Conhecendo melhor algumas opções de licenciamento livre
“Decidir lançar um software sob os termos de uma licença de software livre é um passo importante através do qual muitos programadores se aproximam pela primeira vez da comunidade do software livre. Só que a enorme quantidade de licenças disponíveis às vezes pode confundir e desorientar o usuário, tornando o primeiro passo muito mais difícil do que deveria ser. Vamos tentar clarear as coisas. ”
Enviado por Julio Cesar Bessa Monqueiro (julioΘgdhpress·com·br) – referência (guiadohardware.net).
Leia também uma crítica a este texto publicada nos comentários pelo leitor Jack Ripoff.
Acho que a maior dificuldade do licensiamento como software livre hoje é que empresas usam partes de códigos de outras empresas que usam o código fechado, e as vezes teria que reescrever grande parte do programa para o tornar utilizável sem essas partes proprietárias.
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Meu Deus, quanta desinformação!
Em primeiro lugar, o autor aparenta confundir patentes com direitos autorais, pois licenças de software livre são licenças de direitos autorais e não de patentes.
Depois o autor afirma que as patentes geram um “modelo fechado” e que itens patenteados são distribuídos com licenças que proíbem engenharia reversa de modo a impedir o mecanismo de funcionamento do item. Isto está completamente errado: patentes são documentos públicos e abertos que qualquer um pode ler! Não há nenhum conhecimento sendo escondido, o funcionamento dos mecanismo é descrito nas patentes e elas podem ser lidas por qualquer um. Você só é proibido de usar esse conhecimento sem uma licença.
O problema das patentes de software é que elas tornam impossível a criação de software livre: se o seu software infringe uma patente, então para poder distribuí-lo você precisa obter uma licença para usar a patente. Por exemplo, ninguém pode (poderia) criar um software que dispare uma funcionalidade diferente para um clique-duplo sem uma licença porque a Microsoft detém a patente do clique-duplo (acho que deu para entender como essa história de patentes de software é ridícula com esse exemplo).
Para finalizar, o autor cita como “caso de estudo” (não seria “estudo de caso”?) uma situação que não tem nada a ver com licenças de direitos autorais, e sim com marcas registradas. Isto é, o autor conseguiu confundir no mesmo artigo três coisas completamente diferentes: patentes, direitos autorais e marcas registradas.
Eu posso comentar também sobre como o autor levantou com realce a questão da diferença entre “código aberto” e “software livre” só para depois não explicá-la, preferindo indicar um outro artigo como referência. Mas esse artigo tem um problema: ele é totalmente parcial e enviesado (a começar pelo título que alega “Isto é melhor que aquilo”, como se fosse um fato), pois foi escrito por um militante de um dos lados. Sem falar que a leitura desse artigo pode causar sérios danos cerebrais resultantes da lavagem que ele pretende fazer, redefinindo termos de acordo com a conveniência do autor.
O Morimoto não devia deixar publicarem uma coisa dessas no site dele
Vou incluir uma referência a essas críticas no texto da notícia.
@Jack Ripoff,
Você tem toda a razão. É muita desinformação para um artigo da FSM!
Note que o autor do artigo fez um link para uma versão antiga do texto. Tá escrito bem grande: “Open Source” misses the point of Free Software is an updated version of this article. Versão nova. Note que o título da versão nova é: Why “Open Source” misses the point of Free Software. O único problema com esse título seria a hipótese que se assume de que “open-source” tenta se confundir com o termo “software livre”. Eu acredito que existem dois tipos de proponentes de “open source”:
* Os que não sabem a diferença entre “software livre” e “open source”; e
* Os que sabem, mas gostam mais do marketing do “open source”.
Acho que o artigo do Stallman é muito bom! Principalmente quando ele fala sobre “fear of freedom”. O que ele diz pode ser confirmado pelo relato de Bruce Perens. Em especial:
Ou seja, o termo “open source” foi criado justamente para acalmar o “medo da liberdade”. No meu ver, a idéia era realmente dissociar o software livre do conceito de liberdade. É por isso que o título do artigo do Stallman não poderia ser: Why “Free Software” misses the point of Open Source Software. Software livre não tenta ser “open source”… o “open source” é que se confunde com o “software livre”. Me lembro de ter lido sobre o Stallman dizendo algo do tipo: “Se o software livre é tecnicamente melhor, então, isso é um bônus. Mas eu usaria software livre mesmo que fosse tecnicamente pior.”
O nome da revista é “free software magazine”!! O que você esperava? Quem mais escreveria um artigo falando da diferença entre “free software” e “open source”? Além do título… o que mais é tão “parcial” no texto do Stallman? Não é correto dizer que é parcial simplesmente porque foi escrito por um militante!
Que termos ele redefine? Ele não está redefinindo nada… ele está mostrando que assim como o termo “free software” leva a confusões pelo uso da palavra “free”, o termo “open source” também leva a confusões devido ao uso da palavra “open”. Ele não redefine nada, mas sim mostra como OUTRAS PESSOAS redefinem os termos. Em especial ele cita Neal Stephenson e uma publicação do estado do Kansas.
André Caldas.
Ok… na prática, as licenças “open-source” violam ou restringem alguma das liberdades das licenças “free-software”? – até onde eu sei, não.
Então a diferença entre os dois termos está apenas na filosofia. Free-software é um movimento ideológico, que prega a liberdade para “hackear” (mexer, fuçar, experimentar), enquanto o movimento Open-Source é mais pragmático, e defende a abertura do código como um meio de atrair mais colaboradores para o seu projeto.
No final das contas, o resultado é o mesmo: o software está aberto, e livre para você fazer o que quiser.
Estou errado?
@Monge,
Não é o mesmo. Você pode pregar a “abolição da escravatura” com um argumento econômico: os negros formam um mercado consumidor. Ou você pode pregar com um argumento humano: uma raça não tem o direito de subjugar a outra!
O resultado de um é o respeito pelo capital. O resultado do outro é o respeito pelo ser humano.
Eu acredito na liberdade do conhecimento. Não dou a mínima para “open source”. Não acredito que as idéias e criações devem ser monopolizadas. Se você tem uma idéia e conta pra alguém, não deve ter o direito de obrigar a pessoa a pedir permissão toda vez que for usar sua idéia. Se não quer que use (que egoísmo) então não conta pra ninguém.
André Caldas.
* devem ser –> devam ser.
@André
e qual foi a verdadeira motivação por trás da abolição da escravatura? a econômica ou a humanista?
eu concordo 100% com você, e também advogo em favor do “software livre”, e não do “open source”. Entretanto, eu não advogo CONTRA o modelo open-source, porque reconheço nele um meio para se chegar ao mesmo fim: a abertura do acesso ao conhecimento.
da mesma forma que pessoas pregaram a abolição da escravatura durante décadas, por motivos humanitários, mas foi somente por fatores econômicos que ela de fato se concretizou, acredito que o pragmatismo econômico pode ajudar, sim, a eliminar o paradigma do “conhecimento privado”, e do software “fechado”.
Ok… na prática, as licenças “open-source” violam ou restringem alguma das liberdades das licenças “free-software”? – até onde eu sei, não.
A licença do Singularity, o sistema operacional acadêmico da Microsoft, é open-source, mas proibe o uso comercial.
Não, a licença do Singularity não é open source.
@Monge,
Legal! Vejo que a gente mais concorda do que discorda. :-)
Você alega que a verdadeira motivação foi econômica… olha aí no que deu!!!! =P
A minha pergunta é: o resultado é realmente o mesmo? No texto do Stallman ele fala em “Different values can lead to similar conclusions…but not always”. (não vou bota o link de novo se não vou cair na moderação…)
@Allan Taborda,
O que é “open-source” pra você? Acho que a maioria das pessoas aqui se referem à definição da OSI. Singularity não é “open source”.
Não sei exatamente como uma licença pode ser “open source” mas não ser livre, acho que uma coisa é o ítem 4 da definição da OSI. Ouvi dizer que um outro problema é o fato de a definição do “open source” permitir patches proprietários… não sei se isso ainda é verdade ou se a definição sofreu alterações. Se alguém puder esclarecer eu ficaria grato.
André Caldas.