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Qual a receita do sucesso de popularidade da GPL?

“Publiquei este post no meu blog mas não tive qualquer resposta. Então, venho até o BR-Linux em busca de uma Boa Discussão(TM).

Acho um pouco estranho um software GPL como o (kernel) Linux ter alcançado a ampla difusão mais rápido do que seus equivalentes licenciados sob a licença BSD.

O que me leva a esse pensamento é que a BSD parece muito mais viável comercialmente do que a GPL. Na GPL, a obrigatoriedade do retorno do código alterado à comunidade é ótima para a comunidade, claro. Porém, para empresas que desejem usar esse código em seus produtos, acrescentando a ele algumas alterações, essa obrigação pelo menos parece um problema.

No início da popularização do Software Livre, a GPL era chamada de “câncer” justamente por isso: ela “contaminava” os softwares desenvolvidos a partir de outros que a adotassem, obrigando o fabricante a retornar à comunidade trechos que ele não desejava. Então, a adoção do Software Livre como base para o desenvolvimento seguiu a lenta percepção das empresas de que colaborar é melhor do que reinventar a roda.

Com código BSD, essa percepção de que colaborar é melhor do que reinventar a roda poderia surgir mais gradativamente. Com uma base de código de alta qualidade liberada sob a BSD para todas as empresas, todas poderiam tomá-lo para si e desenvolver sobre ele, sem retornar nada a princípio. Porém, certamente algumas perceberiam as vantagens de retornar à comunidade pelo menos alguns trechos.

Com uma barreira de entrada reduzida, mais empresas usariam código aberto (BSD, no caso). Assim, existiria o argumento de que “quase todo mundo usa nosso software”, o que, por sua vez, creio que facilitaria na hora de convencer as empresas usuárias e desenvolvedoras de que o código aberto tem boa qualidade e portanto vale a pena todos compartilharem seus desenvolvimentos com o restante da comunidade.

É claro que eu sei que isso não aconteceu, e que houve motivos. Só não sei exatamente quais foram esses motivos. Sugestões?”

Enviado por Pablo Nehab Hess (pablonhessΘgmail·com) – referência (mmulpp.blogspot.com).


• Publicado por Augusto Campos em 2008-06-11

Comentários dos leitores

Os comentários são responsabilidade de seus autores, e não são analisados ou aprovados pelo BR-Linux. Leia os Termos de uso do BR-Linux.

    Thomas Fortes (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 8:36 am

    Cara, não sei se você estudou a história dos BSDs e a do linux, mas o BSD teve uma boa desvantagem porque ficou agarrado a processos legais com a bell labs por uma acusação de uso indevido de código…

    Só foi possivel liberar o BSD e seus “filhos” ao público depois que ficou provado que não existia mais código de nenhuma outra empresa dentro dele.

    Enquanto isso o Linux já tinha arrebanhado uma boa parcela de desenvolvedores.
    Esse com certeza não é o unico motivo do linux ter alavancado mais rápido que os BSDs, mas com certeza é um deles.

    ricnishimura (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 8:44 am

    Se você considerar que boa base dos sistemas Mac Os e Windows tem código BSD, não dá para dizer que a licença BSD é um fracasso, mas como ela dá liberdade, as empresas que o utilizam como base não dão muito crédito a este código open source.

    É, mas se esquecem que a BSD obriga que seja dado os créditos aos desenvolvedores originais. Coisa que a maioria das empresas que usam código licenciado sob a BSD não o fazem. Como sempre quem faz código sob BSD ou sob GPL nunca será reconhecido por seu trabalho.

    Daniel Fonseca ALves (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 9:00 am

    Eu ainda acho a BSD boa para empresas mas que não tem capacidade de criar uma proteção para a comunidade usufruir do software modificado.

    E veja bem, muitas empresas investem em software livre GPL porque sabem que este software não será apropriado em produtos proprietários de concorrentes.

    Marcos (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 9:40 am

    Da minha visão eu sempre vi que a GPL é muito mais viável comercialmente do que a BSD. E não só pelo Linux, mas vários outros projetos e grandes empresas preferem liberar seus códigos sob a GPL.

    Acredito que um fator importante é que a GPL protege o desenvolvedor que licencia seu código muito mais que a BSD. Isso porque se eu coloco meu código sobre GPL eu tenho garantia de que não vou ter que pagar depois pelo meu próprio código caso alguém coloque alguma coisa nele e me venda ele de novo. Também evito concorrência desleal como aconteceu com o sistema operacional BSD, que foi incorporado no Windows e no Mac. Se a sun libera-se o Solaris sob licença BSD seu código seria prontamente colocado no concorrente. O mesmo se diria da IBM e outras colaboradoras.

    Note que os desenvolvedores que já estavam no Linux quando o problema legal do BSD acabou eram tão poucos que isso não interfere, principalmente porque quem colabora com o Linux são grandes empresas e não desenvolvedores individuais. As empresas preferem GPL, o que comprova que a GPL é mais viável comercialmente.

    Fábio Capela (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 9:41 am

    Da maneira como eu enxergo isso, uma licença BSD afugenta muitos desenvolvedores voluntários; eu com certeza não gostaria que uma empresa fizesse um produto fechado em cima do meu trabalho sem dar nada de volta à comunidade.

    Acredito que ela também retarde a velocidade de desenvolvimento do “tronco” principal do código exatamente pelo fato das modificações não precisarem ser liberadas para a comunidade. Em uma empresa que tenha em sua mentalidade a idéia de software proprietário fica difícil justificar esse retorno do código se ele não é obrigatório; além de estar revelando algo que muitos administradores ainda consideram informações valiosas e confidenciais, uma empresa concorrente poderia pegar esse código liberado, acrescentar mais recursos e ter um produto melhor sem devolver nada para a empresa que liberou o código originalmente.

    Além disso, em muitos casos código BSD pode ser absorvido em projetos GPL sem problemas, enquanto que o caminho oposto é em geral impossível.

    Somando esses fatores acredito que a velocidade de desenvolvimento original de software baseado em BSD seja muito menor do que a de um software GPL que tenha sucesso em formar uma comunidade.

    A obrigatoriedade de retorno do código presente na licença GPL é uma garantia de que todos vão ter as mesmas chances. No contexto empresarial, em especial, acredito que seja bem mais fácil convencer uma empresa a usar código GPL do que a liberar as modificações feitas em código BSD; no caso do GPL ela tem a garantia de que mesmo que uma concorrente seja beneficiada pelo código liberado, ela obrigatoriamente vai ter que devolver quaisquer melhorias que fizer ao código.

    Uma análise já feita por alguns autores é que essa obrigatoriedade do retorno do código GPL serve até para desburocratizar esforços de colaboração entre concorrentes. Como a colaboração faz parte das obrigações mínimas para se usar o código, ela deixa de ser regulada pela direção da empresa e pode ser conduzida diretamente pelos programadores. Também não há a necessidade de se analisar o que vale a pena devolver para a comunidade e o que deve ser mantido fechado, uma vez que a licença determina que tudo seja devolvido para a comunidade.

    A licença BSD também me parece estimular bem mais que a GPL o surgimento de forks (por definição, qualquer versão comercial com modificações é um fork), o que reduz a vantagem que as comunidades trazem ao software aberto (a comunidade que se forma em torno do “tronco” tem menos condições de ajudar quem usa um fork).

    Será que só eu que acho que não é a licença de um software que define se é bom ou não?

    Ora, acredito que a GPL tenha ficado tão famosa por influência do Linux. Ops, do GNU, quer dizer.

    O movimento GNU é muito mais difundido que o movimento BSD, não importando aqui quem surgiu primeiro. Assim é meio que óbvio que a GPL seja mais utilizada, já que quase todos os softwares disponíveis numa distribuição GNU/Linux são GPL. Produzir um software para rodar no Linux se tornou quase sinônimo de software GPL. Claro que estes softwares não são PARA Linux, mas a idéia é mais ou menos a mesma.
    Me parece que o descontentamento do autor não é o fato de a GPL ter feito sucesso, mas de a licença BSD não ter sito bem sucedida quanto a primeira.
    O maior problema é que hoje em dia nos sistemas operacionais livres modernos temos tanto softwares GPLs quanto BSDs, quanto MIT, quanto Apache, quanto MPL…
    Dependendo da sua concepção de liberdade, pode dizer que BSD é mais livre que GPL, ou ao contrário.

    Joao Avelino (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 10:30 am

    Na verdade, quando o Linux surgiu o BSD era bem mais conhecido que a GPL. A popularização do Linux é que levou a licença GPL (e o GNU) a popularização que tem hoje.
    Se encararmos liberdade como um absoluto, a licença BSD é a mais livre. Mas se encararmos a liberdade como um direito, o que nos leva a considearmos o conceito de obrigação, então a GPL é a mais livre, pois define o direito a as obrigações consequentes dele.

    Cid R Andrade (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 10:41 am

    Meu caro, o que você vê como benefício é o problema que impede o BSD de crescer como o GPL. Se eu desenvolvo algo para um programa com licença BSD, sei que um dia a Microsoft pode pegar esse trabalho e vender, sem que eu ganhe nem dinheiro e nem notoriedade com isso. Se desenvolvo algo para GPL, até o fim dos tempos posso ser reconhecido por isso. Essa é a diferença!

    O principal motivo, como o Thomas disse, foram os problemas legais com a AT&T. Todo mundo que viveu a época sabe disso, e conta disso.

    O 4.4BSD continha realmente algum código da AT&T, mas PARECE que todo mundo pensava que podia usar, até que veio a AT&T e entrou com um processo. (Nesse aspecto de ficar pensando o tempo todo em possíveis problemas legais parece que o povo da GNU ganhava vantagem…)

    Então fizeram o 4.4BSD-Lite (lembrando que este ainda não rodava em arquitetura 386), que não continha código da AT&T, mas o que me contam é que ele ficou muito problemático e tinha deixado de funcionar corretamente. Junto a todo esse episódio, surgiram projetos como o 386BSD e o NetBSD [1], derivados dos BSD-Lite. Depois o 386BSD se bifurcou, com parte do projeto se unindo ao NetBSD, e a outra parte dando origem ao FreeBSD.

    Todo esse processo de transição do código de Berkley para as comunidades de desenvolvedores independentes, e limpeza do código da AT&T, demorou bastante tempo, dando tempo para o Linux se desenvolver e se tornar um real competidor.

    Eu li uma entrevista do Linus na qual ele dizia que se o BSD não tivesse esses problemas legais na época, ele nem teria começado a escrever o Linux. Infelizmente, não tenho a referência em mãos. Se alguém encontrar, por favor comente aqui.

    Além disso, eu tenho certeza que li em algum lugar (provavelmente na Slashdot) que as brigas internas no NetBSD por volta de 1994 (que levaram depois à saída de Theo de Raadt) dificultaram a montagem de estratégias de marketing para o sistema, dando espaço ao Slackware,

    [1] http://www.levenez.com/unix/history.html#01

    Elias (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 10:50 am

    Análise perfeita, Fabio!

    Eu acrescentaria que a GPL fica mais fraca quanto maior for a proliferação de outras licenças copyleft. Em geral duas licenças copyleft não são compatíveis e fragmentam a comunidade. Porém, a GPL ganhou um momentum enorme por ser utilizada por projetos-chave como os softwares do projeto gnu e o linux. Se a GPL estivesse convivendo com outras licenças tão presentes como ela, acho que talvez ela não sobrevevivesse por muito tempo.

    E, enfim, respondendo a pergunta: o segredo do sucesso é, além do que o fabio disse, a utilização dela em projetos-chave que todo mundo precisa:)

    Pablo Nehab Hess (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 10:51 am

    Da maneira como eu enxergo isso, uma licença BSD afugenta muitos desenvolvedores voluntários; eu com certeza não gostaria que uma empresa fizesse um produto fechado em cima do meu trabalho sem dar nada de volta à comunidade.

    Mas hoje os negócios sobre software livre consistem justamente em criar produtos e serviços associados a código GPL. Por isso, só entendi o ponto depois da sua colocação:

    essa obrigatoriedade do retorno do código GPL serve até para desburocratizar esforços de colaboração entre concorrentes. Como a colaboração faz parte das obrigações mínimas para se usar o código, ela deixa de ser regulada pela direção da empresa e pode ser conduzida diretamente pelos programadores.
    (…)
    no caso do GPL ela tem a garantia de que mesmo que uma concorrente seja beneficiada pelo código liberado, ela obrigatoriamente vai ter que devolver quaisquer melhorias que fizer ao código.

    Mas eu desconfio que a seguinte colocação não seja verdadeira:

    Além disso, em muitos casos código BSD pode ser absorvido em projetos GPL sem problemas

    Acontece que softwares BSD, quando são compartilhados, precisam usar a licença BSD, se não me engano. Então, simplesmente pegar software BSD e relicenciá-lo sob a GPL não é permitido (sem contar que é imoral), apesar daquela palhaçada com o driver ath5k (em que os desenvolvedores GPL compreenderam a questão e voltaram atrás).

    Bom, muito obrigado a todos pela Boa Discussão(TM). ;)

    O principal motivo, como o Thomas disse, foram os problemas legais com a AT&T. Todo mundo que viveu a época sabe disso, e conta disso.

    O 4.4BSD continha realmente algum código da AT&T, mas PARECE que todo mundo pensava que podia usar, até que veio a AT&T e entrou com um processo. (Nesse aspecto de ficar pensando o tempo todo em possíveis problemas legais parece que o povo da GNU ganhava vantagem…)

    Então fizeram o 4.4BSD-Lite (lembrando que este ainda não rodava em arquitetura 386), que não continha código da AT&T, mas o que me contam é que ele ficou muito problemático e tinha deixado de funcionar corretamente. Junto a todo esse episódio, surgiram projetos como o 386BSD e o NetBSD [1], derivados dos BSD-Lite. Depois o 386BSD se bifurcou, com parte do projeto se unindo ao NetBSD, e a outra parte dando origem ao FreeBSD.

    Todo esse processo de transição do código de Berkley para as comunidades de desenvolvedores independentes, e limpeza do código da AT&T, demorou bastante tempo, dando tempo para o Linux se desenvolver e se tornar um real competidor.

    Eu li uma entrevista do Linus na qual ele dizia que se o BSD não tivesse esses problemas legais na época, ele nem teria começado a escrever o Linux. Infelizmente, não tenho a referência em mãos. Se alguém encontrar, por favor comente aqui.

    Além disso, eu tenho certeza que li em algum lugar (provavelmente na Slashdot) que as brigas internas no NetBSD por volta de 1994 (que levaram depois à saída de Theo de Raadt) dificultaram a montagem de estratégias de marketing para o sistema, dando espaço ao Slackware, distribuía CDs a baixo custo por correio. Li em algum lugar que um dos fundadores do NetBSD disse que pretendia fazer um esquema de venda de CDs a baixo custo do NetBSD semelhante ao do Slackware, mas que os planos foram atrapalhados pelo Theo de Raadt, mas ele não explicava o porquê ele teria atrapalhado. Ele lamentava em uma entrevista dizendo que o NetBSD tinha um sistema de pacotes já bastante avançado, era mais fácil de administrar que o Slackware, e diz que teria maior aceitação pelos usuários.

    Enfim, o que eu quero dizer com tudo isso é que a história do BSD foi bem mais conturbada por problemas e conflitos internos do que pela licença em si.

    Eu não vejo nenhum argumento de quem diz que software GPL se desenvolve mais porque software BSD é modificado por empresas que não devolvem as contribuições.

    O único caso que conheço no qual isso chega perto de ter acontecido foi o da Wasabi. A Wasabi, entretanto, parece sempre devolver doações e algumas modificações de código para o projeto NetBSD, e é uma empresa considerada bastante amigável pelo projeto.

    Claro, existem casos isolados, com sistemas menos utilizados, como o ClosedBSD, mas não vejo isso trazendo nenhuma diferença de avanço com relação a sistemas GPL.

    Empresas como a Microsoft, que são sempre citadas, provavelmente só pegaram o código e não implantaram nenhuma melhoria, e qualquer modificação que a Microsoft tenha realizado realmente não deve interessar aos projetos.

    A Apple, que usou BASTANTE código do FreeBSD na base de seu sistema MacOS X (praticamente toda userland da camada UNIX é FreeBSD – não confunda, o kernel é quase exclusivamente Mach) LIBERAM o código de seus produtos. Veja o Darwin, que tem seu código fonte liberado até hoje no site da Apple, e é um sistema completo e usável.

    Ele só não vem com as soluções gráficas da Apple, que de qualquer forma são componentes SEPARADOS e não são diretamente ligados ao kernel ou sistema-base. Ou seja, se o kernel fosse Linux por exemplo, não faria diferença alguma de licenciamento. Não precisariam liberar esses componentes mesmo que o kernel fosse GPL.

    Algo meio fora do tópico, mas interessante, a respeito do Darwin é que ele vem até com o IOKit, que é um framework de drivers transparente da Apple. O servidor X para Darwin, por exemplo, roda em cima do IOKit. O IOKit se responsabiliza por toda a detecção de hardware, e utiliza os mesmos drivers do MacOS X. Quer dizer – um sistema livre de desktop baseado em Darwin seria algo bastante interessante!

    [1] http://www.levenez.com/unix/history.html#01

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 11:11 am

    Embora o freebsd tenha sofrido alguns problemas no começo,ele deveria ser tão famoso quanto o GNU/Linux. O problema é que a equipe dos BSDs não se preocupam com a área do usuário.

    Por isso ele é impopular.

    Estranho, o começo do meu comentário acima saiu repetido, acho que cliquei sem querer no “Enviar comentário” antes de terminar. Por favor, podem moderar negativamente meu primeiro comentário, que ficou apenas com o início do texto.

    Gostaria de lembrar que os sistemas BSD não são um fracasso, e são realmente um sucesso quando se fala de servidores. Claro, o Linux tem um sucesso bem grande, e merecido, quanto o assunto é Desktop, já que tem muita gente trabalhando para tornar o Linux um bom desktop.

    Bom, saindo um pouco dessa discussão de sistemas operacionais, gostaria de lembrar também que existem softwares que são realmente um sucesso e são licenciados sob BSD, como o OpenSSH e o lighttpd.

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 11:34 am

    Eu sei,mas deveria existir um BSD dedicado a área de desktop.Mas não todos eles pensam em ajudar as empresas.

    Os desenvolvedores dos BSDs são muito alienados.

    Por isso o software livre não vai pra frente.

    self_liar, quando escrevi meu comentário, não tinha lido o seu ainda. Não estava respondendo ao que você disse, apenas completando o anterior.

    Eu sou mais ligado à comunidade do NetBSD, portanto vou falar mais do NetBSD em si. Pelo que vejo lá, posso te dizer que ele se desenvolve lentamente no desktop por falta de desenvolvedores mesmo. Não vejo a existência de uma alienação quanto a isso.

    Apesar disso, pessoas dedicadas como o jmcneill metem a cara no código e conseguem avanços relativamente grandes a cada release. O trabalho desses caras é realmente exemplar, e apesar disso, eles são bastante amigáveis e estão sempre dipostos a uma conversa no IRC ou a discutir idéias nas mailing lists. Outra pessoa que admiro muito é o zulzul, que trabalha com código relacionado a redes no NetBSD.

    Essa comunidade pequena mas cativante é o principal motivo para eu usar e buscar contribuir para o projeto.

    Note que eu também uso o Linux e considero o Linux um ótimo sistema.

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:01 pm

    Ah , legal ,bom saber.

    foobob (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:09 pm

    O principal motivo, claro, é que temos um Santo Barbudo de padroeiro. Ele nos protege contra as tentações do Grande Satã do software proprietário.

    Embora muitos hoje em dia tenham perdido a fé no Santo e deixado a vida austera de monges C/Perl que eram vivendo em shells bash para abraçar Desktop Managers Multimidia gráficos cheios de ícones e outras imagens satânicas, além de facilidade de programação com frameworks e linguagens chulas, o fato é que, enquanto houver uma pequena minoria ainda orando emails para o Santo, o mundo está salvo no HD.

    E tenho dito! :D

    Fábio Capela (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:36 pm

    E, enfim, respondendo a pergunta: o segredo do sucesso é, além do que o fabio disse, a utilização dela em projetos-chave que todo mundo precisa:)

    Eu diria que a GPL foi muito mais eficiente em criar comunidades em torno de seus projetos, o que fez com que um maior número de projetos usando a GPL se tornassem essenciais. E grande parte dessa capacidade de formar comunidades eu atribuo ao “espírito” da GPL, que exige que todos os que recebem o software recebam também todas as liberdades que a pessoa que distribuiu tem; eu resumiria a GPL na expressão “É proibido proibir”.

    Acontece que softwares BSD, quando são compartilhados, precisam usar a licença BSD, se não me engano. Então, simplesmente pegar software BSD e relicenciá-lo sob a GPL não é permitido (sem contar que é imoral), apesar daquela palhaçada com o driver ath5k (em que os desenvolvedores GPL compreenderam a questão e voltaram atrás).

    As licenças BSD não exigem que o código seja redistribuido sob a mesma licença. Se fosse assim seria impossível o uso de EULAs em softwares que contem código BSD. As licenças BSD modernas, em geral, exigem apenas que a nota de copyright seja preservada, o que, até onde eu sei, é compatível com a GPL; a própria GPL tem os mesmos requisitos de preservação dos créditos e notas.

    É claro que existem variantes da BSD que tem clausulas incompatíveis com a GPL, mas me parece que essas variantes andam perdendo força, até porque em muitos casos essas clausulas incompatíveis são também incômodas para o uso comercial do projeto.

    Ou seja, um projeto que iniciou em BSD pode em geral migrar para a licença GPL mesmo que essa mudança não seja unanimidade em sua comunidade, mas um projeto iniciado como GPL precisaria da autorização unânime de todos os seus desenvolvedores atuais e passados para virar BSD.
    É claro, nem tudo o que é legal é moral. Copiar parte do código de um projeto sem pedir autorização para sua comunidade é no mínimo uma enorme falta de etiqueta.

    Tenchi (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:40 pm

    self_liar, conhece o PC-BSD? Ele é baseado no FreeBSD e é mais fácil de instalar que o Ubuntu, todo gráfico, além de ser super-leve. Usa o KDE como ambiente e toda a sua configuração é feita por meio do Centro de Controle do KDE, como Instalação de novos pacotes, etc.
    Aliás, ele possui, além do ports e do pkg_add um sistema de pacotes chamado pbi, que contém instaladores semelhantes aos do Windows, no next-next. Muito interessante mesmo.
    Além disso e’compatível com quase tudo que temos no Linux, como compiz (já que roda o X), e todos os ambientes gráficos como fluxbox, windowmaker, GNOME, etc, etc, etc…

    Eu uso ele aqui num duron 800MHz com 128 de RAM e roda como roda um Ubuntu numa máquina com 512MB de RAM. Recomendo mesmo.

    http://www.pbidir.com/

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:43 pm

    Obrigado pela recomendação.

    O freebsd é bom,mas eu acredito que ele deveria ser um forte amigo/concorrente do linux.

    Mas pra falar a verdade pouco se fala dele.

    Não sei se é os desenvolvedores ou falta de costume……

    Sei lá…..

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 1:46 pm

    Ah eu conheço o pc-bsd ,não testei.Se ele for rápido assim então acredito que ele seja bom!

    É claro que existem variantes da BSD que tem clausulas incompatíveis com a GPL, mas me parece que essas variantes andam perdendo força, até porque em muitos casos essas clausulas incompatíveis são também incômodas para o uso comercial do projeto.

    Essas são as licenças BSD de 4 cláusulas. Ela só é incompatível com a GPL porque a quarta cláusula exige que qualquer produto ou projeto que use o código BSD contenha em seu material de propaganda uma frase “Este produto contém código desenvolvido pela Universidade da California em Berkley”, ou semelhante.

    A licença BSD original era essa de 4 cláusulas, mas devido a apelos da FSF e de outros, a Universidade da California cedeu uma licença de 3 cláusulas, excluindo essa cláusula.

    Essa cláusula só é incompatível com a GPL pois a GPL proíbe o uso de código que imponha mais restrições que ela própria. Como a GPL não exige que uma frase dessas seja incluída em material de divulgação, então qualquer licença que faça essa exigência será incompatível com a GPL.

    O motivo é simplesmente esse. E só esse. Pode até parecer besteira, mas tornava as licenças incompatíveis.

    Hoje em dia praticamente todo mundo adota 3 cláusulas ou 2 cláusulas, sendo compatível com a GPL.

    Ou seja, um projeto que iniciou em BSD pode em geral migrar para a licença GPL mesmo que essa mudança não seja unanimidade em sua comunidade, mas um projeto iniciado como GPL precisaria da autorização unânime de todos os seus desenvolvedores atuais e passados para virar BSD.
    É claro, nem tudo o que é legal é moral. Copiar parte do código de um projeto sem pedir autorização para sua comunidade é no mínimo uma enorme falta de etiqueta.

    Isso é um erro comum. Código BSD não pode ser relicenciado.

    Veja, é dito que a licença BSD é compatível com a GPL devido ao fato de que código BSD pode ser MESCLADO com código GPL. Ou seja, um arquivo que possuía licença original BSD pode ser incluído dentro de um projeto que é GPL, como um dos módulos do projeto.

    Entretanto, a licença BSD exige que suas cláusulas e aviso de copyright não sejam retirados do código fonte. Exige que o comentário permaneça intacto lá em cima. Isso garante que o arquivo de código fonte continue contendo a licença BSD e que ele possa ser utilizado sob a licença BSD, caso alguém obtenha acesso a ele.

    Este texto que escrevi há alguns anos justifica um dos porquês de software sob GPL ser mais viável e vantajoso economicamente que não só o software não-Livre, como também o software sob licenças permissivas.
    http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/papers/free-software/BMind.pdf

    cristo (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 4:36 pm

    Rapaz falando por mim como desenvolvedor, nem vejo nenhuma vantagem em fazer um produto licenciado em BSD, pois eu nem quero trabalhar de graça, nem importa se meu nome vai estar lá, como todo ser humano eu também preciso de dinheiro para viver.

    Se for considerar o sistemas BSDs-Like (independente de suas lincenças) eles foram prejudicados por fator histórico, pois se for considerar a licença em si, dar uma forte impressão que está trabalhando de graça, mas a GPL de certa forma dar uma segurança maior pois o código que libero sempre será retornado, o GPLv3 a mesma coisa e o MIT também, mas BSD é para mim sinonimo de cerveja gratis.

    Henrique (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 4:50 pm

    Caras, vocês comentam o fato da Microsoft ou seja lá quem for pegar código do BSD e usar como algo “ruim”. Para pra pensar: se a licença não permitisse pegar o stack TCP/IP e implementar num código fechado, esse protocolo nunca teria sido difundido, e nós estaríamos até hoje com cada sistema usando um protocolo diferente.

    Existem licenças pra cada necessidade. Vocês só pensam em proteger o código. O que MENOS importa é código, isso é commodity. O que custa dinheiro é inovação e integração.

    cristo, licença MIT é praticamente a mesma coisa que a BSD de 2 cláusulas. É bastante permissiva.

    Henrique, falou bem!

    Provavelmente esse é um dos motivos mais fortes para que o KAME e outros projetos da WIDE realizem sempre suas implementações em cima dos BSDs.

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 7:53 pm

    Mas código tem um custo e não gosto de empresas que ao mesmo tempo atacou e ataca o software livre,mas ao mesmo tempo se apreoveita.

    VocÊs sabem de quem estou falando.

    Allan Taborda (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 9:58 pm

    Há uma observação que eu gostaria de fazer no texto do post: na licença GPL, só há a obrigatoriedade de liberar as modificações feitas nos códigos de softwares GPL se, e somente se, o software modificado for redistribuído. Caso o software modificado não seja redistribuído, a licença não obriga o cara que modificou os fontes a disponibilizá-los. O Google faz muito isso.

    E a GPL que se popularizou foia GPLv2, a GPLv3, até o momento, ainda não é considerada popular, mas vai lentamente sendo adotada por projetos livres, como o Samba e por novos softwares. Se bem que os softwares licenciados sob a GPLv2 e posteriores podem ser relicenciados sob a GPLv3… Ou não?

    Se bem que os softwares licenciados sob a GPLv2 e posteriores podem ser relicenciados sob a GPLv3… Ou não?

    Allan Taborda, podem ser relicenciados se houve no cabeçalho do programa ou na documentação a expressão “GPL versão 2 ou posterior”. Isso é recomendado pela FSF no Apêndice da GPLv2, mas algumas pessoas removem o “ou posterior”.

    Algumas pessoas colocam explicitamente “versão 2 e nenhuma posterior”, para indicar que não desejam aceitar versões posteriores da GPL.

    s/se houve/se houver/

    Outra nota interessante. O próprio pessoal do projeto GNU me disse que a GPLv3 é INCOMPATÍVEL com a GPLv2 a menos que o código possa ser relicenciado (ou seja, que exista a expressão “ou posterior”).

    Isso é devido ao mesmo motivo que eu disse acima pelo qual a antiga licença BSD de 4 cláusulas é incompatível com a GPL. A GPL impede a mesclagem de qualquer código que imponha mais restrições que ela mesma contém.

    self_liar (usuário não registrado) em 11/06/2008 às 10:44 pm

    Ainda mais que acredito que a GPL v3 seja mais eficiente e protege mais os usuários, tem pessoas que gostam de tirar alguns lucros com as brechas/permissões que a GPL v2 oferece.

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