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OpenXML: Afinal: O que fomos fazer em Genebra?

“Relato de Jomar Silva – ODL Alliance Chapter Brasil

Desde que foi publicado na tarde de hoje um post no blog do Rob Weir (um dos membros da delegação americana) tratando sobre mapeamento dos dados binários, já recebi telefonemas e e-mails de colegas que participaram das discussões sobre o tema no Brasil me perguntando o motivo pelo qual o Brasil não apresentou uma proposta para isso lá. Esta foi uma das coisas que nos comprometemos a fazer em Genebra, mas gente… simplesmente não deu.

O mapeamento nada mais é do que um documento que explique como traduzir corretamente os dados armazenados no formato antigo (binários como .doc, .xls e .ppt) para o novo formato proposto (.docx, .xlslx e .pptx). A importância disso é que diversos conversores de documentos poderão gerar documentos mais similares, traduzindo adequadamente os dados antigos para os novos. Além disso, este documento permite a identificação clara de atributos que não podem ser traduzidos (por motivos técnicos) e que precisam ser preservados. Tudo isso faz parte da idéia mais básica do OpenXML, um formato de documentos editáveis (como o ODF) com suporte ao legado (o ECMA alega que este suporte ao legado é o que o diferencia do ODF e por isso torna-o necessário).

Como não posso comentar nenhum detalhe sobre a reunião, não posso explicar os detalhes do que aconteceu mas tenho o dever de dar uma resposta aos que trabalharam com o tema aqui na ABNT: “Não deixaram o Brasil apresentar sua proposta sobre o mapeamento”. Não posso contar os detalhes da reunião, mas posso contar uma conversa que tivemos (eu e mais um delegado brasileiro) com uma pessoa no início da pausa para o almoço de sexta feira. Vou divulgar esta conversa pois nosso interlocutor se identificou como sendo membro do ECMA, membro de uma delegação nacional presente no BRM mas não disse que estava falando em nome de ninguém (como é o protocolo lá), e por isso entendo que esta foi uma conversa que não está coberta pela escandalosa “Lei do Silêncio” imposta a todos nós.

Esta pessoa nos procurou dizendo que considera que não deveríamos apresentar nossa proposta que pedia o mapeamento, pois não havia tempo hábil na reunião (pouco mais de três horas) para escrevermos o documento. Nós dissemos que nossa proposta partia da premissa de que o ECMA já tinha este documento, pois, se justifica a necessidade do OOXML por causa do suporte ao binário e se afirma ainda que existem coisas que não podem ser traduzidas (deprecated), eles devem ter estudado aprofundadamente esta situação e no mínimo ter feito o mapeamento.

Eu nunca vi uma pessoa tão nervosa e envergonhada na minha vida… Ele disse que a Microsoft deve ter este mapeamento e se nós quisermos, podemos pedir à Microsoft mas não pedir ao ECMA. Disse que o ECMA só foi responsável por criar o novo schema XML e que não têm esta documentação.

Como nossa conversa não ia a lugar nenhum, eu lhe expliquei que o que iriamos propor era o resultado do trabalho de um comitê no Brasil e que infelizmente se ele não pudesse voltar ao tempo e vir ao Brasil contar esta história toda, que teríamos que insistir com nossa proposta.

Fiz questão de contar isso aqui, pois não deixaram o Brasil apresentar a proposta…

Se o ECMA não têm o mapeamento, alguém ai consegue me explicar:

1 – Como eles afirmam que o OpenXML é 100% compatível com o legado ?

2 – Como eles afirmam que o OpenXML não é um overlap 100% do ODF, se não estudaram aprofundadamente o suporte ao legado ?

3 – Como eles afirmam que existem elementos “deprecated” que não podem ser traduzidos para XML e devem ser mantidos?

4 – Como eles fazem o mundo inteiro perder um ano, milhões de dólares e tempo de muita gente que seria mais produtiva fazendo outras coisas para discutir uma proposta dessas, sem que a base mais elementar dela seja sólida ?

Para terminar, como protesto, um trecho de uma música do Peter Gabriel, sobre Biko:

”You can blow out a candle, but you can’t blow out a fire”

Que alívio… Vou dormir minha primeira noite em paz com minha consciência desde sexta feira…”

Enviado por Vitorio Y. Furusho (furushoΘcelepar·pr·gov·br) – referência (homembit.com).


• Publicado por Augusto Campos em 2008-03-06

Comentários dos leitores

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    cristo (usuário não registrado) em 6/03/2008 às 3:59 pm

    $_$

    “Padrões são coisas problemáticas”

    Para quê dois padrões para a mesma coisa?

    Aproveitem e votem na Consulta Nacional da ABNT para adotar o ODF como padrão:
    http://www.abntnet.com.br/consultanacional/projetodet.aspx?ProjetoID=1994

    (tem que fazer cadastro no site, mas é simples, só nome e email)

    Luciano.M (usuário não registrado) em 6/03/2008 às 10:54 pm

    Puxa vida… Não há ninguém que consiga traduzir esta matéria para o inglês e enviar para o Groklaw e outros sites internacionais?

    Rafael (usuário não registrado) em 7/03/2008 às 10:38 am

    No site original (http://homembit.com/) já tem uma versão em inglês do próprio autor…

    Andre Caldas (usuário não registrado) em 7/03/2008 às 12:46 pm

    Caraca, que esquema mais tosco a ABNT usa para fornecer um arquivo PDF!! Eles colocam um monte de controles embutidos que você tem que ter plugins pra usar… É muito ridículo. Eu tive que abrir o fonte da página para ver a localização do arquivo e baixar as especificações do ODF na página de votação.

    Que ridículo.

    André Caldas.

    Realmente o acesso ao PDF é péssimo!

    Pede plugin pro Firefox e, no meu caso, não havia nem opção de plugin pra instalar.
    Tb pegeui o link no código fonte.
    Aí vai:
    http://www.abntnet.com.br/consultanacional/files/50BC8DCA22ACF1891991EE3B0C55B3FB.pdf

Este post é antigo (2008-03-06) e foi arquivado. O envio de novos comentários a este post já expirou.