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Nada de mordaça: GNOME considerando sair do Projeto GNU (folhetim em 8 atos) [atualizado 2x]

E a razão é bem complicada para resumir em poucas palavras (veja uma descrição completa no OSNews), mas envolve cobranças do fundador do GNU (Dr. Richard M. Stallman) quanto ao que pode ou não ser postado no Planet GNOME, um agregador dos posts de blogs de várias pessoas integrantes ou associadas ao projeto. A solicitação do Dr. se baseia no fato de o GNOME ser integrante do projeto GNU.

Atualização: A notícia provocou polêmica, como tende a acontecer com as notícias do BR-Linux sobre alguns dos personagens desta novela. Para oferecer um ponto de vista diferente, aproveito que o Lucas Rocha (lucasr Θ gnome.org) avisou que publicou um “resumo objetivo (em inglês) dos temas que acabaram sendo abordados durante a discussão“, e divulgo o link para quem quiser conhecer outra narração.

Atualização 2:: Como apontou o leitor Paulo Cesar, o OSNews publicou hoje um novo artigo com esclarecimentos (“Clarifications: GNOME, GNU, Planet GNOME”) sobre o seu artigo anterior que eu menciono como sendo a “descrição completa” e na qual se baseou o artigo abaixo. Pelo que entendi, a narrativa do OSNews se baseou em uma notícia de Sam Varghese no ITWire, e esta incluía conclusões errôneas, ou ao menos não baseadas em fatos, invalidando especialmente o “Ato 1″ da novela descrita abaixo (pois o desentendimento entre comadres não estava no início do processo e nem foi tão relevante). Há vários outros pontos esclarecidos, e sugiro fortemente a leitura do novo texto do OSNews.

Apelando para uma comparação bastante imprecisa, mas bem ilustrativa, é mais ou menos como se a Coca-Cola aceitasse de bom grado contribuições de trabalho voluntário de funcionários da Pepsi, mas subitamente um diretor da matriz da Coca mandasse uma circular para uma de suas sucursais exigindo providências porque ouviu dizer que os voluntários dela, durante um happy hour realizado em local público, ao serem perguntados sobre suas atividades profissionais, conversaram em voz alta sobre um projeto público interessante que estão realizando na Pepsi.

Confesso que até hoje sou integrante de uma outra organização também presidida por Richard Stallman, mas vinha considerando deixar de integrá-la desde a sua entrevista dizendo o que pensa sobre a liberdade de escolha dos consumidores. Com este novo lance, a decisão está tomada – não que ele vá sentir falta, mas não consigo mais continuar integrando uma organização cuja liderança segue estas direções. Creio que minha contribuição direta a eles eu já pude oferecer.

Como a história é longa, vou contar na forma de resumo de novela, com personagens como o bom Doutor Richard Stallman, o VP Miguel de Icaza, a Stormy Peters e outros nomes conhecidos.

Ato 1: briga de comadres

Tudo começou a partir de um desentendimento já bem conhecido: Miguel de Icaza, fundador do GNOME, vice-presidente da Novell, pessoa que não conta com a simpatia global de comunidades em que já transitou mais de perto anteriormente, e até hoje integrante do Planeta, postou algo em seu blog sobre o Silverlight, como é até usual. Richard Stallman, que tem estado sensível quanto ao que Miguel faz e diz, logo reclamou, questionando a menção a softwares proprietários (como o .Net) no Planeta, que reproduz os posts dos blogs.

Ato 2: estaria o Doutor usando 2 pesos e 2 medidas?

Logo veio o lembrete da parte de um desenvolvedor: o Dr. Stallman nunca reclamou quando as menções de integrantes do Planeta eram a outros softwares proprietários em que estes trabalhavam, como o VmWare e alguns softwares da Nokia, por exemplo, e estas menções são bastante naturais em um agregador cujo objetivo é incluir todos os posts de seus participantes, e cuja missão oficial é “ser uma janela para o mundo, o trabalho e as vidas” de seus integrantes – e para muitos, o trabalho nem sempre é em software livre.

Ato 3: ampliando o escopo da mordaça

Mas o bom doutor raramente aceita que apontem algo que ele disse como sendo uma possível contradição, e tratou logo de ampliar seu argumento inicial, que aí deixou de ser só algo contra a manifestação do Icaza: já que é assim, argumentou ele, então não deviam postar ali sobre o VmWare, produtos da Nokia, etc. também. Simples! Porque em caso contrário, o GNOME estaria “provendo uma plataforma para a promoção de softwares não-livres”. [uma digressão: será que as agremiações RMS-compliant brasileiras vão adotar essa política em seus sites, listas públicas, agregadores, fóruns e blogs? espero que não, não sei quem sairia ganhando com informações amordaçadas, pela metade e chapa-branca...]

Ato 4: a Stormy entra em cena

Nesse ponto, a diretora executiva da GNOME Foundation, Stormy Peters, disse o que pensava sobre o posicionamento do bom doutor, e tratou de lembrar a todos da missão do Planeta GNOME (incluindo a parte que fala sobre expor o trabalho dos integrantes) e do interesse em ser inclusivo, e não em rejeitar quem não concorda em 100% com tudo durante todo o tempo.

Ato 6: você sabe com quem está falando?

Quem adivinha se o Dr. Stallman se conformou? Acertaram, ele discordou. Ele “lembrou” a Stormy que o GNOME é parte do Projeto GNU, e como tal deve suportar o software livre, e o mínimo que ele pode fazer é não ir frontalmente contra ele, ou seja, não “apresentar o software proprietário como sendo legítimo”, que aparentemente ele considera como equivalente a mencionar que um desenvolvedor de software livre também trabalha com softwares proprietários.

Ato 7: a farofa chegou ao ventilador

Tendo em vista o comportamento estrito que o fundador do GNU está exigindo dos integrantes dos projetos participantes, foi levantada a hipótese de votar sobre a permanência do GNOME no GNU.

Prós e contras para várias alternativas (tornar-se RMS-compliant, ignorar a cobrança, sair do GNU) foram apresentados, uma pesquisa preliminar foi realizada, e no momento em que fecho esta matéria, eis alguns dos resultados:

  1. 73% dos 782 participantes que se manifestaram são a favor de dissociar-se do projeto GNU se a aparente “política da mordaça” permanecer imposta,
  2. 88% acreditam que não é necessário considerar o software proprietário “ilegítimo”, “imoral” e outros adjetivos similares para poder participar do Planeta,
  3. 83% acreditam que a missão do Planeta não deve ser alterada para passar a prevenir menções a opiniões que discordem da do movimento Software Livre,

Ato 8: interlúdio musical

Não chegamos ainda ao último capítulo (será que o GNOME finalmente mudará seu nome para Gnome, como há tempos se advoga, deixando de lado a sigla original que era seu significado?), mas é interessante perceber quantas nuances possíveis de liberdade podem existir, o que pode acontecer quando se elege uma delas como sendo absoluta e permanentemente superior às demais, e como uma comunidade unida em torno de um mesmo ideal pode reagir a este tipo de interferência.

Será que farão as pazes? Alguém vai se desdizer? Ficará o dito pelo não dito? Serei eu o único a ter neste episódio a razão final para abandonar uma organização presidida pelo bom Doutor? Não percam os próximos capítulos!


• Publicado por Augusto Campos em 2009-12-15

Comentários dos leitores

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    Luiz (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:24 am

    Olha… sou extremamente a favor do SoftwareLivre (uso Linux a 7 anos), adoro e contribuo sempre que possível mas esse “Doutor” já vem “aporrinhando” as idéias a algum tempo… Ele não é dono da verdade e a cada dia parece mais “bitolado” do que outra coisa…
    Cada um faz o que quer, como quer e ninguém tem nada a ver com isso; muito menos levar repreensão em um trabalho onde a maioria faz por boa vontade e voluntariamente.
    Por essas e outras coisas que esse velho fala (assim como o educadíssimo Linus faz algumas vezes) é que estou migrando aos poucos para os BSD e farei o mesmo para o Haiku ou o StormOS assim que estiver estável e der suporte ao meu hardware.

    Kurt Kraut (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:25 am

    Mesmo? Qual o impedimento (e talvez a má vontade) da Gnome Foundation dizer: ‘Ok Stallman, obrigado pela sua opinião. Porém, discordamos de você não vamos acolhê-la. Obrigado por colaborar conosco fazendo sugestões’. E ponto final.

    Em que medida discordar (por parte do Stallman) é censurar? A pergunta é genuína e não é retórica: em que medida o Gnome por estar atualmente atrelado ao Projeto GNU é subordinado às determinações do líder do GNU? Isso não poderia ser respondido por parte do Gnome como ‘Não, obrigado e passar bem.’?

    Luis Gustavo (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:26 am

    É fácil criticar o RMS, mas ignorar a apologia constante do Icaza ao time oposto é ridículo.

    Cesar Brod (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:30 am

    Lembro de uma cena que presenciei no primeiro FISL, quando um garoto veio orgulhoso pedir um autógrafo ao Dr. em uma caixa da distribuição SuSE Linux e saiu com uma bronca e sem o autógrafo. Se ele estava começando a usar ali algum software livre, certamente desistiu. Ao longo do tempo tenho visto que atitudes radicais mais afastam as pessoas do software livre do que criam a vontade e simpatia por ele. Não nego a importância histórica do Dr. Stallman mas seu discurso (e suas palestras) pararam no tempo. E em termos de contribuição para a adoção do software livre Miguel de Icaza e a turma do Gnome certamente já fizeram muito mais do que Stallman.

    Paulo Cesar (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:35 am

    Esse seu texto está bem errado e tendencioso, quem reclamou do post do Miguel, não foi o Stallman, foi uma galera da comunidade. Essa galera é que levantou na lista de discussão que isso deveria parar, e o Stallman entrou na discussão sendo bem categórico: “o pessoal do gnome deveria coibir posts a respeito de software não livre em seus sites”.

    Sem dois pesos, sem duas medidas como você fala. Aliás foi exatamente por isso que a galera ficou brava com ele, pois a galera do VMWare e da Nokia sempre postam lá, e eles não poderiam simplesmente excluir essa galera só porque eles também tem projetos não opensource.

    Jonathan (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:36 am

    Vale citar o que li de um blogueiro, através do Planet KDE, disse sobre o assunto todo: “I think it’s ironic that a project [Gnome] started essentially entirely due to the non-Free nature of Qt (at that time) would decide to separate from the Free Software Foundation and GNU based on Richard Stallman’s disapproval of proprietary software. I guess the times, they are a-changin’.” (http://www.purinchu.net/wp/2009/12/12/gnome-slashdot/)

    GNU Forever (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:42 am

    Meios fatos, meias verdades… acho que estamos pecando em não ler da fonte diretamente (digo, ler a thread da discursão) e tomar decisões somente com o que lemos de folhetins já viciados em criticar o RMS.

    Não vi o RMS dizer “foi o Icaza” nos e-mails dele. E sim, me aborrece assinar um feed onde fala-se mais de tecnologia não livre, sendo o RSS de uma comunidade de SL da qual tenho interesse em saber sobre: Software Livre xP

    Obviamente o RMS tem razão em sugerir que o mínimo de apoio a causa GNU que o Gnome poderia dar e não fazer apologias a software proprietário.

    Para quem quiser conhecer a historia toda, vale a visita (e seguir os links para as threads originais):
    http://www.itwire.com/content/view/29995/1090/

    Livio Ribeiro (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:49 am

    o preconceito é o pai e a inveja é a mãe de todas as discórdias.

    Porque, senhor Stallman, porque o senhor não pode respeitar quem faz software proprietário?

    Henrique Lechner (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 9:52 am

    creio que seja um dos assuntos muito polêmicos. saindo ou nao o gnome nao chega ao fim,quem sabe trocara de nome ou de liderança mas nao seu fim. apesar de dr. stallman ser um conservador ao extremo e ter suas atitudes problemáticas de um lado ele estava de bom agrado: fazia de tudo para impedir o mono no projeto gnome.
    por outro lado podemos ter mais liberdade ao projeto a seguir ja que o GNU colocava muitas restrições em que muitas pessoas recusavam-se ajudar. afinal a principal rixa do linus e o fato do pensamento da GNU sobre como criar o gnome.

    mesmo que saia do projeto muitos desenvolvedores irão junto. como pode ser lido nesta mesma reportagem. sobre o fato de ser mais provável o uso do mono no gnome,não será assim como muitos irão colocar. pois afinal no projeto existem vários que odeiam a idéia do mono.

    só vou esperar mais um pouco e ver o desfexo desta história. pois dos dois lados dessa história tem seu lado bom. veremos qual lado será o escolhido

    VinIPSmaker (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:00 am

    Para mim o melhor sistema operacional é o GNU Emacs!
    Brincadeira, mas Stallman também já contribuiu bastante com o software livre, com o gnu gdb, o gcc, o gnu emacs,a fsf, etc.

    O problema é, parece, que ele ainda não percebeu o potencial do modelo de desenvolvimento criado por Linus Torvards. De qualquer forma, não gosto das contribuições de Icaza.

    André Caldas (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:17 am

    [...] ele ainda não percebeu o potencial do modelo de desenvolvimento criado por Linus Torvards.

    Acho que muita gente atribui ao Linus coisas que não são mérito seu. Linus não criou nenhum modelo de desenvolvimento. O que ele fez foi aplicar modelos no gerenciamento do kernel.

    André Caldas.

    Daniel Garcia Romero (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:20 am

    “Porque, senhor Stallman, porque o senhor não pode respeitar quem faz software proprietário?”

    Por que não respeitam a liberdade do consumidor, enchem o software de DRM, spyware (Sony, estou olhando pra você), EULAS abusivas com cláusulas muitas vezes ilegais, formatos proprietários sem padrão que predem o documento escrito à um software específico? Quer mais exemplos?

    André Caldas (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:23 am

    Toda vez que o Stallman discorda de algo as pessoas tentam colocar como se fosse censura!! São uns bobocas!

    É bem ridículo que a matéria traga um link para o posicionamento da tal Stormy Peters quando o principal, que é o posicionamento do Stallman (que está sendo questionado) não é mencionado. É ridícula a maneira como o Br-Linux é parcial neste caso.

    Quanto ao posicionamento do Stallman, pra quem quiser saber dos fatos:
    http://mail.gnome.org/archives/foundation-list/2009-December/thread.html#00040

    Não vejo problema algum. Assim como a Wikipedia não gosta de contribuições que fazem propaganda, um projeto GNU não deve ser usado para fazer propaganda de produtos proprietários. O camarada tem TODA A LIBERDADE pra fazer a propaganda dele onde achar que deve… desde que fora do contexto do projeto GNU!!

    A única coisa que o Stallman fez foi apontar COM ARGUMENTOS que um projeto que se diz GNU deve seguir a filosofia GNU. A discussão envolveu umas cinco ou seis pessoas. Metade contra e metade a favor do Stallman.

    Os argumentos contra o Stallman foram todos do estilo “open source”: o importante é funcionar. Ou então, “vai ser uma catástrofe, vamos ter que censurar todo mundo”. Não identifiquei um argumento sequer com conteúdo. (bom, eu não li tudo…)

    Pra mim parece mais um golpe. A parte menos interessada no free e mais interessada no open vai se aproveitar da confusão pra se desligar do censor, ditador comunista e nazista.

    André Caldas.

    Harry (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:24 am

    Respeitar quem faz software proprietário? Eu também não respeito mesmo.

    O meu respeito por uma pessoa se mede pelo que ela fez pelo benefício de todos, não para seu benefício próprio ou para o benefício de uma empresa.

    Vou mostrar esta para meus amigos que usam GNOME apenas por ser um “projeto oficial da GNU” :P

    E tem uma hora que estoura mesmo. Quem entra na internet só pra falar de software livre Mr. Stallman

    suhanko (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:45 am

    Pronto. A semente maldita brotou e começou a gerar discórdia (leia-se .net).

    Vidente Digital (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 10:49 am

    Eu sou a favor das idéias do Stallman, mas respeito quem é contra. Por isso venho aqui falar mais uma vez, que acho completamente errado da parte de vocês bloquearem comentários que “não os agradem”, como o do @Livio Ribeiro

    o preconceito é o pai e a inveja é a mãe de todas as discórdias.
    Porque, senhor Stallman, porque o senhor não pode respeitar quem faz software proprietário?

    Sou completamente contra essa idéia acima, mas temos que respeitar os comentários dos outros leitores. Se não os respeitarmos, estaremos cometendo o maior de todos os erros em uma “discussão saudável”. E com isso, perdendo todo o crédito.

    Por que vocês simplesmente não responderam para o Livio? Algo como:
    @Livio Ribeiro

    Estamos no mundo do Software Livre, justamente porque o Software Livre é uma resposta ao software proprietário, pois ninguém aqui concorda com suas ações e políticas.

    ou algo do tipo!

    Resumindo: parem com essa infantilidade e respeitem os comentários dos usuários. Mesmo que esses comentários sejam completamente contra o que vocês acreditem.

    Kurt Kraut, eu não acho que a reclamação do Stallman seja bem censura. Na minha visão, é mais próximo de uma mordaça seletiva. Ele não quer ir lá e avaliar cada post, ele quer que o próprio site “faça o mínimo” que na minha visão é não mencionar que seus integrantes trabalham em mais áreas de software que não necessariamente são livres.

    André, o meu post já inicia com a recomendação de que o público leia a descrição completa do OSNews – lá tem todos os links. Não publiquei os demais, exceto o da Stormy Peters, porque gostei especialmente do dela, que trata de outro episódio de mordaça que ela recebeu anteriormente, e de como se submeteu a ele.

    O BR-Linux é mais do que parcial: o BR-Linux tem opinião. Não espere uma cobertura neutra vinda daqui, não sou jornalista, e o meu blog é bastante editorial.

    Na minha opinião, trata-se de um problema de limites. Você descreve como se as pessoas, ao publicarem em seus blogs pessoais ligados ao Planet GNOME, sobre as suas atividades profissionais, estariam “fazendo propaganda” dos produtos em que elas trabalham. O Dr. Stallman chama isso de “dar legitimidade” a estes produtos. As pessoas que defenderam a liberdade editorial do Planeta chamaram de “escrever sobre seu trabalho”.

    Eu concordo que um projeto integrante do GNU deve seguir as orientações do GNU, e é por isso que acredito que quando esta orientação é trazida de uma forma que o projeto discorde, a porta da rua é, mesmo, serventia da casa – e para mim, as principais saídas legítimas no caso são:

    a) Projeto GNU esclarece sua orientação, e será algo aceitável para o GNOME, que permanecerá
    b) Projeto GNU mantém orientação na forma atual e GNOME continua a rejeitar
    b.1) GNOME sai do projeto GNU, por discordar da mordaça
    b.2) GNOME ignora a orientação por considerá-la ilegítima, e o GNU “desfilia” o projeto

    Elas não são igualmente prováveis, na minha opinião. Alguns têm mais chance do que os outros.

    eu (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:00 am

    Icaza e a Novel a muito vem para derrubar a filosofia em detrimento a um modelo de negócio. Não se pode separar os dois. Pois a visão de sucesso a longo prazo só acontece com associação direta. Vida longa ao doido do RMS que apesar de doido é um fantástico general.

    boi (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:02 am

    E com tudo isso, ponto pro tio Bill com seu windows 7 estourando no mundo inteiro… O linux só tem a perder com esse tipo de coisa.

    Kolke (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:02 am

    Respeitar quem faz software proprietário? Eu também não respeito mesmo.

    O meu respeito por uma pessoa se mede pelo que ela fez pelo benefício de todos, não para seu benefício próprio ou para o benefício de uma empresa.

    Que comentário infeliz! Basicamente você não respeita ninguém que trabalhe para sobreviver!
    Você deve ser um daqueles revoltadinhos sustentado pela família que tem tudo que quer!

    Jose Roberto Kerne (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:03 am

    Olá pessoal. Realmente me intristesse este tipo de situação, pois ninguem ganha absolutamente nada com isso e ainda traz discussões infindáveis, perde-se tempo que poderia estar sendo bem utilizado na construção daquele “recurso bacana” ou mesmo na correção “daquele bug imporatante”.
    Trabalho com GNU/Linux desde 1998 e desde então pude notar que o problema da comunidade sempre foi o mesmo “ser extremista”. Não aceitar a idéia de que software livre é mais uma alternativa e não a “solução para todos os problemas” sempre foi o que levou muitas pessoas a extremos tanto de defender quanto odiar o GNU/Linux.
    Não acredito que seja culpa apenas do Dr. Stallmar, ou do Miguel ou de qualquer outro mas sim uma mentalidade conjunta e cada qual em seu julgamento acabe por defender “o seu filho” com unhas e dentes, esquecendo o principal princípio do software livre: A liberdade de escolha.
    Claro que muitos aqui, assim como eu preferem utilizar um desktop em Linux, utilizar Openoffice, etc etc etc… mas a levar isto como a verdade absoluta e obrigar as pessoas que nos cercam a fazer o mesmo passa a ser um absurdo. Quanto mais absurdo é o fato de ainda tentar-se restringir o acesso ou mesmo os comentários relacionados a software proprietário, que diga-se de passagem sempre existiu e sempre existirá e é bom para ambos os lados.
    Discutir sobre “O mono não é bom” ou mesmo que “XYZ distribuição” não é livre apenas porque utiliza algum driver proprietário de uma placa de vídeo (que alias, incrementa a usuabilidade do ambiente gráfico entre outras vantagens) apenas por dizer que a distribuição XYZ é totalmente livre (e acaba por pecar em não oferecer tudo o de melhor que o computador do usuário tem a oferecer) beira o absurdo.
    Isto me remete diretamente ao regime de “ditadura” ou “miliar” onde pisar fora da linha pode representar que você será “detido”, ou entre outras palavras, está obrigado a seguir a ideologia de alguem apenas porque esta foi imposta e não realmente traz todas as vantagens nem vai de encontro a real necessidade de todos.
    Software livre como alternativa viável, muitas vezes até melhor (em muitas circunstâncias) sim, divulgação de conhecimento sim, ditaruda e restrição não.
    Espero que um dia possamos deixar de nos preocupar com isso, gastando nosso precioso tempo no que realmente interessa e no que realmente agrega conhecimento e vantagens para todos, deixando de gerar discussões sem sentido em uma comunidade onde “supostamente” todos deveriam defender o mesmo fim e não “tentar doutrinar” ou “impor” um regime.

    João Marcelo (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:04 am

    toda vez que estas confusões se repetem me pergunto se não é tudo apenas software e se as pessoas não deviam se preocupar mais com outras coisas realmente ligadas à felicidade.

    Patola (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:13 am

    Uau, mais gente aqui percebeu o FUD que o Augusto faz contra o Stallman, mesmo quando ele se segurou e desta vez não o chamou ironicamente de “bom doutor” pra não dar muita pinta!

    Está perdendo o talento, Augusto. Sua “novela” (??!) foi sutil o suficiente e sua linguagem de advogado não foi tão “neutra” quanto queria.

    Felizmente outras pessoas aqui sabem diferenciar entre “opinião do Stallman” e “posicionamento oficial da FSF”.

    OBS.: Isso aqui não tem nada a ver entre concordar e discordar da opinião do Stallman (que, a meu ver, parece errada e fora da proposta do Planet Gnome), tem mais a ver com a maciça campanha feita por este blog para desmoralizá-lo e pintá-lo como um louco radical com idéias lunáticas.

    Harry (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:13 am

    @Kolke

    Respeito é algo que se nutre por algo que se considera grandioso ou importante dentre as obras de uma pessoa. O fato de uma pessoa criar coisas em benefício próprio realmente não me parece algo digno de respeito. Todos nós fazemos coisas por nós mesmos o tempo todo. Isso não tem nada de mais.

    É claro, isso não é uma coisa booleana. Não nutrir respeito é diferente de desrespeitar. E também de culpar. Não culpo ninguém por querer buscar seu próprio sustento. É algo que todos devemos fazer.

    Por que eu deveria respeitar o autor de um software proprietário por melhor que fôsse? Por que eu deveria respeitar alguém que descobre a cura para o câncer, não conta para ninguém como fazer e mantém um monopólio de tratamento? Se você o respeitaria, é uma questão pessoal sua, mas para os meus critérios, o sujeito estaria usando seu conhecimento para causar um mal muito grande.

    PS: Inserir em uma discussão suposições infundadas e/ou irrelevantes sobre a vida do interlocutor é o que é desrespeito.

    Dessa vez eu concordo com o Vidente Digital (e é raro). Não vejo razão para moderação negativa do comentário do Livio Ribeiro. Espero que mais gente vote pelo reestabelecimento dele, como eu fiz, e espero que o Vidente tenha feito.

    Mas, diferente do Livio, não tenho expectativa de que o Dr. Stallman passe a “respeitar quem faz software proprietário”. Ele é daquele jeitinho, não mudará. E é direito dele ser aquilo.

    O que cabe é que as pessoas e entidades que discordam se afastem do seu domínio. Pessoalmente sempre achei uma pena quando este tipo de posicionamento (sobre liberdade de escolha do consumidor, sobre liberdade editorial de integrantes do projeto, sobre adesão a campanhas contra determinados produtos) acabou afastando pessoas e entidades do movimento organizado Software Livre, cujo posicionamento central (as “4 liberdades” de software) eu admiro.

    Talvez agora isso vá ocorrer com o GNOME, ou não. Veremos nos próximos capítulos.

    Mas não tenho dúvida de que, à medida em que algumas pessoas discordam a ponto de protestar e sair, sempre haverá um contingente de pessoas que admirará (a ponto de aderir a elas) campanhas como a “bad vista”, os posicionamentos sobre liberdada de escolha do consumidor, sobre a liberdade editorial dos agregadores de integrantes, num ciclo que possivelmente contribuirá não apenas para a frequência e intensidade destes eventos, mas também para a sua relevância.

    Dilmo (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:15 am

    Os dois lados têem a sua razão e como o Stallman não é de ceder é mais fácil o gnome seguir o seu caminho e pronto, nem precisa tanto barulho, nada é para sempre mesmo.

    Patola, a sua opinião eu já conheço, mas me espanta o fato de você não ter visto no texto as 4 referências ao bom doutor, usando esta expressão que na minha opinião comunica bem o nível de admiração que tenho pelos posicionamentos dele ao longo da década corrente. Aproveito para reforçar que é inegável a relevância histórica de Richard Stallman.

    Paulo Brito (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:22 am

    Patola, acredito que a maioria dos leitores seja madura o suficiente para formar a sua própria opinião, e não simplesmente adotar a do editor. A idéia é “informação” e não “formação”. Se há pessoas que fazem uma auto-lavagem cerebral quando lêem uma opinião, essas são as efetivamente perigosas.

    Acho que você não deveria se preocupar com isso.

    Allan Taborda dos Santos (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:23 am

    Do ato 4, pula para o ato 6! E o ato 5?

    Ih, o ato 5 foi amordaçado também!

    Juan (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:27 am

    O fato, é que as pessoas estão com os egos cada vez mais inflados e pouco dispostas a ouvir opiniões divergentes. Na internet é comum ver coisas como “Meu blog” ou “Meu projeto”, além das agressões verbais constantes. O outro é sempre burro, débil mental, etc. e eu um gênio incompreendido. Não me surpreende a desagregação de grupos e a desconfiança mútua entre os que ainda persistem neles.

    GNU Forever (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:37 am

    @Paulo Brito

    Eu discordo, acho que não é a maioria dos leitores que tem discernimento e capacidade de ter sua propria opinião. Na verdade a maioria deriva sua opinião apartir do que é dito no br-linux, aceitando este dito como verdade universal!! poucos sabem que é preciso consultar os fatos e opiniões direto na fonte, e não só a visão do editorial desta. Mas enfim…

    De qualquer modo, para quem quiser ler a thread:
    http://mail.gnome.org/archives/foundation-list/2009-December/thread.html

    Em um dos e-mails da thread alguém chamou a atenção de que a separaração poderia ser uma publicidade *muito negativa* pro Gnome… eu concordei :(

    Eu estou no aguardo de uma separação entre Gnome e GNU, já penso em migrar pro KDE inclusive.

    hedwing bruno (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:48 am

    Fiquei mais confuso com a analogia…

    vxdzero (usuário não registrado) em 15/12/2009 às 11:49 am

    Quem paga o salário do Stallman? Devem pagar bem…
    se ele faz/fala essas bobagens de graça é porque está louco mesmo. Discordo do Augusto sobre a relevância histórica dele, pois o que ele já fez pouca gente lembra, mas hoje nao faz mais nada além de picuinhas, mimimi e flames. E é assim que ele vai ser lembrado. Como o chato/ditador/arrogante/dono da verdade que ele é.

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