de aeronaves, etc.

    A observação do Luis é bastante correta no que diz respeito à hierarquia entre a legislação e o termo de licenciamento (ou o contrato): quando há conflito, vale o que a primeira determina. É comum haver, quando se declara a ausência de garantia, a observação adicional de que esta ausência se subordina à lei. Uso novamente a GPLv3 (que também é um termo de licenciamento aplicável a usuários finais), em trecho de seu item 15, como exemplo: “THERE IS NO WARRANTY FOR THE PROGRAM, TO THE EXTENT PERMITTED BY APPLICABLE LAW.” — não há garantia, até onde permitido pela legislação aplicável. Aliás, a íntegra do item 15 merece leitura pelos interessados no tema.

    Marcelo, minha opinião também é de que se trata de uma questão cuja solução passa pelos contratos (entre as partes interessadas em receber a garantia, e as partes que se julguem apta a fornecê-la), e não acredito que haja lei que atribua “toda a responsabilidade” ao desenvolvedor, nem que seja esta a intenção. Assim como não há lei que atribua “toda a responsabilidade” à montadora de automóveis. O que há é a definição de qual é a parcela da responsabilidade que cabe a cada parte.

    Mas as circunstâncias atuais vêm permitindo que desenvolvedores (individuais e coletivos, pequenos e transnacionais, etc.) forneçam (inclusive em transações comerciais) seus produtos acompanhados de um termo que os exime expressamente de arcar com as consequências do uso do seu produto, mesmo em caso de erro de projeto e execução – e me parece que a Europa está buscando alterar isso na direção da maior proteção do consumidor, o que não necessariamente equivale a “simplesmente atribuir toda a responsabilidade ao desenvolvedor”.

    E certamente as empresas grandes (sejam de software, ou automobilísticas, ou de qualquer outro ramo) dispõem de grandes departamentos jurídicos, o que não as exime de oferecer garantias, nem de eventualmente ter de fazê-las valer.

    Eri Ramos Bastos (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 9:51 am

    Muito complicado o assunto mesmo, principalmente na hora de _provar_ que um software causou um determinado problema.

    Todo mundo sabe, por exemplo, que o Windows passa longe de ser a melhor plataforma para servidores, mas a experiência me diz que a maior parte dos problemas acontecem por culpa de administradores incompetentes e inaptos. Já trabalhei em empresa com todo o parque 100% microsoft que rodava como um relógio suiço.

    Porém em muitas empresas e em muitas situações um sysadmin incompetente causa um desastre e consegue se safar com a simples frase “deu pau no windows”.
    E todo mundo faz aquela cara de compreensivo do tipo “a vida é a assim mesmo”.

    Agora imagina isso numa grande empresa, depois de um downtime enorme, milhões de prejuízo e com o departamento jurídico sabendo da nova lei: “Ah… deu pau no Windows? Peraí que vamos sapecar a Microsoft”.

    Eu tenho dó dos advogados da MS. Pra provar que focinho de porco não é tomada eles vão pastar… O mundo inteiro vai partir do pressuposto que a Microsoft é culpada até que prove-se o contrário.

    E eu, que até hoje na vida só lancei uma meia dúzia de script na internet fico pensando agora se eu deveria ser responsabilizado por um código que escrevi just-for-fun uns 6 anos atrás, sem nenhuma experiência e sem nenhum objetivo além de ajudar alguém que tivesse a mesma necessidade que eu.

    Celso (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 9:54 am

    Acho muito interessante essa proposta! Claro, duvido que a lei vai ser aplicada para todo e qualquer tipo de software, mas pense em software com missão crítica ( financeiro/saúde/ambiental ): o software seria obrigado a registrar os logs em certo padrão ( uma espécie de caixa preta ). Assim, um auditoria poderia apurar de quem é a falha.

    Luis (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 10:06 am

    Sobre a garantia nos sistemas operacionais, creio que tirar algum embolso por seu mal funcionamento, será no mínimo complicado. Como tudo roda sobre ele, faz basicamente o SO ser a vítima da ocasião. A menos que aconteça um problema numa falha crítica do sistema (que o windows tem de monte, mas que por bem ou por mal normalmente é corrigida), a culpa é muito mais do Hardware e dos aplicativos. Se ocorrer um erro num servidor Windows/Oracle, eu olharia primeiro se o Oracle ou outro aplicativo não travou o sistema, ao invés de ir xingando a MS por ter feito um sistema que não funciona.

    Como o Eri falou, o problema é muito mais das pessoas do que realmente do software.

    Rodrigo de Aquino (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 10:14 am

    Eu acho que toda a culpa deve ser colocada nas mãos dos programadores, acho que dessa forma mesmo sem uma lei específica, teremos uma boa triagem entre os bons e os maus programadores, nesses casos quando os “sobrinhos” fizessem qualquer tipo de besteira eles sairiam automaticamente do mercado.

    Essa idéia de punir os próprios programadores poderia ser bem legal para ambos os lados, assim as empresas teriam melhores garantias e os programadores pensariam melhor sobre os seus preços praticados e contratos. Por exemplo, vamos supor que o programador se sujeite a uma multa de 1 milhão de reais dependendo da falha, qual seria o custo de desenvolvimento de um software desse nível?

    Talvez com isso, o programador possa criar melhores contratos com por exemplo, cláusulas de “Fundo de reserva para o caso de falhas de segurança e de software.”, em resumo eu acho que tudo que for criado para beneficiar qualquer tipo de empresa que utiliza um software, deve ser utilizado bilateralmente para beneficiar também os desenvolvedores, pois se for pensado em apenas um dos casos, acabam-se criando formas leoninas de contrataçao.

    Melqui (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 10:42 am

    Eu acho que deveria ser cobrado mais pelo serviço para melhorar o nível dos softwares e uma forma de custear possíveis falhas.. só assim teríamos uma maior qualidade. o problema que em muitos casos querem muitas empresas não querem pagar o valor justo.

    Eu acho que um dos problemas é que o mercado de softwares no Brasil está prostituído..

    Rafael (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 10:49 am

    Eu não sei qual a extensão da lei. Posso afirmar por experiência própria que para sistemas de sistemas de missão crítica isso já é aplicado. Existem normas para fazer software para avião, DO-178B por exemplo. Para carros, existe o MISRA-C. Nem todo componente eletrônico que é utilizado no dia-dia pode ser embarcado em carro e avião, não vejo porque qualquer software poderia.
    Existem métodos formais de descrição de software onde é provado matematicamente que o software ESTÁ CORRETO de acordo com a especificação, mas isso não quer dizer livre de erros. Especificou errado, funcionará errado.

    mario (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 11:11 am

    Vale lembrar que para INTEGRADORES de software essa responsabilidade já é tida automaticamente.

    eldarion (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 11:18 am

    Sou a favor. Mas tal como está no artigo, o software livre e grátis não pode ser abrangido por essa lei, visto que não existe um contrato: o programador e o utilizador não têm qualquer contracto, logo o primeiro não pode ser culpabilizado pelos erros do seu programa.

    Ao contrário, empresas de software livre que vendem os seus produtos (ex: RedHat) já estão abrangidas por essa lei.

    Vinícius (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 11:37 am

    Rodrigo de Aquino, existem outros métodos para se garantir bons programadores trabalhando. Punir os programadores pelos erros de software beira o absurdo, eles são empregados de uma empresa e ela é responsável pelo software. Eles não ganham os lucros do software mas vão ganhar os problemas? E se o cara trabalhar na empresa e for embora? Ele vai ser pessoalmente punido 10 anos depois e a empresa sai ilesa? Você esta meio fora da realidade. O software é da empresa e não do programador que digita as linhas de código.

    O Leão do Norte (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 11:56 am

    Sou totalmente contra.

    Sou absolutamente a favor. Se fizerem do jeito certo.
    Mas sou absolutamente contra se vai ser feito como outras legislações que dão mais dor de cabeça do que solução.

    Ronaldo (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 1:08 pm

    Pessoal, quem é a favor, lembre-se que isso prejudica o software livre.

    E aposto que ninguém aqui quer isso, afinal acredito que a maioria aqui usa ou desenvolve software livre, não é mesmo?

    É fato que quem desenvolve software livre não quer ser responsabilizado por consequências de seus códigos.

    Mesmo que a GPL diga “TO THE EXTENT PERMITTED BY APPLICABLE LAW”, e não seja invalidada por esse tipo de lei, é claro que isso é muito inconveniente para o desenvolvedor de software livre. E é justamente por isso que a GPL e outras licenças de software livre costumam fazer o máximo possível para que não haja garantias.

    Na Europa é desenvolvido muito software livre importante. Só para citar um exemplo, lá mora o Fabrice Bellard, criador do ffmpeg, do qemu, do Tiny C Compiler, dentre outros projetos. Imagina a perda que é para o software livre desanimar um cara desses, ou tornar mais difícil que mais pessoas como ele surjam.

    Paul (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 1:09 pm

    Não há necessidade de se colocar isso na lei. Trabalho em uma grande multinacional (e já trabalhei em outras), e todos os contratos já prevêem esse tipo de coisa (responsabilidade, multa, etc, etc) em caso de falhas (inclusive para cada tipo de falha).

    henry (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 1:33 pm

    Sou plenamente a favor. E como indenização, receber da empresa fornecedora do produto final o equivalente a MIL VEZES o valor que eu paguei pelo produto final. Até eu vou começar a usar windows.
    A microsoft vai é tirar o windows do mercado pra não ir a falencia, e como dizem, “o futuro é opensource” . rssrsrs

    Paul, pelo que eu entendi das declarações dos comissários europeus, a intenção é que as empresas que distribuem software sejam obrigadas a oferecer este tipo de proteção em todos os seus contratos de licenciamento de software. Hoje elas sem dúvida podem fazê-lo (afinal, não é proibido), mas nem todas o fazem, e não para todos os seus consumidores.

    Ronaldo, pelo que eu entendi das declarações dos comissários europeus, a proteção é para consumidores que no caso do software livre não necessariamente é o mesmo conjunto de pessoas representado pelos usuários.

    Não sei se o Fabrice Ballard (para ficar no seu exemplo) tem relações de consumo com algum dos usuários de seu software, mas se ele tiver, acredito que vá ter de oferecer garantia a eles sim. Mas nos casos em que os usuários obtêm seu software via outra relação de consumo (por exemplo, com um distribuidor/integrador), ou sem relação de consumo, não acredito que o Fabrice Ballard possa ser alcançado por esta responsabilidade legal (embora isso ainda não esteja completamente definido, a julgar pela declaração do Schneier). Neste caso, acredito que vá acontecer algo mais na linha do que o Alan Cox declarou, mesmo, devido à responsabilidade difusa ou difícil de determinar, em conseqüência da autoria múltipla.

    Acredito que o que vai ficar mais complicado é o trabalho dos integradores e distribuidores, que – aí sim – terão pouca oportunidade de deixar de oferecer aos seus consumidores a garantia exigida por lei, e eventualmente terão também pouca oportunidade de buscar responsabilidade solidária junto aos autores dos softwares livres que distribuem, pelas razões acima expostas.

    Edney Matias (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 2:22 pm

    A situação é muito mais complexa. Veja esse caso

    http://blogs.msdn.com/dmahugh/archive/2009/05/09/1-2-1.aspx#9601103

    em que uma interpretação do ODF 1.1 pode gerar resultados diferentes. O que fazer nesse caso? Quem é o culpado? O programador por tomar decisões omissas no padrão ou o especificador por não considerar todas as possibilidades?

    Monge (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 3:10 pm

    No tempo da minha graduação (em Engenharia Elétrica), dizíamos que “todo engenheiro deveria ser condenado a usar os programas que escreve”. Assim como, nos cursos de Engenharia Civil, dizia-se que “todo engenheiro deveria ser condenado a morar nos apartamentos que constrói”.

    Acho que esses lemas exemplificam bem o que se pretende discutir aqui.

    Voltando à questão do software, acredito que, quando eu mantenho para mim o segredo do meu código, então é justo que eu deva também assumir a total responsabilidade por suas falhas.

    Ao abrir o código para a comunidade, todos podem detectar e corrigir eventuais erros, melhorar a adequação e usabilidade, corrigir falhas de segurança, etc. Nesse caso, como argumenta Cox, não há a quem atribuir responsabilidades, por ser uma criação coletiva.

    Se esse princípio for aplicado como lei, acredito que trará uma profunda implicação em favor do desenvolvimento aberto de software, pois o “subsídio” citado por Schneier seria automaticamente invertido, em favor do desenvolvimento de SL.

    João Marcus (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 4:13 pm

    Para quem acha uma boa ideia responsabilizar os desenvolvedores: o custo de produção de software iria aumentar DEZENAS de vezes, pois o processo de validação seria muito demorado, trabalhoso, custoso e engessaria a produção de software. Ninguém iria querer desenvolver software livre. Então, tudo ficaria nas mãos de empresas com caríssimos advogados e consultores capazes de balizar técnica e legalmente toda e qualquer mínima decisão a respeito dos projetos, além de enfrentar os longos processos judiciais movidos por centenas de pessoas por ano. Seria um grande retrocesso na indústria de software. Voltaríamos à era dos caríssimos sistemas proprietários.

    João Marcus (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 4:15 pm

    Ah, e se você acha que alguém iria querer desenvolver software livre: você correria o risco de desenvolver software livre e depois ser processado por uma empresa que utilizou seu software e teve algum problema? Mesmo que você tenha razão, precisará passar por processos judiciais longos, demorados e caros. No fim das contas, você não terá dinheiro e precisará fazer um acordo.

    devnull (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 4:29 pm

    > mas na licença do XP há uma clausula onde a MS tira o corpo fora em casos da falha do sistema

    Nela e em todas as licenças dela e de outros fornecedores…

    O Leão do Norte (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 5:01 pm

    Acho que esse tipo de coisa não precisa de legislação. Se você não está satisfeito com o sistema simplesmente não adira a ele e faça parte de outro.

    Coisa simples, bem simples que qualquer consumidor obrigado a engolir DRM faz no dia a dia… Escolhe o que melhor lhe cabe.

    Simplesmente é o fim ou começo do fim pro Software Livre com uma lei dessas não importa o grau que uma lei dessas vai tomar.

    Espero que uma (COLE MILHARES PALAVRÕES OFENSIVOS AQUI) nunca seja feita no Brasil e os que fizerem ou pensarem em fazer ardam no marmore do Inferno.

    Limão (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 5:41 pm

    Espero que o “Sr” Eduardo Azeredo não leia essa notícia.

    Elias Amaral (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 5:41 pm

    não o desenvolvedor, mas talvez o fornecedor (vendor). se eu crio uma biblioteca e um programador a usa inadequadamente (talvez por uma falha da minha documentação), a culpa é minha ou dele? e se o fornecedor vende esse software com erros, ao inves de auditar o software e corrigi-los, a culpa é do programador (que pode ter feito ele por hobby!) ou do fornecedor?

    Elias Amaral (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 5:50 pm

    monge, perfeito! acho justo que esse tipo de responsabilidade legal seja válida somente para software proprietário. já que, por definição, eles foram feitos de forma a somente pessoas autorizadas pelo desenvolvedor poderem audita-lo (ou corrigi-lo).

    ou, talvez, devesse aplicar responsabilidade legal somente a software ‘suportado comercialmente’. me parece justo que a canonical seja responsabilizada por um erro do ubuntu, nos casos onde ela quiser assumir esse risco!

    Ronaldo (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 8:08 pm

    Essa situação é muito complexa, tanto que o Alan Cox está preocupado em como isso afetaria o software livre.

    É claro que tem pessoas supondo que o software livre não será afetado, como o Bruce Schneier, mas vale a pena para nós apoiar algo que arrisca nossa causa, em uma situação na qual a lei visa beneficiar primariamente àqueles que não usam software livre?

    Obs.: o nome do desenvolvedor de software livre que citei (que aliás, admiro muito) é Fabrice Bellard, não Fabrice Ballard.

    Fred Camara (usuário não registrado) em 11/05/2009 às 8:22 pm

    O Edney nos apontou a um interessante artigo que mostra que a Microsoft e a IBM em seus programas de planilha somam texto como se fossem números.

    Parece bom né? Evita que o resultado esteja errado se um usuário errar uma entrada numérica e colocar o número como texto. O Symphony faz a conversão automaticamente, parece que o Windows também, e o OpenOffice.org não.

    Pois bem, e se o usuário colocar o número como texto, e este número tiver uma vírgula, como o programa entende isso? Leve em conta que a vírgula significa separadores diferentes no Brasil e nos EUA. E se eu fizer esta planilha num computador configurado regionalmente para o inglês e enviar para um computador configurado regionalmente como português, como o programa interpreta a vírgula ao somar?

    Não sei se vale a pena para você, ou para vocês (quem?) apoiar esta proposição européia, Ronaldo. Eu certamente estou interessado em ver o desenrolar dos fatos, sem supor de antemão que ela vai prejudicar o Fabrice Bellard.

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