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“Sistema operacional Linux embedded proprietário” nas centrais de monitoramento da LG?

Na minha opinião, a confusão no texto é causada pela velha questão: Linux é o kernel ou o sistema como um todo?

Eu entendo que a descrição da LG (que é sobre uma central de monitoramento ligada a até 16 câmeras de vídeo) é de um sistema operacional embarcado exclusivo (e proprietário), fortemente integrado ao aplicativo e ao hardware, mas construído sobre o kernel Linux (sem qualquer evidência de que seu licenciamento esteja sendo descumprido).

O texto (e o vídeo de apresentação) faz várias comparações com as appliances de central de monitoramento implementadas a partir de PCs comuns (rodando Windows ou alguma distribuição de Linux), e que às vezes são mesmo implementadas de forma descuidada (não por limitações dos respectivos sistemas) têm mesmo a desvantagem de ter interfaces adicionais que acabam gerando problemas evitáveis se estivessem ausentes (não apenas quando o vigilante tenta minimizar tudo para procurar como jogar Paciência, como já vi muitas vezes). A qualidade de imagem na gravação por um hardware projetado especificamente para isso também pode ser bastante superior, como o vídeo de apresentação destaca.

De todo modo, a escolha das palavras do texto é infeliz, embora destaque características positivas dos sistemas operacionais baseados em Linux. E claro que existem opções de monitoramento baseadas integralmente em hardware de prateleira e rodando sobre quantidades maiores de código aberto, para quem preferir – procure um consultor de sua confiança e conheça suas opções.

Segue o texto enviado por Valtoir (valtoirjardimΘgmail·com), interessante como curiosidade, e talvez sirva para alguém acrescentar esclarecimentos:

“Veja o anúncio no site que divulga os gravadores de vídeo digitais da LG no Brasil:

Vantagens dos DVRs LG Plataforma Stand Alone: Sistema operacional Linux embedded proprietário, que garante plena disponibilidade de todas as funções além de garantir a impossibilidade de execução de qualquer outro aplicativo no sistema, mesmo em segundo plano, garantindo plena segurança e impossibilidade de execução de softwares mal intencionados ou “vírus”.

O sistema operacional contém apenas as funcionalidades necessárias para a execução das funções inerentes ao DVR, não possuindo interfaces adicionais, gráficas ou não, para operação do sistema para outras funções. Como o sistema operacional é proprietário confere 100% controle sobre o mesmo, o que não ocorre com DVRs que utilizam sistemas operacionais padrões de mercado como Windows ou Linux comuns, que não garantem este nível de segurança.” [referência: lgprotegevoce.com.br]


• Publicado por Augusto Campos em 2009-09-04

Comentários dos leitores

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    Celi Frena (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 2:14 pm

    Pra mim tá bem claro (agora que foi explicado, rs) que estavam mesmo falando de um sistema operacional exclusivo (e não-livre, lógico), incluindo aplicativo específico, e em cima do kernel Linux.

    Alguém que tenha o produto pode ver na documentação se inclui uma cópia da GPL e as instruções sobre como pedir o código fonte do kernel incluído nele!

    Nada de errado.
    E que venham mais produtos com Linux embedded.
    Alias, alguem sabe se existe algum catalogo com todos os produtos rodando Linux?

    Patricio Mello (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 2:37 pm

    Lembra um pouco a tivolização, GPL 3 não permitiria isso. Bom, é problema da Linux Foundation averiguar… mas aposto que houve licenciamento sim tanto da marca como do uso como proprietário.

    Anyway, não vi a caixa do produto ou qualquer referência ao manual do mesmo (no site) para ter certeza se eles violam algo. De resto, me parece apenas que o time de marketing não entende nada de open source ou linux :-D

    [ ]s

    Weber Jr . (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 2:41 pm

    É que em marketês se usa muito “proprietário” como sinônimo de “personalizado” ou “otimizado”.

    Patricio, ou muito me engano, ou o Linux não está sendo usado de forma proprietária no produto. É perfeitamente possível ter um kernel livre dando o suporte a um ambiente operacional proprietário (no sentido marketês ou não).

    Se o produto faz isso, ou se viola a licença, aí já é outra história (pra averiguar, só sabendo mais detalhes), mas eu duvido que tenha sido concedida alguma licença para que a LG use o kernel como proprietário – se o uso estiver sendo assim (hipótese que eu considero menos provável), aí acredito que a licença está sendo violada.

    Xtian Xultz (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 4:12 pm

    Existem muitas empresas que vendem soluções de linux embarcado proprietários. O que eles fazedm é pegar o kernel, configurar e compilar para uma determinada plataforma (e obviamente fazem testes exaustivos para verificar a qualidade da compilação naquele hardware específico) e vendem o binário para o integrador, que pode ser pago sob forma de royalties ou não. Não há (teoricamente) descumprimento da GPL. Se eles fazem alguma melhoria no código-fonte, este é devolvido ao projeto, porém eles necessariamente não abrem como ficou a configuração, quais patches foram aplicados, etc. Geralmente, o pacote não vem só com kernel, mas com todo o GNU compilado e funcionando, e o integrador somente desenvolve a aplicação que vai rodar sobre este GNU/Linux. Esta é uam prática bastante comum, e empresas como a MontaVista vivem disto.

    Patricio Mello (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 4:52 pm

    @Augusto

    Eu concordo com vc! é perfeitamento possível usar o Linux neste cenário embarcado, inclusive permitido pela GPL. E quando me referi a licenciamento, falava da marca registrada “Linux” e não do uso do código. Mas isso deve ter sido providenciado pela LG… se não fizeram, vão correr pra fazer depois de lerem essa thread ehehehe.

    Mas cabe um ressalva (que vc deve ter percebido): não tem nenhuma menção ao código fonte sendo fornecido de alguma maneira, ou como podemos pedir ele. Talvez no manual, mas cabe a linux foundation averiguar.

    [ ]s

    Igor Cavalcante (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 6:21 pm

    Ué, a Red Hat não faz isto?
    Só uma dúvida: Se eles fizerem alguma modificação no kernel, e eles redistribuissem com o código fechado eles estariam violando a GPL? Um software baseado em outro software GPL tem que ser necessariamente GPL? Acho que a LG não daria este vacilo.

    ssss (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 6:29 pm

    Eu acho que esse texto é papo de marketeiro de propaganda. Não devem ter feito um novo sistema operacional apenas com o kernel linux coisa nenhuma.

    Apenas devem ter compilado o linux para suportar apenas o hardware da máquina (retirando módulos desnecessários) e devem ter tirado o X e todas as bibliotecas que podiam, talvez até a glibc e substituindo por outra.

    Igor, creio que a Red Hat não faz isso.

    E sim, um software que seja criado a partir da modificação de outro software sob a GPL, ou por derivação deste, só pode ser distribuído sob a GPL. Mas um software que é distribuído junto a outro sob a GPL, ou que roda sobre outro que está sob a GPL, não precisa.

    Para saber de forma mais precisa e detalhada o que pode e o que não pode ser feito com a GPLv2, veja o FAQ em português em http://www.gnu.org/licenses/old-licenses/gpl-2.0-faq.pt-br.html

    André Caldas (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 7:14 pm

    Só um comentário:

    * Quando a pessoa A distribui para a pessoa B código puramente binário licenciado sob a GPL por uma pessoa B, não está a violar nenhum direito da pessoa B!!! O que está sendo violado é o direito da pessoa C.

    Na minha opinião, a situação descrita por Xtian Xultz é sim violação da GPL. O binário deve estar acompanhado (ou oferta, blah, blah) do código-fonte completo e dos scripts de compilação e instalação.

    Em especial, “quais patches foram aplicados” é uma questão trivial. O código distribuído juntamente com o binário deve ser exatamente o que foi utilizado para gerar o binário! Aí é só fazer um diff com uma versão oficial do Kernel para obter o patch.

    Referência: GPLv2. (claro que eu recomendo a GPLv3)

    André Caldas.

    kern (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 11:24 pm

    Há muito tempo já disse por aqui que a GPL tem fragilidades genéricas relacionadas aos detentores de copyright do código e isso pode ser visto nesse caso: a LG pode ter criado uma versão “custom” do kernel linux com código próprio e sendo ela dona deste código adicionado, pode simplesmente negar a possibilidade de redistribuir o código.

    Isso pode ser absurdo, mas devemos sempre pensar que a GPL é uma licença que concede poderes muito grandes para os detentores de copyright, e oferece muito pouca proteção pra quem é apenas usuário da tecnologia. Assim, quem modifica ou contribui com alguma parte de código, se torna o único capaz de definir se o código será distribuído ou não. Até a Microsoft já contribui para o linux com seu código proprietário sob GPL, por que, ciente desses superpoderes que a GPL lhes concede, a qualquer momento podem invalidar a licença dos usuários do software ora cedido “gratuitamente”.

    Não é à toa que cada vez mais grandes corporações contribuem com códigos sob GPL, ao invés de contribuirem com licenças mais seguras para o usuário, como as derivadas do MIT e BSD.

    André Caldas (usuário não registrado) em 4/09/2009 às 11:45 pm

    @kern,

    Quanta desinformação!
    Você faz muita confusão em todo o seu post. Não vale nem a pena argumentar.

    André Caldas.

    kern (usuário não registrado) em 5/09/2009 às 9:09 am

    Andre Caldas,

    Procure em posts historicos aqui mesmo no Br-linux, eu ja comentei e debati muito sobre a `fragilidade` generica da licenca GPL… leia-os, e depois reflita.

    Álvaro Justen - Turicas (usuário não registrado) em 5/09/2009 às 9:48 am

    Creio que eles quiseram dizer “proprietário” como “de nossa propriedade, pois foi personalizado pela nossa equipe para esse hardware”. Software livre pode ser proprietário – na verdade sempre é -, sempre tem alguém que tem propriedade sobre aquele software. É diferente de software privado.

    self_liar (usuário não registrado) em 5/09/2009 às 9:54 am

    Licenças permissivas não são lá muito boas .Pois permitem a criação de software proprietário. E o soft proprietário é o que o movimento dos soft livre quer acabar.

    Não adianta você investir muito em um webkit da vida para depois a apple fazer uma versão proprietária para conquistar os usuários,pois a apple sempre estará a frente da versão livre no quesito de recursos.

    E as as nossas barreiras de aceitação do software livre ,uma delas é a grande reclamação de “falta de recursos” que o soft livre não tem.

    E assim a apple ,dia apos dia rouba o mercado e a liberdade das pessoas .

    A unica utilização útil das licenças permissivas é combinar vários códigos de várias licenças sem dar problemas.

    Mas mesmo assim tem a LGPL pra isso.

    lulaz (usuário não registrado) em 6/09/2009 às 12:35 am

    kern olha a perola eim raxei hahaha

    André Caldas (usuário não registrado) em 7/09/2009 às 9:11 pm

    Tem gente discutindo “software proprietário” e usando dois significados pra palavra proprietário. Exatamente como tem gente que acha que “software livre” é o mesmo que gratuito, e “código aberto” é qualquer coisa que o código-fonte esteja disponível.

    Você não é obrigado a usar as definições da FSF, mas acredito que em geral, quando se fala de software livre (com consciência), está se utilizando a definição da FSF. Do mesmo modo, proprietário não é simplesmente “que é propriedade de alguém”. Mesmo porque essa coisa de “propriedade” já é uma grande confusão.

    Referência: Categorias de licença de software de acordo com a FSF

    André Caldas.

    Stan (usuário não registrado) em 8/09/2009 às 7:24 am

    Espero que da próxima vez eles escolham o freeBSD :) Assim não vão ter dor de cabeça com sem essa frescuralhada de licenças bizarras do Linux.

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