Maddog bloga sobre o Unix e o “Linux difícil de usar”
Enviado por Pablo Hess (phessΘlinuxmagazine·com·br):
“Por acaso eu tive alguns minutos livres na noite passada e resolvi entrar no canal IRC da Ohio Linux Fest (OLF) para participa de uma das reuniões de planejamento. Grande erro, pois saí com uma lista de afazeres. Beth Lynn Eicher, sua destemida líder e gerente das tarefas, não permite que ninguém vá sem uma tarefa…
Para quem nunca foi a uma OLF, posso dizer que todo ano o evento parece não ter como ficar ainda melhor, mas eles o melhoram constantemente. Este ano é especial, pois trata-se do 40º aniversário do Unix, e a equipa do OLF foi ao passado e ao presente para trazer um grupo de excelentes palestrantes.”
E maddog também rosna contra quem afirma que “o Linux é difícil de usar”, em Você não odeia quando dizem que o Linux é “difícil de usar”?. Com fotos que comprovam o contrário!” [referência: linuxmagazine.com.br]
Todos afirmam que o Linux é difícil de usar, mas não tem conhecimento profundo sobre o assunto, certamente com estas fotos comprovam o contrário…
http://alessandrotristao.blogspot.com/
Todos afirmam que o Linux é difícil de usar, mas não tem conhecimento profundo sobre o assunto, certamente com estas fotos comprovam o contrário…
Como eu já disse no meu blog: Linux é difícil de usar para quem não está interessado em aprender.
Depende muito…depende de quem usa, de qual distro se escolhe, de se querer aprender mesmo ou não…
Linux não é difícil, informática no geral é que é.
Por isso também não critico quem não tem paciência para aprender Linux, do mesmo jeito que eu não tenho paciência para entender várias coisas de outras áreas. Afinal cada pessoa têm suas prioridades de aprendizado em sua área.
No caso as pessoas tendem a usar o Windows por que conviveram com ele a vida toda, e é exatamente esse tempo grande que eles demoraram para aprender o Windows que os afastam de aprender o Linux. Uma adoção em massa do Linux só vai ocorrer quando os usuários verem uma vantagem real do uso do Linux em suas atividades normais.
Além disso, o que significa “saber usar” Windows ? Saber dar boot em algum windows da linha doméstica e usar notepad, paint, paciência, IE, Outlook Express e os pouquíssimos programas restantes que acompanham o windows ?
Se for isso, é extremamente injusto comparar um um desktop linux típico com centenas de programas feitos por diferentes programadores.
Usuário leigo de verdade também não sabe instalar nem configurar windows e demais programas. A maioria não sabe sequer que é preciso manter o sistema e o antivírus atualizados ! Quem já consegue reinstalar o windows e todos os drivers dos periféricos correta e completamente (sem deixar aquelas interrogações na lista de hardware), já é no mínimo “micreiro” e só não usa linux porque não quer.
Manoel, um desktop linux típico é formado de aplicações feitos por diferentes programadores e projetos, então acho a comparação justa, sim.
já é no mínimo “micreiro” e só não usa linux porque não quer.
Isso mesmo, a questão é: quanto tempo ele levou para aprender isso, e que motivação ele tem pra despender tempo de reaprender tudo isso no Linux (considerando que no Windows ele já faz tudo que quer)?
Essa estória de “Linux difícil de usar” eu já comprovei na prática. Minha mãe tem 60 anos, é do tempo das máquinas de escrever (ganhou de presente ao formar-se em Letras em 1972 uma máquina Olivetti do meu avô) e usa Xubuntu faz aproximadamente 2 anos. Ela não instala nada, nem atualiza os programas (eu mesmo faço, via ssh). Larguei ela pilotando sozinha e às vezes explico alguma coisa quando ela não entende. Normalmente eu vejo ela navegando com o Firefox ou com o Google Earth, vendo fotos no “Panoramio”, clips no Youtube e outras coisas que são de se esperar de uma pessoa sexagenária e aposentada.
Para quem passou 25 anos usando apenas livros e mimeógrafos, até que ela se deu muito bem com o tal de computador. :)
Detalhe: ela não tem parâmetro, pois nunca usou Windows ou MacOS.
Sobre haver motivos para se mudar para o Linux, eu normalmente cito apenas um: não pega vírus, e se pegar, afeta apenas o usuário e não o sistema como um todo (exceção aos “Linspire” da vida que rodavam tudo como root, o que é uma estupidez sem medida).
Hoje a maioria dos computadores que vem com Windows possuem CD de recuperação já com todos os drivers pré-configurados. Qualquer leigo consegue intalar. “Ah, mas se ele usar um CD normal, nao vai dar conta!”. Não importa pra ele, já que se um dia por ventura precisar, vai num técnico.
A maior dificuldade do Linux pro usuário nem é mais o SO, são os aplicativos que o usuário está familiarizado e a instalação dos novos programas.
Interface gráfica do Linux não deve nada há muitos anos e drivers ela já possui a maioria que o usuário comum vai se deparar.
Bremm, eu conheci uma história semelhante. Um amigo que é fera de Linux mantém um computador com dual boot. Meu amigo diz que só mantém ainda uma partição Windows porque sei pai é contador e já está muito acostumado com a suíte MS-Office.
Mas a sobrinha dele, de 8 anos, só usa Linux. Se por acaso a máquina entra no Windows, ela já estranha e acha difícil.
Minha mãe também só sabe usar o Ubuntu e não tem o menor problema com isso, e se um dia tiver que usar o Janelas vai estranhar bastante, mas provavelmente conseguirá se virar. E meu sobrinho de 7 anos também até hoje só foi “criado” no Linux e não tem nenhuma dificuldade com isso, assim como os pais dele que são totalmente leigos.
É difícil analisar toda essa história de apenas um ponto de vista. Existem casos e casos como se pode ver acima. Pro cara que só faz ligar o micro e abrir o navegador, um editor de texto e um aplicativo de comunicação instantânea, realmente é puro preconceito. Até a instalação de novos programas melhorou muito no Linux. Mas tem aquele intermediário, que gosta de ficar fuçando apenas para satisfazer a curiosidade. Seu foco não é se tornar um profissional da área (até porque sua profissão é outra e isso tem que ser respeitado), mas ele gosta de ter um domínio maior sobre a máquina. É apenas um hobby, algo que todos têm o diretiro de ter. Se o cara vai ferrar a máquina dele toda, o problema é dele, certo? Mas, no Linux, ele vai enfrentar instruções na linha de comando inúmeras vezes mais que no Windows. E isso dá mais insegurança de estar fazendo algo errado, então ele acaba desistindo no meio do caminho. Aí, o sistema operacional não fica customizado, daquele jeito que ele gostaria. Não adianta… o cara quer tudo visual e bem explicadinho. Vai ser difícil convencê-lo do contrário. Eu não sou profissional da área, mas Windows só tem no meu computador para jogar Winning Eleven. Já tentei Cedega e o caramba, mas não consigo. De resto, só uso Linux. Mas faço um grande esforço para ter um domínio do Linux que não chega a 60% do que tenho de Windows. Se tenho, pelo menos eu não “sinto” isso. O Linux me deixa mais às cegas sem saber exatamente onde estou pisando. Talvez as considerações de um usuário comum ajudem a todos a compreender melhor o que acontece com os usuários de um modo geral.
@Marcelo Andrade e Webmarlin
Essa história eu creio que é interessante comentar. Eu não me considero um grande conhecedor do Linux (apesar de ter começado a usá-lo em 1995, na época o recém-lançado Slack 3.0 distribuído pela Walnut Creek com o Red Hat). E tenho um amigo, que é médico (clínico geral) e micreiro nas horas vagas. Eu não tenho como medir o conhecimento dele, mas para um homem com mais de 60 anos e que tem informática como hobby, acredito que ele esteja num patamar elevado — a curiosidade faz o pesquisador.
Deixando a conversa fiada de lado, esses dias ele estava batendo cabeça para fazer um pendrive inicializável com sistema operacional. Eu indiquei o BartPE e uns tutoriais, mas como minha praia não é o “Fenêtres”, não me envolvi com o assunto. Dias depois ele veio um pouco chateado, dizendo que não tinha conseguido fazer funcionar, e me perguntou se eu podia tentar, mas fazendo com o [ponha-sua distro-preferida-aqui] e eu disse “SIM!”.
Todo empolgado, fui à casa dele, peguei um pendrive de 2GB e segui um tutorial para o Ubuntu onde eu tinha que criar duas partições, uma fat32 com cerca de 700MiB (para acomodar os arquivos do CD) e o resto como ext2, para uso “persistent” (nem sabia que isso era possível, e depois vi que ext2 não era uma boa escolha, existem sistemas de arquivos próprios para flashrom).
OK, tudo feito conforme o tutorial, e nada do maldito pendrive inicializar. Abri o Ubuntu de novo, fui no cfdisk e marquei a partição vfat como inicializável. VOI-LÀ! Tudo nos conformes. Serviço terminado, pus a viola no saco e fui para casa.
Eis que subitamente recebo uma ligação na mesma noite; o Dr. Milton feliz da vida me dizendo: “Guri, tu és um gênio! Mas depois que fostes embora, descobri que tem um ícone no meu Ubuntu que faz todo o serviço sozinho! He-he-he-he!”
Moral da história: jamais subestime um usuário com capacidade de aprendizagem, mesmo ele sendo sexagenário. :-)